segunda-feira, 20 de fevereiro de 2017

[RESENHA] The Wild Storm #1 - "Chapter One" (2017)


A síntese é uma arte que poucos dominam. Resumir conceitos complexos em algo de fácil entendimento não é, de fato, uma tarefa simples. Um de meus exemplos favoritos sobre o assunto é Grant Morrison contando a origem do Superman em Grandes Astros: Superman: com apenas quatro quadros e quatro frases na primeira página da primeira edição, o autor deixa claro quem é o personagem tanto para os fãs de longa data do Homem de Aço quanto para quem nunca tocou em uma história do herói. Simples, efetivo e sem falhas.

O renomado escritor Warren Ellis consegue, a seu modo, repetir essa proeza em The Wild Storm, sua nova HQ que dá início ao projeto de revitalizar o universo do selo Wildstorm na DC. Nas 22 páginas de seu primeiro número, somos apresentados a todo um mundo de espionagem industrial e organizações secretas, divididas em várias facções rivais em conflito umas com as outras e que tem como membros alguns nomes conhecidos dos fãs como Zealot, Void e Jacob Marlowe (da antiga WildC.A.T.S.), Angela Spica, a Engenheira (criação do próprio Ellis em The Authority), Miles Craven e Michael Cray. Já estão confirmadas também as aparições de Jenny Sparks (outra personagem de Ellis para Stormwatch e The Authority) e do Bandoleiro (também de WildC.A.T.S.) em edições futuras.

A trama é conduzida pela apresentação desse universo e desenvolvimento desses personagens, que nos levam a acontecimentos que só devem complicar ainda mais as relações entre os grupos. Poucos detalhes nos são entregues logo de cara, apenas o suficiente para nos intrigar e manter o interesse. Colabora com o fluir da narrativa a arte de Jon Davis-Hunt, que vai na contramão do ultrarrealismo e hipermusculatura consagrados pela Wildstorm de Jim Lee nos anos 1990 e nos entrega um trabalho limpo, sem exageros e detalhado quando precisa ser, funcionando bem tanto em cenas de diálogo quanto durante a ação.

O que mais chama a atenção nessa primeira edição é sua estrutura: a HQ funciona como um episódio-piloto de uma série de TV. Ellis já havia dito anteriormente que foi muito influenciado por Game of Thrones durante o processo criativo e, pensando na estrutura de seu primeiro episódio, há de fato muitas similaridades. Após ler essa história, tente visualizar todas as suas cenas em live-action com uma trilha sonora composta por músicas indie com clima obscuro. Pronto, você está diante do mais novo futuro sucesso da HBO.

Se passando em um universo paralelo, The Wild Storm serve tanto como um excelente ponto de partida quanto como um aceno aos velhos fãs do selo Wildstorm. Warren Ellis consegue prender o leitor a ponto de cativá-lo e deixá-lo curioso para ver o que vem pela frente. Para os fãs de espionagem, teorias da conspiração e ficção científica, não se enganem: esse é o quadrinho para vocês. E se você já zerou o catálogo da Netflix e da HBO Go, vale a pena conferir essa série, por mais que ela não seja feita no formato convencional. Fica o aviso, porém: esse é só o início de uma grande história que durará no mínimo dois anos, e que em breve será acompanhada por outros títulos. Mas, com um começo como esse, é difícil não se animar.

Abaixo, as quatro primeiras páginas de The Wild Storm:




domingo, 12 de fevereiro de 2017

Resenha de UM parágrafo para "LEGO BATMAN - O FILME"!


Uma paródia do Batman. Uma desconstrução do Batman. Uma boa história do Batman. Você consegue imaginar tudo isso junto? É exatamente o que LEGO Batman - O Filme consegue alcançar. Todo o mito do Homem-Morcego é tratado com muito humor e, ao mesmo tempo, muito respeito nessa animação, que traz praticamente toda a galeria de vilões do herói (incluindo até os mais obscuros como o Rei dos Condimentos e o Homem-Pipa) e um verdadeiro festival de referências às mais conhecidas fases do personagens, assim como a diversos ícones da cultura pop, indo de Harry Potter e King Kong até Gremlins e Doctor Who. Com uma bela mensagem, tem o poder de agradar a todos, sejam crianças, adultos, leigos ou fãs de longa data do Cavaleiro das Trevas. 

