segunda-feira, 13 de setembro de 2021

BALANÇO MUSICAL - Agosto de 2021

(Arte por Bruno Redondo e Adriano Lucas. Personagens pertencentes à DC Comics, todos os direitos reservados)
 
Olá! Seja bem-vindo ao meu projeto Balanço Musical, uma coluna mensal na qual falo sobre música, o que escutei no mês que se passou, o porquê das escolhas, o que me influenciou nesses dias, e publico uma playlist com uma faixa referente a cada dia do período. O objetivo não é nada além de escrever um pouco mais sobre música no blog, apresentar algumas coisas diferentes e dar às pessoas a oportunidade de conhecer novos artistas e canções. As postagens são publicadas sempre na primeira segunda-feira útil de cada mês (exceto quando ela coincide com o primeiro dia do mês -- ou quando não me dá tanta vontade assim).

Agosto. Historicamente, é um mês que eu não gosto, algo que já deixei bem claro em anos anteriores, e tendo a preferir julho por razões muito específicas. No entanto, como deixei claro em meu último post, esse último julho não foi lá muito bom e, quando isso acontece, agosto tende a ser melhor. E de fato foi, dando continuidade aos dias finais do mês anterior. Quer dizer, segui de férias, tomei a primeira dose da vacina, assisti a O Esquadrão Suicida -- que entregou tudo o que se esperava desde o filme de 2016, e com o grande bônus de não contar com Jared Leto --, segui acompanhando as Olimpíadas de Tóquio até o fim... Mesmo quando voltei de minhas férias as coisas seguiram nessa toada, sendo que finalmente criei vergonha na cara e comecei a jogar Persona 4 Golden, e ainda teve o retorno da temporada europeia de futebol. Período mais alto de 2021, de fato.

E se momentos ruins vem acompanhados de grandes cargas musicais, os os momentos mais elevados... Também? Foi o que pude concluir desse último mês, que musicalmente não ficou devendo em nada para seu antecessor direto. Segundo meu last.fm, foram 3.454 reproduções de músicas durante agosto (média de 111/dia), que contaram com 623 artistas, 983 álbuns e 3.167 faixas diferentes. Ficou abaixo de julho por apenas quatro reproduções e superou em todo o resto. E acredito que essa tendência voltará a se repetir nesse setembro, embora tudo possa acontecer daqui até seu final.

Como imaginado, agosto mais uma vez teve tudo aquilo que se espera de mim, isso é, Rock, Metal e um Pop oitentista ou outro. Mas também teve algumas reviravoltas: por exemplo, preferi priorizar bem mais o Rock em detrimento ao Metal, que acabou figurando em bem menos dias. Também teve surpresas, novidades e o maior número de artistas brasileiros em um único mês desde o início desse projeto, cantando na língua pátria ou não. E tudo isso pode ser conferido um meus DESTAQUES DO MÊS logo abaixo.

ARTISTAS DO MÊS:


- The Rolling Stones (Rock): acho que essa é a primeira vez que eles figuram como destaque principal. Ou não. Isso pouco importa, na verdade, o fato é que os Rolling Stones são o maior grupo de Rock ainda na ativa. Ou eram, porque o status do grupo após o falecimento do baterista Charlie Watts no último dia 24 segue indefinido (os remanescentes provavelmente devem continuar). Mas enfim, já vinha escutando eles bastante durante o mês e acabou calhando desse triste acontecimento também ter rolado no percurso, é mais que merecida aparição aqui, como homenagem ou não.

