sexta-feira, 26 de outubro de 2018

"The Good Wife" e os bastidores da política


Já tem pouco mais de dois anos que The Good Wife chegou a seu controverso capítulo final, que dividiu os fãs e crítica, embora todos estejam em um consenso: a série durou mais do que deveria. Falhas a parte, é inegável sua importância para a televisão: tramas complexas, intrigas por todos os lados, dramas de relações familiares que caíram no caos, paixões "proibidas", o uso de casos reais e reais, dentre outros elementos, deram substância a ela e a afastaram do lugar comum dos procedurais jurídicos. Mas um destes fatores se sobressai aos demais e é, de longe, seu verdadeiro grande atrativo: o retrato do funcionamento, dos bastidores e dos jogos que envolvem a política.

A premissa do seriado foi baseada nos fatos do relacionamento entre Bill e Hillary Clinton: o marido que cai em desgraça durante mandato de cargo público após exposição em um escândalo sexual, e a esposa que engole toda essa humilhação e permanece ao seu lado, ainda que apenas para manter as aparências e por seus interesses pessoais. Claro que muitas liberdades criativas foram tomadas, mas é impossível não traçar um paralelo com a relação absurda e quase doentia vivida por Alicia (Julianna Margulies) e Peter Florrick (Chris Noth). Eles precisam manter esta farsa viva, afinal, ou cairão em desgraça com eleitorado estadunidense (tão hipócrita quanto o brasileiro, se não mais) e não terão a força necessária para alcançar seus objetivos de poder.

Também é interessante ver como funcionam as relações com terceiros e as escolhas que levam a decisões que repercutem em toda a população. Cada ato tem uma motivação por trás, e nem sempre (para não dizer quase nunca) elas são tomadas pensando no bem maior. Não é incomum a série mostrar interferências dos detentores do poder como uma forma de prestar favores, mesmo que o outro lado sequer tenha pedido, e como também há a parte jurídica da trama, isso acaba por favorecer pessoas próximas com frequência. Nem mesmo as escolhas para uma equipe de gabinete passam incólumes, sempre favorecendo amigos ou filhos destes com cargos que dificilmente refletem sua capacidade para o trabalho.

De qualquer forma, os Florrick são apenas a ponta do iceberg quando se trata do que envolve a política estadunidense. Há muitos outros personagens, entre adversários, aliados e aqueles que trabalham em benefício próprio, que dão tempero a trama e tumultuam ainda mais a vida dos protagonistas. Entre eles, é impossível não destacar Eli Gold, interpretado por Alan Cumming, também baseado em uma figura real: no caso, Rahm Emanuel, que chefiou a campanha do Partido Democrata para o Congresso em 2006 e posteriormente foi nomeado Chefe de Gabinete durante o primeiro mandato do presidente Barack Obama, permanecendo no cargo entre 2009 e 2010. Atualmente, é o prefeito da cidade de Chicago, no estado de Ilinóis.

Embora muitas vezes faça o papel de alívio cômico (graças às ótimas reações e expressões do ator escocês), Eli vai muito além desta camada e não a toa é tido como um dos melhores e mais interessantes personagens do programa. Ele é o articulador político, uma figura que beira o maquiavelismo e que faz de tudo para conseguir êxito em sua missão de fazer um candidato alcançar o cargo almejado. Seu comando dentro de uma campanha política é transparente, mas seus métodos sempre são pouco éticos, desenterrando a sujeira de adversários e prevenindo seu aliado dos riscos de algo semelhante ser feito do outro lado. No fim das contas, Gold sabe como giram as engrenagens, como funciona a cabeça do eleitorado, como "aparentar" funciona melhor do que "ser". Ele é o camisa 10 dentro do jogo, aquele quem conhece as vantagens e desvantagens e usa ambas a seu favor.

Assistir a The Good Wife é uma tarefa gratificante. Ainda que não consiga conduzir de forma satisfatória algumas de suas tramas e caia em certas armadilhas do storytelling, propostas como essa de mostrar o outro lado da política fazem o tempo investido valer a pena. A série abre os olhos do espectador, que passa a entender muitos dos movimentos feitos por candidatos, especialmente em épocas de campanha. E como bem sabe Eli Gold, em momentos como este, nem tudo que parece de fato é.

quinta-feira, 25 de outubro de 2018

"Transmetropolitan", um grito de sanidade em tempos insanos (ou como a vida imita a arte com requintes de crueldade)


Transmetropolitan é uma série em quadrinhos criada por Warren Ellis e Darick Robertson, respectivamente escrita e desenhada pela dupla, com o último sendo auxiliado por Rodney Ramos. Lançada em 1997 e encerrada em 2002, totalizando 60 edições, é ambientada nos Estados Unidos em um futuro cyberpunk e apresenta o jornalista Spider Jerusalem retornando às suas atividades após se exilar de toda a sociedade por cinco anos. As regras como conhecemos hoje já não existem mais naqueles tempos, nos quais todas as doenças possuem curas, o uso de drogas é liberado, novas religiões surgem a cada minuto, os alimentos se tornaram ainda mais bizarros e por aí vai, sendo apenas a ponta do iceberg. Mas há também o que persiste: a miséria, a violência urbana, a prostituição e exploração sexual - inclusive infantil -, a falta de ética e escrúpulos dos políticos, péssima programação de TV. Através disso tudo e aliado a boas doses de humor, Ellis e Robertson estabeleceram sua sátira do que o mundo poderia vir a se tornar e teceram suas críticas às atualidades da época.

É assustador, porém, ver o quão atual a história se mostra para hoje. Claro, há alguns elementos que não acompanharam a evolução da realidade, mas outros temas se mantêm pertinentes ao que é visto por aí atualmente e devem continuar a ser pauta no futuro por sabe-se lá quanto tempo, o que pode vir a tornar a obra atemporal (e, por ora, é mesmo). Pior ainda é perceber a quantidade de previsões que foram feitas naquelas páginas, especialmente na tecnologia, mas também na sociedade e na política, nos quais vivenciamos os principais paralelos possíveis de serem feitos no momento.

O segundo ano da HQ (o que corresponde às edições 13 a 24) é todo dedicado às eleições presidenciais daquele futuro e a cobertura de Spider dos eventos, algo que ele já havia feito anteriormente e que foi o motivo pelo qual ele ganhou reconhecimento profissional e fama. O sistema bipartidarista dos EUA foi mantido até aquele momento e são candidatos o atual presidente, carinhosamente apelidado por Jerusalem de "A Besta", e seu opositor, o então senador Gary Callahan, que ganha o apelido de "Sorridente" porque, bem... Ele sorri. Até demais. E forçadamente.

Spider tem algo a dizer sobre o voto para vocês. De nada.

O protagonista, desde os primórdios de sua carreira, foi uma força contrária ao Chefe de Estado no poder e sempre fez de tudo para infernizar sua vida, mas durante uma conversa franca entre os dois, algo ficou claro: A Besta, apesar de ser um lixo de ser humano, tinha princípios e fazia o mínimo para manter o país funcionando. Não que seja algo impressionante, mas já ia além do que ele imaginava. Investigar o adversário, no entanto, foi mais complicado: era uma figura de pouca relevância política até então, sendo desconhecido pela população geral, inclusive pelo jornalista que, afinal, passou 5 anos longe de todo e qualquer contato com a civilização. Mas ele o faz mesmo assim, expõe alguns escândalos de Callahan e traz o seu verdadeiro eu a tona: o Sorridente odeia a população, pretende fazê-la sofrer e, se eleito, ira acabar com a vida de Spider. Simples assim. E em meio a isso tudo, acontece um atentado que alavanca sua popularidade.

Chega o dia da votação e, apesar de todos os esforços feitos para mostrar que A Besta ainda tinha alguns (poucos) escrúpulos e o Sorridente era puramente diabólico, a população elegeu Gary Cahallan com uma ampla vantagem. E isso revoltou Spider Jerusalem ao máximo pois, por mais que ele tenha cumprido seu dever e dado todos os avisos, o país preferiu ignorar tudo isso e ir direto na pior opção, como voluntários para ver se o abismo tinha fim. O que seguiu a eleição foi uma série de eventos horríveis, indo desde a censura da mídia e da liberdade de expressão até a ordenação de massacres deliberados contra inocentes. Não foi por falta de alerta.

A lição que fica de Transmetropolitan, dentre várias outras, é: ouçam os Spider Jerusalem que estão por aí (e, se possível, SEJA você também um Spider Jerusalem). Confie na realidade diante de seus olhos, não sob a ótica de outros. Ouça o que gente renomada tem a dizer. Procure fontes. E, acima de tudo, não pague para ver se pode piorar, porque pode sim, e muito. Spider parecia a única voz sã berrando para um bando de insanos, foi ignorado e tudo de pior que poderia acontecer, aconteceu. A realidade que vivemos tem mais vozes, mas parece estar seguindo pelo mesmo caminho. Não deixe que o mostrado no quadrinho saia de suas páginas.

A revolta de Spider. E com razão.

quarta-feira, 24 de outubro de 2018

Faltou "The Handmaid's Tale" ao Brasil


O Conto da Aia é um livro escrito por Margaret Atwood, lançado em 1985, que retrata um futuro distópico no qual mulheres perderam seus direitos civis dentro de uma sociedade em que vigora o totalitarismo teocrático militar. A obra foi aclamada pela crítica durante seu lançamento, tendo recebido ou sido indicada a vários dos principais prêmios da literatura de língua inglesa, e ganhou adaptações para outras mídias, motivo pelo qual voltou aos holofotes recentemente: a estreia da série The Handmaid's Tale em 2017 nos Estados Unidos, através da plataforma de streaming Hulu, fez com que muita gente estabelecesse contato com as ideias da autora pela primeira vez.

Estrelada por Elisabeth Moss e com um elenco de apoio de peso, contando com nomes como Alexis Bledel, Yvonne Strahovski, Joseph Fiennes, Samira Wiley e Ann Dowd, a produção teve início em 2016 e foi ao ar em 2017 nos EUA, durante o início da cada vez mais caótica e controversa administração do Presidente Donald Trump que, em sua vida pessoal e mesmo durante sua campanha eleitoral, apresentou posturas e declarações de cunho machista e desrespeitoso acerca das mulheres e seu papel na sociedade. O público feminino do país consumiu e absorveu o seriado como uma mensagem de luta e resistência, diariamente fazendo seu máximo para que a ficção nunca venha a se tornar realidade.

