Olá! Sou fã de Metal Gear Solid há muito tempo e, devido ao lançamento de "Metal Gear Solid V: The Phantom Pain" no próximo dia 01/09, resolvi fazer uma série de postagens especiais para celebrar tanto o novo game quanto o encerramento da épica criação de Hideo Kojima. Mas não contarei a trama da saga ou farei reviews de cada título, e sim falarei um pouco das minhas experiências com os jogos na ordem em que eu os descobri, coisa que, acredito eu, muitos irão se identificar.
Confira as postagens anteriores abaixo:
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"And, now, for something completely different..."
A essa altura, já tendo jogado 3 títulos por completo, eu achei que já conhecia Metal Gear Solid bem o suficiente e que nada mais poderia me surpreender. Felizmente, esse tal de Hideo Kojima discordava completamente disso.
"Metal Gear Solid: Peace Walker" saiu, originalmente, para PSP em 2010. E eu até cheguei a ter contato com o game uma vez através de um amigo, mas a falta de um segundo analógico no portátil não o tornava da experiência a mais agradável, e demoraria um pouco até eu me acostumar com os comandos adaptados. Sendo assim, acabei deixando-o de lado, até por achar que esse era um spin-off como "Metal Gear Solid: Portable Ops" e que contaria apenas partes pouco essenciais para o entendimento da história.
Vocês podem imaginar, então, qual foi minha reação ao me deparar com tal jogo remasterizado em HD incluso na coletânea para X360. Ainda por cima, sem seu antecessor junto. Dei uma pesquisada na internet, e só aí descobri que "Portable Ops" não havia sido dirigido por Kojima e por isso foi deixado de fora, sendo então considerado "parcialmente canon". "Peace Walker", por outro lado, era um jogo feito pelo criador da saga e, mais do que isso, o início de um novo e derradeiro capítulo no enredo de MGS, completando o que foi iniciado em 1987 com "Metal Gear" para computadores MSX.
Assim, dando procedência à minha maratona de jogatina em 2012, chegou a vez de jogar MGS:PW. Como dá pra imaginar, eu estava bem animado, pois era um jogo completamente inédito para mim.
Eis que o inesperado entra em ação.
"Novidade". Se tem alguma palavra para descrever "Metal Gear Solid: Peace Walker", é essa. Porque eu me deparei com algo que não era o que eu estava acostumado. Praticamente tudo foi mudado: menus, interface, apresentação, opções, modos. Até o "pré-título", algo que pouca gente dava atenção (quando notavam sua existência), mudou: o tradicional "Tactical Espionage Action" tornou-se "Tactical Espionage Operations". E essa modificação, por mais insignificante que pareça, representou uma virada radical no estilo do game.
Todos os jogos da franquia eram lineares, seguiam seu caminho e aconteciam de forma contida em si. Mas não "Peace Walker": o velho sistema de jogo foi substituído por missões. 33 principais e mais 128 extras, totalizando em 161. E agora você tinha que gerenciar a "Mother Base", o centro de operações da "Militaires Sans Frontieries" (uma alusão aos mundialmente famosos "Médicos Sem Fronteiras"), a nova organização militar de Snake e Kaz Miller (que já havia "aparecido" em MGS1), que começava como uma pequena plataforma marítima no meio do nada. E para manter o local, era necessário recrutar soldados, que podiam ser encontrados nas missões e extraídos através do "Fulton Recovery System" (um sistema que de fato foi usado pelo Exército Estadunidense). Quanto mais soldados e mais alta a classificação deles (dependendo também da especialização de cada um), mais a Mother Base evoluía. Não só isso: novos equipamentos e armas eram desenvolvidos e melhorados, os suprimentos iam sendo reabastecidos, integrantes feridos eram curados mais rápido. E sim, os outros membros da MSF podiam ficar feridos, pois era possível enviá-los em missões paralelas próprias, as "Outer Ops", nas quais não dava, porém, para controlá-los, apenas montar o melhor time possível e colocá-los em ação.
Claro que uma organização militar não estaria completa sem algumas máquinas de guerra. Era possível consegui-las também em missões, bastava não destruí-las em combate. Sim, havia meios para tal, bastava atingir apenas o piloto, e assim era possível pegar tanques, veículos blindados e helicópteros dos mais variados tipos. A parte mais legal, porém, era a oportunidade de construir seu próprio Metal Gear, o ZEKE, ao coletar partes "deixadas" pelos chefes ("Pupa", "Chrysalis", "Cocoon" e "Peace Walker", todos máquinas) e também roubar chips que formam suas inteligências artificiais. Quando pronto, você podia mudar suas cores e até mesmo adicionar algumas partes extras, também obtidas pelos chefões. Ah, e todo esse maquinário da destruição podia acompanhar os soldados durante as "Outer Ops".
