segunda-feira, 20 de março de 2017

[RESENHA] The Wild Storm #2 - "Chapter Two" (2017)


Não foi surpresa para ninguém a qualidade alcançada por Warren Ellis na primeira edição de The Wild Storm, a HQ que dá início à revitalização do selo Wildstorm dentro da DC. Familiarizado com o universo e seus personagens, o autor soube reapresentá-los ao público e iniciar a construção daquele mundo, ao mesmo tempo em que trouxe novos conceitos, uma nova identidade visual e um novo estilo narrativo, se aproximando em muitos aspectos dos mais premiados seriados da TV estadunidense.

A segunda edição da revista, lançada nos EUA na última quarta-feira (15/03), continua o desenvolvimento iniciado anteriormente. Aqui, temos o primeiro contato com o terceiro grupo a ser retratado na trama, o Skywatch, um análogo ao Stormwatch nessa realidade paralela, além de uma referência à antiga base de operações da equipe. Tivemos também um vislumbre de alguns velhos conhecidos, como Henry Bendix e Christine Trelane (importantes personagens da Stormwatch original), Cole Cash e Kenesha (respectivamente o Bandoleiro e a Savant de WildC.A.T,s).

Ao mesmo tempo, a trama segue em frente ao desenvolver a Engenheira e Michael Cray, dois de seus protagonistas apresentados na primeira edição. O desenrolar dos eventos nos leva a crer que teremos um grande conflito entre IO, Halo e Skywatch nas próximas edições, algo que Ellis sabe escrever muito bem, mas que colocará à prova a habilidade de Jon Davis-Hunt, que novamente nos entrega uma arte bela, limpa e dinâmica, embora alguns rostos pareçam estranhos vez ou outra.

The Wild Storm se mostrou uma leitura muito interessante e divertida em seus dois primeiros números. A abordagem inspirada em séries de TV dá à HQ um bom ritmo, permitindo a Warren Ellis construir seu novo universo enquanto reintroduz todos esses personagens e avança na história, sem que isso fique massante para o leitor. Assim como em Game of Thrones, passada essa fase inicial, o enredo deverá ficar bem mais agitado, e com mais três títulos paralelos vindo por aí (já estando confirmados Michael Cray e WildC.A.T.s), desenvolvimento e ação é o que não faltará nessa nova Wildstorm.

Confirma abaixo as primeiras 5 páginas da edição:






E em breve, na edição #3...

O retorno de Jenny Sparks, a melhor personagem feminina que você respeita!

quarta-feira, 15 de março de 2017

Às vezes eu tenho vontade de desistir dos quadrinhos da Marvel


Todo mundo gosta da Marvel hoje em dia. Seu Universo Cinematográfico estabeleceu um novo patamar de integração e fidelidade com o material fonte, suas elogiadas séries na Netflix trouxeram uma abordagem mais adulta e violenta para alguns de seus principais heróis urbanos, Agents of SHIELD segue agradando seus espectadores com muita competência, as animações são um grande sucesso entre o público infantil e o novo game dos Vingadores tem tudo para dar certo. O que a Casa das Ideias atingiu nos últimos anos alavancou sua popularidade e conseguiu atingir o grande público, fazendo com que super-heróis se tornassem mais populares do que nunca.

Mas há algo de errado com seus quadrinhos mais recentes. Muito errado, eu diria.

Vamos encarar o óbvio: todo ano a Marvel tem feito uma mega-saga cheia de crossovers que "abala" seu universo. Esses eventos são uma prática comum desde o lançamento de Guerras Secretas em 1985, mas há pelo menos 13 anos eles se tornaram algo anual que traz grandes consequências para todos os seus personagens. Citando apenas os últimos 5 anos, tivemos Vingadores vs. X-Men em 2012, Infinito em 2013, Pecado Original e Eixo em 2014, as novas Guerras Secretas em 2015 e Guerra Civil II em 2016. E não pense que 2017 ficará de fora: já foi anunciada a saga Império Secreto para o mês de maio, com a promessa de "abalar o universo Marvel". Sério, isso já ficou repetitivo demais. Toda vez a mesma promessa. E esse tipo de coisa só é prejudicial para a editora: com a exceção de Infinito e Guerras Secretas, todos os outros crossovers são tramas de qualidade duvidosa ou comprovadamente ruim e que, para piorar, prendem os gibis solos dos personagens a essas histórias e travam todo o desenvolvimento que vinha sendo feito.

