segunda-feira, 11 de setembro de 2017

Tem vezes que é melhor não escrever nada

Ele aprova.

Quem escreve com uma certa regularidade já passou por um dos infames bloqueios criativos, quando as ideias, a organização e até mesmo a vontade de escrever abandonam o corpo, saem para um happy hour e te deixam a esmo, tentando espremer qualquer coisa que se assemelhe com um texto, mas sem sucesso. É uma das situações mais frustrantes do mundo da escrita, que deixam qualquer um sentindo-se impotente, infértil. E o pior de tudo: não dá para fazer nada além de esperar por alguma inspiração, algo que simplesmente não tem tempo certo.

Mas e quando você até tem uma ideia e um foco, porém os acha insuficientes?

No sábado retrasado (02/09), fui ao cinema ver Bingo: O Rei das Manhãs. Adorei o filme, muito divertido, bem realizado, ótima trilha sonora e com uma mensagem bacana. E, como de praxe, queria escrever algo sobre ele para postar aqui. Mas, diferente de Atômica, que assisti no mesmo dia e publiquei um texto sobre, eu não consegui desenvolver nada de bom. Não queria fazer um resenha pois, apesar de ser o mais apropriado, acho que venho postando resenhas demais ultimamente. E também não quis usar as de um parágrafo, já que esse formato estou deixando exclusivamente para os longas de super-herói.

Minha ideia era escrever um texto falando sobre algumas das principais características de Bingo: o retrato dos excessos do protagonista, o foco em seu relacionamento com o filho, o retrato fiel e a estilização dos anos 1980 no Brasil. Mas seria chover no molhado. Todos esses pontos já foram analisados (e de forma muito melhor do que eu seria capaz, devo dizer) nos principais portais sobre cinema e cultura pop do país. Do que adiantaria publicar algo que não teria nada a acrescentar, que não fosse além do que já foi dito? Seria uma perda de tempo, tanto para mim quanto para você, leitor.

Então eu decidi que seria melhor deixar passar, não tentar escrever nada muito aprofundado sobre o filme. E acho que foi a escolha mais acertada mesmo, já que não estava confortável com o plano. Precisamos escolher quais batalhas iremos lutar, e esse certamente não era o caso aqui. É triste reconhecer que suas ideias não eram tão boas ou originais, mas ainda é melhor do que ter ciência disso e mesmo assim tentar executá-las, apresentando um resultado bem abaixo do esperado. E em um mundo como o nosso, cada vez mais imediatista e repleto de pessoas com opiniões prontas sobre todos os assuntos possíveis, talvez esse até seja um exercício saudável.

Fora que toda essa situação acabou me fazendo criar este texto. É, realmente não me arrependo.