Devido ao novo sistema de missões, o modo de se apresentar a história também foi modificado. As cenas em computação gráfica foram substituídas por uma espécie de história em quadrinhos animada na maior parte do tempo (devido às limitações do PSP), sendo algumas dessas interativas, parecendo minigames. Há também algumas gravações de áudio com informações complementares. E foi adicionada uma divisão por capítulos, que se referem mais ou menos a umas 5 ou 6 missões consecutivas. Tudo isso, ao meu ver, não interferiu em nada. Pelo contrário: só facilitou a compreensão da trama, que, aliás, é maravilhosa. Foi a primeira vez desde MGS3 que eu não sabia absolutamente nada sobre ela, então tive uma experiência quase única e aproveitei cada segundo daquele enredo que, surpreendentemente, se distanciava um pouco da completa (e fantástica) loucura da franquia e era algo mais leve e introspectivo, repleto de personagens interessantes como Amanda, Chico, Paz, Huey e Dr Strangelove. E Kaz se mostra um excelente parceiro, tem função essencial e só cresce no decorrer do jogo.
A coisa mais marcante, porém, é o tema oficial do jogo. "Heavens Divide", imortalizada pela voz de Donna Burke, é bela e tocante, estando facilmente entre as melhores músicas de toda a série. Fora, claro, que o momento que ela começa a tocar enquanto você enfrenta o Peace Walker é inesquecível.
Eu acho que fiquei jogando Peace Walker durante um mês de forma ininterrupta, ou até mais. É um jogo extenso e difícil, cheio de truques e elementos a serem coletados, soldados a serem obtidos, melhorias a serem realizadas e missões a serem desbloqueadas. Algumas delas, inclusive, só se você rejogar uma missão principal ou jogar uma (ou até algumas) missões alternativas. Então você ainda fica tentando se superar, obter algumas coisas extras nas fases, bater seu próprio tempo e rank, explorando todos os segredos... E aí realmente vai tempo. Um tempo de total diversão e cheio de surpresas.
Todas essas novidades, no fim, se tornaram essenciais para a série. "Ground Zeroes" usou de um esquema semelhante e "The Phantom Pain" trará as missões e a Mother Base de volta. Nada mais justo, pois o sistema é extremamente divertido e um dos pontos mais altos de "Metal Gear Solid: Peace Walker", hoje considerado importantíssimo para o cânone da saga pela ligação direta com seu quinto título. E só não o considero o melhor MGS já feito porque ele apresenta algumas pequenas limitações na jogabilidade e não tem nenhum chefe humano. Não fosse por isso, ele teria força o suficiente para se igualar a MGS1 e MGS3, quem sabe até mesmo superá-los. Mesmo assim, ele também tem um lugar muito especial no meu coração.
Ah, e a versão remasterizada em HD tem suporte para o segundo analógico dos controles de PS3 e X360. Ainda bem.
A seguir: seja tocado como um maldito violino.
PS: esqueci de dizer, mas PW tem dois finais: um parcial e um definitivo. Então, se você ainda pretende jogá-lo, está dada a dica. De nada.
A essa altura, já tendo jogado 3 títulos por completo, eu achei que já conhecia Metal Gear Solid bem o suficiente e que nada mais poderia me surpreender. Felizmente, esse tal de Hideo Kojima discordava completamente disso.
"Metal Gear Solid: Peace Walker" saiu, originalmente, para PSP em 2010. E eu até cheguei a ter contato com o game uma vez através de um amigo, mas a falta de um segundo analógico no portátil não o tornava da experiência a mais agradável, e demoraria um pouco até eu me acostumar com os comandos adaptados. Sendo assim, acabei deixando-o de lado, até por achar que esse era um spin-off como "Metal Gear Solid: Portable Ops" e que contaria apenas partes pouco essenciais para o entendimento da história.
Vocês podem imaginar, então, qual foi minha reação ao me deparar com tal jogo remasterizado em HD incluso na coletânea para X360. Ainda por cima, sem seu antecessor junto. Dei uma pesquisada na internet, e só aí descobri que "Portable Ops" não havia sido dirigido por Kojima e por isso foi deixado de fora, sendo então considerado "parcialmente canon". "Peace Walker", por outro lado, era um jogo feito pelo criador da saga e, mais do que isso, o início de um novo e derradeiro capítulo no enredo de MGS, completando o que foi iniciado em 1987 com "Metal Gear" para computadores MSX.
Assim, dando procedência à minha maratona de jogatina em 2012, chegou a vez de jogar MGS:PW. Como dá pra imaginar, eu estava bem animado, pois era um jogo completamente inédito para mim.
Eis que o inesperado entra em ação.
"Novidade". Se tem alguma palavra para descrever "Metal Gear Solid: Peace Walker", é essa. Porque eu me deparei com algo que não era o que eu estava acostumado. Praticamente tudo foi mudado: menus, interface, apresentação, opções, modos. Até o "pré-título", algo que pouca gente dava atenção (quando notavam sua existência), mudou: o tradicional "Tactical Espionage Action" tornou-se "Tactical Espionage Operations". E essa modificação, por mais insignificante que pareça, representou uma virada radical no estilo do game.
Todos os jogos da franquia eram lineares, seguiam seu caminho e aconteciam de forma contida em si. Mas não "Peace Walker": o velho sistema de jogo foi substituído por missões. 33 principais e mais 128 extras, totalizando em 161. E agora você tinha que gerenciar a "Mother Base", o centro de operações da "Militaires Sans Frontieries" (uma alusão aos mundialmente famosos "Médicos Sem Fronteiras"), a nova organização militar de Snake e Kaz Miller (que já havia "aparecido" em MGS1), que começava como uma pequena plataforma marítima no meio do nada. E para manter o local, era necessário recrutar soldados, que podiam ser encontrados nas missões e extraídos através do "Fulton Recovery System" (um sistema que de fato foi usado pelo Exército Estadunidense). Quanto mais soldados e mais alta a classificação deles (dependendo também da especialização de cada um), mais a Mother Base evoluía. Não só isso: novos equipamentos e armas eram desenvolvidos e melhorados, os suprimentos iam sendo reabastecidos, integrantes feridos eram curados mais rápido. E sim, os outros membros da MSF podiam ficar feridos, pois era possível enviá-los em missões paralelas próprias, as "Outer Ops", nas quais não dava, porém, para controlá-los, apenas montar o melhor time possível e colocá-los em ação.
Claro que uma organização militar não estaria completa sem algumas máquinas de guerra. Era possível consegui-las também em missões, bastava não destruí-las em combate. Sim, havia meios para tal, bastava atingir apenas o piloto, e assim era possível pegar tanques, veículos blindados e helicópteros dos mais variados tipos. A parte mais legal, porém, era a oportunidade de construir seu próprio Metal Gear, o ZEKE, ao coletar partes "deixadas" pelos chefes ("Pupa", "Chrysalis", "Cocoon" e "Peace Walker", todos máquinas) e também roubar chips que formam suas inteligências artificiais. Quando pronto, você podia mudar suas cores e até mesmo adicionar algumas partes extras, também obtidas pelos chefões. Ah, e todo esse maquinário da destruição podia acompanhar os soldados durante as "Outer Ops".
Devido ao novo sistema de missões, o modo de se apresentar a história também foi modificado. As cenas em computação gráfica foram substituídas por uma espécie de história em quadrinhos animada na maior parte do tempo (devido às limitações do PSP), sendo algumas dessas interativas, parecendo minigames. Há também algumas gravações de áudio com informações complementares. E foi adicionada uma divisão por capítulos, que se referem mais ou menos a umas 5 ou 6 missões consecutivas. Tudo isso, ao meu ver, não interferiu em nada. Pelo contrário: só facilitou a compreensão da trama, que, aliás, é maravilhosa. Foi a primeira vez desde MGS3 que eu não sabia absolutamente nada sobre ela, então tive uma experiência quase única e aproveitei cada segundo daquele enredo que, surpreendentemente, se distanciava um pouco da completa (e fantástica) loucura da franquia e era algo mais leve e introspectivo, repleto de personagens interessantes como Amanda, Chico, Paz, Huey e Dr Strangelove. E Kaz se mostra um excelente parceiro, tem função essencial e só cresce no decorrer do jogo.
A coisa mais marcante, porém, é o tema oficial do jogo. "Heavens Divide", imortalizada pela voz de Donna Burke, é bela e tocante, estando facilmente entre as melhores músicas de toda a série. Fora, claro, que o momento que ela começa a tocar enquanto você enfrenta o Peace Walker é inesquecível.
Eu acho que fiquei jogando Peace Walker durante um mês de forma ininterrupta, ou até mais. É um jogo extenso e difícil, cheio de truques e elementos a serem coletados, soldados a serem obtidos, melhorias a serem realizadas e missões a serem desbloqueadas. Algumas delas, inclusive, só se você rejogar uma missão principal ou jogar uma (ou até algumas) missões alternativas. Então você ainda fica tentando se superar, obter algumas coisas extras nas fases, bater seu próprio tempo e rank, explorando todos os segredos... E aí realmente vai tempo. Um tempo de total diversão e cheio de surpresas.
Todas essas novidades, no fim, se tornaram essenciais para a série. "Ground Zeroes" usou de um esquema semelhante e "The Phantom Pain" trará as missões e a Mother Base de volta. Nada mais justo, pois o sistema é extremamente divertido e um dos pontos mais altos de "Metal Gear Solid: Peace Walker", hoje considerado importantíssimo para o cânone da saga pela ligação direta com seu quinto título. E só não o considero o melhor MGS já feito porque ele apresenta algumas pequenas limitações na jogabilidade e não tem nenhum chefe humano. Não fosse por isso, ele teria força o suficiente para se igualar a MGS1 e MGS3, quem sabe até mesmo superá-los. Mesmo assim, ele também tem um lugar muito especial no meu coração.
Ah, e a versão remasterizada em HD tem suporte para o segundo analógico dos controles de PS3 e X360. Ainda bem.
A seguir: seja tocado como um maldito violino.
PS: esqueci de dizer, mas PW tem dois finais: um parcial e um definitivo. Então, se você ainda pretende jogá-lo, está dada a dica. De nada.