Outro hábito irritante da editora, e que é basicamente uma consequência de seus megaeventos, é o relançamento periódico de toda sua linha editorial. Desde 2012, após Vingadores vs. X-Men, tivemos "iniciativas" que indicavam uma "nova visão" para seus gibis: começou com o Marvel NOW!, foi para o All-New Marvel NOW!, passou a ser All-New, All-Different Marvel pós Guerras Secretas e recentemente voltou ao Marvel NOW! (porque simplesmente acabou a criatividade), que nem sequer foi um relançamento completo, apenas colocou um #1 nas capas de algumas de suas séries que já vinham sendo publicadas e lançou alguns outros títulos com um #1 de fato. Tudo isso denota um fenômeno interessante: sempre que as vendas caem, a Marvel tem lotado o mercado com edições #1 de suas mais variadas HQs, apenas para, na teoria, retomar a liderança do mercado. Abaixo, um vídeo do canal 2quadrinhos que explica muito bem essa tendência e mostra o porquê de ela ser tão nociva:



Não dá para deixar de lado também as mudanças que vem sendo feitas em todo o elenco de heróis da Casa das Ideias, com Riri Williams, uma mulher negra, como Homem de Ferro, Jane Foster como a Thor, Sam Wilson como Capitão América, Kamala Khan como Ms. Marvel, Miles Morales como Homem-Aranha, Amadeus Cho como Hulk, Laura Kinney como Wolverine... Se por um lado todas essas substituições deram espaço à representatividade e temas sociais, além de terem expandido o conceito de legado na editora, por outro essas escolhas vem se mostrando um tiro pela culatra, tendo afastado muitos leitores antigos. Não porque eles são racistas ou machistas, mas apenas porque não se identificam mais com os personagens, com grande parte dos nomes com quem eles cresceram acostumados não estando mais em circulação. Legado é um conceito muito legal, assim como são as discussões sociais e a representatividade, mas a Marvel aplicou tudo isso de forma muito abrupta e justamente com seus maiores medalhões da atualidade. Esse é um dos grandes diferenciais da DC, que sempre soube trabalhar as passagens de manto de um modo preciso e que gera grandes frutos até hoje (vide Wally West).

O que mais dói, porém, é o tratamento que vem sendo dado ao Quarteto Fantástico e aos X-Men recentemente. A HQ da principal família de heróis do Universo Marvel foi encerrada em 2015, antes das Guerras Secretas, e a equipe teve seus membros espalhados por outros títulos como os Guardiões da Galáxia e os Inumanos, não havendo previsão para seu retorno. Os mutantes, por outro lado, vem sendo sucateados, colocados em uma posição de vilania e terrorismo, com péssimas fases assolando seus títulos e já sem suas principais lideranças, seja no Professor Xavier ou no Ciclope. É triste pensar na situação, já que as equipes são grandes marcos para a editora: enquanto o Quarteto foi o título que deu início a seu universo, em 1961, os X-Men foram um dos grandes responsáveis por sua popularização e sucesso ao longo dos anos, especialmente durante a década de 1980 e 1990. E tudo isso porque os direitos cinematográficos desses personagens estão com a FOX, algo que só aconteceu para evitar que a Marvel fosse à falência (!!!) em 1996. Ou seja: não fosse por isso, eles certamente não estariam na posição em que estão hoje.

