"Às vezes, para amar alguém, você precisa se tornar um estranho."
Aviso: esse texto contém diversos spoilers de Blade Runner 2049.
"...você não pode refutar a existência de experiências conscientes provando que elas são apenas aparências disfarçando a realidade oculta porque, se tratando de consciência, a existência da aparência é a realidade." - John Searle, The Construction of Social Reality
"Mas no caso / Da minha fonte branca, o que ela substituiu / Perceptivelmente era algo que, eu achei, / Só poderia ser compreendido por seja lá quem residisse / No estranho mundo onde eu era mero devaneio." - Vladimir Nabokov, Fogo Pálido
"...um nada escuro como sangue começou a girar / Um sistema de células interligadas dentro de / Células interligadas dentro de células interligadas / Dentro de um tronco. E morbidamente distinta / Contrastando com a escuridão, uma alta fonte branca funcionava." Estes trechos do teste de parâmetro pós-traumático de Blade Runner 2049 foram tirados da obra Fogo Pálido, do autor Vladimir Nabokov. No livro, o poeta fictício John Shade vê uma fonte branca e alta durante uma experiência de quase morte - a "presença [da imagem] sempre iria / Consolar [a ele] formidavelmente." Posteriormente, Shade leria, em uma revista, a respeito de uma mulher que quase morreu, visitou "o Lugar Atrás do Véu" e também viu uma "fonte branca e alta" por lá. O protagonista encontra essa mulher para compartilhar sua visão com ela, porém descobre que tudo não passou de um erro de digitação - não era uma "fonte", mas sim uma "montanha" que ela visualizou. Entretanto, nada muda com essa informação: a imagem de uma fonte branca e alta tinha significado não por conta de algum sentido objetivo, não porque era prova empírica de vida após a morte, mas devido à importância que Shade atribuiu a ela. O acadêmico fictício Dr. Charles Kinbote, que faz anotações no poema de John Shade, escreve: "Todo nós somos, de certo modo, poetas."
E Blade Runner 2049, do diretor Denis Villeneuve, é um poema. O longa é um neo-noir sobre o mistério do ser, empatia, conexão, como definimos o que é real, independente de isso importar ou não. E também é a história de amor entre um replicante e uma mulher digital. O roteirista Hampton Fancher explicou que "[K] é um bloco de notas. Ele segue as regras. Ele é uma máquina, de certo modo. Mas a ideia era essa: um bloco de notas que se torna um poema através de suas experiências e suas provações e amor. E o mesmo acontece com a mulher digital." Enquanto aposentava um replicante de modelo antigo, o blade runner K, interpretado por Ryan Gosling, descobre o esqueleto de uma replicante que pariu uma criança: um milagre. Sua superior, a Tenente Joshi (Robin Wright), ordena que ele encontre e mate essa criança. Mas o mistério se complica quando o próprio K começa a achar que pode ser esse milagroso filho de Rachael (Sean Young) e Rick Deckard (Harrison Ford). Ele encontra Deckard vivendo nas ruínas de um cassino, esperando encontrar respostas para suas questões, e conhece seu cachorro, que tem peculiar apreço por uísque. "Ele é real?", pergunta o policial, e o ex-blade runner responde: "Não sei. Pergunte a ele." Uma piada, mas também um paradigma que traz luz a Blade Runner 2049.
Ao contrário da ambiguidade da identidade de Deckard, K sabe que é um replicante. As pessoas que habitam seu mundo são sombras. O DPLA, a corporação de Niander Wallace e a rebelião dos replicantes são três forças desumanizadoras em conflito: burocracia, capitalismo, guerra. A Tenente Joshi acredita em uma barreira entre a humanidade e os replicantes, e a preservação da ordem a qualquer custo. Ela quer a criança milagrosa morta, apagada. A rebelião dos replicantes deseja a criança viva, mas Freysa, interpretada por Hiam Abbass, quer que Deckard seja morto, preservando assim sua identidade. E o "industrialista" Niander Wallace (Jared Leto) quer esse filho para dissecá-lo e descobrir o segredo de Tyrell para a criação de replicantes capazes de reproduzir. Ele inveja a capacidade natural das mulheres de criar. Ele é um Dr. Frankenstein sem visão figurada ou literal. Mais do que um cientista ou um visionário, ele é um capitalista objetificando seres vivos, um colonizador que deseja que os humanos conquistem o espaço com escravos replicantes. Wallace estripa uma replicante recém-criada por ela ser incapaz de gestar. "Um pasto seco. Espaço vazio entre as estrelas", ele explica, reduzindo seu "anjo" a sua função reprodutiva.
O mundo de Blade Runner 2049 é assombrado pelas intenções de Niander Wallace, pela desumanização, pelos fantasmas de mulheres digitais. É um lugar onde um orfanato se encontra no lixão da cidade, com suas crianças reduzidas a escravos. Também é um inferno distópico para as mulheres, mas que prevê um futuro pertencente a elas. A Dra. Ana Stelline (Carla Juri), a criança milagrosa, é uma mulher, uma revelação que subverte as expectativas da história - e de gênero. E o milagre da personagem não está apenas nos detalhes de seu nascimento, mas também em sua empatia. Em seu laboratório, ela vive em uma redoma de vidro, fabricando memórias para replicantes, criando verdadeiro deleite para sua espécie, sendo cada memória um ato de amor, uma forma de arte. É ilegal implantar memórias reais, mas Stelline faz isso mesmo assim, compartilhando suas próprias lembranças felizes com eles. Replicantes vivem vidas tão duras, como a garota explica para K, mas ao menos ela pode dar a eles boas memórias.
A Dra. Stelline talvez seja a única personagem ímpar de Blade Runner 2049. Ninguém brilha como o hipnotizante Roy Batty de Rutger Hauer, e nem deveria. Batty era o herói byroniano do Blade Runner original, tal qual Satanás no poema Paraíso Perdido - e, ao salvar a vida de Rick Deckard, ele se torna uma figura como a de Cristo. Mas K é como o Joseph K de Franz Kafka (no romance O Processo), caminhando pela alienação, desorientação, ansiedade e banalidade de um universo absurdo, burocrático e sufocante. K é um replicante desenvolvido para obedecer, "feliz em limpar merda porque nunca viu um milagre", mas que muda de "algo" para "alguém" quando passa a acreditar que ele é o milagre. K começa a querer ter um nome, uma mãe, e espera que tenha sido concebido ao invés de criado, pois talvez assim ele tenha uma alma. Joshi então diz: "Você vem se dando bem sem uma."
O roteirista Michael Green explica que Blade Runner 2049 trata da "aspiração dos personagens em atingir algo maior". Assim como John Shade, ao descobrir que sua visão de quase morte não era compartilhada, K percebe que a lembrança do cavalinho de madeira não pertence a ele afinal. Isso significa que ele não é o filho de Rachael, que ele não é um milagre e, no fim, não é especial, mas isso não importa. No momento em que o personagem pensa que é algo a mais e deseja ser algo a mais, ele se torna algo a mais. Sua percepção é a realidade. E isso acaba reprogramando-o.
A respeito da companheira digital Joi (Ana de Armas), Green diz: "já que somos definidos pelo que amamos, o que [K] amava precisava de uma história também." Para o mundo, o protagonista é apenas um "pele branca." Para Joi, porém, ele é um poema. Ela chama seu DNA de "o alfabeto de você." Ela diz a ele: "Eu sempre soube que você era especial." Se os replicantes são considerados espécies secundárias, essas mulheres digitais são terciárias, talvez até mais rebaixadas. A profissional do sexo Mariette (Mackenzie Davis) diz a ela: "Eu estive dentro de você. Não há muito mais ali quanto você imagina."
O comentário de Mariette reflete o desdém que o mundo tem por inteligências artificiais como Joi, mas também revela que, tal qual K, ela acreditar ser mais. Alguns podem duvidar de sua senciência, mas ela ama o fato de ter ganho o emanador, o presente que a permite se deslocar para além do apartamento. Ela sente o prazer de ver gotas de chuva em sua pele digital. É possível perceber que ela fica verdadeiramente maravilhada ao olhar para fora da janela do carro de K, observando a cidade e os céus pela primeira vez, uma reação que não é relacionada a seu parceiro. Contratar Mariette para que eles pudessem ter um momento de intimidade foi sua ideia. "Eu quero ser real para você", ela diz. E ele responde: "Você é real para mim." E ela arrisca tudo por ele ao pedir que a delete do painel de controle do apartamento, de modo que ninguém consiga usar sua memórias para encontrá-lo. Ela existirá apenas no emanador, e se algo acontecer a ele, conforme K explica, ela desaparecerá para sempre. "Sim, como uma garota de verdade", responde. A morte de Joi funciona como uma espécie de teste de Rorschach ou até mesmo um Voight-Kampff para a audiência, testando nossa resposta sobre ela ser um ser com sentimentos, se sentiremos empatia, pesar. Assim como no paradigma do cachorro de Deckard, se Joi perceber que ela é, de fato, "uma garota de verdade", que ela possui um "eu", que ama K, que seu sofrimento, seu espanto e seu amor são reais para si, então ela é um ser real com consciência, tal real quanto um replicante, um cão ou um humano.
O amor de K por Joi faz um paralelo com o de Deckard por Rachael. Luv (Sylvia Hoeks), a replicante capanga de Niander Wallace, chama Rachael de "insignificante", mas Deckard discorda. Quando Wallace oferece a ele uma replicante clone de sua amada em troca de seu filho, o ex-blade runner recusa a oferta. Ela não é a mesma coisa. "Eu sei o que é real", ele diz ao industrialista. Ela era especial, marcante, insubstituível porque Deckard a amava. K sente a mesma falta de conexão na cena seguinte: ele encontra uma propaganda gigante de outra Joi. Ela se parece com Joi, chama-o de "um belo Joe", assim como Joi fez, mas não é a mesma coisa para ele também. Nesse momento, talvez K tenha questionado se sua Joi de fato o amou em algum momento. Mas talvez isso não importe, já que o amor que ele sentiu foi real. Essa Joi não era a mesma que a sua Joi. E é nesse momento que K decide ir atrás de Deckard - não para matá-lo, como Freysa havia ordenado, mas para ajudá-lo a conhecer sua filha.
Freysa diz ao protagonista: "Morrer pela causa certa é a coisa mais humana que podemos fazer." Para ela, a "causa certa" é a guerra contra a humanidade. Para K e Joi, porém, a causa certa é o amor. Joi põe sua existência em risco e morre tentando proteger K. Ele, por sua vez, morre por amor, mas não um que ele sinta - é pelo amor de um pai e uma filha, praticamente estranhos para ele. Ele sabe que não é o escolhido, mas ajuda Deckard a conhecer Stelline mesmo assim. Como um suave eco da cena da morte de Roy Batty, ele morre sozinho, mas sem um monólogo ou a atenção dos espectadores. Apenas o prazer de sentir a neve em sua pele uma última vez. No laboratório, neve digital cai dentro da redoma de Stelline, e seu fascínio com essa falsa experiência é tão real quanto o de K. E, apesar de não ser especial da mesma maneira que a filha milagrosa, suas ações altruístas e sua experiência da neve compartilhada com ela tornam esse momento sacrossanto.
Em sua busca por Deckard, K se viu nas ruínas de uma cidade sufocada por uma névoa amarela radioativa. Uma abelha pousa em sua mão. Ele segue em frente e encontra um apiário, e deixa as abelhas cobrirem sua mão. Elas são um reflexo dos replicantes, o conceito de mente coletiva. Mas também representam esperança, conexão, "células interligadas". Uma abelha é um ser tão pequeno, aparentemente insignificante, mas com um enorme propósito: sustentar vida. "Você sonha em estar interligado?", pergunta o teste de parâmetro pós-traumático para K. Essa frase, essencialmente, questiona tanto se ele sonha em ser independente, quanto se ele sonha em sentir-se conectado com outros. No início de Blade Runner 2049, quando o protagonista está literalmente dormindo no volante, e nem considera o replicante de modelo antigo Sapper Moon como de sua própria espécie, ele passa no teste de parâmetro. Até final do longa, K rejeita a ideia de Niander Wallace de replicantes como meros "produtos", rejeita o comprometimento de Freysa com uma guerra entre as espécies, rejeita a noção de Joshi de que há uma "barreira" entre os seres. "Nós estamos apenas procurando pelo que é real", diz a Tenente a ele. E o que é real para K é o amor.
