segunda-feira, 31 de agosto de 2015

ESPECIAL METAL GEAR SOLID - "They played us like a damn fiddle!"


Olá! Sou fã de Metal Gear Solid há muito tempo e, devido ao lançamento de "Metal Gear Solid V: The Phantom Pain" no próximo dia 01/09, resolvi fazer uma série de postagens especiais para celebrar tanto o novo game quanto o encerramento da épica criação de Hideo Kojima. Mas não contarei a trama da saga ou farei reviews de cada título, e sim falarei um pouco das minhas experiências com os jogos na ordem em que eu os descobri, coisa que, acredito eu, muitos irão se identificar.

Confira as postagens anteriores abaixo:
PARTE 1 - PARTE 2 - PARTE 3 - PARTE 4

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2012, mais uma vez.

Enquanto eu jogava "Peace Walker" tranquilamente no conforto da minha casa, já tendo terminado-o, algo aconteceu durante a Tokyo Game Show. Já tinha um tempo que rumores vinham circulando pela web, e eles foram confirmados com o anúncio de que um novo Metal Gear Solid estava a caminho. Anunciado como "Metal Gear Solid: Ground Zeroes", ele seria uma sequência direta de "PW" e traria Big Boss novamente ao protagonismo. E um trailer de 13 minutos foi lançado.

Aquilo era a coisa mais bela que eu já havia visto relacionada a video-games até então.

Um gráfico realista ao extremo, com todos os detalhes de feição humana e cenário possíveis de se imaginar. Efeitos de luz e água perfeitamente criados num mundo digital, graças ao poder da fantástica "FOX Engine". Um clima mais tenso do que tudo visto antes. Um novo, misterioso e desfigurado vilão, que aparentava ser o chefe de uma também nova e misteriosa organização. O retorno de personagens conhecidos como Chico e Paz. E aquilo sairia para Xbox 360. Cara, eu realmente precisava colocar minhas mãos naquele jogo o mais rápido que pudesse.

Em dezembro daquele mesmo ano, um game chamado "The Phantom Pain", desenvolvido por uma empresa desconhecida chamada "Moby Dick Studios" e com a direção de um tal de "Joakim Mogren" foi anunciado durante a Video Game Awards, e ele tinha gráficos extremamente semelhantes aos apresentados pela FOX Engine em "Ground Zeroes". Rumores e teorias se espalharam de que aquele se tratava na verdade do "Metal Gear Solid 5", fortalecidos por uma vasta gama de fatos (como Joakim = Kojima, esse Moby Dick Studios havia sido criado a pouquíssimo tempo e o personagem do vídeo era muito semelhante ao Big Boss). Tudo isso se confirmou em 2013 durante a Game Developer Conference, com Kojima revelando ser mesmo o tal Mogren e confirmando pela primeira vez "Metal Gear Solid V: The Phantom Pain". O jogo apareceu mais uma vez durante a E3 em junho, aproveitando o anúncio do PS4 e do Xbox One e sendo oficializado para tais consoles e também para X360, PS3 e PC.

OK, muito bacana, meu hype foi a mil com tudo isso. Mas e o tal do "Ground Zeroes"?

Hideo Kojima esclareceu a situação depois. No fim, ambos os games seriam lançados, mas eles seriam parte de algo maior, chamado por ele de "MGSV Experience". Assim, teríamos "Metal Gear Solid V: Ground Zeroes", servindo como um prólogo, e "Metal Gear Solid V: The Phantom Pain", que seria o jogo principal. Beleza, dois jogos, não tinha por que reclamar. Pouco depois, em 2013 mesmo, foi anunciado de que GZ seria lançado em 18 de março do ano seguinte para PS3, PS4, Xbox 360 e Xbox One. E lá fui eu direto embarcar no trem das expectativas...

Quando o jogo veio a público, porém, não foi exatamente o que se esperava.

A maior parte das críticas que "Ground Zeroes" recebeu foi por causa de sua duração. O jogo tem apenas uma missão principal, que pode ser concluída em cerca de 2 horas na primeira vez que é jogada e em apenas 5 minutos (ou até menos) caso um jogador habilidoso resolva fazer uma speed-run. Fora isso, ainda há mais 5 (ou 6, caso você jogue a versão de PC) missões extras, sem relação alguma com a trama. E isso é muito pouco quando se trata de um game que leva "Metal Gear Solid" em seu título. Mesmo com reconhecimento dos gráficos espetaculares e uma boa diversidade de extras, bem como o trabalho necessário para se conseguir 100%, muita gente disse esse não passava de uma "demo técnica".

Kojima se retratou após o lançamento e as críticas sofridas pelo título. Seu argumento foi o de que apenas lançou "MGSV:GZ" devido ao tempo necessário para o desenvolvimento completo do jogo principal, algo que ainda estava longe de ocorrer na época. Assim, o jogador poderia ter uma chance de conferir todas as novidades prometidas, além de ter um tempo para se acostumar a várias das novas mecânicas que estariam presentes em "TPP". E foi prometido conteúdos extras através da transferência de saves entre os dois capítulos.

Eu só tive a oportunidade de jogar "Metal Gear Solid V: Ground Zeroes" nesse ano, em junho, quando comprei a versão para PC (que só saiu em dezembro do ano passado). E, mesmo assim, joguei bem pouco, apenas completei a missão principal, pois estava sem tempo na época. Mas já foi o suficiente para me impressionar, seja com toda a beleza gráfica e os detalhes, o novo gameplay (atualizado e com comandos semelhantes aos dos FPSs atuais, pelo menos quando se usa um controle), a liberdade e as várias opções de como executar o objetivo. Mesmo assim, fico feliz de ter pego um bom desconto durante a Steam Summer Sale, pois o jogo realmente não vale o preço que ele foi vendido por aqui em sua versão para os consoles (muito embora ele seja bem mais barato para PC, corrigindo essa injustiça de certa forma).

Eu pretendia jogá-lo mais antes do lançamento de "Metal Gear Solid V: The Phantom Pain", mas nesse momento estamos às portas de seu lançamento... Bom, talvez ainda dê para aproveitá-lo, pois não sei quando conseguirei por as mãos no novo jogo. Eu só espero que seja logo (já estou movendo meus pauzinhos para isso faz um tempo).

E é isso.

"Tá, mas e o MGS4?"

Eu nunca joguei "Metal Gear Solid 4: Guns of The Patriots". Não tenho PS3, apenas X360. Mas já assisti todas as (8:30h) de cutscenes do game no Youtube, e devo dizer que fiquei extremamente satisfeito em como a história de Solid Snake foi concluída. A experiência de jogá-lo deve ser ainda melhor (como sempre é), e ainda espero um dia conseguir comprar um PlayStation 3, nem que seja apenas para esse propósito.

De qualquer forma, foi um prazer poder compartilhar minhas memórias e impressões sobre games que gosto tanto, e sem dúvidas são os meus preferidos, com uma boa distância para qualquer outro existente. Para finalizar, deixo aqui o trailer final de "The Phantom Pain", mostrando a evolução da franquia.