Claro que ainda existem boas histórias sendo contadas na Marvel. Ms. Marvel, Visão de Tom King, O Velho Logan, a premiada Surfista Prateado, Champions, Viúva Negra e Os Vingadores de Mark Waid, Doutor Estranho e Thor de Jason Aaron, Demolidor de Charles Soule... Mas são títulos que não contam com os velhos medalhões do passado, e acabam se prejudicando em meio a todas essas estratégias malucas do editorial. E, quanto as vendas, a editora pode vir a criar uma nova crise na indústria se continuar com esse pensamento. Talvez seja hora da Casa das Ideias se organizar, olhar um pouco para o passado e reencontrar sua identidade. Foi o que a DC fez com o Rebirth, e não a toa hoje eles são um grande sucesso de críticas e vendas, superando a concorrente repetidas vezes desde então. É hora de parar de querer viver apenas do cinema e voltar a dar uma atenção especial a seus quadrinhos, já que, não fosse por eles, nada disso existiria.

A imagem de divulgação de "Império Secreto", a vindoura nova grande saga que promete "abalar o Universo Marvel". Mais uma vez.

segunda-feira, 13 de março de 2017

[RESENHA] "Kong: A Ilha da Caveira" (2017)


Durante a Comic Con Experience de 2016, tive a oportunidade de conferir o painel sobre Kong: A Ilha da Caveira, com a presença do diretor Jordan Vogt-Roberts. Ele se mostrou um grande nerd, falando abertamente sobre filmes, animes e games (inclusive mandando um "Kojima for life!", o que levou todos os fãs de Metal Gear Solid ali presentes - e que não eram poucos - à loucura). Ali, ficou clara sua visão para o longa, que teria o maior Kong já visto antes, como uma espécie de divindade, em um emaranhado de referências pop (indo desde cultura japonesa até Apocalypse Now) e ambientação puramente setentista, seja na estética ou na trilha sonora.

As palavras do diretor foram extremamente honestas, pois é exatamente isso que o filme entrega, sem por ou tirar. Sequências de tirar o fôlego, como a dos helicópteros que aparece no trailer, acontecem quase o tempo todo, embaladas pelo som de grandes nomes da época em que a trama se passa, como Black Sabbath e Creedence Clearwater Revival. Colabora para essa sensação a fotografia, que sabe dar senso de proporção e capturar a beleza das locações usadas para retratar a Ilha da Caveira. Não há como deixar de lado também o trabalho da equipe de efeitos especiais, que soube trazer todos os monstros à vida com maestria, especialmente Kong, com um nível de detalhamento e realismo inéditos.

Todos esses aspectos, apesar de terem seus méritos, servem também para desviar a atenção do espectador do roteiro. Não que ele seja ruim, pelo contrário: a trama condutora é equilibrada e serve como plano de fundo para toda a ação vista em tela. Mas, ao mesmo tempo, é rasa, com pouco desenvolvimento dos personagens, pautados todos em estereótipos de histórias de aventura. Isso tudo não se faz muito necessário, porém. Kong não é esse tipo de filme, algo que fica muito claro desde a sequência de abertura e tem seu grande êxtase no momento que mostra um Tom Hiddleston enfrentando mini-pterossauros com uma katana enquanto usa uma máscara de gás, beirando o "Tarantinesco".

Kong: A Ilha da Caveira não vai mudar a história do cinema, e nem tem pretensões para isso. Mas a sua capacidade de oferecer uma diversão honesta, beirando a megalomania, é inegável, equilibrando beleza visual, ação desenfreada, música de qualidade e homenagens à cultura pop como poucos. E se a intenção era introduzir o King Kong em um universo compartilhado de monstros gigantes, o longa cumpre seu papel de forma mais do que competente.

TRAILER:

segunda-feira, 6 de março de 2017

Resenha de UM parágrafo sobre "LOGAN"!


Um tiro no peito. Uma facada na barriga. Um soco no estômago. A sensação de assistir Logan se assemelha a isso. A premissa pode ser simples, mas as atuações brilhantes e direção artística fazem o espectador sentir essa história, tão árida e pesada, na pele. Variando entre a catarse da violência explícita e a complexa introspecção de seus protagonistas, o filme é de fato a despedida que os fãs queriam e que Hugh Jackman merecia, sabendo representar o Wolverine em tela de forma certeira, como nunca feito antes: um personagem errante, que quer fugir dos problemas do mundo, mas que sempre torna a encontrá-los. E ele, por sua própria natureza heroica, mesmo que involuntária, dedica até a última gota de sangue para que tudo corra bem. Provavelmente o melhor longa baseado em quadrinhos desde Batman: O Cavaleiro das Trevas.