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Este texto é uma tradução integral do original em inglês, escrito por Priscilla Page e publicado no Birth. Movies. Death. Você pode conferi-lo aqui: http://birthmoviesdeath.com/2017/10/14/the-poetry-of-blade-runner-2049
A Dra. Stelline talvez seja a única personagem ímpar de Blade Runner 2049. Ninguém brilha como o hipnotizante Roy Batty de Rutger Hauer, e nem deveria. Batty era o herói byroniano do Blade Runner original, tal qual Satanás no poema Paraíso Perdido - e, ao salvar a vida de Rick Deckard, ele se torna uma figura como a de Cristo. Mas K é como o Joseph K de Franz Kafka (no romance O Processo), caminhando pela alienação, desorientação, ansiedade e banalidade de um universo absurdo, burocrático e sufocante. K é um replicante desenvolvido para obedecer, "feliz em limpar merda porque nunca viu um milagre", mas que muda de "algo" para "alguém" quando passa a acreditar que ele é o milagre. K começa a querer ter um nome, uma mãe, e espera que tenha sido concebido ao invés de criado, pois talvez assim ele tenha uma alma. Joshi então diz: "Você vem se dando bem sem uma."
O roteirista Michael Green explica que Blade Runner 2049 trata da "aspiração dos personagens em atingir algo maior". Assim como John Shade, ao descobrir que sua visão de quase morte não era compartilhada, K percebe que a lembrança do cavalinho de madeira não pertence a ele afinal. Isso significa que ele não é o filho de Rachael, que ele não é um milagre e, no fim, não é especial, mas isso não importa. No momento em que o personagem pensa que é algo a mais e deseja ser algo a mais, ele se torna algo a mais. Sua percepção é a realidade. E isso acaba reprogramando-o.
A respeito da companheira digital Joi (Ana de Armas), Green diz: "já que somos definidos pelo que amamos, o que [K] amava precisava de uma história também." Para o mundo, o protagonista é apenas um "pele branca." Para Joi, porém, ele é um poema. Ela chama seu DNA de "o alfabeto de você." Ela diz a ele: "Eu sempre soube que você era especial." Se os replicantes são considerados espécies secundárias, essas mulheres digitais são terciárias, talvez até mais rebaixadas. A profissional do sexo Mariette (Mackenzie Davis) diz a ela: "Eu estive dentro de você. Não há muito mais ali quanto você imagina."
O comentário de Mariette reflete o desdém que o mundo tem por inteligências artificiais como Joi, mas também revela que, tal qual K, ela acreditar ser mais. Alguns podem duvidar de sua senciência, mas ela ama o fato de ter ganho o emanador, o presente que a permite se deslocar para além do apartamento. Ela sente o prazer de ver gotas de chuva em sua pele digital. É possível perceber que ela fica verdadeiramente maravilhada ao olhar para fora da janela do carro de K, observando a cidade e os céus pela primeira vez, uma reação que não é relacionada a seu parceiro. Contratar Mariette para que eles pudessem ter um momento de intimidade foi sua ideia. "Eu quero ser real para você", ela diz. E ele responde: "Você é real para mim." E ela arrisca tudo por ele ao pedir que a delete do painel de controle do apartamento, de modo que ninguém consiga usar sua memórias para encontrá-lo. Ela existirá apenas no emanador, e se algo acontecer a ele, conforme K explica, ela desaparecerá para sempre. "Sim, como uma garota de verdade", responde. A morte de Joi funciona como uma espécie de teste de Rorschach ou até mesmo um Voight-Kampff para a audiência, testando nossa resposta sobre ela ser um ser com sentimentos, se sentiremos empatia, pesar. Assim como no paradigma do cachorro de Deckard, se Joi perceber que ela é, de fato, "uma garota de verdade", que ela possui um "eu", que ama K, que seu sofrimento, seu espanto e seu amor são reais para si, então ela é um ser real com consciência, tal real quanto um replicante, um cão ou um humano.
O amor de K por Joi faz um paralelo com o de Deckard por Rachael. Luv (Sylvia Hoeks), a replicante capanga de Niander Wallace, chama Rachael de "insignificante", mas Deckard discorda. Quando Wallace oferece a ele uma replicante clone de sua amada em troca de seu filho, o ex-blade runner recusa a oferta. Ela não é a mesma coisa. "Eu sei o que é real", ele diz ao industrialista. Ela era especial, marcante, insubstituível porque Deckard a amava. K sente a mesma falta de conexão na cena seguinte: ele encontra uma propaganda gigante de outra Joi. Ela se parece com Joi, chama-o de "um belo Joe", assim como Joi fez, mas não é a mesma coisa para ele também. Nesse momento, talvez K tenha questionado se sua Joi de fato o amou em algum momento. Mas talvez isso não importe, já que o amor que ele sentiu foi real. Essa Joi não era a mesma que a sua Joi. E é nesse momento que K decide ir atrás de Deckard - não para matá-lo, como Freysa havia ordenado, mas para ajudá-lo a conhecer sua filha.
Freysa diz ao protagonista: "Morrer pela causa certa é a coisa mais humana que podemos fazer." Para ela, a "causa certa" é a guerra contra a humanidade. Para K e Joi, porém, a causa certa é o amor. Joi põe sua existência em risco e morre tentando proteger K. Ele, por sua vez, morre por amor, mas não um que ele sinta - é pelo amor de um pai e uma filha, praticamente estranhos para ele. Ele sabe que não é o escolhido, mas ajuda Deckard a conhecer Stelline mesmo assim. Como um suave eco da cena da morte de Roy Batty, ele morre sozinho, mas sem um monólogo ou a atenção dos espectadores. Apenas o prazer de sentir a neve em sua pele uma última vez. No laboratório, neve digital cai dentro da redoma de Stelline, e seu fascínio com essa falsa experiência é tão real quanto o de K. E, apesar de não ser especial da mesma maneira que a filha milagrosa, suas ações altruístas e sua experiência da neve compartilhada com ela tornam esse momento sacrossanto.
Em sua busca por Deckard, K se viu nas ruínas de uma cidade sufocada por uma névoa amarela radioativa. Uma abelha pousa em sua mão. Ele segue em frente e encontra um apiário, e deixa as abelhas cobrirem sua mão. Elas são um reflexo dos replicantes, o conceito de mente coletiva. Mas também representam esperança, conexão, "células interligadas". Uma abelha é um ser tão pequeno, aparentemente insignificante, mas com um enorme propósito: sustentar vida. "Você sonha em estar interligado?", pergunta o teste de parâmetro pós-traumático para K. Essa frase, essencialmente, questiona tanto se ele sonha em ser independente, quanto se ele sonha em sentir-se conectado com outros. No início de Blade Runner 2049, quando o protagonista está literalmente dormindo no volante, e nem considera o replicante de modelo antigo Sapper Moon como de sua própria espécie, ele passa no teste de parâmetro. Até final do longa, K rejeita a ideia de Niander Wallace de replicantes como meros "produtos", rejeita o comprometimento de Freysa com uma guerra entre as espécies, rejeita a noção de Joshi de que há uma "barreira" entre os seres. "Nós estamos apenas procurando pelo que é real", diz a Tenente a ele. E o que é real para K é o amor.
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Este texto é uma tradução integral do original em inglês, escrito por Priscilla Page e publicado no Birth. Movies. Death. Você pode conferi-lo aqui: http://birthmoviesdeath.com/2017/10/14/the-poetry-of-blade-runner-2049