V HAS COME TO. Bom "Metal Gear Solid V: The Phantom Pain" para todos!

domingo, 30 de agosto de 2015

ESPECIAL METAL GEAR SOLID - "From now on... Call me Big Boss!"


Olá! Sou fã de Metal Gear Solid há muito tempo e, devido ao lançamento de "Metal Gear Solid V: The Phantom Pain" no próximo dia 01/09, resolvi fazer uma série de postagens especiais para celebrar tanto o novo game quanto o encerramento da épica criação de Hideo Kojima. Mas não contarei a trama da saga ou farei reviews de cada título, e sim falarei um pouco das minhas experiências com os jogos na ordem em que eu os descobri, coisa que, acredito eu, muitos irão se identificar.

Confira as postagens anteriores abaixo:

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"And, now, for something completely different..."

A essa altura, já tendo jogado 3 títulos por completo, eu achei que já conhecia Metal Gear Solid bem o suficiente e que nada mais poderia me surpreender. Felizmente, esse tal de Hideo Kojima discordava completamente disso.

"Metal Gear Solid: Peace Walker" saiu, originalmente, para PSP em 2010. E eu até cheguei a ter contato com o game uma vez através de um amigo, mas a falta de um segundo analógico no portátil não o tornava da experiência a mais agradável, e demoraria um pouco até eu me acostumar com os comandos adaptados. Sendo assim, acabei deixando-o de lado, até por achar que esse era um spin-off como "Metal Gear Solid: Portable Ops" e que contaria apenas partes pouco essenciais para o entendimento da história.

Vocês podem imaginar, então, qual foi minha reação ao me deparar com tal jogo remasterizado em HD incluso na coletânea para X360. Ainda por cima, sem seu antecessor junto. Dei uma pesquisada na internet, e só aí descobri que "Portable Ops" não havia sido dirigido por Kojima e por isso foi deixado de fora, sendo então considerado "parcialmente canon". "Peace Walker", por outro lado, era um jogo feito pelo criador da saga e, mais do que isso, o início de um novo e derradeiro capítulo no enredo de MGS, completando o que foi iniciado em 1987 com "Metal Gear" para computadores MSX.

Assim, dando procedência à minha maratona de jogatina em 2012, chegou a vez de jogar MGS:PW. Como dá pra imaginar, eu estava bem animado, pois era um jogo completamente inédito para mim.

Eis que o inesperado entra em ação.

"Novidade". Se tem alguma palavra para descrever "Metal Gear Solid: Peace Walker", é essa. Porque eu me deparei com algo que não era o que eu estava acostumado. Praticamente tudo foi mudado: menus, interface, apresentação, opções, modos. Até o "pré-título", algo que pouca gente dava atenção (quando notavam sua existência), mudou: o tradicional "Tactical Espionage Action" tornou-se "Tactical Espionage Operations". E essa modificação, por mais insignificante que pareça, representou uma virada radical no estilo do game.

Todos os jogos da franquia eram lineares, seguiam seu caminho e aconteciam de forma contida em si. Mas não "Peace Walker": o velho sistema de jogo foi substituído por missões. 33 principais e mais 128 extras, totalizando em 161. E agora você tinha que gerenciar a "Mother Base", o centro de operações da "Militaires Sans Frontieries" (uma alusão aos mundialmente famosos "Médicos Sem Fronteiras"), a nova organização militar de Snake e Kaz Miller (que já havia "aparecido" em MGS1), que começava como uma pequena plataforma marítima no meio do nada. E para manter o local, era necessário recrutar soldados, que podiam ser encontrados nas missões e extraídos através do "Fulton Recovery System" (um sistema que de fato foi usado pelo Exército Estadunidense). Quanto mais soldados e mais alta a classificação deles (dependendo também da especialização de cada um), mais a Mother Base evoluía. Não só isso: novos equipamentos e armas eram desenvolvidos e melhorados, os suprimentos iam sendo reabastecidos, integrantes feridos eram curados mais rápido. E sim, os outros membros da MSF podiam ficar feridos, pois era possível enviá-los em missões paralelas próprias, as "Outer Ops", nas quais não dava, porém, para controlá-los, apenas montar o melhor time possível e colocá-los em ação.

Claro que uma organização militar não estaria completa sem algumas máquinas de guerra. Era possível consegui-las também em missões, bastava não destruí-las em combate. Sim, havia meios para tal, bastava atingir apenas o piloto, e assim era possível pegar tanques, veículos blindados e helicópteros dos mais variados tipos. A parte mais legal, porém, era a oportunidade de construir seu próprio Metal Gear, o ZEKE, ao coletar partes "deixadas" pelos chefes ("Pupa", "Chrysalis", "Cocoon" e "Peace Walker", todos máquinas) e também roubar chips que formam suas inteligências artificiais. Quando pronto, você podia mudar suas cores e até mesmo adicionar algumas partes extras, também obtidas pelos chefões. Ah, e todo esse maquinário da destruição podia acompanhar os soldados durante as "Outer Ops".

Devido ao novo sistema de missões, o modo de se apresentar a história também foi modificado. As cenas em computação gráfica foram substituídas por uma espécie de história em quadrinhos animada na maior parte do tempo (devido às limitações do PSP), sendo algumas dessas interativas, parecendo minigames. Há também algumas gravações de áudio com informações complementares. E foi adicionada uma divisão por capítulos, que se referem mais ou menos a umas 5 ou 6 missões consecutivas. Tudo isso, ao meu ver, não interferiu em nada. Pelo contrário: só facilitou a compreensão da trama, que, aliás, é maravilhosa. Foi a primeira vez desde MGS3 que eu não sabia absolutamente nada sobre ela, então tive uma experiência quase única e aproveitei cada segundo daquele enredo que, surpreendentemente, se distanciava um pouco da completa (e fantástica) loucura da franquia e era algo mais leve e introspectivo, repleto de personagens interessantes como Amanda, Chico, Paz, Huey e Dr Strangelove. E Kaz se mostra um excelente parceiro, tem função essencial e só cresce no decorrer do jogo.

A coisa mais marcante, porém, é o tema oficial do jogo. "Heavens Divide", imortalizada pela voz de Donna Burke, é bela e tocante, estando facilmente entre as melhores músicas de toda a série. Fora, claro, que o momento que ela começa a tocar enquanto você enfrenta o Peace Walker é inesquecível.



Eu acho que fiquei jogando Peace Walker durante um mês de forma ininterrupta, ou até mais. É um jogo extenso e difícil, cheio de truques e elementos a serem coletados, soldados a serem obtidos, melhorias a serem realizadas e missões a serem desbloqueadas. Algumas delas, inclusive, só se você rejogar uma missão principal ou jogar uma (ou até algumas) missões alternativas. Então você ainda fica tentando se superar, obter algumas coisas extras nas fases, bater seu próprio tempo e rank, explorando todos os segredos... E aí realmente vai tempo. Um tempo de total diversão e cheio de surpresas.