Motivos para isso não faltam. The Handmaid's Tale é forte, pesada, dura de se assistir. O mundo aqui retratado é a verdadeira definição de pesadelo e não apenas para quem é mulher, mas para qualquer um que preze pela sua liberdade. Mulheres que foram reduzidas a invólucros de procriação, servas, doutrinadoras ou donas de casa. Condenação de homossexuais à morte por transgressão. Exposição dos corpos de progressistas em locais públicos. Forte hipocrisia daqueles que estão no poder diante das próprias regras que estabeleceram. Tudo isso se encaixa dentro de uma trama tão agoniante quanto bem desenvolvida, potencializada por uma fotografia opressora e claustrofóbica junto a uma produção impecável, e capitaneada por uma atuação estelar de Elisabeth Moss. A soma de todos estes elementos faz desta uma das melhores e mais importantes séries da atualidade, que não a toa chegou a faturar inúmeros prêmios em eventos importantes como o Emmy e o Globo de Ouro.

Infelizmente, ela não repercutiu tanto assim no Brasil. Não houve muita exposição, há pouco engajamento de espectadores em redes sociais. A mídia, salvo alguns poucos veículos especializados, não deu a devida atenção a uma obra de tamanha relevância e destaque no cenário internacional. E a questão que fica é: por quê? Será que não pareceu algo chamativo ao público? Será que não identificaram nela potencial comercial aos brasileiros? Será que foi ignorada de forma deliberada? Ou será que há algum outro motivo por trás? Não dá para saber, mas seja lá o que ocorreu, acabou por deixar o seriado nas sombras, e não é incomum trazê-lo a conversas entre amigos e descobrir que ninguém ali sequer ouviu falar dele.

O principal responsável por este fenômeno está, porém, na falta de acesso do público. A série vinha sendo exibida pelo canal Paramount da TV a cabo - restrito apenas aos pacotes mais caros das operadoras - e só recentemente chegou ao GloboPlay, serviço de streaming da maior emissora do país que ainda é uma novidade no mercado. E em uma época que as pessoas desaprenderam a usar torrents e estão presas em bolhas de conforto e facilidade da Netflix e afins, consumindo qualquer lixo que apareça nos destaques, isso faz uma diferença gritante. A título de comparação e curiosidade, a página brasileira de La Casa de Papel, um dos maiores fenômenos da citada Netflix por aqui, possui 2,6 milhões de curtidas no Facebook (um milhão a mais que a oficial em espanhol). Sabem quantas curtidas possui a página organizada por fãs brasileiros de The Handmaid's Tale? 33 mil.

Um contato maior com o programa (e, consequentemente, sua mensagens e ideais) por parte do público do país, especialmente o feminino, poderia mudar o cenário que observamos na atualidade, com um número elevado de mulheres aderindo e se mostrando partidárias de uma ideologia que vai contra elas, seus direitos e, em alguns casos, sua própria existência na sociedade, no que eu venho chamando de "o paradoxo Serena Waterford" - assista a série e entenda. Claro que há muitas outras questões complexas a serem analisadas quanto a isso, mas levar tamanho choque de realidade ao assistir àqueles episódios duríssimos de um produto bem feito e viciante talvez já fosse um grande avanço para que se abrisse os olhos acerca destas questões. Este é o papel da arte, afinal: mais do que entreter, ela deve desafiar, tirar o espectador (como é o caso) de sua zona de conforto e fazê-lo refletir.

Nunca é tarde para se começar a assistir a série. Mas diante do que está projetado, é possível falar com segurança: faltou The Handmaid's Tale ao Brasil. No entanto, ao invés de encerrar de forma desesperançosa ao dizer que, infelizmente, talvez seja melhor já ir se acostumando a expressões como "sob Seu olho", "abençoado seja o Fruto" e "que o Senhor o abra", é preferível deixar uma mensagem mais condizente com o que a protagonista interpretada por Elisabeth Moss demonstra com suas atitudes. Afinal, a luta não acabou, pelo contrário. E, portanto, Nolite Te Bastardes Carborundorum.

terça-feira, 23 de outubro de 2018

"Rosa", o episódio que deu o tom a uma nova era de "Doctor Who"


No ano passado, fiz questão de escrever resenhas para cada novo episódio de Doctor Who. Era, afinal, a última temporada tanto do ator Peter Capaldi como o protagonista, quanto de Steven Moffat como showrunner, colocando um ponto final em sua longa estadia na produção do programa. Foi também a única oportunidade de vermos a companion Bill Potts (interpretada por Pearl Mackie), uma personagem que trouxe questões como racismo, orientação e liberdade sexual com mais ênfase à série, que sempre deu espaço para a diversidade, especialmente em sua atual encarnação. Foi uma experiência boa e interessante, mas preferi não repetir o feito desta vez e pretendo falar deste novo ano após sua conclusão, para analisá-lo como um todo ao invés de fazê-lo em partes.

Mas o mais recente episódio exibido, Rosa, obriga-me a fazer uma exceção a esta regra autoimposta.

