quarta-feira, 6 de dezembro de 2017

A Liga da Justiça merecia mais.


Há três semanas, estava saindo empolgado da sessão da pré-estreia de Liga da Justiça e prestes a postar aquela que veio a ser a primeira resenha mundial do longa (acho que nunca vou parar de me gabar sobre isso). A emoção de ver os principais medalhões da DC em tela era grande, e o recente sucesso de Mulher-Maravilha no meio deste ano me fez crer ainda mais que as adaptações da editora vinham trilhando o caminho certo.

Após todos esses dias e tendo-o visto novamente na segunda-feira seguinte a seu lançamento, minha opinião pouco mudou: ainda o considero um bom filme, muito graças às representações de seus heróis e suas interações em tela, mas também por mostrar um Superman como todos gostaríamos de ter visto desde O Homem de Aço, por apresentar uma história simples e direta, sem inserções desnecessárias que só serviriam para inchá-la, pelo visual bacana dos Parademônios e pelas breves aparições de personagens como o Comissário Gordon, Mera, as Amazonas e um Lanterna Verde ainda não identificado. Por outro lado, também reconheço suas falhas (muitas das quais já havia notado em minha primeira ida ao cinema): tudo relacionado ao vilão Lobo das Estepes, seja seu visual ou suas motivações, a desastrosa remoção digital do bigode de Henry Cavill, os fraquíssimos efeitos de computação gráfica do terceiro ato do longa, a extrema simplificação do roteiro ao ponto de deixá-lo raso, além de seus furos ou conexões mal estabelecidas, e a trilha sonora abaixo do esperado, mesmo com o resgate de temas clássicos.

Mas independente de considerações e opiniões sobre o resultado final, o fato é que Liga da Justiça hoje deixa um gosto amargo na boca dos fãs. O principal supergrupo da DC merecia mais. Mais do que esse filme apresentou. Mais do que apenas 41% de aprovação no Rotten Tomatoes, nota 7,2 do público (que pode vir a cair a qualquer momento) e média 5,3 da crítica. Mais do que a provável menor arrecadação entre todos os filmes da franquia. E mais do que cortes, alterações de última hora e um mar de conflitos internos, conforme foi revelado recentemente.

OK, o longa é bom. Só que os maiores heróis de todos os tempos são dignos de algo muito além de apenas "bom". A adaptação da equipe para os cinemas deveria deixar todos embasbacados, em êxtase, provar-se um grande ponto de virada para o gênero, mudar a forma como filmes de super-heróis são vistos e feitos. Algo que, no mínimo, batesse de frente com o primeiro Vingadores (que infelizmente ainda segue sendo o filme definitivo de supergrupo) e mostrasse que o Universo Estendido da DC ajustou seus rumos e veio para ficar. Não aconteceu, Liga vem cada vez mais se mostrando um fracasso retumbante de crítica e público, colocando em risco ainda boa parte dos planos que o estúdio possui para esses personagens. E a sina de Batman vs Superman e Esquadrão Suicida se repete mais uma vez.

O mais frustrante, porém, é tomar conhecimento de todos os vazamentos sobre os bastidores da produção (os quais foram relatados com maestria pelo Terra Zero aqui, aqui e aqui). Cortes de momentos essenciais, alterações drásticas em cenas, brigas com Zack Snyder (que foi retirado a força) e Joss Whedon, interferências dos executivos do estúdio e decisões mesquinhas da diretoria afetaram muito do que vimos em tela, e o resultado poderia ter sido bem mais memorável se muitos pontos do plano original tivessem sido mantidos. Ver esse tipo de notícia só faz perceber quanto do potencial de Liga da Justiça foi jogado fora devido ao péssimo gerenciamento da Warner, que aparenta estar cada vez mais perdida em relação a suas propriedades intelectuais.

O fato é que meu texto Às vezes tenho vontade de desistir dos filmes da DC segue atual, mesmo após quase um ano. Apesar do sucesso de Mulher-Maravilha, todo o resto parece persistir. Geoff Johns aparentemente não conseguiu impor sua voz dentro do estúdio (apesar de algumas mudanças de tonalidade que claramente são resultado de sua visão) e os longas seguem à mercê da alta cúpula da companhia, ao ponto de cometerem a canalhice de usar a tragédia familiar de Zack Snyder como desculpa de afastá-lo em definitivo do projeto. A interferência também foi suficiente para irritar Joss Whedon, que mal chegou e já tem uma péssima relação com seus superiores. A situação é tão terrível que seria difícil até mesmo para o Superman, símbolo máximo de otimismo e esperança, enxergar alguma luz no fim do túnel para esse Universo, com todas essas confusões e resultados medíocres.

Enquanto isso, a concorrência está lá, faturando mais com Thor: Ragnarok, terceiro filme de um de seus heróis menos populares, já havendo emplacado outros dois sucessos em 2017 e se preparando para emplacar outros três no próximo ano, tendo inclusive lançado o avassalador trailer de um deles nos últimos dias, mostrando a tão esperada reunião de praticamente todos os seus personagens contra a ameaça definitiva de seu Universo. A gente tem mais é que aplaudir a Marvel mesmo e reconhecer sua superioridade nos cinemas, muito graças a seu impecável planejamento.

Seja qual for sua opinião sobre Liga da Justiça, o fato é que ele deveria não apenas ter sido melhor, como também ter tido bastidores melhores, uma receptividade melhor, uma arrecadação melhor. A Liga da Justiça merece mais. Bem mais. O jeito agora é olhar para o futuro, torcer para que Mulher-Maravilha não tenha sido apenas um ponto fora da curva e esperar que o filme do Aquaman atenda nossas expectativas e mostre que nem tudo está perdido para o Universo Estendido DC, especialmente em termos de rumo e identidade.

Mas, p*** que pariu, quando a gente depende do filme do AQUAMAN para qualquer coisa é porque f**eu mesmo...

AJUDE-NOS, AQUAMOMOA, VOCÊ É NOSSA ÚNICA ESPERANÇA!!!