Todas essas novidades, no fim, se tornaram essenciais para a série. "Ground Zeroes" usou de um esquema semelhante e "The Phantom Pain" trará as missões e a Mother Base de volta. Nada mais justo, pois o sistema é extremamente divertido e um dos pontos mais altos de "Metal Gear Solid: Peace Walker", hoje considerado importantíssimo para o cânone da saga pela ligação direta com seu quinto título. E só não o considero o melhor MGS já feito porque ele apresenta algumas pequenas limitações na jogabilidade e não tem nenhum chefe humano. Não fosse por isso, ele teria força o suficiente para se igualar a MGS1 e MGS3, quem sabe até mesmo superá-los. Mesmo assim, ele também tem um lugar muito especial no meu coração.

Ah, e a versão remasterizada em HD tem suporte para o segundo analógico dos controles de PS3 e X360. Ainda bem.

A seguir: seja tocado como um maldito violino.

PS: esqueci de dizer, mas PW tem dois finais: um parcial e um definitivo. Então, se você ainda pretende jogá-lo, está dada a dica. De nada.

quinta-feira, 27 de agosto de 2015

ESPECIAL METAL GEAR SOLID - "I'm like you, I have no name."


Olá! Sou fã de Metal Gear Solid há muito tempo e, devido ao lançamento de "Metal Gear Solid V: The Phantom Pain" no próximo dia 01/09, resolvi fazer uma série de postagens especiais para celebrar tanto o novo game quanto o encerramento da épica criação de Hideo Kojima. Mas não contarei a trama da saga ou farei reviews de cada título, e sim falarei um pouco das minhas experiências com os jogos na ordem em que eu os descobri, coisa que, acredito eu, muitos irão se identificar.

Confira as postagens anteriores abaixo:
PARTE 1 - PARTE 2

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É, eu joguei Metal Gear Solid na ordem reversa: primeiro o 3, depois o 2 e, por fim, o 1. E acabou sendo uma experiência muito interessante.

Já havia um tempo que eu vinha tentando jogar "Metal Gear Solid", um dos maiores clássicos do PlayStation 1. Eu tinha os dois CDs em mãos e tinha um emulador que rodava o jogo muito bem. Mas, nas minhas primeiras tentativas, eu nem chegava até o elevador e via o título, ou seja, basicamente eu não jogava. E não sei por quê. Talvez o fato de já saber a história e, especialmente, ter lido a ótima HQ que conta a trama do jogo me afastava de prosseguir. O enredo de MGS sempre foi uma coisa importante para mim, mas uma vez que eu já sabia toda essa parte por completo, não via grandes motivos para me aventurar pela ilha de Shadow Moses.

Até que chegou 2012. Nesse fatídico ano, já citado por mim nos dois posts anteriores, passei por alguns momentos complicados na minha vida, fiquei bem pra baixo e procurei por coisas que pudessem me distrair. Aliado a isso, eu consegui a "Metal Gear Solid HD Collection" para Xbox 360 e, como eu não tinha nada muito mais importante para fazer (exceto a parte de estudar para o vestibular... Não repitam isso, crianças, foi muito irresponsável da minha parte), pensei "Quer saber? Vou jogar todos os jogos em sequência". Incluindo o MGS1.

E olha, se arrependimento matasse... Eu certamente não estaria escrevendo esse texto por conta desse jogo. Como eu pude deixá-lo passar por tanto tempo? Pensando agora, talvez eu não tenha aprendido direito a lição de que ler a história e vivenciar a experiência completa são coisas completamente distintas. E, se eu havia a aprendido, ela certamente foi reforçada, e nunca mais cometi esse terrível erro novamente. Nem mesmo com "Quarteto Fantástico".

O primeiro "Metal Gear Solid" fez milagres com o hardware que o PS1 tinha. Belos gráficos, especialmente por ter sido lançado em 1998, uma atmosfera extremamente envolvente, cenários bem criados, inteligência artificial de primeira, ambientes que passam a sensação da vida presente neles, uma fantástica e marcante trilha sonora (com um "Alert Theme" que até hoje me aterroriza), ação stealth minuciosamente criada e controles impecáveis, práticos e perfeitamente responsivos. Junto a tudo isso, temos a visão cinematográfica de Hideo Kojima que só enriquece a experiência e a faz tudo parecer um grande filme interativo.

Agora, onde eu já li tudo isso? Ah sim, eu mesmo falei essas coisas quando escrevi sobre MGS2 e MGS3! Essa foi a parte mais interessante de ter jogado esse clássico: ver que os melhores elementos da franquia estiveram presentes desde o começo, e Kojima só foi evoluindo-os e aperfeiçoando-os com o passar do tempo e as inovações da tecnologia. Mesmo os jogos que deram início a tudo, "Metal Gear" e "Metal Gear 2: Solid Snake", já possuíam um pouco disso, mas, quando o "Solid" passou a fazer do título, essas coisas foram elevadas a um novo patamar e se tornaram a marca registrada da saga.

E a trama é muito melhor sendo jogada do que lida numa HQ (óbvio, afinal ela foi pensada para funcionar em um formato e não para o outro). Além de ser fantástica, claro. Tantos momentos emocionantes, reviravoltas e diálogos marcantes, protagonizados por personagens que, para mim, são os mais empáticos de toda a série. Mesmo os vilões tem seu carisma, e são figuras-chave de algumas das melhores cutscenes de "Metal Gear Solid". Sério, como não sentir-se tocado ouvindo, principalmente, as histórias de vida de Psycho Mantis e Sniper Wolf, dois dos favoritos dos fãs? E ainda temos Liquid Snake, o antagonista principal e líder do grupo FoxHound, que é quem revela um dos maiores plot twists do game. Mas é em MGS1 que conhecemos Revolver Ocelot, personagem essencial para quase todos os eventos que envolvem este e os jogos que vieram em seguida. E desde sua primeira aparição podemos ver o quão diferenciado o lendário pistoleiro é.

O que eu mais gostei, porém, foram as boss battles. São as melhores e mais criativas de toda a franquia. Todas excelentes e desafiadoras, e cada uma com sua peculiaridade, o que as torna ainda mais incríveis. Quem não sofreu para derrotar o Hind D ou o Metal Gear REX? Quem não travou um duelo épico de snipers contra Sniper Wolf? Quem não se sentiu acuado ao enfrentar o brutal Vulcan Raven? E, principalmente, quem não socou o Liquid com gosto durante o confronto final? E isso que nem mencionei as batalhas emocionantes contra Ocelot e Cyborg Ninja. A minha preferida, porém, é contra Psycho Mantis. Porque, além de não ser lá uma tarefa simples, ela quebra a quarta parede dos mais fantásticos modos possíveis: o oponente lê "sua mente" (no caso, seu Memory Card) e pode realizar comentários caso ache algum save de títulos da Konami, te obriga a trocar o controle para a porta 2 (caso contrário ele detectará todos os seus movimentos) e pode fazer objetos se moverem na vida real, pedindo para você colocar seu controle sobre uma superfície plana e movendo-o para o lado (caso ele tenha a função Rumble, que o faz tremer). Um verdadeiro toque de gênio, que só poderia ter saído da da brilhante mente de Hideo Kojima. Caso esteja afim, relembre um pouco deste épico confronto:



Como eu já disse, me arrependo muito por não ter jogado "Metal Gear Solid" antes. Eu amei o jogo em todos os seus aspectos, mesmo só tendo terminado-o 14 anos após seu lançamento. Por incrível que pareça, esse game também envelheceu muito bem pois, mesmo com seus gráficos claramente ultrapassados (ainda que sejam da melhor qualidade possível para o PS1), o gameplay e a apresentação parecem mais atuais que nunca, o som ainda é ótimo e a história lida com temas atemporais. Ou seja, ele estava muito a frente de seu tempo. E até hoje tenho dúvidas se meu favorito da saga é o MGS1 ou o MGS3, mesmo eu amando este último de uma forma especial. Mas a única conclusão que posso chegar é que ambos tem o direito a ocupar tal posto, cada qual por suas qualidades e a marca que deixou em minhas memórias.

