quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

Top 10 Álbuns de 2013


Olá, senhoras e senhores. Já faz um tempinho desde minha última atividade por aqui... Se é que dá para chamar este período de "tempinho". A última publicação é 12 de julho deste ano, 5 meses atrás. E, neste tempo, rolaram duas reviravoltas importantes na minha vida, uma 3 semanas depois da minha última postagem e outra recentemente, 3 semanas atrás. Boa e ruim, respectivamente. A primeira delas foi o que ocupou a maior parte do meu tempo e que acabou me afastando de meu recém nascido blog, que jamais foi esquecido, apenas deixado de lado. A segunda, curiosamente, foi o que me fez cogitar escrever novamente aqui, especialmente agora que tenho meu tempo livre, pelo menos até o fim de janeiro. Será bom para eu me distrair um pouco, extravasar certos sentimos e esvaziar minha mente. E acredito que a melhor maneira de retornar seja falar sobre uma das coisas que mais gosto: música.

Eu detesto, porém, listas. Não de vê-las, pelo contrário: adoro ver listas sobre qualquer coisa, pois, por mais que eu concorde ou não com suas escolhas, geralmente elas apresentam algum item que me era desconhecido ou passou batido, o que me faz procurar por eles e conhecer algo novo, muitas vezes diferente do habitual. O que eu detesto é fazer listas. Pra mim é muito difícil escolher um favorito entre qualquer coisa que seja, pois gosto de apreciar as diferenças que são oferecidas por cada uma e, existindo estas diferenças, torna-se praticamente impossível alguma comparação. Porém, tenho acompanhado as mais diversas listas publicadas por sites e pessoas especialistas no assunto sobre os melhores álbuns lançados em 2013 e, impulsionado por isto, resolvi publicar a minha também.

Antes de tudo, devo dizer o seguinte: não foram escolhas fáceis de serem feitas. 2013 foi um bom ano para a música, com diversos lançamentos, sendo muitos destes de qualidade. Então, escolhi os 10 que mais me agradaram, prenderam e chamaram a atenção desde a primeira audição, ou até mesmo desde o lançamento da primeira música. E, entre estes 10, foi mais difícil ainda escolher em qual posição eles deveriam ficar. Eu já tinha em mente quais seriam os dois primeiros lugares, mas não tinha decidido com certeza qual seria qual. E os demais, putz... Até agora não tenho certeza se estou satisfeito com a ordem, mas creio que seja melhor possível. Como falei anteriormente, comparar sons distintos é algo complicado para mim, mas creio que tenha ficado bom o suficiente e seja isto que eu realmente esperava expressar.

E lembrando: esta é a MINHA lista de melhores discos de 2013, baseada no MEU gosto musical e de acordo com os lançamentos que EU ouvi durante o ano. Você não é obrigado a concordar com ela e, inclusive, qualquer discussão é extremamente bem-vinda. Se achar que cometi alguma injustiça, que faltou algum CD, a área de comentários está sempre disponível para sugestões, que são lidas e averiguadas por mim. O ponto principal disso tudo é contribuir com o conhecimento musical de todos, tanto o meu quanto o dos amigos leitores. Então, acho interessante o compartilhamento de opiniões ser mútuo.

Vamos ao top 10:

#10: EVILE - SKULL


Já começo falando sobre um disco que teve pouca repercussão de uma banda que quase ninguém conhece. Eis a banda que soa mais Metallica desde o próprio Metallica (talvez até mais que eles mesmos hoje em dia). Evile é uma das melhores bandas de Thrash Metal que surgiu nos últimos anos, e que lançou 3 excelentes registros anteriormente. Mas "Skull" os elevou a outro nível, com uma boa variedade de sons e uma agressividade deveras consistente, além de power ballads muito bem trabalhadas. Um álbum que agrada os fãs do gênero do início ao fim, mas que seria ainda melhor se eles soassem um pouco mais autênticos, mesmo sendo ótimos no que fazem.

#9: STONE SOUR - THE HOUSE OF GOLD AND BONES, PART 2


Sempre ouvia falar bem de Stone Sour, mas não conhecia até o fim do ano passado/começo deste, quando peguei a discografia para escutar. Devo dizer que fiquei impressionado com a versatilidade do frontman Corey Taylor, especialmente por ter como referência o Slipknot e toda sua agressividade. Com "The House of Gold and Bones, Part 2", isto só foi consolidado. A continuação da primeira parte, lançada em 2012, é extremamente concisa, diversificada, impressionante e viciante. Me espanto por quase não tê-lo visto em outras listas por aí.

#8: BILLIE JOE ARMSTRONG + NORAH JONES - FOREVERLY


Esta é, com certeza, a parceria mais inusitada que ocorreu neste ano. Quem no mundo imaginou que Billie Joe Armstrong, vocalista e guitarrista do Green Day, e Norah Jones, conhecida por sua carreira solo voltada para o Jazz e o Pop, se uniriam para gravar um disco de Country? E quem imaginou que ele ainda seria bom? Pois é. Eu percebi logo quando ouvi o single "Long Time Gone", e confirmei ao ouvir o registro completo. "Foreverly", que na verdade é uma reinterpretação de "Songs Our Daddy Taught Us" do Everly Brothers (sacou o trocadilho?), tem um cadenciamento perfeito, e prende o ouvinte até o último segundo. As qualidades dos músicos só ficaram ainda mais evidentes, saindo de suas zonas de conforto e entregando um CD tão bom. Norah é com certeza uma das melhores vocalistas existentes no mundo hoje, e Billie Joe mostrou que pode desenvolver muito mais que os simples e empolgantes acordes do Punk Rock. Uma boa pedida especialmente para dias de descanso.

#7: PAUL MCCARTNEY - NEW


Ah, Paul McCartney... O que dizer deste que cada vez mais acredito não ser apenas um homem com talento absurdo, mas uma entidade divina da música? Pensem nisso: ex-membro dos Beatles e dono de uma carreira solo impecável, este senhor de 71 anos é o músico ainda vivo mais importante do mundo, vocês gostando ou não. E, mesmo com esta idade avançada, ele continua surpreendendo todos nós. "NEW" é o perfeito exemplo disto, com Macca soando original e moderno sem deixar de lado o que o consagrou. O álbum contou com a colaboração de 4 produtores importantes da música atual para chegar neste resultado sensacional, que hipnotiza e cativa graças a suas canções, algo só Paul poderia tornar possível. Genial, como sempre.

#6: THE WINERY DOGS - THE WINERY DOGS


Eu vou contra o que vi críticos afirmarem por aí e digo que um projeto com Richie Kotzen, Billy Sheehan e Mike Portnoy poderia dar errado sim. Os três são verdadeiros virtuosos de seus respectivos instrumentos, e, caso focassem muito em demonstrar suas habilidades e esquecessem da boa música, as chances de desastre seriam enormes. Felizmente eles foram pelo caminho oposto, preferindo algo mais "básico" e nos presenteando com um Hard Rock de primeira. É muito difícil escolher apenas um destaque, pois os três instrumentistas cumprem seus papéis de forma estupenda, mas creio que Kotzen seja o merecedor, por ser um guitarrista tão sensacional e dono de uma voz surpreendente, que em certos momentos chega até a lembrar dos tempos áureos de David Coverdale. E que lancem mais álbuns, por favor.

#5: ARCTIC MONKEYS - AM


Com certeza um dos CDs mais polêmicos do ano, daqueles típicos ame ou odeie. Um pouco superestimado, talvez, mas não deixa de ser excelente. "AM", no conjunto, é perfeitamente funcional, com músicas numa certa frequência que criam uma atmosfera fantástica. Individualmente, são igualmente boas e viciantes, o que também é muito importante. A pegada mais voltada para o Blues e a batida que lembra um pouco o R&B pode ter assustado algumas pessoas, mas isso nem de longe tira sua excelência, muito pelo contrário. Ponto para o Arctic Monkeys, que não ousa estagnar numa zona de conforto e está sempre procurando mudanças, sem deixar a conhecida qualidade de lado. Não é o melhor lançamento da banda, mas supera com folga seus últimos dois registros, "Humbug" e "Suck It And See".

