Batman é um dos personagens mais conhecidos dos quadrinhos e já foi objeto de várias transposições para outras mídias, seja cinema, televisão ou video-games. Uma das mais famosas e celebradas é Batman - A Série Animada, desenvolvida por Bruce Timm e Eric Radomski ao lado de nomes como Paul Dini, Kevin Nowlan, Dan Riba, Boyd Kirkland, entre outros. Com sua narrativa madura e roteiros bem trabalhos, a animação, com estilo inspirado no Superman de Max Fleischer dos anos 1940, revolucionou toda a industria na época e até hoje é referência para muitos (inclusive para este que vos escreve), sendo considerada a melhor adaptação do personagem para além das páginas das HQs.
O sucesso do desenho acabou gerando alguns longas animados ao longo dos anos de sua duração. Um deles, o primeiro na linha de lançamentos, que em breve será lançado em Blu-Ray e acaba de voltar ao catálogo da Netflix após um longo período, é Batman: A Máscara do Fantasma, tido por muitos como um dos melhores filmes protagonizados pelo Morcego em todos os tempos (e, para alguns, O melhor). E você deveria dar uma chance a ele, goste ou não de animações, pois a obra certamente vive a altura de sua fama.
Carregada de todo o clima noir que marcou A Série Animada, a história nos mostra o herói tendo que investigar algumas mortes que vem sendo causadas pelo indivíduo que se intitula O Fantasma, um vilão inédito criado exclusivamente para o longa, ao mesmo tempo que deve lidar com uma figura importante de seu passado, o resto do crime em Gotham e, claro, o sempre imprevisível Coringa. A trama detetivesca se dá entre o desenvolvimento de eventos do presente intercalados com flashbacks que apresentam a origem do personagem, desenvolvida de tal modo que não deixa a dever em nada a outras de suas consagradas gêneses, como Batman: Ano Um ou Batman Begins.
O roteiro é pautado por um enredo intrigante, avançando conforme Batman desenvolve sua investigação e sendo marcado por algumas viradas surpreendentes que só prendem ainda mais o espectador. Ao mesmo tempo, dá espaço para o desenvolvimento de seus personagens de forma competente, de modo que não apenas o protagonista, mas também seus coadjuvantes e antagonistas, ganham novas camadas que os tornam mais cativantes e, ao mesmo tempo, falhos. Muito disso ocorre nas sequências situadas no passado, cirurgicamente realizadas para dar a profundidade ideal ao filme, sem esquecer que o público almejado é o de crianças e adultos.
Outras das principais características da histórica adaptação televisiva também dão as caras aqui, como a animação de qualidade ímpar, a trilha sonora de Shirley Walker e, claro, as vozes. Kevin Conroy, Mark Hamill e os demais membros do elenco fazem, como de praxe, um trabalho além do comum em A Máscara do Fantasma, entregando toda a intensidade exigida para dar vida a seus personagens e sendo um dos mais fortes pontos de toda a experiência (a risada do Coringa de Hamill sempre me dará arrepios de tão insana). Cabe a ressalva, porém, de que a versão dublada em português pouco deixa a desejar também, contando com alguns grandes nomes como Márcio Seixas e Isaac Bardavid.
É engraçado pensar na época em que Batman - A Série Animada era exibida e que Batman: A Máscara do Fantasma foi lançado, pois quase ao mesmo tempo vieram também Batman Eternamente e Batman e Robin, dois dos filmes já estrelados pelo Homem-Morcego mais execrados por crítica e público, que foram por um caminho totalmente diferente do que deveria ser seguido e estava logo ali, na cara dos executivos da Warner, sendo um dos maiores sucessos daqueles dias. Perto deles, A Máscara do Fantasma se sobressai e muito. Mas mesmo hoje, após o estrondoso sucesso da trilogia de Christopher Nolan, esse longa animado continua relevante, tendo sua qualidade sobrevivido ao teste dos anos, batendo de frente com as adaptações live-action e superando a maior parte (se não todos).
E se eu não consegui te convencer, tenho certeza que o vídeo abaixo vai (mas cuidado, contém SPOILERS):