TRAILER:

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2017

Às vezes eu tenho vontade de desistir dos filmes da DC


Quem me conhece sabe o quão fã da DC eu sou. Os personagens, as histórias, o legado - muito do que a editora fez em seus mais de 80 anos de existência quebrou paradigmas e revolucionou o mercado de quadrinhos ao longo do tempo, ao começar por ter criado o gênero de super-heróis com a publicação de Action Comics nº 1 em 1938. Também foram os primeiros a explorarem outras mídias, com o lançamento dos primeiros grandes filmes de herói, animações, games e séries. Tudo isso fez parte da minha vida de algum modo, em algum momento, e até hoje me influencia das mais variadas maneiras, seja com as séries da como The Flash, games como Injustice e Batman Arkham, desenhos como Justice League Action e Young Justice, e as HQs, quem vivem um ótimo momento após o DC Universe Rebirth.

No cinema, por outro lado, a situação não está boa.

Não é de hoje que os filmes da companhia vem apresentando problemas: O Homem de Aço dividiu opiniões. Batman vs Superman: A Origem da Justiça teve sérios problemas de corte e montagem, foi massacrado por jornalistas especializados e até hoje é alvo de discussão pelos fãs. E Esquadrão Suicida foi ruim, sem identidade e que não acrescentou nada de novo, apesar de ter feito uma boa bilheteria. As críticas apontam uma série de erros, que passam por má caracterização dos personagens, roteiros mal desenvolvidos, tom pessimista e cínico, conflitos de ideias e excessiva interferência de executivos da Warner, na tentativa de recuperar o tempo perdido e alcançar a concorrência da Marvel Studios, especialmente em arrecadação.

2016 foi um ano difícil para os longas da DC, mas a casa parecia estar sendo arrumada: com o renomado escritor de quadrinhos Geoff Johns sendo apontado como supervisor do Universo Cinematográfico, os rumos começavam a se endireitar, visões passavam a se alinhar e uma abordagem mais próxima à clássica dos personagens vinha tomando forma. Johns fez seu nome com as HQs, mas iniciou carreira no cinema, trabalhando como assistente do diretor Richard Donner (de Superman - O Filme) durante alguns longas da franquia Máquina Mortífera, época que fez com que os dois se tornassem grandes amigos. Seu anúncio para a posição pareceu o melhor de dois mundos, o que passou a refletir nas notícias, com ele sendo creditado como um dos roteiristas de Mulher-Maravilha, escrevendo o roteiro do novo Batman com Ben Affleck, estando muito presente na produção de Liga da Justiça (e talvez endireitando a visão completamente distorcida de Zack Snyder), conversando com os envolvidos em Aquaman e com The Rock, o que acabou rendendo o anúncio de um filme solo do Adão Negro.

As últimas semanas, porém, trouxeram novidades preocupantes. Primeiro, foi confirmado o filme da Tropa dos Lanternas Verdes, mas ele terá David S. Goyer, um dos roteiristas mais detestados pelos fãs, escrevendo o argumento. Depois, um novo rumor de que Mulher-Maravilha estaria uma bagunça passou a circular, e embora este já tenha sido desmentido por uma confiável fonte da Forbes, é de se ficar alarmado, especialmente por essa já ser a segunda vez que algo do tipo surge. Por fim, o anúncio de Ben Affleck deixando a direção de The Batman pegou todos de surpresa, e apesar de ter usado a desculpa de que gostaria de se focar mais em escrever e atuar, a mesma fonte citada declarou que o desentendimento entre o ator e a Warner foi tão grande que ele até estaria considerando deixar o papel de Batman. Para piorar, no dia seguinte surgiu a notícia que o roteiro do longa foi inteiramente reescrito por Chris Terrio, responsável por Argo, Batman vs Superman e do vindouro Liga da Justiça.

Pensando em tudo isso, eu me pergunto: será que é tão difícil trabalhar com os executivos da Warner/DC? Será que é tão difícil esses executivos confiarem no trabalho dos outros (que se fossem desconhecidos até entenderia, mas é só gente de renome)? Pior: será que esses caras não entendem que bons filmes de herói dão mais dinheiro que filmes medianos/ruins, e que nome não é tudo? Eu entendo que há muita grana em jogo, a necessidade de correr atrás do prejuízo e dos números da Marvel... Mas, gente, precisa causar tanto problema e entregar resultados medíocres ou até ofensivos como Esquadrão Suicida? Tudo bem que, no caso de The Batman, é melhor que esses problemas ocorram na pré-produção do que durante as gravações ou na pós, mas ainda assim é desanimador ver que esse tipo de coisa persiste em acontecer depois de tudo que vimos no último ano.