#4: GHOST - INFESTISSUMAM


Pecado seria se este disco não se encontrasse nesta lista. Eu conheci o Ghost em meados de 2012, ouvindo pela primeira vez o ótimo "Opus Eponymus", que não recebeu a merecida atenção que deveria em seu lançamento. Realmente gostei do som, de toda a atmosfera criada pela banda e do fato de seus integrantes terem as identidades desconhecidas. Quando soube que um novo álbum seria lançado, fiquei com boas expectativas. Quando escutei "Infestissumam", porém, percebi uma coisa: a banda se elevou a outro patamar. Composições maravilhosas, com muitos ritmos integrados ao Metal, como o Surf Rock, o AOR e algumas pitadas de um som mais Pop. Mesmo com as letras satânicas (algo que eu ignoro e vejo apenas como um elemento para polemizar), é incrivelmente viciante e hipnotizante. Tudo isso somado ao forte marketing que envolve o grupo e o apoio de caras como James Hetfield e Dave Grohl (que produziu o EP "If You Have Ghost" e já tocou com eles diversas vezes como um dos "Nameless Ghouls") torna o Ghost uma das coisas mais legais que aconteceu ao Rock nos últimos anos. Vida longa ao Papa Emeritus!

#3: BLACK SABBATH - 13


Os deuses do Metal voltaram. Ou ao menos 3/4 deles. Tony Iommi, Ozzy Osbourne e Geezer Butler se reuniram com Brad Wilk (que substituiu Bill Ward devido a problemas contratuais e, aparentemente, também físicos) e o produtor Rick Rubin para gravar "13", CD o qual provavelmente será o último do Black Sabbath. Se realmente for, é uma despedida com chave de ouro, que fecha um ciclo de forma perfeita (os segundos finais de "Dear Father" deixam isso bem explícito). A ótima interpretação de Ozzy, riffs e solos memoráveis de Iommi e as linhas de baixo fantásticas e audíveis de Geezer são tudo o que os fãs poderiam pedir, com o baterista convidado também cumprindo seu papel de forma excelente. Destaque também para a mixagem que trouxe um som limpo, mas que ao mesmo tempo soube capturar todo o peso e "sujeira" característicos do grupo. A reunião mais aguardada dos últimos 2 anos realmente não ficou devendo em nada.

#2: DAFT PUNK - RANDOM ACCESS MEMORIES


Daft Punk nunca me decepciona. O fato de deixar o som eletrônico um pouco de lado e o enfoque no que foi gravado nos anos 1970 e 1980 certamente espantou algumas pessoas. Mas, ao mesmo tempo, agradou muitas outras. A dupla francesa acertou em cheio na sonoridade, nas composições, nos instrumentos usados, em tudo. É até complicado descrever "Random Access Memories" por ser tão rico, divertido e bom de se ouvir, com músicas que te envolvem e entretém durante toda sua duração. Para melhorar, ainda conta com participações geniais de Giorgio Moroder, Pharrell Williams, Nile Rodgers e Julian Casablancas (que fez algo parecido em seu mais recente lançamento com os Strokes, o ótimo "Comedown Machine"). Foi muito difícil deixar este excelente álbum em segundo lugar na lista, mas acredito que o próximo realmente mereça a colocação.

#1: DAVID BOWIE - THE NEXT DAY


Depois de 10 anos sem lançar um mísero novo registro, se mantendo recluso em boa parte destes, tendo anunciado aposentadoria e após um ataque cardíaco, eis que fomos agraciados com o anúncio repentino de que David Bowie lançaria um álbum de inéditas, com direito até a divulgação do clipe da melancólica "Where Are We Now?" na mesma data, e o da animada "The Stars (Are Out Tonight)" dias depois. O resultado, como se podia esperar após as prévias, foi simplesmente impecável, desde a curiosa e simples capa até o conteúdo do disco, com 14 (18, no caso da Deluxe Edition) composições impecáveis, que abrangem sonoridades de praticamente todas as fases da extensa carreira do camaleão. É uma mistura de sentimentos fantástica, que possibilitam até certas reflexões. Simplesmente perfeito, e, como dizem, "quem é rei nunca perde a majestade". Que este gênio possa continuar a surpreender a todos nós, por mais que sua saúde não esteja 100%.

sexta-feira, 12 de julho de 2013

5 filmes que mudaram a história das adaptações de heróis

Hoje, dia 12/07, é a estréia nacional do novo filme do Superman, "O Homem de Aço" (ou "Man of Steel", no título original). Devo dizer que não sou o maior fã do personagem, mas estou muito afim de ver esta nova adaptação, dirigida por Zack Snyder e produzida por Christopher Nolan e David S. Goyer. Uma visão mais realista e repleta de ação de suas origens era algo necessário há muito tempo, especialmente após o fiasco de "Superman Returns". Claro que demorou até chegar a este ponto, com muitos lançamentos de sucesso e fracassos que moldaram o gênero. Pensando nisso, escolhi 5 dos quais acredito que sejam os mais importantes filmes de herói no cinema. Eles não estão em ordem de importância, e sim em ordem cronológica (mas, se formos pensar, dá na mesma, cada um contribuiu com algo diferente em sua respectiva época). Confira abaixo:

Superman - O Filme (Superman - The Movie, 1978)

Como eu disse, não sou o maior fã do Superman. Porém, sua influência é inegável, tanto no mundo dos quadrinhos quanto no mundo do cinema. Esta é a que pode ser considerada a primeira adaptação de herói, ou, ao menos, a primeira boa adaptação. "Superman - O Filme" é considerado um marco da história dos filmes, devido a sua fidelidade às HQs, seu bom roteiro, seu efeitos revolucionários (fazer um homem voar naquela época era algo impressionante) e o elenco repleto de estrelas como Marlon Brando, Gene Hackman e Christopher Reeve. Hoje pode parecer velho e desatualizado, mas sem dúvidas foi importante em seu tempo e pode ser considerado um clássico. Se não tivesse emplacado, provavelmente as coisas seriam diferentes.

Batman (Batman, 1989)

A série de TV dos anos 1960 estrelada por Adam West foi muito importante para o Batman, pois o popularizou ainda mais. Porém,  devido a sua visão voltada ao público infantil, fez também com que ele se tornasse uma piada com o passar dos tempos. Em meados da década de 1980, porém, o personagem começou a recuperar seu lado mais sombrio e voltado para o público adulto, com a publicação de HQs como "Batman: Ano Um", "Batman: A Piada Mortal" e "Batman: O Cavaleiro das Trevas". O filme dirigido por Tim Burton e estrelado por Michael Keaton e Jack Nicholson também ajudou-o neste quesito. "Batman" tem um clima um tanto tenso, sendo fiel às histórias da época e tendo ótimas interpretações de seus astros. Não fosse pela trilogia de Christopher Nolan, este seria o meu preferido do homem morcego.

Homem-Aranha (Spider-Man, 2002)

Uma época um tanto quanto conturbada: o recente fracasso de "Batman & Robin" (bat-mamilos, anyone?) e o sucesso de "X-Men" confundiu as pessoas em questão às adaptações de heróis dos quadrinhos ao cinema. Mas este foi o filme que veio para colocar as coisas de volta no lugar. O "Homem-Aranha" de Sam Raimi trouxe ótimos efeitos, um bom elenco e uma história interessante das origens de um dos personagens mais queridos dos fãs de HQ. É emocionante em diversos aspectos, e também foi o responsável por popularizar a frase "com grandes poderes, vem grandes responsabilidades". Apesar de gostar do recente "O Espetacular Homem-Aranha", ainda considero este aqui melhor por vários motivos.

Batman: O Cavaleiro das Trevas (The Dark Knight, 2008)

Realista, sombrio, intenso, genial, repleto de ação. "Batman Begins" pode ter iniciado tudo, com sua abordagem extremamente realista, história bem feita (baseada em "Batman: Ano Um") e semelhança com algumas das melhores HQs do personagem, mas este aqui amadureceu tudo o que foi visto anteriormente e ainda adicionou mais elementos envolvendo tecnologia, dilemas morais e outras diversas coisas que só foram possíveis graças às mentes brilhantes e insanas de Christopher Nolan e seu irmão Jonathan. Fora, claro, as atuações de Christian Bale e Heath Ledger como os melhores Batman e Coringa já vistos nas telas (até o momento). "Batman: O Cavaleiro das Trevas" não é apenas uma das melhores adaptações já feitas, mas também um dos melhores filmes da história.

Os Vingadores (The Avengers, 2012)

Este filme é o mais puro deleite nerd. Um grupo de heróis, um elenco recheado de astros, um roteiro simples mas extremamente sólido, sequências de ação estonteantes, tiradas engraçadíssimas e um Robert Downey Jr. em ótima forma. Não interessa se "Homem de Ferro 2" não foi tão bom quanto o primeiro, se "Thor" e "Capitão América - O Primeiro Vingador" foram fracos e se mudaram o ator que interpreta o Hulk, "Os Vingadores" é simplesmente animal e te faz esquecer de tudo o que veio anteriormente. Se tem uma adaptação que merece ser vista como inspiração para as futuras, com toda a certeza é esta.

MENÇÕES HONROSAS:

X-Men (X-Men, 2000)

Como falei, "Homem-Aranha" veio para colocar as coisas no lugar, mas foi "X-Men" que deu novas esperanças aos fãs de heróis depois do fiasco de "Batman & Robin". Bryan Singer dirigiu uma adaptação muito boa do grupo de mutantes e que encantou a muitos quando foi lançada. Boa história, ótimos efeitos e um elenco com atores como Sir Ian McKellen, Sir Patrick Stewart, Hugh Jackman, Halle Berry e Famke Janssen, simplesmente não dá para não gostar. Uma pena que a franquia se perdeu em "O Confronto Final" e "X-Men Origens: Wolverine", mas se recuperou com o bom "X-Men: Primeira Classe". Estou no aguardo para ver o que vem em "Wolverine - Imortal" e "X-Men: Dias de um Futuro Esquecido".

Homem de Ferro (Iron Man, 2008)

As duas sequências são boas, mas não conseguem superar o primeiro filme. Ele traz uma ótima versão das origens de Tony Stark e sua transformação em Homem de Ferro, com uma boa dose de ação e um final de explodir a cabeça, além da trilha sonora com direito a músicas do AC/DC e do Black Sabbath. Foi também o longa que trouxe Robert Downey Jr. de volta a boa forma, depois de anos longe dos holofotes. E ainda por cima foi o que fez a Marvel iniciar seu ambicioso plano para "Os Vingadores", e, se não houvesse feito sucesso, provavelmente a excelente adaptação nem sequer existiria.

terça-feira, 9 de julho de 2013

CRÍTICA: Iron Maiden - Somewhere In Time [1986]


Antes de começar a análise, gostaria de explicar o porquê da minha escolha. O certo seria começar a seção de música com um lançamento atual, como "13" do Black Sabbath, "Random Access Memories" do Daft Punk ou o auto-intitulado do The Winery Dogs. Ao invés disso, escolhi um álbum antigo, lançado em 1986 pelo Iron Maiden, e que na época não foi o que pode se chamar de "um verdadeiro sucesso de crítica", apesar de ter um reconhecimento muito maior nos dias de hoje. O fato é que "Somewhere In Time" significa muito para mim: é o meu preferido dos ingleses, um dos primeiros que ouvi na vida, o primeiro CD que eu comprei e também a primeira crítica musical que escrevi na vida, em outubro de 2009, lá no Bar Obi-Wan. O problema é que aquele texto está defasado, com muitas repetições e nada de dinâmica. Há muito tempo queria reescrevê-lo, antes mesmo de encerrar as atividades do meu antigo blog, mas sempre esquecia e acabei deixando de lado. Recentemente, porém, eu o li novamente e pensei: "isso aqui precisa de uma reescrita URGENTE!". Então, nada mais justo do que fazê-lo aqui no Valar Morghulis, Valar Dohaeris.

Dadas as explicações, vamos ao que interessa. Voltemos no tempo, para o biênio 1984-1985. O Iron Maiden havia lançado "Powerslave", considerado por muitos uma obra-prima do Metal e o melhor disco do grupo até então. Com músicas fortes e concisas, como "Aces High" e "2 Minutes to Midnight", e uma performance ímpar, o registro conquistou headbangers do mundo todo. Prova disso foi sua turnê de divulgação, "World Slavery Tour", que contou com uma produção colossal e um público de mais de um milhão de pessoas no total de seus 187 shows, sendo que cerca de 300 mil estiveram presente na primeira passagem dos britânicos no Brasil, durante a primeira edição do Rock In Rio. Todo esse sucesso foi registrado no ao vivo "Live After Death". Estava mais do que claro que o Maiden havia se tornado um fenômeno mundial, e uma das maiores bandas da época. Se "The Number of the Beast" fez com que eles estourassem na mídia, foi com "Powerslave" que eles se consolidaram.

Terminada a longa tour, de 331 dias de duração, eles se perguntaram: "OK, estamos no topo. E agora?". Precisavam se superar, ou ao menos manter a qualidade do anterior. Bruce Dickinson veio com algumas  músicas acústicas, dizendo que precisavam de algo como "Led Zeppelin IV" ou "Physical Graffiti", ou então estagnariam e cairiam no esquecimento. Os outros integrantes negaram todas, e ficaram com as composições feitas pelo baixista e chefe Steve Harris e o guitarrista Adrian Smith. Resolveram então se focar na continuidade dos trabalhos anteriores, refinando ainda mais seu som pesado e muitíssimo bem trabalhado e adicionando um novo elemento: guitarras sintetizadas (que, ao contrário do que muitos pensam, não são aqueles teclados segurados como uma guitarra), o que o deixou mais futurista. Gravaram músicas com a temática comum "tempo-espaço", algo que não foi combinado segundo relatos dos próprios músicos, e contaram com a produção do renomado Martin Birch, que também trabalhou com eles em diversos outros  álbuns.

Assim surgiu "Somewhere In Time", o sexto registro de estúdio do Iron Maiden, lançado no dia 29 de setembro de 1986. Ele dividiu a crítica na época, com muitos elogiando a nova abordagem e muitos criticando-a por se distanciar do que foi ouvido anteriormente. De qualquer forma, foi um sucesso comercial, tendo ganho o Disco de Platina e vendido mais de um milhão de cópias apenas nos Estados Unidos. A sua turnê de promoção, "Somewhere On Tour", também teve um impacto positivo, passando pela Europa, América do Norte e Ásia, num total de 151 apresentações entre setembro de 1986 e maio de 1987.

"Tá, tudo isso é muito legal, mas o que esse disco tem de tão especial?" Simples: TUDO. A começar pela fantástica capa, uma verdadeira obra-prima do desenhista Derek Riggs. Ela traz o mascote Eddie como se fosse um ciborgue, em um ambiente futurista e distópico inspirado no excelente filme "Blade Runner", estrelado por Harrison Ford. Belíssima e cheia de detalhes, também traz diversas referências a elementos ligados à banda e seus gostos, como a lixeira vista ao fundo do primeiro álbum, um placar com o resultado "West Ham 7 x 3 Arsenal", Ícaro caindo, a TARDIS da série "Doctor Who"... Até mesmo o Batman está presente. Isso também se repetiu com as artes dos singles, também feitas por Riggs.

A arte completa de "Somewhere in Time", em uma resolução melhor.

Se a apresentação visual já é de cair o queixo, o conteúdo consegue superar. As músicas de "Somewhere In Time" são atemporais. Você pode ter ouvido-as na época do lançamento, pode ouvi-las hoje e pode ouvir daqui a mais 30 anos: elas nunca soarão antigas. Todas contam com excelentes letras e um instrumental arrebatador, que soa futurista e clássico ao mesmo tempo, com todos os elementos que elevaram o Maiden ao status de gigantes do Metal e a adição mais do que certeira das guitarras sintetizadas, que de certa forma os renovaram e trouxeram o clima perfeito às composições. Um verdadeiro trabalho de mestre do até então quinteto inglês, com total destaque ao vocalista Bruce Dickinson, em sua melhor performance de estúdio, e ao guitarrista Adrian Smith, que, além de seus ótimos riffs e sensacionais solos repletos de feeling, se mostrou mais uma vez um excelente letrista e compositor, sendo autor de ambos os singles lançados. Vale ressaltar também a excelente produção de Martin Birch, com uma mixagem limpa e bem feita até mesmo para os dias atuais.

O álbum começa com "Caught Somewhere In Time", com uma introdução lenta, mas que logo se torna rápida, pesada e apresenta solos incríveis da dupla Dave Murray e Adrian Smith. O single "Wasted Years" é uma das minhas músicas favoritas da história, graças a sua letra, instrumental e até mesmo o clipe. "Sea of Madness" merecia mais destaque, devido ao seu equilíbrio entre o peso e a melodia, especialmente em passagem mais lenta na metade de sua duração. "Heaven Can Wait" se assemelha bastante com o que foi produzido anteriormente (especialmente em "The Number of the Beast"), e é uma das poucas de "SiT" tocadas ao vivo até hoje. "The Loneliness of the Long Distance Runner" tem um ritmo frenético, assim como uma corrida, e é possível até mesmo sentir toda a necessidade do eu lírico de vencer a competição. Uma canção sem igual em toda a discografia do grupo.

"Stranger in a Strange Land", o segundo single, dá uma desacelerada no disco. Não chega a ser uma balada, mas é mais cadenciada, com uma melodia sensacional e mais uma performance de destaque de seu autor, Adrian Smith. Ela fala sobre um explorador que morreu no Ártico e teve seu corpo encontrado apenas 100 anos depois, além de trazer um sentimento de saudades de seu local de origem. Seguindo adiante, temos "Deja-vu" que, apesar da excelente letra, apresenta o instrumental mais fraco do registro. Não me entendam mal: ela é ótima , mas muito inferior se comparada com as demais. A última música, "Alexander The Great", encerra da melhor maneira possível. Um verdadeiro épico, muito pedida ao vivo até hoje e considerada por muita gente a melhor do Iron Maiden. Conta sobre a vida do conquistador Alexandre, o Grande, e é impecável em todos os seus aspectos. Todos os integrantes merecem destaque pelo seu desempenho perfeito nela.

A qualidade de "Somewhere In Time" é tamanha que também não posso deixar de comentar os B-Sides dos singles. De "Wasted Years", temos a excelente "Reach Out", que conta com o guitarrista Adrian Smith no vocal e que também foi escrita por ele, e "Sheriff of Huddersfield", que é na verdade uma zoação com o empresário Rod Smallwood, que não conseguia se adaptar a Los Angeles e estava sempre reclamando. "Stranger in a Strange Land", por sua vez, trouxe "That Girl", belíssima música que até hoje não se sabe se é um cover da banda FM ou se Smith esteve envolvido com a composição e resolveu gravá-la, e "Juanita", divertida canção que é um cover do Marshall Fury.

Se "Somewhere In Time" não foi extremamente aclamado na época de seu lançamento e dividiu opiniões, hoje não se pode dizer o mesmo. Atualmente tem total reconhecimento dos fãs, que imploram para o atual sexteto tocar mais de suas músicas ao vivo, especialmente "Alexander The Great". Talvez seja injustiçado, por não ter o merecido destaque dentre os lançamentos do grupo. Mas pode ter certeza: não é por ser ruim. Pelo contrário, é um dos melhores álbuns de Metal da história. Sua sonoridade fantástica, o equilíbrio entre o peso e a melodia, músicas bem trabalhadas, letras inspiradoras, arte da capa... Como eu disse, tudo é especial nele. Junto com "Powerslave" e "Seventh Son of a Seventh Son", compõe o que chamo de "Santíssima Trindade", também conhecido como "The Golden Years". É o melhor que o Iron Maiden tem a oferecer, e com toda certeza é o meu preferido.

NOTA: 9,5

Bruce Dickinson - vocal
Steve Harris - baixo, baixo sintetizado, backing vocal
Adrian Smith - guitarra, guitarra sintetizada, backing vocal
Dave Murray - guitarra, guitarra sintetizada
Nicko McBrain - bateria

TRACKLIST:
1. Caught Somewhere In Time
2. Wasted Years
3. Sea of Madness
4. Heaven Can Wait
5. The Loneliness of the Long Distance Runner
6. Stranger in a Strange Land
7. Deja-vu
8. Alexander The Great

SINGLES:


sexta-feira, 5 de julho de 2013

Fanáticos

Chegou exausto do trabalho. Foi um dia matador: muita papelada e dezenas de clientes. Muitos deles não entendiam o que tentava explicar, o que o fez repetir muitas vezes a mesma coisa até que compreendessem. E aquele chefe que não saía do seu pé? Não podia nem olhar pro lado que já vinha pressionar, perguntando por que não estava trabalhando pesado e ameaçando reduzir seu salário. Geralmente não era assim, mas hoje ele estava marcado. Talvez aquele falastrão do andar de baixo tenha dito alguma besteira... Fora o trânsito atípico. E ele morava a 10 quadras de onde trabalhava, mas teve que pegar seu carro porque saiu atrasado.

Para alguém de apenas 27 anos, ele estava bem financeiramente. Tinha um bom emprego, ganhava bem, e já ocupava um cargo um tanto elevado na empresa. Havia recém comprado um belo carro zero, e morava sozinho em um espaçoso apartamento alugado. Mas sentia-se solitário. Uma briga recente com a namorada fez com que eles terminassem o relacionamento de quase um ano. Estava muito chateado e confuso, pois gostava muito da garota, porém sabia que aquele era o fim. Ela era ciumenta demais, e ele queria um pouco mais de liberdade em sua vida. Tentaram fazer dar certo de todos os jeitos possíveis, só que o fim era inevitável, e o conflito cada vez mais iminente. Foi terrível quando ocorreu, realmente sem volta. 

Tentando desviar sua mente daquilo tudo e relaxar um pouco, chamou alguns amigos para ir até sua residência naquela noite. Bater um papo, falar algumas besteiras, tomar umas cervejas. Por que não? Aquilo seria o máximo de diversão que ele teria em semanas. E era quarta-feira, ou seja, dia de futebol. Seu time jogaria uma partida difícil na disputa pela primeira colocação do campeonato. Cenário melhor para poder descontrair e até mesmo liberar um pouco de sua raiva, impossível.

Preparou alguns petiscos e colocou a bebida no freezer. Deu uma arrumada básica no local, viu se estava tudo em ordem e foi finalmente colocar uma roupa mais confortável, coisa que deveria ter feito logo quando entrou em casa. Olhou no relógio. Ainda tinha quase uma hora até que o jogo começasse, então decidiu ver algumas coisas na internet. Abriu uma rede social e... nada de interessante, apenas o lixo de sempre. No site de notícias, só coisas fúteis. Em blogs de humor, nenhum post engraçado. Desligou o computador e foi fazer algo que não fazia há tempos: assistir televisão.

Sentou-se no sofá, pegou o controle e ligou o aparelho. Mudou algumas vezes de canal até encontrar algo que lhe chamou a atenção: um show. Não era de nada que gostasse, e sim da boyband do momento. O que o fez parar ali, porém, não foi o som, e sim o público. No caso, composto em sua grande maioria por garotas adolescentes, que gritavam de forma estérica, seguravam cartazes, se esmagavam num espaço que parecia pequeno para as milhares delas, e tentavam ficar o mais próximas possível dos artistas. Ele simplesmente não entendia aquilo. Já esteve em alguns shows, claro, mas nunca tinha visto uma situação como aquela. Não fazia sentido, especialmente porque os caras não eram nem de longe bonitos. E as músicas, putz...

Trocou de canal. Lá se deparou com outra cena inusitada: uma passeata de religiosos. Centenas de pessoas andando nas ruas, com faixas e gritos de guerra com mensagens religiosas. Trocou novamente. Dessa vez, era um programa onde dois jovens obesos discutiam as vantagens de seus video-games preferidos e qual era o melhor. Em muitos momentos, quase trocaram socos, enquanto a platéia ia a delírio e incentivava. Trocou mais uma vez. Imagens de militantes de partidos políticos na tela, todos com suas bandeiras, cartazes e camisetas, exaltando figuras públicas. Ele detestava política, então não hesitou em desligar a televisão e foi até a cozinha.

Não conseguia entender as situações que havia acabado de ver. "Por que tanta gente quer mostrar sua admiração por algo sem motivo algum? É muita falta do que fazer...", pensou. Para ele, nada daquilo tinha sentido. Resolveu então deixar para lá e se dedicar aos seus afazeres, pois o pessoal já estava para chegar. Tirou as bebidas do freezer, levou os petiscos para a sala. Deu uma desamassada no tapete e endireitou um pouco a poltrona. Ligou novamente a televisão e colocou no canal que transmitiria o jogo. Ainda não tinha começado, mas já estava quase na hora.

O interfone tocou. Ele atendeu e mandou subir. Instantes depois, bateram em sua porta. Os amigos finalmente chegaram, e estavam todos uniformizados com a camisa do time. Cumprimentou a todos, falou para se acomodarem e foi colocar a cerveja que trouxeram no freezer. Enrolou as garrafas com papel toalha molhado para elas gelarem mais rapidamente, como viu outro dia na internet. Voltou para a sala e viu que levaram até uma bandeira com o escudo da equipe. Gostou, apesar de ter achado um pouco exagerado. Mas sua atenção se desviou para a tela, pois os jogadores já entravam em campo.

Quando a bola finalmente rolou, ele teve uma sensação boa. Pode finalmente extravasar aquele sentimento que vinha sentindo há semanas. Torceu como nunca antes na vida. Vibrou com cada ataque, suspirou aliviado a cada lance de perigo desperdiçado pelos adversários. Xingou o juiz dos piores nomes possíveis, nem a mãe do cidadão foi poupada. Quase jogou o controle remoto na televisão. Gritou. Pulou. Cantou o hino do time. Até pegou a bandeira dos amigos e a pendurou na varanda.

Não percebeu, mas agia quase como aquelas garotas do show. Ou as pessoas na passeata religiosa. Ou os gordos que discutiam qual video-game era melhor. Ou os militantes de partido político.

O time venceu o jogo. E ele se sentia bem, melhor do que esteve em muitas semanas. Estava feliz. Sem nenhum motivo aparente.

terça-feira, 2 de julho de 2013

Jim Carrey, Kick-Ass e a Violência nas HQs (e em outras mídias)


Alguns acompanharam nos últimos dias a polêmica envolvendo Jim Carrey e seu mais recente filme, "Kick-Ass 2", que será lançado dia 16 de agosto nos EUA e 13 de setembro aqui. O ator, que se tornou contra o uso de armas após o massacre na cidade de Newton em dezembro do último ano, tweetou que não divulgaria mais a adaptação por não suportar o nível da violência presente nela, e que os acontecimentos recentes mudaram seu ponto de vista (detalhe: ele gravou um mês do incidente). A declaração causou confusão em muitos, especialmente pelo que foi visto nos trailers e materiais promocionais: um Carrey caoticamente divertido como Colonel Stars and Stripes.

Um desses muitos foi ninguém menos que Mark Millar, autor dos quadrinhos que serviram como base para a película e de outras obras como "Superman: Red Son", "Nemesis" e "Jupiter's Legacy". Em um texto escrito nos fóruns de seu site "MillarWorld", ele se mostrou extremamente surpreso com a ação, especialmente após todo o entusiasmo demonstrado pelo ator e seu trabalho sensacional nesta sequência, a qual Millar por questões óbvias já assistiu diversas vezes. Elogiou-o de diversas formas, mas explicitou que seu objetivo jamais foi promover a violência, e sim mostrar suas consequências nas vidas dos envolvidos. Claro que a contagem de corpos terá um número elevado, mas não há como fugir disso, pois faz parte de sua "arte".

Quem já leu alguma de suas publicações sabe muito bem que isso é verdade. "Kick-Ass", por exemplo, é intenso, polêmico e até "Tarantinesco" na questão da sanguinolência. Se você acha que o filme é politicamente incorreto, saiba que a história original é extremamente mais, com muito mais palavrões, mortes, cenas de tortura e até mesmo uma Hit Girl que chega a usar substâncias ilícitas para melhorar seu "desempenho", além de ser muito mais desbocada. "Nemesis" também deve ser citada, pois beira (se não extrapola) o absurdo, por contar com tantas cenas violentas e questões polêmicas que envolvem os limites da moral e ética de seus personagens. Para os que não conhecem, pensem: o que aconteceria se o Coringa tivesse a fortuna do Batman? É isso, e é insano.

Mas, como o próprio criador disse, elas mostram as consequências da violência. OK, em "Nemesis" nem tanto, pois, apesar do propósito de vingança do vilão/protagonista, a matança é generalizada e um tanto sem propósito. "Kick-Ass" (que é o foco aqui), porém, demonstra isso muito bem. Não dá para se tornar um herói e não se preocupar com as pessoas mais próximas, mas Dave Lizewski, o Kick-Ass, não pensa nisso no início, tanto é que, enquanto conta sua história, ele diz: "With no powers comes no responsability. Except, *that* wasn't true.", parodiando à famosa frase dita por Tio Ben no primeiro Homem-Aranha (2002). E o que acontece? Familiares, amigos e conhecidos de todos os envolvidos são mortos ou agredidos, seja pelos vilões, que resolvem fazer uma caçada aos mascarados, ou pelos heróis, que em um momento se veem combatendo o crime e em outro precisando se vingar de suas perdas e salvar sua própria pele. É um ciclo vicioso que, apesar de parecer legal nas histórias em quadrinhos de personagens como o Batman ou o Homem de Ferro, não tem como dar certo sem causar estragos na vida real.

Outro ponto ressaltado pelo próprio Millar é que tudo não passa de uma obra de ficção, e o propósito é entreter um público que paga para ver isso e que, devido a classificação etária para maiores de 18 anos (ou 16 em alguns poucos países), é um tanto quanto restrito. Mais do que isso: espera-se que eles entendam que  tudo não passa de atuação e tenham em mente os conceitos do que é certo e do que é errado. Sendo assim, não há justificativa para dizer que a adaptação incentive a violência ou o uso de armas. Caso contrário, haveria assassinos e terroristas a cada esquina.

Claro, há sempre quem tente relacionar, especialmente na mídia, violência com filmes, além de séries, quadrinhos e, o favorito de todos eles, video-games. Principalmente quando o caso é algum massacre, como o do colégio de Columbine em 1999, o do cinema no Colorado ou o próprio em Newton, que ocorreram em 2012. Vale lembrar, porém, que todos os ataques partiram das mãos de pessoas traumatizadas, com algum tipo de distúrbio, sempre isoladas, sozinhas e que geralmente guardam rancores do passado. Suas mentes funcionam de uma forma diferente, e, sendo assim, uma mera representação de cena violenta pode ser o estopim para realizar um ato tão terrível quanto os citados acima. (e não, não sou um especialista no assunto, mas já li algumas coisas a respeito. Qualquer correção a ser feita pode ser reportada na área de comentários)

Não há como tirar méritos de uma obra apenas por ela ser violenta. Pelo contrário: muitas das consideradas "as melhores" tem a violência presente. Ela faz, afinal, parte da vida de todos (de forma direta ou indireta) e também da história da humanidade. Não há nada de errado em retratar algo que existe no mundo, especialmente se também mostrar por que ele é ruim. Citando apenas alguns filmes, temos "O Poderoso Chefão", "Scarface", "Os Bons Companheiros", "Laranja Mecânica", "Clube da Luta", "Pulp Fiction" e "Taxi Driver", citados por muitos como o que Hollywood tem a oferecer de melhor. No caso dos quadrinhos, apenas histórias consagradas como "Watchmen", "V de Vingança", "Sin City", "300 de Esparta" e "Batman: A Piada Mortal". (NOTA: todas escritas ou por Alan Moore ou por Frank Miller)

Eu adoro o Jim Carrey. Para mim, é um dos melhores atores que já pisou na Terra. Um verdadeiro mestre da comédia, com atuações memoráveis em "Todo Poderoso", "O Máskara", "O Grinch", "Débi & Lóide", "O Mentiroso", "Ace Ventura", "Eu, Eu Mesmo e Irene" e muitos outros; além de ser muito versátil, o que ficou comprovado em "Cine Majestic", "O Show de Truman" e, especialmente, "Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças". Mas, assim como Mark Millar, espero que ele reconsidere suas motivações e não deixe de promover o filme. Violência fictícia não justifica a violência real, muito pelo contrário. Se não quiser voltar atrás, tudo bem, contanto que não seja hipócrita e doe o cachê ganho para uma organização anti-armas. Enquanto isso, apenas aumenta minha expectativa de assistir "Kick-Ass 2"...

Aos curiosos, estes são os tweets originais do Jim Carrey: AQUI e AQUI. E este AQUI é o texto original do autor Mark Millar. Tirem suas próprias conclusões e, se precisarem, comentem.

sexta-feira, 28 de junho de 2013

PLAYSTATION 4 VS XBOX ONE: Como ganhar a guerra de consoles antes de começar


Fãs de video-game e tecnologia do mundo todo tem discutido desde a E3 (Electronic Entertainment Expo, evento anual sediado em Los Angeles, EUA, e que ocorreu entre os dias 10 e 12 de junho) as apresentações da Sony e seu PlayStation 4 e da Microsoft e o Xbox One. Mas não porque a disputa entre as empresas ficou ainda mais acirrada já que os consoles estão no mesmo patamar em termos técnicos, e sim pelo fato de que a empresa japonesa ACABOU com os estadunidenses. Isso mesmo: a guerra de consoles da 8ª geração aparentemente acabou sem sequer ter começado.

Quero deixar uma coisa muito clara: não "Sonysta", "Microsofista" (ou "Caixista") ou "Nintendista". Eu apenas escolho qual video-game acredito que seja o melhor no momento (e mais convencional para o meu bolso). Tenho Super Nintendo, PS1, PS2, Xbox 360, GBA e Nintendo DS. Ou seja, não tenho exatamente uma preferência por marca, e sim por qualidade. Então, por favor não venha com mimimi sobre este texto, pois o que direi aqui são apenas fatos que observei na comunidade gamer global.

Antes de tudo, vamos voltar um pouco no tempo, mais precisamente ao dia 20 de fevereiro deste ano, quando a Sony realizou o evento de anúncio do PlayStation 4. Apresentaram todos os seus detalhes técnicos, como o poder de processamento e tudo envolvendo os gráficos, a física e a velocidade. Revelaram o novo controle, DualShock 4, com seu scrollpad e sua conectividade Bluetooth. Mostraram alguns jogos com ótimos gráficos e diversos recursos interessantes. A galera gostou, se divertiu, mas ficou a pergunta: ONDE ESTÁ O CONSOLE? Não mostraram o design do PS4, propositalmente para fazer um suspense até a E3. Isso, porém, gerou uma certa insatisfação nos gamers, que começaram a fazer algumas zoações com o ocorrido. Também foi a porta de entrada para ainda mais designs fakes aparecerem por todos os cantos da internet.

Sendo assim, a Microsoft estava com a bola da vez para impressionar. Avancemos então para um data mais recente: 21 de maio de 2013, dia o anúncio do futuro da marca Xbox. O evento, porém, foi de certa forma decepcionante e deixou muita gente frustrada. Ao contrário do concorrente, o Xbox One foi mostrado, e parece... Um videocassete. Isso mesmo, um VIDEOCASSETE (ou reprodutor de VHS, como desejar). O console é enorme, ainda maior que seu antecessor, Xbox 360, e com um design horrível, sendo totalmente quadrado. Nos atributos técnicos, ele é bem semelhante ao PS4, mas sua aparência espantou a muitos. Outro ponto que desagradou foi a conferência extremamente focada em suas outras funcionalidades, como transmissão de canais ao vivo, Netflix, Skype, integração com o Windows, uma série de Halo feita por Steven Spielberg e exclusiva para a Xbox Live etc, e que deixou de lado um ponto chave: os games. Pouquíssimos títulos foram mostrados, entre eles "Call of Duty: Ghosts", que apresentou como grande novidade um cachorro para auxiliar nas missões (que eu particularmente curti, mas a maioria achou ridículo). E, para piorar, foi anunciado que ele precisaria se conectar à internet pelo menos uma vez por dia e que não rodaria jogos usados ou emprestados sem que se pagasse uma taxa. Este foi o estopim para gerar insatisfação entre todos.

Isso nos leva, enfim, a 10 de junho, início da E3 2013 e dia da apresentação de ambas as empresas. A Microsoft foi a primeira, abrindo o evento, e, para tirar as más impressões do que foi visto anteriormente, se focou quase que totalmente nos games. Começou com tudo, mostrando o trailer de "Metal Gear Solid V: The Phantom Pain", que foi relatado por muitos (inclusive por mim) como o jogo com os mais belos gráficos já vistos, mas que não será um exclusivo e também estará disponível para PS4, e até mesmo para PS3 e Xbox 360. Também apresentou outros títulos multiplataforma, como "Dark Souls II" e "Battlefield 4", e nove exclusivos, entre eles "Forza Motorsport 5", "Killer Instinct" (reboot da famosa série do Super Nintendo), "Quantum Break", "Titanfall", "Ryse: Son of Rome" e um novo jogo da série "Halo". Tirando este último, porém, nenhum deles se mostrou de fato impressionante, e acredito que poderiam muito bem rodar na atual geração. E a empresa manteve sua nova política sobre jogos usados e a conexão online para o Xbox One. Sendo assim, a insatisfação continuou basicamente a mesma.

A Sony, por sua vez, se apresentou no fim do dia. Iniciou a conferência falando brevemente que ainda manteria suporte para o PS3, divulgou trailers para o recém-lançado "The Last of Us" e os vindouros "Batman: Arkham Origins" e "Beyond: Two Souls" (que contará com versões digitais dos atores Ellen Page e Willem Dafoe), e comentou sobre o PSVita e sua biblioteca de títulos. Encerrada esta parte, foram para o momento mais aguardado: a apresentação do design do PlayStation 4. E devo admitir: a espera valeu a pena. Ele é muito bonito, aparentemente leve, pequeno e com um visual muito mais bacana que o do Xbox One, apesar de apresentarem algumas similaridades. Abaixo, uma comparação entre os dois:
Seguindo com a apresentação, a empresa japonesa mostrou novos games para sua futura plataforma, como o steampunk "The Order: 1886", "Mad Max" (adaptação da trilogia de filmes homônima), a comédia (sim, você leu certo) "The Dark Sorcerer" e os aguardados "Kingdom Hearts III" e "Final Fantasy Versus XIII", que passou a se chamar "Final Fantasy XV". Todos aparentemente belíssimos e com cenas "in-game", segundos os produtores. Mas o mais impressionante foi a primeira demonstração de "Destiny", um FPS criado pela Bungie (criadora e ex-desenvolvedora da série "Halo", agora nas mãos da 343 Industries) em parceria com a Sony. Um dos mais belos jogos que já vi até hoje, com cenários colossais e estonteantes, e que me fez dizer "preciso de um PS4". 

O grande trunfo, porém, veio de um anúncio que, há anos atrás, seria considerado ridículo, mas desta vez foi essencial. Em contrapartida à Microsoft, a Sony declarou que o PlayStation 4 permitirá o uso de jogos usados gratuitamente e não precisará estar sempre conectado à internet. A reação do público não poderia ser outra: aplausos e assobios. Todos ovacionaram as decisões da empresa com grande alegria, e ali estava o vencedor da "console war" da 8ª geração, mesmo com o fato de que agora será necessário uma conta na "PlayStation Plus", que é paga, para jogar online. A companhia ainda teve a audácia de lançar o vídeo abaixo poucos minutos depois, que eu considero um verdadeiro golpe de misericórdia no Xbox One:

O que se seguiu nos outros dois dias da E3 só agravou ainda mais a situação da Microsoft. O produtor executivo Don Mattrick deu a infeliz declaração de que "felizmente nós temos um aparelho para aqueles que não tem nenhum tipo de conexão com a internet; chama-se Xbox 360", em resposta aos que se mostraram insatisfeitos com a política do novo video-game. Alguns comentários surgiram na internet falando mal do exclusivo "Ryse: Son of Rome", pelo fato de ser muito fácil, já que você poderia apertar qualquer botão diferente do requisitado em certas sequências que tudo continuaria normal e você venceria os adversários. E, para finalizar com chave de ouro, imagens apareceram mostrando que os jogos que estavam amostra não estavam sendo rodados no Xbox One, e sim em PCs com Windows 7 (para também acabar de vez com o 8) e as últimas placas de vídeo e áudio disponíveis no mercado.

Claro que tudo isso se refletiu nas pré-vendas, que foram abertas poucos dias depois: o console da Sony vendeu muito, mas muito mais. Deve-se levar em consideração a diferença de preço, com o PS4 custando $399 e o Xbox One $499. Mesmo assim, a diferença entre eles é muito grande, com algumas lojas mostrando 40 mil unidades vendidas do primeiro contra 2 mil do segundo. O massacre é tão evidente que diversos sites estadunidenses tem tentado provar a todo custo que o novo Xbox não é um total fracasso. A Microsoft, inclusive, quis amenizar a situação voltou atrás, dizendo que o Xbox One agora rodará jogos usados ou emprestados normalmente e não precisará ficar conectado pelo menos uma vez por dia, apenas para a atualização do primeiro dia. 

Mas já é tarde demais. A não ser, claro, que ocorra uma grande reviravolta até a 9ª geração de consoles, mas não creio que seja uma possibilidade. Quem diria que fatores tão comuns como rodar games usados ou emprestados e a não obrigatoriedade de conexão com a internet decidiriam o confronto entre video-games um dia? É isso que acontece quando você trata os consumidores como "cifrões" e não como pessoas. Que a lição seja válida para a Microsoft, caso contrário só irão ladeira abaixo.

PS: e o Wii U, da Nintendo? Está lá, tentando se sustentar com Mario, Sonic, Zelda, Pokémon, Super Smash Bros e alguns recursos pouco chamativos. Francamente...

terça-feira, 25 de junho de 2013

PROTESTOS NO BRASIL: O Bom, O Mau e O Feio


Você acompanhou (provavelmente ainda está acompanhando) as manifestações que tomaram conta das ruas do Brasil nas últimas duas semanas e suas repercussões. Talvez tenha até participado de alguma delas. Sei disso, pois é o assunto do momento, até mesmo na mídia internacional, junto com as que estão ocorrendo na Turquia. Então, a não ser que estivesse fora do planeta ou em coma durante este período, você ouviu, leu e/ou comentou sobre elas de alguma forma. 

Acompanhando as redes sociais, vejo que, claro, há quem se posicione a favor e há quem se posicione contra. Nada mais normal que isso, pois cada um acredita no que lhe convém. Mas há também quem esteja confuso, sem saber como e pelo que se posicionar, e que acaba cometendo equívocos na hora de emitir uma opinião. Pensando nisso, resolvi levantar alguns pontos e fazer uma lista sobre o que é bom, o que é ruim e o que não faz sentido sobre os protestos,  usando como referência o título do famoso filme estrelado por Clint Eastwood, "The Good, The Bad and The Ugly" (traduzido para "Três Homens em Conflito").

Quem fiquem claras duas coisas: não estou aqui para defender ou criticar por completo as manifestações, pois tudo tem um lado bom e um lado ruim (e, neste caso, um lado sem sentido) e estou aqui para apontá-los DE ACORDO COM MINHAS CONVICÇÕES. E nada escrito aqui deve ser levado como verdade absoluta, então o espaço de "Comentários" fica aberto para qualquer discussão ou reclamação, bem como elogios.

O BOM
- Povo indo às ruas reclamar seus direitos: já não era sem tempo. Uma das mais frequentes reclamações sobre a população brasileira era sua passividade diante as diversas questões mal resolvidas do Brasil. A última grande manifestação popular vista no país foi para o Impeachment do então presidente Fernando Collor, há mais de vinte anos. Durante esse período, aparentemente todos se tornaram mais passivos e, com a maior acessibilidade da internet e criação das redes sociais, surgiram os "revolucionários de sofá". É bom ver que ainda existe gente disposta a conseguir mudanças reais.
- A vitória sobre a causa do aumento das passagens: devido ao impacto dos protestos, muitas cidades já anunciaram que não haverá reajuste no preço das passagens dos transportes públicos, e algumas até abaixaram o preço. Isso só explicita a força dos cidadãos dentro do sistema.
- Caráter pacífico: uma parcela esmagadora dos manifestantes concorda que a paz deve ser mantida durante os eventos. Nada mais justo, pois isso difere eles dos muitos políticos que "vandalizam" a vida dos brasileiros. 
- Diversidade: as manifestações não são limitadas a apenas uma organização ou classe social. Qualquer pessoas insatisfeita pode estar presente, independente de suas origens. Uma parte muito bacana foi a participação dos famosos da internet, que, além de irem para a rua, divulgaram diversas informações importantes sobre o que aconteceu em várias cidades.
- Apartidarismo: acho extremamente válido o caráter apartidário dos protestos. Não estar vinculado com nenhum partido os torna muito mais abrangentes e evita conflitos entre ideais. Particularmente, não vejo motivo para os partidos políticos estarem presentes a não ser para se promover, e não vejo também por que tentar impô-los nas passeatas se elas já foram previamente combinadas como apartidárias. Fora, isso, a eterna briga entre "tucanos" (PSDB) e "petistas" (PT) pode ser prejudicial ao andamento. (antes de me chamar de "FACISTA", "RADICAL" ou "INIMIGO DA REPÚBLICA", favor ler o que escrevi abaixo em "O MAU", especialmente sobre "ANTIPARTIDARISMO")
- União: certamente este movimento uniu mais as pessoas. Ainda que seja um efeito temporário, é algo bom de se ver.
- Manifestantes criativos: toda esta situação fez com que muitos usassem sua criatividade para demonstrar sua insatisfação. O resultado foram muitos cartazes bacanas, bem feitos e divertidos vistos nos mais diversos sites.
- O tumblr "Poder e Responsabilidade": combinar heróis da Marvel e da DC Comics com fotos tiradas durante os eventos pode parecer insano, mas o resultado ficou muito bacana, com várias imagens que se encaixam perfeitamente no contexto.

O MAU
- Vandalismo: desnecessário, e só prejudica o movimento. Além de muitas vezes prejudicar quem não tem nada a ver.
- Violência policial: sei que os policiais militares obedecem ordens vindas do governo estadual, mas há um evidente despreparo quando estes agridem tão violentamente manifestantes que estão tentando evitar qualquer tipo de confronto. E, segundo relatos, ocorrem atos de maldade por parte de alguns oficiais.
- Crescimento da Extrema Direita: este é um fato que vem ocorrendo em alguns países do mundo (em especial na Europa) e que chegou no Brasil. Skinheads tem estado presentes nas manifestações e trazem para elas seus ideais fascistas e radicais a elas. Muitas pessoas tem se deixado levar por tudo isso, e é algo muito perigoso. Lembremos, por favor, da Alemanha de Hitler e da Itália de Mussolini, apenas para citar os casos mais conhecidos. Se você desconhece sobre este período da História ou não recorda muito bem, aconselho que pesquise sobre ele.
- Antipartidarismo: totalmente relacionado com o item anterior, por ser um dos ideais dos regimes totalitários. Este é um conceito que tem sido muito confundido com o "apartidarismo" citado anteriormente. Como disse, não há necessidade de partidos políticos comandarem os protestos, mas também é errado combatê-los. Eles são os pilares da democracia deste país, e o motivo de você poder escolher em quem votar hoje. Posso não ser o maior entusiasta deles, mas não concordo nem um pouco com a queima de suas bandeiras e qualquer ato contra suas existências.
- Jogos de poder: mídia dando cada vez mais atenção ao povo na rua, políticos que tentam parecer "amigões" para conseguir apoio popular... Muita gente está querendo se apoderar das manifestações para usá-las de acordo com seus interesses. Isto pode ser extremamente ruim, então cuidado.
- Crescimento repentino: não sei se todos repararam, mas ações lideradas pela MPL em um dia eram quase inexpressivas (sério, quem já tinha ouvido falar deles antes?) e em outro ganharam proporções gigantescas. Elas simplesmente passaram a contar com o apoio de milhares de pessoas de uma forma sem explicação. Apesar do movimento ter se tornado algo colossal, isto é algo que não sai da minha cabeça desde o início e que, por, algum motivo, não me cheira bem.