TRAILER:

quarta-feira, 1 de março de 2017

BALANÇO MUSICAL - Fevereiro de 2017


Olá! Seja bem-vindo ao meu projeto Balanço Musical, uma coluna mensal na qual falo sobre música, o que escutei no mês que se passou, o porquê das escolhas, o que me influenciou nesses dias, e publico uma playlist com uma faixa referente a cada dia do período. O objetivo não é nada além de escrever um pouco mais sobre música no blog, apresentar algumas coisas diferentes e dar às pessoas a oportunidade de conhecer novos artistas e canções. As postagens são publicadas sempre no primeiro dia útil de cada mês, o que pode ou não coincidir com o dia 1º.

Em fevereiro, resolvi repetir algo que já havia feito no ano passado: ouvir um álbum que eu não conhecia a cada dia. É um desafio interessante, já que me ajuda a entrar em contato com artistas novos, que eu havia dado pouca atenção ou até mesmo com velhos conhecidos que não foram devidamente escutados. E, como esse é o mês com menor número de dias, não demanda tanto tempo e dedicação a ponto de torná-lo cansativo.

Tentei sair do lugar comum ao me aventurar pelo mundo do Jazz de John Coltrane, pelo som oitentista do clássico Purple Rain de Prince e do também clássico Power, Corruption and Lies do New Order, pelo delicioso groove e funk do último CD de Childish Gambino, pela excelente trilha sonora da também excelente série Westworld, e pelo mais recente registro desse fenômeno do Pop que é Lady Gaga (muito graças à sua fantástica performance no Halftime Show do SuperBowl desse ano e a colaboração com o Metallica no Grammy). Mas a maioria das escolhas foi, obviamente, voltada para Rock e Metal. Conheci melhor bandas como The Smiths, Radiohead e Blur, as quais sempre me passaram batido, mas me conquistaram após dar uma chance a elas. Ainda tive o prazer de ouvir alguns clássicos de grupos como o R.E.M., Supertramp, Iced Earth e Pixies, ao mesmo tempo que preenchi lacunas que faltavam na discografia do Yes e do Black Sabbath, dois conjuntos que são referências desde que comecei a ouvir música, mas que deixei alguns discos passarem batidos. E também continuei a conhecer alguns artistas que só tive contato recentemente, como Manic Street Preachers, Kenickie, Gojira e Giraffe Tongue Orchestra.

A experiência foi, assim como da última vez, muito rica, produtiva e, acima de tudo, divertida. Não existe tempo perdido quando se trata de música, conhecer novos artistas e entrar em contato com diferentes sonoridades. No geral, os álbuns que ouvi tiveram uma constância de qualidade muito acima da média, e não consigo pensar em sequer um momento que me desagradou, entediou ou fez querer parar de ouvir. É claro que alguns discos me agradaram mais que outros, e se eu tivesse que recomendar apenas alguns deles, minhas escolhas seriam: Generation Terrorists do Manic Street Preachers, Awaken, My Love! do Childish Gambino, Sabbath Bloody Sabbath do Black Sabbath, Out of Time do R.E.M., The Queen is Dead e Strangeways, Here We Come do The Smiths, Purple Rain do Prince, The Bends e OK Computer do Radiohead, Close To The Edge do Yes, Bossanova do Pixies, The Great Escape do Blur, e The Dark Saga do Iced Earth. Gosto musical, porém, é algo subjetivo, e, como ressaltei antes, essa é uma lista que não tem pontos fracos, então recomendo conferir todos eles. Como sempre digo, música nunca é demais.

Abaixo, a playlist com uma faixa representando cada CD que escutei nesse fevereiro. Ouça-a, guia-se por ela, vá atrás do que mais te despertou a atenção, ou simplesmente vá atrás de tudo. E, na sequência, vou deixar a playlist que fiz no ano passado. Bem diferente, mas não com menos qualidade.