Destaco também:

- Billy Joel (Rock, Pop)

- Steely Dan (Rock, Jazz Fusion)

- Bruce Springsteen (Rock)

ÁLBUNS DO MÊS:


- The Killers - Pressure Machine (Rock, Pop Rock, Indie Rock, Heartland Rock; 2021): creio que todos ficaram surpresos ao saber que The Killers lançaria um novo trabalho um ano após seu anterior, o ótimo Imploding The Mirage, e fiquei me perguntando o que eles teriam a oferecer de novo com tão pouco tempo separando os trabalhos. Mas o que eu ouvi em Pressure Machine mostrou o porquê dessa necessidade, com o grupo, ainda que sem perder sua característica, se distanciado muito de seus lançamentos anteriores, seguindo um caminho que por pouco não atingiu o Southern Rock. A única reclamação que tenho são os momentos tão nítidos da influência de Bruce Springsteen na sonoridade ao ponto de soar quase como um pastiche; de resto, é um álbum conceitual maduro, com a banda explorando outras referências de uma forma acessível no ápice musical de seus membros. Um movimento corajoso, especialmente considerando o antecessor, e que valeu a pena.

Destaco também:

- Olivia Rodrigo - Sour (Pop Punk, Pop Rock, Pop; 2021) -- fiquei muito em dúvida entre colocar esse ou o do Killers em destaque, mas a verdade é que preciso falar dele de forma mais detalhada. Fui ouvir sem expectativa nenhuma, especialmente por estar muito em evidência e pelos trabalhos passados da Olivia (nada contra, mas High School Musical: O Musical - A Série não é pra mim). Só que dei play e... gostei?! Sour já começa com os dois pés na porta e já te captura imediatamente, e o que vem na sequência varia entre momentos mais acelerados e canções mais cadenciadas e introspectivas. As letras não escondem qual o público-alvo, mas a sonoridade plagia acena para Paramore, blink-182, Green Day e afins. Uma grata surpresa que merece ser conferida.

- Dee Snider - Leave a Scar (Metal; 2021) -- há quem não tenha gostado, mas o sucessor de For The Love Of Metal acerta e muito em dar seguimento ao trabalho ali iniciado, expandindo sua abordagem sem tirar o peso que o consagrou. Quero ouvir mais vezes, mas a primeira impressão foi muito boa

- Far From Alaska - Unlikely (Metal, Hard Rock; 2017) -- esse grupo brasileiro é dos melhores no que faz, com uma sonoridade peculiar, gostosa de se ouvir e ao mesmo tempo pesada

- Soulfly - Archangel (Thrash Metal, Death Metal, Groove Metal; 2015) -- o projeto de Max Cavalera aqui há muito já havia deixado de dar continuidade ao ouvido em Roots do Sepultura e buscou, com maestria, novos caminhos (que talvez fossem por si só a continuidade natural daquilo tudo? Jamais saberemos)

- Trivium - In Waves (Thrash Metal, Metalcore; 2011) -- esse neoclássico do Metal recentemente completou 10 anos de seu lançamento. Segue soando como se tivesse saído hoje

- Arcade Fire - The Suburbs (Indie Rock, Art Rock; 2010) -- melhor trabalho do Fogo Arcádio? Não cabe a mim dizer (sinceramente sigo preferindo o Reflektor, mas pode ser mera memória afetiva

- My Chemical Romance - I Brought You My Bullets, You Brought Me Your Love (Emocore, Hardcore, Hard Rock; 2001) -- só com essa estreia já dava pra imaginar que eles seriam grandes, mas não todo o impacto que tiveram na década de 2000

- The Black Crowes - Three Snakes & One Charm (Rock, Hard Rock, Southern Rock; 1996) -- grande trabalho que recentemente completou 25 anos

- Metallica - Metallica (Black Album) (Metal, Thrash Metal, Hard Rock; 1991) -- 30 anos do disco que mudou os rumos da banda e de toda música pesada

- Cazuza - Burguesia (Rock; 1989) -- "A burguesia fede!". É assim que se inicia o último álbum lançado por Cazuza em vida. Se não se identificou, talvez não seja pra você

- David Bowie & Trevor Jones - Labyrinth (From The Original Soundtrack Of The Jim Henson Film) (Rock, Música Orquestrada; 1986) -- esse foi porque fiquei ouvindo vinil e tive que colocar pelo menos uma música na playlist, fora que completou 35 anos de lançamento recentemente

- Ira - Vivendo e Não Aprendendo (Rock, Post-Punk; 1986) -- esse clássico brasileiro também completou 35 anos

- Elvis Costello - My Aim Is True (Rock, Post-Punk; 1977) -- atemporal e contagiante, um dos melhores desse artista pouco conhecido por aqui

- Rita Lee - Entradas e Bandeiras (Rock, Pop Rock; 1976) -- completou 45 anos desde que foi lançado

- Tim Maia - Tim Maia 1973 (Funk, R&B, Pop; 1973) -- um dos maiores da música brasileira (senão O maior)

- Secos & Molhados - Secos & Molhados (Glam Rock, Rock Progressivo, Pop Rock; 1973) -- um verdadeiro clássico nacional

- The Stooges - The Stooges (Rock, Protopunk; 1969) -- o Punk só nasceria com os dois trabalhos posteriores, mas o mostrado aqui já sedimenta as bases para sua consolidação

- Vários Artistas - Tropicália Ou Panis Et Circensis (MPB, Rock Progressivo; 1968) -- revolucionário o suficiente ao ponto de influenciar tudo o que veio depois

FAIXAS DO MÊS:


- Iron Maiden - Stratego (Metal; 2021): à essa altura, Senjutsu, novo álbum da Donzela de Ferro, já foi lançado. No entanto, quando o grupo divulgou o single Stratego, o impacto foi imediato por sua velocidade, peso e curta duração que, aliados a ótima performance de todos os membros do grupo, em especial de Bruce Dickinson, me remeteu de imediato aos tempos áureos do Maiden. Gostei bastante quando saiu, e hoje dá para dizer que é uma das melhores faixas do mais recente trabalho do sexteto.

Destaco também:

- Dream Theater - The Alien (Metal Progressivo; 2021) -- mais uma vez, fiquei em dúvida sobre o destaque, mas Iron Maiden é minha banda de Metal favorita, não tem o que fazer. Ainda assim, vale falar sobre a a primeira faixa divulgada pela banda que estará em seu próximo álbum, A View from the Top of the World, com lançamento previsto para 22 de outubro próximo. Remete aos melhores momentos da banda, sendo avassaladora ao longo de seus mais de 9 minutos de duração, e traz críticas sociais pertinentes, inclusive falando sobre o desmatamento na Amazônia. Pra deixar aquele gostinho de quero mais

- Halestorm - Back From The Dead (Hard Rock; 2021) -- outra que poderia ter colocado como destaque. Acho que o título da música é auto explicativo, ainda mais considerando que o mais recente trabalho do quarteto é de meados de 2018. De qualquer forma, o retorno foi em grande estilo, com muito peso até mesmo para a banda, servindo como preparação para o novo trabalho que deve sair ainda nesse 2021

- Joe Bonamassa - The Heart That Never Waits (Blues Rock; 2021) -- mais uma que poderia ter recebido o destaque. O imparável Joe Bonamassa, assim como The Killers, também lançará outro trabalho ainda nesse ano após um que saiu em 2020, o espetacular Royal Tea. Com previsão para 29 de outubro, Time Clocks iniciou sua promoção com essa belíssima faixa que ressalta tudo o que ele faz de melhor. Será que vem outro álbum do ano por aí?

- Tom Morello feat. Bruce Springsteen & Eddie Vedder - Highway To Hell (Hard Rock; 2021) -- esse cover de AC/DC por esses grandes nomes fará parte do novo disco de covers que Morello deve lançar ainda em outubro desse ano. A interpretação me agradou bastante, incorporando as peculiaridades de todos os envolvidos

- Shihoko Hirata & Lotus Juice - Break Out Of... (J-Rock, J-Pop; 2014) -- a abertura de Persona 4 Arena Ultimax foi a que eu escolhi para o dia em que me vacinei por conta de seu refrão, em especial o trecho "No need to fear, it's time for you to burn that dread!"

- Frank Zappa - Muffin Man (Rock; 1975) -- simplesmente porque é uma música espetacular

Confira, por fim, a playlist elaborada durante agosto de 2021: