E então, aconteceu. Após 4 anos, a última história do 12º Doutor, magistralmente interpretado por Peter Capaldi, foi contada. Com uma 10ª temporada marcada por sua consistência, assim como por sua qualidade e pelo tom de despedida do ator de um personagem que ele ama desde sua infância, a expectativa pelo episódio especial de Natal (que já é uma tradição para a série) de 2017 era enorme, especialmente com o gancho deixado em The Doctor Falls, em que a encarnação atual do protagonista se encontrou com sua primeira versão, aqui trazida a vida por David Bradley, reprisando sua forma de homenagear o falecido William Hartnell.
Também marcando a despedida do showrunner e roteirista Steven Moffat, Twice Upon a Time encerra seu ciclo a frente da série de forma digna e bela, com uma trama que não poupa esforços para usar-se do emocional, mas que também sabe trabalhar a relação entre o primeiro e o último (até então) dos Doutores e suas funções no Universo, seus medos e suas importâncias. A química entre Capaldi e Bradley existe, e ver o 12º Doutor censurando as falas machistas do 1º (um reflexo de seu tempo e da época em que o programa foi criado) é impagável e muito bem-vindo, especialmente após todo o engajamento social visto nessa última temporada.
O enredo do episódio destaca-se ainda por fugir um pouco do maniqueísmo, com uma reviravolta que mostra que a ameaça enfrentada pelo Doutor não é exatamente o que ele estava pensando. Há também um interessante dilema moral que marca a presença do personagem de Mark Gatiss na história, além de usá-lo como ponte para alguns velhos conhecidos dos fãs. E falando em velhos conhecidos, o retorno dos companions dessa versão do personagem vivida por Capaldi é de tocar o coração dos Whovians, especialmente devido ao significado de suas presenças dentro do roteiro, aliado à importância do momento.
Twice Upon a Time encerra-se com o que o 12º Doutor soube fazer de melhor desde 2014: um monólogo, recheado das mais belas mensagens e conselhos sobre amor, gentileza e benevolência, como se estivesse passando ensinamentos para sua sucessora. E essas últimas palavras representam tudo o que Steven Moffat quis que o personagem representasse em sua estadia no comando de Doctor Who, desejo este que viu a luz pelas interpretações de Matt Smith e, mais ainda, de Peter Capaldi. Chega ao fim uma era que, embora controversa entre alguns fãs, certamente marcou época, e foi concluída de forma brilhante.
E BEM-VINDOS, CHRIS CHIBNALL E JODIE WHITTAKER! Mal posso esperar para poder conferir suas aventuras como a 13ª Doutora (especialmente após o final deste episódio)!
A primeira imagem oficial de Jodie Whittaker como a 13ª Doutora. Amei demais a caracterização!