Eu quero acreditar que o Universo DC vai dar certo no cinema. Eu quero gostar dos filmes. Até escrevi um texto mostrando toda minha esperança para Mulher-Maravilha. Mas notícias como essas me dão vontade de desistir deles, por todo o desrespeito envolvendo as propriedades intelectuais envolvidas e personagens tão amados do imaginário popular que vem sendo mostrado, e torcer para esses caras continuarem tomando pau da concorrência, que faz seu trabalho de forma competente e entretém o público. Não quero que eles copiem a Marvel, mas que tratem seus heróis da forma que merecem e construam seus longas na mesma linha das fantásticas histórias que estão acostumados a contar, deixando o cinismo e o clima soturno de lado e se focando no otimismo e esperança que seus melhores escritores (inclusive o próprio Geoff Johns) sempre empregaram em suas tramas.

Darei chances para Mulher-Maravilha e Liga da Justiça, irei vê-los com a mente aberta. Mas se os dois fracassarem mais uma vez e saírem abaixo do esperado, acaba aí minha relação com os filmes da DC. E, se esse for o caso, aconselho a todos fazerem o mesmo, para mostrar aos executivos, roteiristas e diretores que esses personagens merecem um tratamento melhor, e que nós, o público, merecemos muito mais do que eles querem nos oferecer.

Aproveitando, essa é a nova imagem do filme da Liga da Justiça. Aquaman, Mulher-Maravilha e Ciborgue em ação. Esperem pelo melhor, mas não se surpreendam com o pior.

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2017

BALANÇO MUSICAL - Janeiro de 2017


Olá! Seja bem-vindo ao meu mais novo projeto. O Balanço Musical será uma coluna mensal, na qual falarei sobre música, o que estive escutando no mês que se passou, o porquê das escolhas, o que me influenciou nesses dias, e publicarei uma playlist com uma faixa referente a cada dia do período. O objetivo não é nada além do que escrever um pouco mais sobre música no blog, apresentar algumas coisas diferentes e dar às pessoas a oportunidade de conhecer novos artistas e canções. As postagens serão publicadas sempre no primeiro dia útil de cada mês, o que pode coincidir com o dia 1º (como é o caso) ou não.

Esse janeiro foi muito produtivo musicalmente. Em muitos momentos revisitei algumas bandas e artistas clássicos, como Queen, The Police, Judas Priest, Michael Jackson, David Bowie, Derek & The Dominos, Black Sabbath, Iron Maiden e Metallica. Também me aventurei novamente por alguns dos registros de Metal mais marcantes dos últimos anos, como The Blackening do Machine Head e Silence In The Snow do Trivium. Ainda me aprofundei um pouco mais no som de algumas lendas, como Elvis Presley e Status Quo.

Também conheci algumas coisas novas no mês. Logo no começo já ocorreram os lançamentos dos EPs ReAniMaTe 3.0: The CoVeRs do Halestorm e No Plan do David Bowie, trabalho póstumo do cantor. E houve, mais para o fim, a divulgação de Sultan's Curse, o primeiro single do novo trabalho do Mastodon. Entrei em contato ainda com os ótimos Sparkle In The Rain do Simple Minds e Brotherhood do New Order, dois clássicos do Pop Oitentista. Somado a tudo isso, acabei dando o braço a torcer e ouvi Magma, o mais recente álbum do Gojira, banda que não havia me agradado em primeiro momento, mas que me conquistou com esse espetacular trabalho e me fez perceber ter cometido uma grande injustiça em não tê-lo incluído em minha lista de melhores de 2016.

Foi no mesmo janeiro que li as duas primeiras edições de Phonogram (a imagem do post é a capa da segunda edição), HQ de Kieron Gillen e Jamie McKelvie da qual pretendo falar mais para frente, e que me fez ouvir alguns grupos que só conhecia de nome, como os Buzzcocks e o Manic Street Preachers, e outros que eu nem sequer havia ouvido falar, como Kenickie, Afghan Whigs, Elastica, Echobelly e Le Tigre, algumas pérolas esquecidas do Britpop. Fechando o mês vem as músicas da trilha sonora de La La Land - Cantando Estações, a qual venho ouvindo quase que religiosamente desde que assisti ao filme.

Abaixo, a playlist com (quase) tudo o que foi citado no texto. Divirta-se! E aprecie sem moderação, afinal música nunca é demais na vida de ninguém.



PS: convido todos que estiverem lendo a fazerem como eu e criarem suas próprias playlists com uma música para cada dia do mês daqui para frente, e, caso se sintam a vontade, compartilhar nos comentários (ou em qualquer outro lugar que quiserem).