O FEIO
- Falta de foco: depois da vitória com a causa das passagens, o foco se perdeu, e as pessoas tem protestado por causas desencontradas e muitas vezes vazias. Aparentemente se focaram contra a PEC 37, mas há divergências.
- Manifestantes sem causa: muita gente tem ido a rua sem saber por que. Fazer número é bom, mas pelo menos entendam o que está acontecendo. Eu aconselho a estes que se situem antes de sair de suas casas, ou então que conversem com outras pessoas para um maior esclarecimento da situação.
- Impeachment na Dilma: simplesmente responsabilizá-la por todos os problemas do Brasil e tirá-la do poder não vai resolver nada. O buraco é bem mais embaixo.
- Exagerados: há uma galera falando que pode acontecer um Golpe Militar como em 1964. Não vai rolar, o cenário político hoje, tanto nacional quanto global, é muito diferente do que existia naquela época, bem como o exército. Parem com isso, por favor.
- Gente que vai para zoar: Apesar de ter achado alguns muito bacanas, há quem faça cartazes totalmente fora de contexto. Entenda: levar um cartaz escrito "EU TENHO UMA VACA CHAMADA JAIRO" pra rua não te faz um manifestante. (Via @AhNegao)
- Isso aqui. Abra por sua conta e risco. (Via @cauemoura)

segunda-feira, 24 de junho de 2013

(Re)Começo.

Senhoras e senhores, é com muita alegria que escrevo essa mensagem de boas vindas. Alegria, sim, mas com uma mistura de nostalgia. E uma leve sensação de deja-vu. OK, você que está lendo provavelmente não deve estar entendendo muita coisa, mas esta não é a primeira vez que faço isso. Este não é meu primeiro blog. Eu já fui (sou, porque ele nunca deixou de existir) dono do blog Bar Obi-Wan, e já passei por esta situação lá em 2009. Então, não é nenhuma novidade para mim. Porém, é um novo desafio.

Por quê? Vou explicar: o Bar Obi-Wan foi um blog muito feliz, gosto bastante dele e de todo o trabalho feito por lá. Foram ótimos os tempos em que escrevi nele, eu realmente gostava de escrever sobre filmes, games, música, quadrinhos, e, em menor proporção, séries de TV, futebol e algumas experiências pessoais. Ele traz muita história paralelamente às datas de suas publicações, não apenas minha, mas também a de outras pessoas próximas. Amizades foram consolidadas graças a sua existência. E foi lá que construí minha forma de escrever como ela é hoje. As aulas de redação, óbvio, também foram muito importantes, mas lá o exercício era mais frequente. 

Mas o Bar Obi-Wan tem um problema: ele é um blog de outra época. Para ter uma ideia, eu tinha apenas 14 anos quando o criei e comecei a escrever lá. E 4 anos na vida de uma pessoa, especificamente na de um adolescente, é muita coisa. Você vive muita coisa, passa por novas experiências, entra em contato com novas pessoas, conhece outros tipos de pensamento, muda seus conceitos. Sua visão de mundo se transforma completamente. Muitas das coisas escritas por lá refletem quem eu era com 14, 15 e 16 anos de idade. Tem muita "molecagem" presente nas postagens, coisas que eram legais em sua época, mas foram deixadas lá.

Eu precisava de algo diferente daquilo, que correspondesse mais com quem me tornei do que com um esboço feito no passado. Já sentia isso em seus últimos meses de vida, que, na minha vida pessoal, foram um tanto confusos. Isso se refletiu em minha participação no blog, que se tornou cada vez menos recorrente. Aliado com o fato de que provavelmente precisaria de tempo e não poderia me dedicar tanto a ele, decidi encerrar suas atividades. No dia 17 de janeiro de 2012, comuniquei que o Bar Obi-Wan chegava ao fim. Mais de 2 anos de dedicação, 378 publicações e um relativo sucesso (mais de 60 mil visualizações sendo que ele foi pouquíssimo divulgado? São ótimos números!) marcaram sua história. E a minha história.

Claro, sei que escrevi "...por tempo indeterminado" em minha despedida. Considerei, diversas vezes, voltar a escrever por lá, mais recentemente há alguns dias, quando me dei conta do quanto sentia falta de escrever. Pensei que poderia revitalizar o lugar, colocar algumas novidades por lá. Porém, no fundo eu sempre soube que ele deveria permanecer como o deixei, com um começo, um meio e um fim. Então risquei a possibilidade da minha mente, da mesma forma que risquei tais palavras na mensagem. 

Fiquei praticamente 1 ano e meio afastado deste mundo, quase sem escrever nada. Tá, eu continuei escrevendo, mas não com a mesma frequência, e também não da mesma forma. Tentei com o Facebook, mas não é a mesma coisa. Lá, as postagens se vão muito rápido, nada é de fato permanente. Eu precisava de um lugar "fixo" para me expressar. Algo "meu", que eu realmente me identificasse. Pensei em algumas alternativas, só que eu tinha a resposta no que eu fiz no passado.

É por isso que estou aqui. Como eu disse, dias atrás percebi a falta que escrever faz na minha vida, e, na madrugada do dia 22 para o dia 23 de junho, resolvi que faria um novo blog. O nome, geralmente a coisa mais difícil do processo de criação, veio enquanto refletia ao tentar dormir. Passei o dia de ontem fazendo o logotipo, acertando o background ("ódio" não descreve o que eu senti fazendo isso, quase desisti porque ele simplesmente não ficava alinhado) e mexendo no layout. Hoje, tudo estava do jeito que eu queria a princípio e pronto para a primeira publicação.

Assim nasceu "Valar Morghulis, Valar Dohaeris", minha mais nova empreitada. Fãs da série de livros "A Song of Ice and Fire" e/ou da série da HBO "Game of Thrones" certamente gostarão do nome. "Valar Morghulis, Valar Dohaeris" significa "todos os homens devem morrer, todos os homens devem servir" em alto valiriano, dialeto desenvolvido especialmente para as histórias. A frase aparece pela primeira vez em uma conversa entre Jaqen H'ghar e Arya Stark, em que o homem ensina as palavras "Valar Morghulis" para a garota e dá a ela uma moeda. Também serve como uma saudação em algumas organizações, como na vez em que Melisandre vai até a Irmandade Sem Estandartes (o que explica o subtítulo que escolhi).

Este, porém, não será um blog sobre "Game of Thrones"/"A Song of Ice and Fire". Evidentemente abordarei a série em algum momento, mas não será exclusivamente sobre ela. Pretendo abordar os mais diversos assuntos, como fazia no Bar Obi-Wan, mas sem cometer o erro de postar tantas notícias, coisa que aconteceu com ele. Desta vez pretendo postar mais textos, dos mais variados estilos possíveis. Não deixarei de comentar novidades, claro, mas quero algo mais aprofundado e reflexivo.

Sejam bem vindos a "um blog sem estandartes". Por enquanto, não há muita coisa nele, mas pretendo mudar este cenário nos próximos dias. Este é o início de uma nova saga, e gostaria que vocês me acompanhassem no desenvolver da história, que tem tudo para ser tão bonita e divertida quanto o que já fiz no passado. "Valar Morghulis"!


Atenciosamente,
Marcus Vinícius