Até o momento, a 11ª temporada vinha muito bem: The Woman Who Fell on Earth e The Ghost Monument foram os cartões de visita deste novo momento do show, comandado por Chris Chibnall e com uma mulher a frente do papel principal, além de um time de três companheiros de aventuras composto por um idoso, uma descendente de paquistaneses e um negro com dificuldades motoras. De novidades em comparação ao que foi visto anteriormente, o ritmo e a linearidade das tramas, aliados a uma reformulada identidade visual, o inegável carisma de Jodie Whittaker como a Doutora e o funcionamento efetivo e inteligente do trio de personagens humanos são um respiro de ar fresco, ao mesmo tempo que a manutenção da sensação de aventura contínua e elementos de ficção científica pura dão o senso de familiaridade necessário para que qualquer um que assista tenha apenas uma certeza: isto (ainda) é Doctor Who.

E todos estes elementos, claro, seguem presentes em Rosa, mas o episódio seguiu um caminho diferente dos demais por se distanciar do tom descompromissado do seriado e optar por uma abordagem séria de eventos históricos importantes. Tal tonalidade não é nenhuma novidade para o programa, mas raramente foi utilizada para retratar momentos do passado da humanidade, com a principal fuga deste padrão sendo Vincent and The Doctor, focado em Van Gogh e as dificuldades psicológicas que enfrentou ao longo da vida em uma tocante passagem da 5ª temporada. Mas o clima aqui é pesado, grave e transmite uma sensação de urgência como pouco vista antes.

O título do capítulo deixa claro qual seu enfoque: a figura de Rosa Parks, mulher negra que se recusou a abrir mão de seu assento para dar espaço a brancos, foi presa e tornou-se essencial para o início das lutas da população afro-estadunidense por seus direitos civis. A Doutora e seus companions são levados à cidade de Montgomery, no Estado do Alabama, em 1955 pela TARDIS e devem deter uma desconhecida ameaça que quer impedir a ocorrência de tais eventos, algo que, por si só, mudaria toda a história e a realidade em que vivemos de formas inimagináveis.

Durante seus pouco mais de 40 minutos de duração, somos colocados cara a cara com a dura realidade do Sul dos Estados Unidos durante aquela época: racismo e segregacionismo latentes, em que ônibus tinham lugares separados para "brancos" e "pessoas de cor", estabelecimentos que se reservavam a não servir clientes baseados na pigmentação de suas peles e outras atrocidades que soam absurdas e criminosas na atualidade. E quem mais sente todo esse preconceito são Yas e Ryan, os companions que representam minorias étnicas e que, assim como eu e provavelmente você, leitor, viveram a vida toda em uma realidade em que este tipo de ódio ainda existe, mas a situação está "melhor" (como dito por eles), e ver ou vivenciar isto de forma tão latente é um choque para qualquer um.

Diálogos, interações e reações envolvendo o tema aqui funcionam como verdadeiros socos no estômago do espectador, como deveria ser ao se tratar de algo tão grave. Seriedade não é algo novo para Chris Chibnall, idealizador e condutor da série de investigação policial Broadchurch (que também conta com Jodie Whittaker ao lado de outras populares figuras entre os whovians, como David Tennant e Arthur Darvill), mas aplicar tal tonalidade a Doctor Who, especialmente ao se considerar o retrospecto, deixa clara a mensagem de que uma nova era se iniciou para a série, em que questões importantes e necessárias serão retratadas de forma adequada. E se formos considerar o elevado patamar estabelecido por Rosa, que já considero um dos melhores episódios de toda a série, a mudança é mais que bem-vinda. 

segunda-feira, 22 de outubro de 2018

SUPERMAN - 80 anos, 8 histórias #3: "Superman - Entre a Foice e o Martelo"


Bem-vindos ao meu especial sobre o Superman, no qual falarei sobre 8 diferentes histórias do personagem como forma de celebrar seus 80 anos. Essas histórias podem variar entre arcos, edições únicas ou fases completas. Mais do que recomendar quadrinhos, espero que possa transmitir o que cada uma das escolhas significa para mim. Hoje, Verdade, Justiça e o Modo de Vida Soviético em um dos mais marcantes contos do personagem na Era Moderna.

E se a nave do Superman chegasse à Terra com 12 horas de diferença, não caindo em uma área rural do Kansas, mas sim em uma fazenda na União Soviética?

Esta provavelmente é uma pergunta que ninguém havia feito antes. Exceto o escritor Mark Millar, que se questionou sobre isso após ler, ainda criança, uma história publicada em Superman #300, em que a nave de Kal-El caía em território neutro entre os EUA e a URSS, com ambos os lados disputando a custódia do visitante de outro planeta. O impacto da ideia em sua mente foi tão grande que ele fez questão de guardá-la pelo tempo que fosse necessário até que pudesse trabalhar com ela de forma adequada. E demorou, mas ela finalmente pode ver a luz do dia, mais de 20 anos depois de a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas deixar de ser uma ameaça e sequer existir.

Superman - Entre a Foice e o Martelo foi publicada em 3 partes no ano de 2003, durante uma época em que não era incomum ver versões alternativas de heróis da DC dando as caras através do selo Túnel do Tempo (Elsewords, no original), o que chegou a render curiosidades como Superman: Morcego de Aço ou Batman: In Darkest Knight (que, pasmem, segue inédito no Brasil), além de clássicos absolutos como JSA: A Era de Ouro e Reino do Amanhã. Desde então, se tornou uma das mais celebradas e queridas interpretações do personagem, seja por sua história, a forma que realizou sua releitura ou os dilemas e questionamentos que traz dentro de seu roteiro.

Não importa a orientação política: o Superman sempre será o Superman.

A trama engloba um período compreendido entre 1953 e 2001, e se desenvolve a partir da questão levantada ao início do texto: a nave de Kal-El cai em uma fazenda coletiva na Ucrânia, território pertencente aos soviéticos, e ele ali cresce até decidir revelar sua existência em público, realizando seus primeiros atos heroicos em Moscou e rapidamente sendo adotado pelo povo e, principalmente, pelas lideranças do Partido Comunista e do governo, ainda encabeçadas por Josef Stalin. Sua aparição não passa despercebida do outro lado do mundo, porém, e o governo dos Estados Unidos logo alerta sua população sobre a existência do "campeão do trabalhador comum que luta uma batalha sem fim por Stalin, socialismo e a expansão internacional do Pacto de Varsóvia", acionando na sequência seu mais brilhante cidadão, Lex Luthor, casado com a intrépida jornalista do Planeta Diário que fez sua carreira como Lois Lane.

Este tipo de brincadeira com o que é conhecido sobre o Superman do universo principal da DC vem a ser um dos principais atrativos do quadrinho. Ver o Homem de Aço pautar seus ideais conforme aquilo que acredita ser certo dentro do regime ditatorial socialista acaba por dar uma nova dinâmica ao personagem, ainda que seu conceito principal permaneça inalterado (dentro de uma lógica distorcida, é claro). Luthor, por sua vez, acaba sendo a grande estrela em seu país ao não ser ofuscado pelo herói, até conquistando aquela que normalmente seria sua esposa, mas sua obsessão pelo alienígena soviete e suas tentativas de derrotá-lo acabam por manter o gênio na posição de antagonista, seja em sua versão cientista louco, magnata dos negócios ou presidente, em alusão às várias fases vivenciadas pelo vilão. Estas reimaginações não se limitam aos protagonistas, no entanto, e acabam abraçando muitos outros elementos conhecidos da editora, rendendo até uma versão socialista da Mulher-Maravilha, um Batman em total oposição ao sistema, um Jimmy Olsen agente da CIA e por aí vai. 

A grande força de Entre a Foice e o Martelo está, porém, na forma com que Millar conduz o quadrinho. Em meio a um enredo repleto de elementos tipicamente super-heroicos e de ficção científica, está um forte comentário político, como é de se imaginar. E o escritor triunfa justamente ao fugir do senso comum, não se deixando levar por uma visão maniqueísta de "capitalismo bom, socialismo ruim" ou vice-versa, focando-se em retratar os pontos fortes e fracos de ambos os sistemas. Quando trata do regime mantido pelos soviéticos, por exemplo, em meio a distribuição de renda, lobotomias, pleno acesso e funcionamento de serviços públicos e eliminação de opositores a sangue frio, fica clara a mensagem: apenas um verdadeiro super-homem poderia fazer aquele sistema funcionar, e não a toa ele fracassou. E do lado estadunidense, a liberdade e a democracia vêm acompanhadas da demonização de seus adversários, do apoio a homens insanos como último recurso, da quebra do sistema capitalista em face de um duro bloqueio econômico e seu retorno à prosperidade apenas através de uma rígida interferência estatal em diversos setores da sociedade. Estes são apenas alguns exemplos dentre vários outros que traduzem o pensamento do autor quanto ao fato de não haver preto no branco quando o assunto é política, apenas áreas densamente cinzas que se refletem tanto no Superman quanto em Lex Luthor, ambos frutos dos sistemas em que foram criados.

Tal clima político seria bem menos impactante se não fosse o trabalho de arte desenvolvido nas três edições da HQ. Embora haja uma clara diferença entre os estilos de Dave Johnson e Kilian Plunkett, ambos tem êxito na execução da proposta de misturar propaganda e símbolos socialistas a um traço muito semelhante ao visto no desenho animado do Superman da década de 1940, produzido pelos irmãos Fleischer. É estranho ver uma mudança entre artistas no meio da minissérie, mas ela faz sentido se pensada como uma forma de representar a mudança de época em forma de um comentário metalinguístico, referenciando-se às eras dos quadrinhos de super-herói, algo que acontece no roteiro através de uma mudança na tonalidade da trama e no comportamento dos personagens. Ou simplesmente pode ter sido algo necessário para cumprir os prazos para entrega das revistas. Seja como for, os dois cumprem o papel que lhes é incumbido, com quadros detalhados e figuras dinâmicas. E, como curiosidade, é justo ressaltar que Alex Ross participou dos estágios iniciais da concepção visual, trabalhando a aparência e uniforme do protagonista nesta reinterpretação.

A Era de Prata dos quadrinhos de super-herói, vista sob a ótica soviética.

Para uma história tão ambiciosa, apenas um final a altura seria aceitável. E o que foi entregue não decepcionou, pelo contrário: o inteligente desfecho para o conflito, seguido de uma gritante reviravolta nas páginas derradeiras, são marcantes o suficiente para fazer com que qualquer fã coloque a obra entre suas favoritas, tanto do herói quanto do meio. É curioso pensar que a conclusão da briga entre Estados Unidos e União Soviética, embora seja precedida por um confronto com todos os elementos clássicos de um gibi super-heroico, se dá através de uma solução psicológica, assim como foi boa parte do enfrentamento da Guerra Fria. E quanto a inesperada virada vista ao fim, sua existência é devida a ninguém menos que Grant Morrison, que aconselhou o então amigo Mark Millar a encerrar a trama de tal forma. Pode parecer uma simples contribuição, mas é difícil imaginar o quadrinho recebendo tamanha aclamação sem este "pequeno" detalhe, que o faz beirar o impecável de cabo a rabo.

Superman: Entre a Foice e o Martelo teve grande repercussão e publicações em todo o mundo. No Brasil, saiu pela primeira vez em 2004, respeitando o formato de minissérie em três edições individuais, que foram encadernadas e trouxeram a história de volta ao mercado em 2006, em uma edição de capa cartonada. Depois disso, apenas em 2017 o publico pode ter novamente acesso a uma versão localizada do quadrinho, com o lançamento de um encadernado em capa dura e preço acessível. Todas elas ficaram por encargo da Panini que, infelizmente, cometeu alguns deslizes em seu mais recente formato e deixou passar alguns erros grotescos de tradução, ortografia e revisão, sendo o mais simbólico deles o "capas" no lugar de "capaz" logo nas primeiras páginas, o que espera-se que tenha sido corrigido em reimpressões posteriores.

Talvez ninguém tenha se perguntado antes o que teria acontecido se a nave do Superman tivesse caído na URSS ao invés dos EUA, com exceção de Mark Millar. Mas a resposta para esta questão acabou por tomar o mundo de assalto e marcar a já extensa história do super-herói mais antigo existente em uma de suas mais criativas reinterpretações. Mais do que isso, serviu para desmistificar imagens criadas durante a Guerra Fria e mostrar que não existem questões fáceis quando se trata de política, um campo que, definitivamente, não permite distinções brandas entre heróis e vilões na disputa por hegemonia e poder.

sexta-feira, 19 de outubro de 2018

Triste com o filme do Venom? Pelo menos a atual HQ dele é muito boa!


Queira ou não, goste ou não, o Venom é um dos personagens mais populares que saiu das páginas dos quadrinhos do Homem-Aranha. Surgido como vilão no final dos anos 1980 e transformado em anti-herói graças a seu crescente apelo nas histórias do aracnídeo, a criação de Todd McFarlane e David Michelinie já passou por diversas fases (chegando até a integrar os Guardiões da Galáxia) e seu simbionte já fez par com diversos hospedeiros, mas sempre é lembrado pelo original, Eddie Brock, e o clima de terror e violência que marcaram sua primeira aparição. O impacto de seu surgimento foi grande o suficiente para angariar fãs e levá-lo até as telas do cinema pela primeira vez como um dos antagonistas de Homem-Aranha 3, em 2007, e retornar neste como protagonista de Venom, sua primeira empreitada solo que, por escolha dos produtores, mostra-se isolado do universo do herói que o colocou nos holofotes.

Infelizmente, apesar de estar indo bem nas bilheterias, seu filme autointitulado acabou não vivendo às expectativas, decepcionando tanto crítica quanto público, que se depararam com uma história desorganizada que não foge do básico, momentos bizarros e efeitos especiais pouco convincentes, de modo que nem mesmo as boas atuações do competente elenco conseguem se sobressair às inúmeras falhas. É uma pena e um desperdício, de fato. No entanto, nem tudo são más notícias quando se trata do personagem: Venom vive uma de suas melhores fases nas páginas das revistas em quadrinhos, com roteiros de Donny Cates e desenhos de Ryan Stegman, dois talentos em ascensão que vêm ganhando cada vez mais espaço na Marvel.

Logo na primeira edição da HQ já é possível perceber o quão diferenciada ela é: tudo se inicia com Brock tendo sonhos estranhos situados na Idade Média, em que ouve um idioma que não consegue identificar. Ao acordar, encontra o simbionte acuado, sem entender o que está acontecendo ao certo. Ainda assim, resolvem sair para patrulhar e tentar salvar algumas vidas. É a partir daí que as coisas ficam ainda mais interessantes: o parasita alienígena foge do controle em um confronto, Eddie descobre que o "seu outro" (como ele carinhosamente chama o organismo extraterrestre com quem divide o corpo) não foi o primeiro a aparecer na Terra e parte em busca dos velhos companheiros de equipe de um ex-agente da SHIELD que conhece entre estes acontecimentos.

Parece loucura, não? Pois essa pegada se mantém nos números seguintes, adicionando cada vez mais elementos absurdos. Mentes conectadas, dragões intergaláticos, deuses do abismo, ligações com a origem do universo e os Celestiais, a guerra do Vietnã... É possível encontrar tudo isto e mais um pouco em Venom. E o mais impressionante é que FAZ TOTAL SENTIDO. O trabalho de Cates na criação e desenvolvimento da trama consegue encaixar os mais variados elementos das principais fases do personagem (e até de outros, como é o caso do Thor) e combiná-los com criações próprias para trazer a tona uma mitologia rica e que faz jus às raízes do antigo vilão do Homem-Aranha. Ao mesmo tempo, não se esquece de entreter o leitor e equilibra o desenrolar da história com cenas de ação frenéticas ao lado de Stegman que, apesar de apresentar uma arte ligeiramente confusa em alguns momentos, entrega grandiosidade e exagero sempre exigido dele.

O gibi vem se destacando nos Estados Unidos, com inúmeros elogios dos veículos especializados edição após edição, além de ter conquistado uma boa base de fãs, que provavelmente foi formada pelos incansáveis fanáticos pelo anti-herói, apreciadores de uma boa leitura e quem entrou no hype do filme e acabou se deparando com uma ótima publicação. Curiosamente ou não, a revista triunfa exatamente nos aspectos que o recente longa falhou, apresentando uma trama coerente e que foge (muito) do lugar comum, momentos que surpreendem e um bom trabalho artístico. Ryan Stegman declarou uma vez que "Venom era melhor que Watchmen", algo que rapidamente foi abraçado pelos leitores. Uma brincadeira, claro, mas seu trabalho ao lado de Donny Cates vem se mostrando de altíssimo nível e não é exagero dizer que a dupla está fazendo uma das melhores HQs atualmente disponíveis no mercado, a qual certamente já marcou a história do personagem.

Acredite: este é só o início das pirações que acontecem em "Venom". Ficou curioso? Vá ler a HQ!

segunda-feira, 1 de outubro de 2018

BALANÇO MUSICAL - Setembro de 2018


Olá! Seja bem-vindo ao meu projeto Balanço Musical, uma coluna mensal na qual falo sobre música, o que escutei no mês que se passou, o porquê das escolhas, o que me influenciou nesses dias, e publico uma playlist com uma faixa referente a cada dia do período. O objetivo não é nada além de escrever um pouco mais sobre música no blog, apresentar algumas coisas diferentes e dar às pessoas a oportunidade de conhecer novos artistas e canções. As postagens são publicadas sempre no primeiro dia útil de cada mês, o que pode ou não coincidir com o dia 1º.

Setembro foi... estranho. Não que tenha sido ruim, mas também não foi exatamente bom. Um pouco de diversão, alguns reencontros e desencontros, uma ou outra surpresa e três péssimos dias ao final do mês, somados à velocidade com que tudo se passou, fizeram dele um período esquecível, quiçá insosso e deixou a sensação de tempo perdido. Não que eu estivesse esperando que qualquer coisa fosse acontecer, pelo contrário, mas é estranho que tenha sido tão vazio depois de épocas recentes bem mais agitadas e/ou atarefadas. Espero não ter que me acostumar com essa nova realidade, mas infelizmente não é algo que descarto, ao menos para o futuro próximo.

Tratando-se de música, no entanto, o papo é outro. Sei que já está ficando chato vir aqui e dizer isso em praticamente toda postagem desde abril deste ano (a exceção sendo junho), mas setembro foi mais um mês em que bati meu recorde de músicas ouvidas e todo o resto. Apenas um foi mantido: o de maior número de reproduções em um único dia (132), que consegui em agosto; por outro lado, o segundo lugar acabou sendo renovado três vezes, com 109, 110 e 112 composições escutadas. De resto, foram 2.462 scrobbles realizados em meu last.fm (uma média diária de 82), contando com 596 artistas, 961 álbuns e 1.986 faixas diferentes. Um ritmo muito elevado, talvez quase doentio, de consumo musical, que tem me feito pensar muito em sua qualidade e aproveitamento em relação a tamanha quantidade. Provável que eu dê uma pisada no freio nos próximos meses.

De qualquer forma, sempre há o que consiga se distinguir no meio de tamanhos números, e é valido comentar sobre eles em meus DESTAQUES DO MÊS, que podem ser vistos logo a seguir.

ARTISTAS DO MÊS:

- Paul McCartney: o maior músico vivo lançou um novo trabalho neste mês e, além de conferi-lo repetidas vezes, acabei me aventurando mais uma vez em alguns dos feitos mais antigos de sua prolífica e rica carreira solo. E é como digo: Sir Paul nunca é demais.

- Eric Clapton: "Clapton is God", eles dizem. E não estão errados. Pelo terceiro mês seguido, o bluesman marca presença aqui no Balanço Musical, desta vez representado por Run So Far, que conta com a participação do beatle George Harrison, que foi um de seus melhores amigos.

- Adrian Smith and Project: o ASAP, abreviação do nome do grupo (que só coloquei de forma completa por ser assim que se encontra no Spotify), é uma das bandas que carrego no coração. O projeto do guitarrista Adrian Smith, conhecido por seu trabalho no Iron Maiden, é pouco conhecido, mas repleto de qualidade. De curta duração, rendeu apenas um álbum e dois singles, os quais estão todos disponíveis no serviço de streaming (e espero que nos concorrentes também), algo que encheu meu coração de felicidade com a descoberta. Vão conferir!

ÁLBUNS DO MÊS:

- Beth Hart & Joe Bonamassa - Black Coffee (2018): o terceiro trabalho da talentosa dupla é, novamente, um compilado de reinterpretações de algumas de suas principais influências, focadas especialmente no Rhythm & Blues, Jazz e Blues Rock. E isso não faz dele ruim, pelo contrário. O poder da voz de Hart e a habilidade mais que conhecida de Bonamassa faz do registro um deleite para os ouvidos.

- Paul McCartney - Egypt Station (2018): o mais novo disco solo do beatle vem recheado de experimentações e sonoridades com ares modernos, mas que consegue soar clássico ao mesmo tempo, com diversos acenos aos sons praticados pelos Beatles ou Wings. É mais um atestado da genialidade incomparável de McCartney, que novamente se prova relevante e mostra que ainda tem muita lenha para queimar. Um músico sem igual, seja ontem ou hoje.

- Slash feat. Myles Kennedy And The Conspirators - Living The Dream (2018): apesar de ter dividido a crítica, o mais novo trabalho do eterno guitarrista do Guns N' Roses me convenceu (bem mais que seu cansativo antecessor, World On Fire). A impressão que ficou foi a de um disco conciso, com boa variação entre faixas agressivas com outras mais melódicas, além do entrosamento já esperado do grupo. Talvez precise escutar mais vezes mas, pelo menos por ora, digo que gostei.

- Elise LeGrow - Playing Chess (2018): tomei contato com o álbum de estreia da vocalista recentemente, através de uma playlist, e fiquei surpreso com o resultado. O belo registro tem a força de LeGrow à frente de uma competente banda que pratica uma poderosa mistura de Jazz, Blues e pitadas de Pop, cativando o ouvinte com sua qualidade e talento.

- The Vintage Caravan - Gateways (2018): um interessante trabalho do grupo islandês, com uma pegada que varia entre o psicodélico, o progressivo e o clássico, mas sem cair nas armadilhas de apenas emular o que já foi feito e que oferece algo de fato bom e atual pra a cena atual. Há algumas grandes músicas neste CD.

- Clutch - Book of Bad Decisions (2018): conheci o disco graças a uma recomendação em um grupo de Facebook que participo, e fico feliz que ela tenha me apresentado a este colosso. O Clutch é uma banda quase desconhecida no Brasil, mas que definitivamente merece mais atenção. Um Rock impactante e de muita qualidade técnica faz deste mais um dos candidatos à lista de melhores do ano.

- Sepultura - Chaos A.D. (1993): este clássico do Metal brasileiro e mundial completou 25 anos no último dia 2 de setembro, e nada mais justo do que dar a ele espaço tanto na playlist quanto aqui. E nem preciso falar nada sobre a qualidade, certo? Se você ainda não conhece, corra e ouça!

- Ringo Starr - Ringo (1973): e quem diria que o beatle mais esquecido pelo público ganharia espaço por aqui? O fato é que ele merece este reconhecimento. Ringo, seu terceiro trabalho solo, é um discaço ao nível do que foi feito por seus ex-companheiros de banda após a separação, e vale dizer que todos eles participam de ao menos uma de suas faixas. Com um pouco de imaginação, dá para dizer que este é um álbum dos Beatles gravado durante a década de 1970.

- UFO - Phenomenon (1973): acredite ou não, mas eu nunca tinha ouvido este clássico. E como eu me arrependo de não ter conhecido-o antes. Um disco atemporal, sonoridade riquíssima e elementos que notavelmente influenciaram grupos como Judas Priest e Iron Maiden. Não faça como eu e vá conferi-lo o mais rápido possível.

MÚSICAS DO MÊS:

- Puffy AmyYumi - Teen Titans Theme: o tema de abertura do antológico desenho dos Jovens Titãs é algo que ficou para a história das animações de super-heróis, e não a toa uma versão remixada de um trecho seu também é introdução de Os Jovens Titãs em Ação!, a versão mais voltada à comédia dos personagens. Na playlist, pontua o dia em que fui assistir Os Jovens Titãs em Ação! Nos Cinemas e, embora pudesse ter usado uma das faixas da divertidíssima trilha do longa, achei que esta seria mais emblemática.

- Queen - Who Wants To Live Forever: minha singela homenagem à Freddie Mercury, que teria completado 72 anos em 6 de setembro se ainda estivesse vivo. Sua presença física pode não estar mais entre nós, mas sua persona e voz são imortais.

- Roger Waters - Home: outra homenagem, desta vez ao vocalista e baixista que integrou o Pink Floyd até 1983 e que segue uma ótima carreira solo desde então.

- Adrian Belew feat. David Bowie - Pretty Pink Rose: essa é uma música que eu já havia escutado algumas vezes em minhas Descobertas da Semana do Spotify e que felizmente consegui encaixar aqui, já que é divertida e repleta de qualidade.

- Joan Jett & The Blackhearts - You Don't Own Me: uma forma de celebrar a entrada da discografia completa da lendária Joan Jett no catálogo do Spotify, além de ser a música que encerrou a primeira temporada de The Handmaid's Tale e, curiosamente, eu a escutei no mesmo dia das passeatas das Mulheres contra Bolsonaro. #EleNão

- Rollin' (Air Raid Vehicle), Blue Sky Mine, Magic, Mr. Roboto: todas músicas que eu estava segurando há tempos para, um dia, incluir em uma de minhas listas, e felizmente consegui encaixar todas elas desta vez.

Confira a playlist feita durante setembro de 2018: