quinta-feira, 4 de janeiro de 2018

[RESENHA] "Viva: A Vida é uma Festa" (2017)


Morrer e ser esquecido por todos: esse é um dos maiores temores de cada um dos indivíduos que habitam a Terra. O medo de partir sem deixar um legado, um ensinamento, uma boa lembrança ou, no geral, uma marca é real e é também o que motiva muitos a se dedicarem a suas tarefas, sejam quais elas forem, e se destacarem em meio à multidão. Mas o que acontece quando uma pessoa não é memorável para ninguém? Tal qual bilhões de outros, ele se torna irrelevante. Desaparece. Vira poeira entre as páginas da história.

Duro, não? Mas esse é um dos principais temas de Viva: A Vida é uma Festa, novo longa da Pixar que foi exibido antecipadamente durante a CCXP 2017, e que também trata de morte (de uma maneira muito corajosa e natural), relações familiares, amizade, identidade e escolhas em uma história que, embora pareça um pouco apressada em certos momentos, diverte, cativa e emociona o espectador de uma forma que só as melhores obras do estúdio tem a capacidade.

A trama gira em torno de Miguel, garoto mexicano que, buscando se reconectar com o passado musical de sua família, acaba por profanar um túmulo em busca de um instrumento musical em pleno Dia de los Muertos (o Dia de Finados deles) e acaba indo parar no Reino dos Mortos. A partir daí, o menino inicia uma jornada em busca de uma forma de voltar para casa, na qual ele acaba encontrando o malandro Héctor, assim como alguns de seus antepassados. A premissa acaba se desenrolando de forma inesperada, desenvolvendo seus personagens e dando a eles valiosas lições, estejam eles vivos ou mortos, culminando em um tocante desfecho que sabe conectar os principais pontos da narrativa de forma orgânica.

Tão belo quanto seu roteiro ou a forma com que trata suas principais temáticas, porém, é o visual do filme. Não que animações da Pixar já tenham decepcionado neste aspecto, mas Viva: A Vida é uma Festa, além de rico em detalhes, é bem-trabalhado em sua diversidade de cores (até mais que Divertida Mente) e possui uma estética que beira trabalhos de Tim Burton como O Estranho Mundo de Jack, A Noiva Cadáver e Frankenweenie, sendo um deleite aos olhos. A parte sonora também não fica para trás: com trilha composta por Michael Giacchino e canções originais interpretadas pelos atores que dão voz aos personagens, as músicas, todas fundamentadas em ritmos tipicamente latinos, são contagiantes e sustentam esse aspecto da história.

Após alguns anos sem surpreender como antes, a Pixar parece vir reencontrando seus rumos recentemente, ainda que dê uma ou outra derrapada no meio do caminho. Se Divertida Mente e Procurando Dory foram prenúncios desse retorno à boa forma, Viva: A Vida é uma Festa talvez seja a consagração desse fato, mas com certeza é outro acerto no já extenso currículo do estúdio, sendo uma experiência como poucas e, trazendo sua temática para realidade, um filme que não cairá no esquecimento.

TRAILER: