quarta-feira, 26 de agosto de 2015

ESPECIAL METAL GEAR SOLID - "Raiden, turn off the game console right now!"


Olá! Sou fã de Metal Gear Solid há muito tempo e, devido ao lançamento de "Metal Gear Solid V: The Phantom Pain" no próximo dia 01/09, resolvi fazer uma série de postagens especiais para celebrar tanto o novo game quanto o encerramento da épica criação de Hideo Kojima. Mas não contarei a trama da saga ou farei reviews de cada título, e sim falarei um pouco das minhas experiências com os jogos na ordem em que eu os descobri, coisa que, acredito eu, muitos irão se identificar.

Confira a postagem anterior abaixo:

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Eu joguei a série Metal Gear Solid numa ordem completamente errada. E agora essa frase fará sentido.

Depois de jogar "Metal Gear Solid 3", eu fiquei fascinado pela franquia. Queria saber tudo, jogar tudo. Mas, infelizmente, não achava os demais games em lugar nenhum (afinal, se o mais recente já foi complicado de conseguir, o quão impossível seria encontrar os outros), não tinha dinheiro para comprar um PSP e jogar "Metal Gear Solid: Portable Ops" (que teoricamente deveria ser uma sequência para os eventos de "Snake Eater", mas não foi dirigido por Kojima, e hoje é considerado "parcialmente canon") e um PS3  aqui no Brasil ainda era absurdamente caro, logo não tinha nem chances de comprá-lo e esperar por "Metal Gear Solid 4: Guns of the Patriots". O que eu fiz, então? Li tudo em fóruns e afins (inclusive, abraço para a galera da comunidade "Metal Gear Solid BRASIL" do finado Orkut, que disponibilizou muito conteúdo em português). Foi basicamente um mestrado em MGS.

E ficou assim por bom tempo. 4 anos se passaram e, embora eu nunca tenha me esquecido da franquia, acabei jogando muitos outros títulos, me tornei um viciado em Guitar Hero/Rock Band, consegui um PC melhor e aprendi a baixar e gravar jogos (heh). Houve uma época que eu tinha conta no Black Cats, um dos sites de torrents privado mais famosos e cobiçados da internet, e, como o PS2 já estava quase sem lançamentos, tive uma ideia brilhante: baixar "Metal Gear Solid 2: Sons of Liberty", que nunca estava ativo em outros sites de torrent, para me divertir e passar o tempo. Afinal, eu já conhecia a história toda (inclusive tinha lido a HQ baseada no primeiro MGS, estando teoricamente bem situado), então não seria exatamente surpreendido.

Mas, cara, como eu estava enganado. Eu fui surpreendido. BEM surpreendido. Não pela trama-base em si, e sim pelos pequenos detalhes. Mas antes, vamos mais uma vez falar de aberturas:



Essa introdução é genial. Diversas cenas, todas focadas em Solid Snake, se passando durante a primeira parte do jogo, dando a entender que ele quem seria o protagonista, e só nos últimos segundos que aparece o Raiden. O vídeo remete a todo o material de divulgação do game, que fez a mesma coisa e escondeu o loirinho que é o verdadeiro protagonista do jogo. Eu já sabia quando joguei, e hoje isso é senso comum, mas foi uma verdadeira polêmica na época de lançamento (e até hoje há quem torça o nariz). Uma coisa é certa: Kojima "trollou" o mundo, antes mesmo de "trollar" ter algum significado. Ponto para ele.

Falando do jogo em si, eu de fato fiquei surpreso, feliz e me diverti demais com ele. Basicamente toda a mecânica que eu havia encontrado em MGS3 estava ali, com exceção, obviamente, dos elementos inovadores de sobrevivência. Os cenários também estavam longe do esplendor e da área colossal das florestas soviéticas, mas Big Shell era extremamente bem feito, com vários níveis e poderia facilmente confundir o jogador, sendo quase um labirinto. E também tinha animais pelo local (quem nunca pisou no cocô de gaivota e escorregou, não é mesmo?), embora você não pudesse, e nem precisasse, se alimentar deles. Não dá pra dizer que jogar MGS2 depois de seu sucessor foi exatamente um downgrade, mesmo tendo gráficos obviamente inferiores, mas ainda assim muito bons, ainda mais se considerarmos a época que foi feito (o game saiu em novembro de 2001, pouco mais de um ano e meio depois do lançamento do PlayStation 2 no mercado). Ele continuava muito atual, e mal dava para perceber tanto os 4 anos que os separavam.

E, mesmo já "conhecendo", a história conseguiu me pegar de assalto. Porque eu só conhecia o que havia lido, e obviamente deixaram muita coisa de lado. Todo o desenvolvimento de Raiden e a evolução da trama, além dos vários momentos emocionantes e personagens que se destacam, são pontos extremamente interessantes, e que apenas o game pode te proporcionar. Foi com "Metal Gear Solid 2" que eu aprendi uma valiosa lição: "ler é uma coisa, jogar é outra completamente diferente". Porque há coisas que só a experiência completa pode te fornecer, como foi exatamente o caso aqui. Especialmente na parte final do game, quando você acha que sua cópia veio com problema, Coronel Campbell fica completamente louco (o que você pode conferir aqui, por sua conta e risco), você fica todo confuso e então é revelado o grande plot twist. Aliás, Kojima pode falar que o tema desse jogo é MEME, mas o enredo todo trata de MANIPULAÇÃO. Os protagonistas foram manipulados de um jeito que nem mesmo o mais visionário dos fãs poderia ter previsto na época. Assim como esses mesmos fãs foram manipulados em toda a divulgação. Filho da mãe. Mais um ponto para ele.

As férias de inverno de 2009 (que também é quando a maior parte do jogo se passa, curiosamente) foram muito melhores graças a "Sons of Liberty", e acabei zerando-o duas vezes. Revisitei o jogo novamente em 2012, também remasterizado em HD, mas que usava como base a versão "Substance", com diversas "VR Missions", melhorias, a dificuldade "European Extreme" e uma coleção expandida de dog tags a serem coletadas. Também tive a oportunidade de reparar em detalhes que haviam passado despercebidos, inclusive uma das falas finais de Snake, que também se tornou favorita para mim, graças a seu teor puramente filosófico:

"Life isn't just about passing on your genes. We can leave behind much more than just DNA. Through speech, music, literature and movies...what we've seen, heard, felt...anger, joy and sorrow...these are the things I will pass on. That's what I live for. We need to pass the torch, and let our children read our messy and sad history by its light. We have all the magic of the digital age to do that with. The human race will probably come to an end some time, and new species may rule over this planet. Earth may not be forever, but we still have the responsibility to leave what traces of life we can. Building the future and keeping the past alive are one and the same thing."

Tem muitos fãs por aí que dizem não gostar de "Metal Gear Solid 2", seja por conta da mudança de protagonista ou por não terem sentido o mesmo impacto que os demais títulos da franquia tiveram. E, de fato, é um game "estranho". Mas no bom sentido da palavra. Talvez sua complexidade espante muita gente, além de todas as loucuras de Hideo Kojima (que estava inspiradíssimo durante todo o processo criativo). Particularmente, acho-o genial e extremamente subestimado, justamente por causa desses elementos, e por ter uma das melhores quebras de quarta parede que já vi. Não é meu favorito, mas chega muito próximo, e certamente possui um espaço especial em meu coração.

Ah! Lembra que falei da revista "Dicas e Truques para PlayStation" no post anterior? Acontece que eu também tinha a edição com o review de MGS2, que comprei por causa do guia de "Harry Potter and the Socerer's Stone" para PS1 quanto tinha uns 6 anos de idade. Esse foi meu real primeiro contato com a franquia, mesmo sem ter entendido muita coisa e me interessado bem pouco. Mas acho que, no fim das contas, era mesmo pra ser, certo? Fora que foi muito bacana ler o texto depois de todo aquele tempo e ver o jogo ser tão ovacionado.

E, quando achei que a franquia já havia me oferecido tudo de melhor, depois de dois ótimos jogos, eis que mordi minha língua novamente. "The Best is Yet to Come", já dizia o título dá música...