quinta-feira, 26 de outubro de 2017

"Os Novos Mutantes", ou como a Fox está (de novo) revitalizando o gênero de super-heróis


Há pouco mais de 17 anos, um dos mais importantes filmes de super-heróis começava a chegar às salas de cinema de todo mundo: X-Men: O Filme. Lançado na segunda metade de 2000, o longa marcava o início de uma nova era para um gênero que vinha combalido após ser acometido com repetidas tentativas falhas de adaptações, como Superman III (1983), Supergirl (1984), Superman IV: Em Busca da Paz (1987), Batman Eternamente (1995) e Batman & Robin (1997), e isso apenas citando as grandes produções hollywoodianas. A primeira aventura dos mutantes da Marvel sob a batuta da Fox e a direção de Bryan Singer mostrou que era possível trabalhar com personagens dos quadrinhos de uma forma mais madura, sóbria (ainda que isso os tenha custado as cores de seus uniformes) e ainda assim acessível, lidando com temas pertinentes e se afastando do mero escapismo. Apesar de não ter envelhecido tão bem quanto o esperado, é injusto não reconhecer sua influência para o que veio em seguida (Homem-Aranha do Sam Raimi, Batman do Christopher Nolan e todo o Universo Cinematográfico Marvel).

Após a boa recepção com esse primeiro X-Men e sua sequência, X-Men 2, o estúdio falhou em replicar sua fórmula de sucesso com outros heróis, sendo responsável pelas esquecíveis adaptações do Demolidor, Elektra, Quarteto Fantástico e Motoqueiro Fantasma. Mesmo sua franquia de maior sucesso acabou saindo fora de controle, com X-Men 3: O Confronto Final tendo dividido os fãs e o spin-off X-Men Origens: Wolverine sendo considerado abaixo do esperado. Foi só através de X-Men: Primeira Classe que a Fox conseguiu se reencontrar, tendo lançado, na sequência, o bom Wolverine: Imortal e o ótimo X-Men: Dias de um Futuro Esquecido (embora tenham cometido o tenebroso Quarteto Fantástico de 2015 pouco depois).

Esse período de estabilidade foi essencial para que a produtora pudesse tomar coragem para investir em um projeto da forma que ele deveria ser: Deadpool (muito, claro, graças à insistência de Ryan Reynolds e da reação dos fãs após tomarem conhecimento do curta-teste da produção). Um dos grandes sucessos de crítica e público, o longa em muito se beneficiou de se afastar do filme padrão de super-herói (apesar de ainda manter alguns dos clichês do gênero) e abraçar sua vocação como uma comédia adulta, fazendo bom uso de sua classificação para maiores de 16 anos e apresentando uma boa dose de violência, palavrões e piadas sujas. E essa adaptação, por sua vez, fomentou o caminho para um dos filmes mais aclamados de 2017: Logan, que também foi feito para o público adulto, abraça a violência e o linguajar hostil, mas que é, em sua essência, um grandioso faroeste moderno, novamente fugindo do básico e passando ainda por temas como legado, família e paternidade.

Seguindo sua própria tendência, a Fox prepara para o próximo ano o lançamento de Os Novos Mutantes, derivado dos X-Men focado em estudantes do Instituto Xavier que não tiveram espaço na equipe principal. A aposta, dessa vez, é investir no terror, resgatando alguns elementos menos explorados das primeiras HQs do grupo e se aprofundando neles, deixando, novamente, os ares super-heroicos de lado. Com uma prévia bastante promissora, pode ser a prova cabal da revitalização de um gênero que, para muitos, já começava a dar sinais de desgaste caso dê certo, e aponte a direção a ser seguida em adaptações futuras: a de mesclar outros estilos a suas histórias e aproveitar ao máximo o potencial de seus personagens. Curioso, porém, isso vir dos mesmos que deram o pontapé inicial a toda uma tendência em 2000, e que agora se vem com a oportunidade fazer história mais uma vez.

Você pode conferir o trailer de Os Novos Mutantes abaixo: