sexta-feira, 28 de junho de 2013

PLAYSTATION 4 VS XBOX ONE: Como ganhar a guerra de consoles antes de começar


Fãs de video-game e tecnologia do mundo todo tem discutido desde a E3 (Electronic Entertainment Expo, evento anual sediado em Los Angeles, EUA, e que ocorreu entre os dias 10 e 12 de junho) as apresentações da Sony e seu PlayStation 4 e da Microsoft e o Xbox One. Mas não porque a disputa entre as empresas ficou ainda mais acirrada já que os consoles estão no mesmo patamar em termos técnicos, e sim pelo fato de que a empresa japonesa ACABOU com os estadunidenses. Isso mesmo: a guerra de consoles da 8ª geração aparentemente acabou sem sequer ter começado.

Quero deixar uma coisa muito clara: não "Sonysta", "Microsofista" (ou "Caixista") ou "Nintendista". Eu apenas escolho qual video-game acredito que seja o melhor no momento (e mais convencional para o meu bolso). Tenho Super Nintendo, PS1, PS2, Xbox 360, GBA e Nintendo DS. Ou seja, não tenho exatamente uma preferência por marca, e sim por qualidade. Então, por favor não venha com mimimi sobre este texto, pois o que direi aqui são apenas fatos que observei na comunidade gamer global.

Antes de tudo, vamos voltar um pouco no tempo, mais precisamente ao dia 20 de fevereiro deste ano, quando a Sony realizou o evento de anúncio do PlayStation 4. Apresentaram todos os seus detalhes técnicos, como o poder de processamento e tudo envolvendo os gráficos, a física e a velocidade. Revelaram o novo controle, DualShock 4, com seu scrollpad e sua conectividade Bluetooth. Mostraram alguns jogos com ótimos gráficos e diversos recursos interessantes. A galera gostou, se divertiu, mas ficou a pergunta: ONDE ESTÁ O CONSOLE? Não mostraram o design do PS4, propositalmente para fazer um suspense até a E3. Isso, porém, gerou uma certa insatisfação nos gamers, que começaram a fazer algumas zoações com o ocorrido. Também foi a porta de entrada para ainda mais designs fakes aparecerem por todos os cantos da internet.

Sendo assim, a Microsoft estava com a bola da vez para impressionar. Avancemos então para um data mais recente: 21 de maio de 2013, dia o anúncio do futuro da marca Xbox. O evento, porém, foi de certa forma decepcionante e deixou muita gente frustrada. Ao contrário do concorrente, o Xbox One foi mostrado, e parece... Um videocassete. Isso mesmo, um VIDEOCASSETE (ou reprodutor de VHS, como desejar). O console é enorme, ainda maior que seu antecessor, Xbox 360, e com um design horrível, sendo totalmente quadrado. Nos atributos técnicos, ele é bem semelhante ao PS4, mas sua aparência espantou a muitos. Outro ponto que desagradou foi a conferência extremamente focada em suas outras funcionalidades, como transmissão de canais ao vivo, Netflix, Skype, integração com o Windows, uma série de Halo feita por Steven Spielberg e exclusiva para a Xbox Live etc, e que deixou de lado um ponto chave: os games. Pouquíssimos títulos foram mostrados, entre eles "Call of Duty: Ghosts", que apresentou como grande novidade um cachorro para auxiliar nas missões (que eu particularmente curti, mas a maioria achou ridículo). E, para piorar, foi anunciado que ele precisaria se conectar à internet pelo menos uma vez por dia e que não rodaria jogos usados ou emprestados sem que se pagasse uma taxa. Este foi o estopim para gerar insatisfação entre todos.

Isso nos leva, enfim, a 10 de junho, início da E3 2013 e dia da apresentação de ambas as empresas. A Microsoft foi a primeira, abrindo o evento, e, para tirar as más impressões do que foi visto anteriormente, se focou quase que totalmente nos games. Começou com tudo, mostrando o trailer de "Metal Gear Solid V: The Phantom Pain", que foi relatado por muitos (inclusive por mim) como o jogo com os mais belos gráficos já vistos, mas que não será um exclusivo e também estará disponível para PS4, e até mesmo para PS3 e Xbox 360. Também apresentou outros títulos multiplataforma, como "Dark Souls II" e "Battlefield 4", e nove exclusivos, entre eles "Forza Motorsport 5", "Killer Instinct" (reboot da famosa série do Super Nintendo), "Quantum Break", "Titanfall", "Ryse: Son of Rome" e um novo jogo da série "Halo". Tirando este último, porém, nenhum deles se mostrou de fato impressionante, e acredito que poderiam muito bem rodar na atual geração. E a empresa manteve sua nova política sobre jogos usados e a conexão online para o Xbox One. Sendo assim, a insatisfação continuou basicamente a mesma.

A Sony, por sua vez, se apresentou no fim do dia. Iniciou a conferência falando brevemente que ainda manteria suporte para o PS3, divulgou trailers para o recém-lançado "The Last of Us" e os vindouros "Batman: Arkham Origins" e "Beyond: Two Souls" (que contará com versões digitais dos atores Ellen Page e Willem Dafoe), e comentou sobre o PSVita e sua biblioteca de títulos. Encerrada esta parte, foram para o momento mais aguardado: a apresentação do design do PlayStation 4. E devo admitir: a espera valeu a pena. Ele é muito bonito, aparentemente leve, pequeno e com um visual muito mais bacana que o do Xbox One, apesar de apresentarem algumas similaridades. Abaixo, uma comparação entre os dois:
Seguindo com a apresentação, a empresa japonesa mostrou novos games para sua futura plataforma, como o steampunk "The Order: 1886", "Mad Max" (adaptação da trilogia de filmes homônima), a comédia (sim, você leu certo) "The Dark Sorcerer" e os aguardados "Kingdom Hearts III" e "Final Fantasy Versus XIII", que passou a se chamar "Final Fantasy XV". Todos aparentemente belíssimos e com cenas "in-game", segundos os produtores. Mas o mais impressionante foi a primeira demonstração de "Destiny", um FPS criado pela Bungie (criadora e ex-desenvolvedora da série "Halo", agora nas mãos da 343 Industries) em parceria com a Sony. Um dos mais belos jogos que já vi até hoje, com cenários colossais e estonteantes, e que me fez dizer "preciso de um PS4". 

O grande trunfo, porém, veio de um anúncio que, há anos atrás, seria considerado ridículo, mas desta vez foi essencial. Em contrapartida à Microsoft, a Sony declarou que o PlayStation 4 permitirá o uso de jogos usados gratuitamente e não precisará estar sempre conectado à internet. A reação do público não poderia ser outra: aplausos e assobios. Todos ovacionaram as decisões da empresa com grande alegria, e ali estava o vencedor da "console war" da 8ª geração, mesmo com o fato de que agora será necessário uma conta na "PlayStation Plus", que é paga, para jogar online. A companhia ainda teve a audácia de lançar o vídeo abaixo poucos minutos depois, que eu considero um verdadeiro golpe de misericórdia no Xbox One:

O que se seguiu nos outros dois dias da E3 só agravou ainda mais a situação da Microsoft. O produtor executivo Don Mattrick deu a infeliz declaração de que "felizmente nós temos um aparelho para aqueles que não tem nenhum tipo de conexão com a internet; chama-se Xbox 360", em resposta aos que se mostraram insatisfeitos com a política do novo video-game. Alguns comentários surgiram na internet falando mal do exclusivo "Ryse: Son of Rome", pelo fato de ser muito fácil, já que você poderia apertar qualquer botão diferente do requisitado em certas sequências que tudo continuaria normal e você venceria os adversários. E, para finalizar com chave de ouro, imagens apareceram mostrando que os jogos que estavam amostra não estavam sendo rodados no Xbox One, e sim em PCs com Windows 7 (para também acabar de vez com o 8) e as últimas placas de vídeo e áudio disponíveis no mercado.

Claro que tudo isso se refletiu nas pré-vendas, que foram abertas poucos dias depois: o console da Sony vendeu muito, mas muito mais. Deve-se levar em consideração a diferença de preço, com o PS4 custando $399 e o Xbox One $499. Mesmo assim, a diferença entre eles é muito grande, com algumas lojas mostrando 40 mil unidades vendidas do primeiro contra 2 mil do segundo. O massacre é tão evidente que diversos sites estadunidenses tem tentado provar a todo custo que o novo Xbox não é um total fracasso. A Microsoft, inclusive, quis amenizar a situação voltou atrás, dizendo que o Xbox One agora rodará jogos usados ou emprestados normalmente e não precisará ficar conectado pelo menos uma vez por dia, apenas para a atualização do primeiro dia. 

Mas já é tarde demais. A não ser, claro, que ocorra uma grande reviravolta até a 9ª geração de consoles, mas não creio que seja uma possibilidade. Quem diria que fatores tão comuns como rodar games usados ou emprestados e a não obrigatoriedade de conexão com a internet decidiriam o confronto entre video-games um dia? É isso que acontece quando você trata os consumidores como "cifrões" e não como pessoas. Que a lição seja válida para a Microsoft, caso contrário só irão ladeira abaixo.

PS: e o Wii U, da Nintendo? Está lá, tentando se sustentar com Mario, Sonic, Zelda, Pokémon, Super Smash Bros e alguns recursos pouco chamativos. Francamente...