Após cerca de 4 anos de planejamento e 5 temporadas distribuídas entre 4 séries solo, chegou à Netflix Os Defensores, a mais nova empreitada da Marvel no serviço de streaming que reúne os personagens Demolidor, Jessica Jones, Luke Cage e Punho de Ferro, bem como a maior parte de seus elencos de apoio, para enfrentar a grande ameaça do Tentáculo, encabeçada por Alexandra, personagem de Sigourney Weaver tida como uma das principais novidades do programa. A proposta de juntar esse grupo de heróis urbanos, de temática mais adulta, parecia promissora, especialmente com o envolvimento de um talentoso elenco e uma produção experiente. Mas o resultado passou longe de atingir seu completo potencial.
O que é possível conferir nesse primeiro ano é um produto inconsistente, iniciado por um episódio fraco, desnecessário e sem identidade, e que passeia por uma verdadeira montanha-russa em sua sequência, variando entre bons momentos e outros mal desenvolvidos ou apenas ridículos. São frequentes as cenas em que fica clara a química entre os personagens, mas resoluções como "vamos descobrir isso aqui porque sim!" ou "vamos reunir todos esses coadjuvantes nessa salinha para que eles possam interagir entre si" também são constantes, muitas vezes dentro de um mesmo capítulo. Mesmo a escrita dos protagonistas passa por oscilações, mudando suas formas de pensar e agir apenas para dar andamento à trama. A exceção se aplica a Danny Rand, que se comporta como um babaca petulante e imbecil na maior parte do tempo, com falas escritas que parecem escritas por uma criança de 5 anos. Quem diz que ele é "o Punho de Ferro mais burro que já existiu" durante a série tem total razão (e não é só uma vez).
As cenas de ação geralmente são as partes mais divertidas dos capítulos, mas mesmo elas deixam a desejar um pouco: além de não conseguirem sempre manter o nível, afastaram-se muito da crueza e naturalidade que haviam se tornado marca registrada de Demolidor e Jessica Jones, sendo claramente coreografadas e cheia de piruetas, apesar de ainda terem seus momentos. O ponto mais alto das lutas está no episódio final, mas mesmo ali ainda falta alguma coisa, algum tipo de combinação entre os personagens (no melhor estilo dos "combos" mostrados nos filmes dos Vingadores), além dos problemas já citados.
Falando no desfecho de Defensores, ele traz um encerramento satisfatório para o show, finalizando o arco do Tentáculo de forma decente. Só que, ao mesmo tempo, seus minutos finais deixam uma coisa bem clara: tudo isso não passou de uma forma de fazer ligação para as novas temporadas das séries solo dos personagens (o final do Demolidor, em especial, deixa a casa arrumada para uma adaptação de A Queda de Murdock). Fica escancarado ao fim dos 8 episódios também o quão desperdiçada foi a presença de Sigourney Weaver, atriz marcada na história do cinema pelos longas de Alien e que foi escaladas para interpretar uma personagem com zero carisma, zero ameaça e zero impacto na trama, estando ali apenas porque a organização precisava de uma "líder" (coisa que ela está longe de ser).
Problemas em séries da Marvel na Netflix não são recentes, porém. Seus dois lançamentos anteriores, Luke Cage e Punho de Ferro, foram alvos de críticas à época, o primeiro pela lentidão em seu andamento e sua indecisão temática, enquanto o segundo foi execrado por seu fraco roteiro, trama clichê, más atuações e péssima direção, especialmente para as cenas de ação (alguns deles acabaram sendo transmitidos para Defensores). Mesmo Jessica Jones e Demolidor (especialmente em sua 2ª temporada) não passaram incólumes, mas nada que possa ser comparado com os seriados irmãos.
Não dá para entender o porquê disso estar acontecendo, especialmente se pensarmos que o início de tudo foi o brilhante primeiro ano de Demolidor, que nos presenteou com personagens carismáticos, cenas memoráveis e um dos melhores vilões de todo o universo Marvel. Algo se perdeu no caminho: talvez o rumo, o orçamento, a motivação de criar conteúdo de qualidade ou apenas a sanidade (ou o que restava dela) de Jeph Loeb e Ike Perlmutter, mas o fato é que as séries da editora estão cada vez mais distantes do que era esperado, e Os Defensores se tornou a mais nova vítima dessa onda. Só resta torcer para que Justiceiro e as vindouras temporadas dos shows já existentes corrijam esse triste rumo trilhado pelos personagens da Casa das Ideias na Netflix.
O que é possível conferir nesse primeiro ano é um produto inconsistente, iniciado por um episódio fraco, desnecessário e sem identidade, e que passeia por uma verdadeira montanha-russa em sua sequência, variando entre bons momentos e outros mal desenvolvidos ou apenas ridículos. São frequentes as cenas em que fica clara a química entre os personagens, mas resoluções como "vamos descobrir isso aqui porque sim!" ou "vamos reunir todos esses coadjuvantes nessa salinha para que eles possam interagir entre si" também são constantes, muitas vezes dentro de um mesmo capítulo. Mesmo a escrita dos protagonistas passa por oscilações, mudando suas formas de pensar e agir apenas para dar andamento à trama. A exceção se aplica a Danny Rand, que se comporta como um babaca petulante e imbecil na maior parte do tempo, com falas escritas que parecem escritas por uma criança de 5 anos. Quem diz que ele é "o Punho de Ferro mais burro que já existiu" durante a série tem total razão (e não é só uma vez).
As cenas de ação geralmente são as partes mais divertidas dos capítulos, mas mesmo elas deixam a desejar um pouco: além de não conseguirem sempre manter o nível, afastaram-se muito da crueza e naturalidade que haviam se tornado marca registrada de Demolidor e Jessica Jones, sendo claramente coreografadas e cheia de piruetas, apesar de ainda terem seus momentos. O ponto mais alto das lutas está no episódio final, mas mesmo ali ainda falta alguma coisa, algum tipo de combinação entre os personagens (no melhor estilo dos "combos" mostrados nos filmes dos Vingadores), além dos problemas já citados.
Falando no desfecho de Defensores, ele traz um encerramento satisfatório para o show, finalizando o arco do Tentáculo de forma decente. Só que, ao mesmo tempo, seus minutos finais deixam uma coisa bem clara: tudo isso não passou de uma forma de fazer ligação para as novas temporadas das séries solo dos personagens (o final do Demolidor, em especial, deixa a casa arrumada para uma adaptação de A Queda de Murdock). Fica escancarado ao fim dos 8 episódios também o quão desperdiçada foi a presença de Sigourney Weaver, atriz marcada na história do cinema pelos longas de Alien e que foi escaladas para interpretar uma personagem com zero carisma, zero ameaça e zero impacto na trama, estando ali apenas porque a organização precisava de uma "líder" (coisa que ela está longe de ser).
Problemas em séries da Marvel na Netflix não são recentes, porém. Seus dois lançamentos anteriores, Luke Cage e Punho de Ferro, foram alvos de críticas à época, o primeiro pela lentidão em seu andamento e sua indecisão temática, enquanto o segundo foi execrado por seu fraco roteiro, trama clichê, más atuações e péssima direção, especialmente para as cenas de ação (alguns deles acabaram sendo transmitidos para Defensores). Mesmo Jessica Jones e Demolidor (especialmente em sua 2ª temporada) não passaram incólumes, mas nada que possa ser comparado com os seriados irmãos.
Não dá para entender o porquê disso estar acontecendo, especialmente se pensarmos que o início de tudo foi o brilhante primeiro ano de Demolidor, que nos presenteou com personagens carismáticos, cenas memoráveis e um dos melhores vilões de todo o universo Marvel. Algo se perdeu no caminho: talvez o rumo, o orçamento, a motivação de criar conteúdo de qualidade ou apenas a sanidade (ou o que restava dela) de Jeph Loeb e Ike Perlmutter, mas o fato é que as séries da editora estão cada vez mais distantes do que era esperado, e Os Defensores se tornou a mais nova vítima dessa onda. Só resta torcer para que Justiceiro e as vindouras temporadas dos shows já existentes corrijam esse triste rumo trilhado pelos personagens da Casa das Ideias na Netflix.
Provavelmente a melhor coisa de "Os Defensores" foi esse belíssimo pôster feito pelo Joe Quesada.