E sim, também tenho um carinho único por MGS1, porque ele foi essencial para eu sair daquele estado de tristeza em que me encontrava. Especialmente pela cena final, e toda a reflexão feita nela por Solid Snake e Meryl. Jamais me esquecerei daquelas palavras.

Ah é, dá pra obter dois finais, um bom/definitivo e um ruim/alternativo! Cara, esse jogo é mesmo demais!

OK. Trilogia encerrada. E agora?

Próxima parada: NICARÁGUA.

quarta-feira, 26 de agosto de 2015

ESPECIAL METAL GEAR SOLID - "Raiden, turn off the game console right now!"


Olá! Sou fã de Metal Gear Solid há muito tempo e, devido ao lançamento de "Metal Gear Solid V: The Phantom Pain" no próximo dia 01/09, resolvi fazer uma série de postagens especiais para celebrar tanto o novo game quanto o encerramento da épica criação de Hideo Kojima. Mas não contarei a trama da saga ou farei reviews de cada título, e sim falarei um pouco das minhas experiências com os jogos na ordem em que eu os descobri, coisa que, acredito eu, muitos irão se identificar.

Confira a postagem anterior abaixo:

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Eu joguei a série Metal Gear Solid numa ordem completamente errada. E agora essa frase fará sentido.

Depois de jogar "Metal Gear Solid 3", eu fiquei fascinado pela franquia. Queria saber tudo, jogar tudo. Mas, infelizmente, não achava os demais games em lugar nenhum (afinal, se o mais recente já foi complicado de conseguir, o quão impossível seria encontrar os outros), não tinha dinheiro para comprar um PSP e jogar "Metal Gear Solid: Portable Ops" (que teoricamente deveria ser uma sequência para os eventos de "Snake Eater", mas não foi dirigido por Kojima, e hoje é considerado "parcialmente canon") e um PS3  aqui no Brasil ainda era absurdamente caro, logo não tinha nem chances de comprá-lo e esperar por "Metal Gear Solid 4: Guns of the Patriots". O que eu fiz, então? Li tudo em fóruns e afins (inclusive, abraço para a galera da comunidade "Metal Gear Solid BRASIL" do finado Orkut, que disponibilizou muito conteúdo em português). Foi basicamente um mestrado em MGS.

E ficou assim por bom tempo. 4 anos se passaram e, embora eu nunca tenha me esquecido da franquia, acabei jogando muitos outros títulos, me tornei um viciado em Guitar Hero/Rock Band, consegui um PC melhor e aprendi a baixar e gravar jogos (heh). Houve uma época que eu tinha conta no Black Cats, um dos sites de torrents privado mais famosos e cobiçados da internet, e, como o PS2 já estava quase sem lançamentos, tive uma ideia brilhante: baixar "Metal Gear Solid 2: Sons of Liberty", que nunca estava ativo em outros sites de torrent, para me divertir e passar o tempo. Afinal, eu já conhecia a história toda (inclusive tinha lido a HQ baseada no primeiro MGS, estando teoricamente bem situado), então não seria exatamente surpreendido.

Mas, cara, como eu estava enganado. Eu fui surpreendido. BEM surpreendido. Não pela trama-base em si, e sim pelos pequenos detalhes. Mas antes, vamos mais uma vez falar de aberturas:



Essa introdução é genial. Diversas cenas, todas focadas em Solid Snake, se passando durante a primeira parte do jogo, dando a entender que ele quem seria o protagonista, e só nos últimos segundos que aparece o Raiden. O vídeo remete a todo o material de divulgação do game, que fez a mesma coisa e escondeu o loirinho que é o verdadeiro protagonista do jogo. Eu já sabia quando joguei, e hoje isso é senso comum, mas foi uma verdadeira polêmica na época de lançamento (e até hoje há quem torça o nariz). Uma coisa é certa: Kojima "trollou" o mundo, antes mesmo de "trollar" ter algum significado. Ponto para ele.

Falando do jogo em si, eu de fato fiquei surpreso, feliz e me diverti demais com ele. Basicamente toda a mecânica que eu havia encontrado em MGS3 estava ali, com exceção, obviamente, dos elementos inovadores de sobrevivência. Os cenários também estavam longe do esplendor e da área colossal das florestas soviéticas, mas Big Shell era extremamente bem feito, com vários níveis e poderia facilmente confundir o jogador, sendo quase um labirinto. E também tinha animais pelo local (quem nunca pisou no cocô de gaivota e escorregou, não é mesmo?), embora você não pudesse, e nem precisasse, se alimentar deles. Não dá pra dizer que jogar MGS2 depois de seu sucessor foi exatamente um downgrade, mesmo tendo gráficos obviamente inferiores, mas ainda assim muito bons, ainda mais se considerarmos a época que foi feito (o game saiu em novembro de 2001, pouco mais de um ano e meio depois do lançamento do PlayStation 2 no mercado). Ele continuava muito atual, e mal dava para perceber tanto os 4 anos que os separavam.

E, mesmo já "conhecendo", a história conseguiu me pegar de assalto. Porque eu só conhecia o que havia lido, e obviamente deixaram muita coisa de lado. Todo o desenvolvimento de Raiden e a evolução da trama, além dos vários momentos emocionantes e personagens que se destacam, são pontos extremamente interessantes, e que apenas o game pode te proporcionar. Foi com "Metal Gear Solid 2" que eu aprendi uma valiosa lição: "ler é uma coisa, jogar é outra completamente diferente". Porque há coisas que só a experiência completa pode te fornecer, como foi exatamente o caso aqui. Especialmente na parte final do game, quando você acha que sua cópia veio com problema, Coronel Campbell fica completamente louco (o que você pode conferir aqui, por sua conta e risco), você fica todo confuso e então é revelado o grande plot twist. Aliás, Kojima pode falar que o tema desse jogo é MEME, mas o enredo todo trata de MANIPULAÇÃO. Os protagonistas foram manipulados de um jeito que nem mesmo o mais visionário dos fãs poderia ter previsto na época. Assim como esses mesmos fãs foram manipulados em toda a divulgação. Filho da mãe. Mais um ponto para ele.

As férias de inverno de 2009 (que também é quando a maior parte do jogo se passa, curiosamente) foram muito melhores graças a "Sons of Liberty", e acabei zerando-o duas vezes. Revisitei o jogo novamente em 2012, também remasterizado em HD, mas que usava como base a versão "Substance", com diversas "VR Missions", melhorias, a dificuldade "European Extreme" e uma coleção expandida de dog tags a serem coletadas. Também tive a oportunidade de reparar em detalhes que haviam passado despercebidos, inclusive uma das falas finais de Snake, que também se tornou favorita para mim, graças a seu teor puramente filosófico:

"Life isn't just about passing on your genes. We can leave behind much more than just DNA. Through speech, music, literature and movies...what we've seen, heard, felt...anger, joy and sorrow...these are the things I will pass on. That's what I live for. We need to pass the torch, and let our children read our messy and sad history by its light. We have all the magic of the digital age to do that with. The human race will probably come to an end some time, and new species may rule over this planet. Earth may not be forever, but we still have the responsibility to leave what traces of life we can. Building the future and keeping the past alive are one and the same thing."

Tem muitos fãs por aí que dizem não gostar de "Metal Gear Solid 2", seja por conta da mudança de protagonista ou por não terem sentido o mesmo impacto que os demais títulos da franquia tiveram. E, de fato, é um game "estranho". Mas no bom sentido da palavra. Talvez sua complexidade espante muita gente, além de todas as loucuras de Hideo Kojima (que estava inspiradíssimo durante todo o processo criativo). Particularmente, acho-o genial e extremamente subestimado, justamente por causa desses elementos, e por ter uma das melhores quebras de quarta parede que já vi. Não é meu favorito, mas chega muito próximo, e certamente possui um espaço especial em meu coração.

Ah! Lembra que falei da revista "Dicas e Truques para PlayStation" no post anterior? Acontece que eu também tinha a edição com o review de MGS2, que comprei por causa do guia de "Harry Potter and the Socerer's Stone" para PS1 quanto tinha uns 6 anos de idade. Esse foi meu real primeiro contato com a franquia, mesmo sem ter entendido muita coisa e me interessado bem pouco. Mas acho que, no fim das contas, era mesmo pra ser, certo? Fora que foi muito bacana ler o texto depois de todo aquele tempo e ver o jogo ser tão ovacionado.

E, quando achei que a franquia já havia me oferecido tudo de melhor, depois de dois ótimos jogos, eis que mordi minha língua novamente. "The Best is Yet to Come", já dizia o título dá música...

terça-feira, 25 de agosto de 2015

ESPECIAL METAL GEAR SOLID - "I'm still in a dream, Snake Eater!"


Olá! Sou fã de Metal Gear Solid há muito tempo e, devido ao lançamento de "Metal Gear Solid V: The Phantom Pain" no próximo dia 01/09, resolvi fazer uma série de postagens especiais para celebrar tanto o novo game quanto o encerramento da épica criação de Hideo Kojima. Mas não contarei a trama da saga ou farei reviews de cada título, e sim falarei um pouco das minhas experiências com os jogos na ordem em que eu os descobri, coisa que, acredito eu, muitos irão se identificar.

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Eu joguei a série Metal Gear Solid numa ordem completamente errada.

Antes de tudo, acho que vale situar as coisas: eu tinha por volta de 10 anos e costumava comprar a famigerada "Dicas e Truques para PlayStation". Sim, os tempos eram outros, a internet banda larga ainda dava seus primeiros passos no Brasil e o melhor jeito de ficar por dentro das novidades dos games, arranjar dicas e ver críticas ainda era através de revistas. Em suas edições, um jogo que vinha recebendo destaque era um tal de "Metal Gear Solid 3: Snake Eater", sendo sempre elogiado por todas as suas inovações, atmosfera envolvente e apresentação única, e consagrando-se, assim, o "melhor jogo de PlayStation 2" até aquele momento, segundo os redatores.

E eu, obviamente, fiquei curioso. Afinal, se esse game era tão bom e inovador, então certamente eu, uma criança que gostava muito de ficar horas jogando video-game, deveria tê-lo. E fui atrás. Mas eu nunca encontrava nas lojas da minha cidade (interior de São Paulo, as coisas realmente demoravam mais para chegar por lá, mas esse aparentemente não existia naquelas terras). Para a minha sorte, alguns amigos meus conseguiram suas cópias (comprando em outras cidades, importando, sei lá). Então, tudo o que tive que fazer foi pegar emprestado por uns dias, para testar e afins.

Vocês devem estar se perguntando: "que tipo de pessoa começa a jogar uma franquia pelo seu terceiro título? Quer dizer, tem outros dois antes, que você tá simplesmente ignorando, não deveria jogá-los primeiro?" Afinal, ninguém começa a ver Star Wars por "O Retorno de Jedi" ou "A Vingança dos Sith". Ninguém lê Harry Potter começando pelo "Prisioneiro de Azkaban". Ninguém assiste "De Volta Para o Futuro III" antes dos outros dois. Senhor dos Anéis não deve ser iniciado por "O Retorno do Rei". E, especialmente, você não deve ver "Exterminador do Futuro: A Rebelião das Máquinas", "Homem de Ferro 3" ou Homem-Aranha 3" antes dos demais. Aliás, você nem deve ver esses filmes, mas isso fica pra outra discussão.

Mas e se for Indiana Jones? Bom, você pode tranquilamente começar por "A Última Cruzada", pois cada longa clássico tem sua história fechada e redonda, sem grandes ligações diretas com a trama dos demais. E, felizmente, esse é o caso de "Metal Gear Solid 3" em relação ao seus antecessores. Mais do que isso, ele é o primeiro na ordem cronológica dos acontecimentos da saga, antes mesmo dos velhos jogos que deram início a tudo, "Metal Gear" e Metal Gear 2: Solid Snake", para MSX (que não devem ser confundidos, em hipótese alguma, com "Metal Gear Solid" e "Metal Gear Solid 2: Sons of Liberty"). Então, não foi exatamente um erro ou um grande problema.

Ainda que fosse um problema, não seria um que eu me arrependeria de ter cometido. Porque o game mudou minha vida desde a primeira vez que o joguei. A começar por sua abertura:



Quanta perfeição. Eu já a vi dezenas, centenas de vezes, e nunca me cansei. Essa bela homenagem aos temas dos 007 clássicos entoada por Cynthia Harrell é uma música que sempre me encantou, e sempre me encantará. E todo o clima de anos 1960, Guerra Fria e espionagem só colaboram para melhorar tudo isso, dando o tom certeiro sobre o que o jogador pode esperar  daí para frente. Para melhorar, essa introdução é interativa. Você pode mexer com a ondulação das letras, mudá-las para caracteres em japonês, transformadas em esqueletos de cobra, mudar as cores de fundo, mudar imagenzinhas, direcioná-las de forma diferente... Basicamente, você brinca com tudo aquilo ao seu bel-prazer, algo que se repete na tela de "Press Start". Simplesmente fantástico.

Quando entrei no game de fato, minha cabeça explodiu. Nunca tinha visto nada como aquilo, seja nos quesitos de gráficos, gameplay, sons ou ambientação. Eu realmente me sentia na pele de um espião estadunidense infiltrado nas selvas soviéticas em uma missão ultra-secreta. Tudo colaborava para isso: a (então) perfeição visual, os controles perfeitamente responsivos, os barulhos da natureza selvagem e a vida daquele local, com a fauna e a flora em perfeita sincronia. Aliado a esses detalhes, ainda havia a ação em stealth meticulosamente criada, uma ótima inteligência artificial dos inimigos, áreas diferentes a serem exploradas, um vasto arsenal a ser encontrado conforme se progredia, "boss battles" emocionantes (The End e The Boss, em especial), segredos e easter eggs. Recursos inovadores como a possibilidade de escolher um traje e pintura facial diferentes para se camuflar melhor em cada local do jogo, a necessidade de caçar animais ou encontrar alimentos para manter sua barra de stamina em bons níveis e a opção de realizar curativos ou usar medicamentos no caso de algum ferimento ou envenenamento só colaboravam ainda mais para transformar a experiência na melhor que já tive com video-games até hoje.

Mesmo tendo pego MGS3 emprestado, apenas para "testes", eu fiquei com o jogo por um bom tempo. Zerei várias e várias vezes, tentando conseguir todas as armas, camuflagens, pinturas e tudo mais que pudesse estar escondido, ao mesmo tempo que ia batendo meus recordes de tempo de término do jogo (acho que meu melhor tempo foi 2:53h na época), e usando apenas a arma de tranquilizantes para tudo. Quando devolvia, pegava emprestado com algum outro amigo que o tinha. E fiquei um belo tempo nesse esquema, até que finalmente pude comprar a minha própria cópia.

Só que o "Metal Gear Solid 3" que eu comprei era diferente daquele que meus amigos tinham. Enquanto a versão deles era a "Snake Eater", a minha era a "Subsistence", lançada um ano depois. E qual a diferença? Bom, meu jogo tinha algumas novidades. Novas camuflagens e pinturas foram inseridas, além de mais um nível de dificuldade, o "European Extreme" (que também esteve presente na versão "Substance" de MGS2). Fora isso, esse lançamento tinha um disco extra, que continha várias cutscenes engraçadalhas que parodiavam momentos do próprio game, o modo "Snake vs Monkey" (já presente na versão comum, mas agora com novas fases), os clássicos "Metal Gear" e "Metal Gear 2: Solid Snake", em toda sua glória, e o modo online, que eu infelizmente nunca pude jogar, pois internet no PS2 era luxo demais em uma época que eu tinha 512 kbps de banda larga. A grande e mais essencial inovação, porém, ficou por conta da inserção da câmera livre em todos os modos, ao contrário da câmera em ponto fixo vista até então. Isso melhorou a experiência em todos os aspectos, e acabou se tornando tendência para os títulos da saga que viriam a seguir (o próprio Kojima disse que testou o recurso nessa versão já pensando em MGS4).

A única coisa ruim de "Metal Gear Solid 3: Subsistence" é que ele não compartilhava o save com "Snake Eater". Ou seja, todo meu progresso e esforço feito com os jogos dos meus amigos foi por água abaixo. Mas tudo bem, pois tive a "sorte" de fazer tudo de novo. E foi ainda melhor dessa vez.

Mas e a história? Ah, a história... É engraçado ter tanto amor por uma trama que eu só fui entender por completo anos depois, quando rejoguei toda a franquia (agora na versão remasterizada em HD) por volta de 2012, justamente para conseguir compreender tudo (antes só havia lido em fóruns e afins, pois meu inglês ainda era bem básico). E valeu muito a pena, pois pude reviver momentos marcantes e aproveitar muito melhor outros que passaram completamente despercebidos. Um enredo complexo, abordando diversas questões políticas (num tempo tão delicado para o mundo), militares e de lealdade, apresentado majestosamente pela visão cinematográfica de Hideo Kojima e que, aliado ao visual de cair o queixo e uma gama de personagens carismáticos e memoráveis, se tornou algo único. Jamais esquecerei certos momentos, especialmente aqueles no final do game. MGS3 ainda possui uma das minhas citações favoritas, proferida por The Boss antes de seu confronto final com Snake:

"In 1960 I saw a vision of the ideal future from space. Three years earlier the Soviet Union had succeeded in launching Sputnik, the first manmade satellite in history, into orbit. This came as a huge shock to the United States. In response, America threw everything it had into its own manned space flight project, the Mercury project. Even as the Soviets seemed poised to send their first man into space America was still experimenting with chimpanzees in rockets. The government wanted human data. So they secretly decided to send a human being into space. I was the one they chose. At the time they didn't have the technology to block out cosmic rays and whoever they sent up would inevitably be exposed to heavy radiation. That's why they chose me. After all, I had already been irradiated once. Of course, you won't find any of this in the history books. I could see the planet as it appeared form space. That's when it finally hit me. Space exploration is nothing but another game in the power struggle between the US and USSR. Politics, economics, the arms race - they're all just arenas for meaningless competition. I'm sure you can see that. But the Earth itself has no boundaries. No East, No West, No Cold War. And the irony of it is, the United States and the Soviet Union are spending billions on their space programs and the missile race only to arrive at the same conclusion. In the 21st century everyone will be able to see that we are all just inhabitants of a little celestial body called Earth. A world without communism and capitalism... that is the world I wanted to see. But reality continued to betray me.

É, "Metal Gear Solid 3" foi um game que marcou bastante minha vida. Uma experiência inesquecível e única, que mudou minha maneira de encarar video-games para sempre. E eu sei que isso também aconteceu com muitos outros, pois vejo direto pessoas dizerem que este é seu título favorito da franquia e também foi seu primeiro. Saibam que sofremos juntos para enfrentar The End, criamos o "Time Paradox" ao atirar em Ocelot quando ele está nocauteado, caçamos os sapos Kerotan em cada novo cenário que explorávamos e nos emocionamos juntos com as cenas que fecham a história. Fico feliz em ter crescido jogando a saga, enquanto pude vê-la evoluir conforme crescia. E, do mesmo jeito que eu envelheci, MGS3 também envelheceu, e envelheceu muitíssimo bem. Mesmo mais de 10 anos depois, esse ainda é meu jogo favorito entre todos que já joguei, algo que talvez só venha a ser desbancado por "Metal Gear Solid V: The Phantom Pain".

"Mas espera, se tantos outros fizeram como você e começaram pelo terceiro jogo, porque você disse que jogou numa ordem completamente errada?"

Calma, esse é só o começo...

quarta-feira, 19 de agosto de 2015

[CRÍTICA] Ghost - "Meliora" (2015)


Há álbuns que te cativam e te conquistam logo na primeira ouvida. Dentre estes, posso destacar todos os lançados pelo Ghost até o momento. "Opus Eponymous", o debut do grupo, me ganhou desde o momento que ouvi apenas a música "Ritual", para ver se o estilo dos caras me agradava, e a experiência completa foi hipnotizante, com aquele som simples, mas bem elaborado, e todo aquele clima sombrio e ocultista, indo contra a maré do "Rock está morto" (coisa que hoje sei muito bem que nunca foi verdade, apenas um discurso de tiozões saudosistas). O registro seguinte, "Infestissumam", me dominou por completo durante uma boa quantia de meses. Com um instrumental ainda simples, porém melhor lapidado, afiadíssimo e flertando abertamente com outros subgêneros como o Surf Rock e o AOR, aliado à performance vocal avassaladora do Papa Emeritus II, aquele para mim era o suprassumo da versatilidade dentro da proposta, e possivelmente o trabalho definitivo da banda. Realmente achei que eles não conseguiriam lançar algo tão bom quanto aquilo.

Felizmente, há no mundo artistas que se desafiam a cada novo lançamento. Esse também é o caso do Ghost. Como é bem nítido, houve uma mudança no estilo do primeiro para o segundo disco. Então, porque não fazer o mesmo para um terceiro? E eles fizeram, e como fizeram. A promessa de um dos Nameless Ghouls, os instrumentistas mascarados cujas identidades ninguém sabe, era de um trabalho mais focado na parte instrumental, em contraponto ao destaque vocal de "Infestissumam", e isso já se mostrava bem claro com as três primeiras músicas divulgadas de "Meliora".

Antes de falar de "Meliora" como um todo, acho importante falar mais sobre as tais três músicas reveladas previamente. "Cirice", "From Pinnacle to the Pit" e "Majesty" não poderiam ser escolhas mais acertadas para a divulgação, pois, além de evidenciarem as diferenças em relação ao seu antecessor, também escancaram ao ouvinte tudo de melhor que o álbum pode oferecer. O destaque aos instrumentos, como prometido, está lá, com arranjos extremamente bem trabalhados, versatilidade e a adição de uma boa dose de peso, especialmente se comparado com o som apresentado anteriormente. O trio de composições também é provavelmente o ponto mais alto do álbum, sendo todas excelentes e facilmente relacionáveis, já que, mesmo com todas as mudanças, a marca registrada do Ghost está sempre presente: o clima macabro e toda a interpretação do vocalista. E não dá para simplesmente destacar uma delas, já que justamente suas peculiaridades são o que as tornam igualmente excelentes.

Sendo assim, é hora de falar das músicas que ainda não eram de conhecimento do público. "Meliora" tem sua abertura decretada com "Spirit", uma música forte, sombria e densa, ou seja, um ótimo cartão de visitas, que ainda tem a vantagem de fazer uma sutil transição para a entrada de "From Pinnacle to the Pit", de modo que as faixas poderiam muito bem ser uma só. "Spöksonat" serve como introdução para a também acústica "He Is", uma das mais sensacionais do CD, pelo modo como ela evolui em seus pouco mais de 4 minutos de duração. "Mummy Dust" provavelmente é a mais pesada do registro, com uma excelente performance de teclado. "Devil's Church" faz jus ao nome, com um órgão e um coral que remetem às missas clássicas, e também introduz "Absolution", que, para mim, é a composição mais contagiante de todo o álbum, com um dos melhores refrões que já ouvi nos últimos tempos, muito graças ao magistral piano que acompanha as palavras de Papa Emeritus. Finalizando com chave de ouro, temos "Deus In Absentia", bem cadenciada e que ainda traz um coro de cantos gregorianos em seus derradeiros segundos.

O que eu mais gostei desse novo disco do Ghost, e acredito que já tenha ficado bem evidente, foi a parte instrumental. Mas é perfeitamente justificável, já que a mudança de algo que já era ótimo nos dois primeiros lançamentos foi na verdade uma evolução. Todos os membros se arriscam mais, a criatividade está além da estratosfera, os arranjos equilibram melodia e peso num nível ideal para a proposta da banda, as guitarras são máquinas de riffs e solos impecáveis, o baixo se destaca e é influente, a bateria faz viradas espetaculares e os teclados são um show a parte, com variações absurdas e a colaboração essencial para a criação do clima soturno. E, apesar de pouco ter falado do Papa Emeritus (agora em sua terceira encarnação, como manda a tradição), sua performance vocal não deve em nada, especialmente tendo "Infestissumam" em mente, alcançando o ápice com "Cirice".

É sempre difícil falar de um álbum tão bom. Sempre fico com a sensação de que faltam palavras o suficiente no mundo para conseguir transmitir minhas impressões. Juro que tentei meu melhor, mas o único jeito de compreender "Meliora" é ouvindo-o na íntegra e repetindo o processo várias e várias vezes, pois, ainda por cima, as músicas crescem a cada audição. Mais uma obra prima desses suecos que ninguém sabe quem são, mas que certamente são alguns dos músicos mais criativos e versáteis dos últimos tempos. Forte candidato a melhor do ano.

Vida longa ao Ghost e toda sua colaboração para a música!

NOTA: 10,0

Ouça agora "Meliora" NA ÍNTEGRA:



Confira também o excelente clipe da música "Cirice":

segunda-feira, 17 de agosto de 2015

Novidades direto da D23!

Ocorreu neste fim de semana em Anaheim, California, a convenção D23, que é, basicamente, uma mini Comic Con focada na Disney e em suas propriedades, como a Pixar, Marvel e Lucasfilm. Coisas bem bacanas foram divulgas por lá, e por isso resolvi trazer algumas delas para o blog.

PIXAR: nosso estúdio de animação favorito confirmou três sequências: Os Incríveis 2, Carros 3 e Toy Story 4, como é possível conferir na imagem abaixo.


Dessas três novidades, há detalhes apenas sobre a última. O novo Toy Story será de fato uma espécie de comédia romântica com base no relacionamento entre o caubói Woody e Bo Peep (conhecida no Brasil, por motivos que desconheço, como Betty), a boneca pastoreira dos dois primeiros filmes. 

Além disso, foi anunciada uma nova animação chamada "Coco", que terá como inspiração o Dia de los Muertos, e "Procurando Dory" recebeu uma nova imagem, que conta com um novo personagem, o polvo Hank:


MARVEL: o primeiro trailer de "Capitão América: Guerra Civil" foi divulgado na feira, e ele é completamente diferente daquela descrição que apareceu na internet uns dias atrás. Nada de Homem-Aranha, e nada do vídeo também, que só deve ser lançado mundialmente por volta de NOVEMBRO. Também foi mostrada uma arte conceitual do uniforme do Doutor Estranho, que também ainda não está disponível, mas que, segundo relatos, está extremamente fiel ao das HQs.

PIRATAS DO CARIBE: o quinto longa da franquia, "Dead Men Tell No Tales", realmente está acontecendo e sairá em 7 de julho de 2017. O logo foi finalmente divulgado:


Além disso, foi confirmado retorno de Orlando Bloom como Will Turner, bem como o envolvimento de Javier Bardem com filme, que interpretará um pirata chamado Capitão Salazar.

STAR WARS: pra início de conversa, Colin Trevorrow foi confirmado como o diretor de "Star Wars Episódio IX" (muito provavelmente graças ao 1.5 bilhão de dólares que "Jurassic World" fez nas bilheterias mundiais, sendo o maior sucesso do ano até o momento). Logo em seguida, foi divulgado que o primeiro filme derivado da franquia mudou de nome e agora se chamará "Rogue One: A Star Wars Story" (antes conhecido como "Star Wars Anthology: Rogue One"), e a primeira imagem do elenco caracterizado foi mostrada (e, por algum motivo, não consigo tirar meus olhos dela):


Da esquerda para a direita: Riz Ahmed, Diego Luna, Felicity Jones (<3), Jiang Wen e Donnie Yen.

Em seguida, foi a vez de "Star Wars: O Despertar da Força" tomar o palco. Nada de trailer, como já havia sido divulgado, mas mostraram o (finalmente) primeiro pôster do longa, feito por Drew Struzan, também responsável pelos posteres de todos os demais filmes da franquia. Por algum motivo, não soltaram a imagem oficialmente na rede, então contentem-se com essa foto dele: 


Pra fechar o painel, o CEO da Disney, Bob Iger, divulgou que Star Wars ganhará dois parques temáticos completos, em conjunto à Disneyland, na Califórnia, e à Walt Disney Resort, na Flórida. Eles terão experiências imersivas, com personagens icônicos espalhados por toda a área, e também um SIMULADOR DE MILLENIUM FALCON. Comecem a guardar dinheiro desde já.

KINGDOM HEARTS: foi revelado que a tão aguardada sequência terá um mundo baseado em "Operação Big Hero", animação de sucesso do Walt Disney Studios lançada no fim de 2014. Confira o anúncio completo abaixo:



Para finalizar, fiquem com essa imagem do dia que o Capitão Han Solo encontrou o Capitão Jack Sparrow:

quinta-feira, 13 de agosto de 2015

O novo "Quarteto Fantástico" é tão ruim assim?


A internet explodiu na última semana com uma enxurrada de críticas negativas e ofensas para "Quarteto Fantástico", a nova tentativa da 20th Century Fox em iniciar uma franquia para a equipe que deu início ao Universo Marvel dos quadrinhos como conhecemos hoje. O filme, no momento em que realizo esta postagem, está com nota 3.9 na IMDb, 27% de aprovação no Metacritic e apenas 9% no Rotten Tomatoes, um resultado bem próximo de pérolas como "Batman e Robin", "Mulher-Gato" e "Elektra", ao mesmo tempo que se mostra inferior a ambas as adaptações dos heróis realizadas anteriormente.

Todo esse repúdio ao longa me deixou extremamente surpreso, pois eu jamais esperaria uma recepção tão negativa depois de ser surpreendido pelos trailers, com todo seu clima e proposta interessantes. Isso me fez não ir ao cinema logo nos dias após a estreia, como é de meu costume. Mas acabei conferindo-o mesmo assim, mais tomado pela curiosidade de saber o quão corretos estavam os críticos do que com a esperança de ver algo bom, como eu aguardava anteriormente.

O começo foi bacana. Reed Richards se mostrando um gênio para o mundo, mas com poucos que o compreendiam. Ele conhece o Dr. Franklin Storm e sua filha, Sue, que percebem o quão valioso é seu intelecto, e logo vai para o Edifício Baxter trabalhar em uma máquina de viagem interdimensional. Lá ele conhece Victor Von Doom, um rapaz de certa forma arrogante, egocêntrico e um pouco insosso. Johnny Storm aparece logo depois após aceitar a proposta de seu pai, com seu jeito malandro e divertido. Reed e Sue vão se tornando mais próximos, o que desperta ciúmes em Victor. E então eles concluem a invenção, mas os militares para quem eles trabalham não deixam que os cientistas sejam cobaias da própria criação. Só que eles fazem mesmo assim, depois de concluírem que essa seria uma ótima ideia enquanto estavam todos bêbados e falando besteira, e ainda recrutam Ben Grimm, melhor amigo de Richards, para acompanhá-los (uma exigência do próprio amigo). Mas o experimento dá errado, tudo sai de controle na outra dimensão em que eles estão, e então um terrível acidente ocorre quando eles tentam voltar para casa. E assim os personagens ganham seus poderes.

Legal, né? Mas quanto tempo demorou pra isso acontecer, uns 30 minutos? Não. Foram cerca de 45 minutos só de começo, ou primeiro ato, como preferir. Isso não seria exatamente um problema, exceto pelo fato de que o filme tem apenas algo por volta de 1:30h de duração (descontando os créditos). Ou seja, metade do filme foi só introdução. Ou seja (novamente): o resto do desenvolvimento talvez ficasse corrido. Mas tudo bem. Estava gostando do filme até ali, o que poderia dar errado?

A resposta: TODO O RESTO.

Reed Richards foge ao ver o que aconteceu com si mesmo e aos outros, já não sendo o líder que deveria ser, como ocorre nas HQs. Aí há um corte para um ano depois, e os militares vem treinando os membros remanescentes do acidente e os colocando em "black ops". Algum gênio teve a brilhante ideia de que o futuro do exército dos EUA seria desenvolver mais humanos com poderes como aqueles (por que não, afinal?), mas para voltar à outra dimensão eles precisam reconstruir a máquia, e só Richards pode ajudá-los nisso (afinal, ninguém tinha os projetos salvos em lugar algum). Eles encontram Reed, e só Ben, já sendo o Coisa, está p*** da vida com seu antigo amigo por tudo o que aconteceu. A experiência é refeita, dessa vez com militares a bordo, e eles acham Von Doom inexplicavelmente vivo na outra dimensão (sim, ele ficou pra trás), que de alguma forma encontrou um pedaço de pano verde por aquelas terras inóspitas e estava com metal por todo o corpo. Infelizmente, os efeitos usados para tal foram os mais porcos possíveis, e o personagem ficou com um dos visuais mais toscos que eu já vi na vida.

E então, em menos de 10 minutos, Victor decide que quer destruir a Terra porque agora tem poderes (que deveriam ser magia oculta, mas foram adquiridos pelo contato com a "lava" interdimensional), mata Franklin Storm sem motivo aparente, abre um portal dimensional e lança um raio vindo da suposta Zona Negativa contra o planeta. Então os outros quatro se unem para derrotá-lo, acabam com a ameaça e o vilão desaparece. Aí eles ganham um quartel general no meio do nada após negociarem com o governo. E acabou.

No fim, o maior vilão de "Quarteto Fantástico" não foi essa sombra cinematográfica de Doutor Destino, e sim a execução completamente errada e a péssima distribuição de tempo da adaptação. E, aliado a isso, temos atuações mal direcionadas de todo o elenco, que variam entre momentos bem convincentes e outros que até uma mesa de centro se expressaria melhor; efeitos especiais totalmente artificiais e mal feitos; distorções das personalidades dos personagens, em especial na segunda metade do filme, onde só o Coisa foi bem representado; trilha sonora inexpressiva; essa ideia genial de envolver militares na trama e, para finalizar, uma destruição completa da imagem de Victor Von Doom, o melhor antagonista das histórias da Marvel.

Fiquei bem triste com o filme. Não pelo que ele é, mas pelo o que ele poderia ter sido. Uma boa premissa baseada no Universo Ultimate, um elenco que já demonstrou seu talento em outras obras e um promissor jovem diretor que foi responsável por um ótimo longa sobre pessoas superpoderosas acabaram se transformando em uma enorme perda de tempo e dinheiro. E, independente de quem foi o culpado por esse resultado, espero que a Fox tenha finalmente entendido que eles não sabem usar o Quarteto Fantástico. Então, retornem logo os direitos para a Marvel Studios, por favor.

NOTA: 4,5/10