Há não muito tempo, a vida dos fãs de filmes ou séries de TV era difícil. Quem não tinha dinheiro para ir ao cinema tinha que esperar por anos para conseguir ver aquele esperado "lançamento" nas telas da TV aberta, e ficar refém de uma grade horária inconstante que nem sempre passava algo de sua preferência. Foi uma época complicada, em que esse tipo de coisa não tinha as proporções colossais que possui atualmente. Muito disso se deve justamente à dificuldade de ter acesso a esse tipo de material. Colecionar era pior ainda: ou se comprava o VHS (!!!) original, ou então era necessário esperar para gravar em fita quando estivesse passando na TV (a não ser que a pessoa não ligasse de ter comerciais no meio do longa/episódio, aí ela poderia simplesmente programar seu aparelho gravar durante o horário da exibição, e isso quando este tinha tal opção).
Anos depois, surgiu um advento ainda muito usado e popular por todo o mundo: a TV a cabo. Com canais dedicados a determinados tipos de programação e uma grande variedade de shows para os mais diversos gostos, foi algo que certamente permitiu uma aproximação maior do público com todo o material que desejava. Filmes estreavam com mais rapidez nos canais exclusivos, assim como séries eram exibidas com menor tempo de diferença em relação ao que rolava fora do Brasil. Ao mesmo tempo, os primeiros DVDs apareciam no mercado, sendo uma opção melhor e mais rentável para os colecionadores.
Enquanto isso, ao mesmo tempo que a TV a cabo cresceu e criou seu próprio mercado, outro meio de comunicação foi se desenvolvendo, silenciosamente e sem a mínima ideia do sistema praticamente sem limites que se tornou hoje: a internet. Em determinado momento, as pessoas começaram a fazer o upload e download de filmes e séries nos mais diversos sites existentes, o que possibilitou com que elas tivessem acesso ao que elas quisessem quase que imediatamente. O problema é que isso agravou a pirataria em todo o mundo, e os governos do mundo todo, junto com as grandes empresas do entretenimento, começaram uma cruzada (que até hoje não viu fim) contra esse tipo de prática, fazendo de tudo para derrubar tais sites (quase sempre sem sucesso) e, em casos mais extremos como o da Alemanha, criando multas pesadas para quem realizar downloads ilegais.
A música seguiu basicamente o mesmo caminho: rádio, discos de vinil, fita cassete, CD e downloads, sendo pioneira nesse caso. E pioneira nos casos judiciais contra a pirataria, como é possível recordar do conhecido episódio envolvendo o serviço de downloads P2P Napster e o Metallica, que foi contra o programa após saber que a demo da canção "I Disappear", que seria lançada como trilha sonora do filme "Missão Impossível 2", já estava disponível por lá, gratuitamente. Foi um dos marcos iniciais de toda a luta contra a ilegalidade na internet, e um dos que mais obteve resultados, já que o Napster nunca mais foi o mesmo após a derrota (o que culminou no surgimento de inúmeros clones e similares por toda a internet).
Após tentativas de pouco sucesso como a venda de arquivos digitais por lojas online, eis que se torna popular uma das melhores, mais eficientes e simples ideias para combater downloads ilegais: os serviços de streaming. O princípio é o mesmo de sites como o Youtube e outros reprodutores de vídeos, mas aplicada de uma forma muito maior: transmitindo diversos filmes e séries legalmente, e tudo na hora que você quer. Claro que, justamente por conta do licenciamento, os sites tem um preço mensal a ser pago, mas ele é quase irrisório quando se pensa no enorme catálogo a sua disposição. A exceção a essa regra é o Crackle, que é gratuito, mas sua lista de títulos é mais fraca que a dos concorrentes e boa parte do material é de propriedade da Sony Pictures (que também é dona do domínio).
Cada um desses serviços, apesar de terem o mesmo propósito, funciona de um jeito diferente. O Hulu, por exemplo, disponibiliza episódios de séries logo após sua exibição na TV (caso você assine o pacote "Plus", mas eles aparecem para os usuários comuns poucos dias depois), mas não tem grandes filmes a seu dispor. A Netflix, por outro lado, tem uma fantástica coleção de filmes, geralmente atualizada com os principais lançamentos, mas os episódios das séries só ficam disponíveis após estas terminarem de exibir suas temporadas completas na televisão (com exceção de "Better Call Saul", que seguirá o esquema do Hulu, ao menos aqui no Brasil). Além disso, o catálogo deles não é fixo, então não é garantia de que você sempre poderá ver seus programas ou longas favoritos na hora que quiser, pois, em algum momento, eles serão trocados por outros. Isso não é de todo ruim, pois sempre há renovação de títulos, porém é triste ver algo que você gosta simplesmente desaparecendo do site e sem garantia de que retornará um dia.
Uma das coisas mais legais dos streamings de vídeo, além da praticidade e comodidade que oferecem, é a possibilidade de bancarem a produção de conteúdo, seja algo original ou não. A Netflix tem suas séries próprias, como "House of Cards", "Orange Is The New Black" e "Marco Polo" (entre diversas outras), produzirá episódios exclusivos para os heróis urbanos da Marvel, como Demolidor, Jessica Jones, Luke Cage, Punho de Ferro e grupo formado pelos quatro, Os Defensores, e detém os direitos de produção da cultuada comédia "Arrested Development" (que é, com toda certeza, uma das coisas mais engraçadas que já assisti na vida), fora documentários e outras exclusividades. Há também a aclamada série "Transparent", produção da Amazon Studios, e a sexta temporada de "Community", que será feita pelo Yahoo Screen. E, para citar um caso mais recente, tivemos o cancelamento das exibições do filme "A Entrevista" nos cinemas dos Estados Unidos, de modo que a Sony voltou atrás e o disponibilizou pelo Youtube e outros serviços.
Como citei acima, música e vídeo sempre caminharam de forma próxima. E claro que dessa vez não foi diferente. Existem também serviços de streaming de música, entre eles o Spotify (de quem eu já falei brevemente aqui), Deezer, Rdio, Pandora e (pasmem) Napster. Também pagos (com exceção do Spotify, que tem sua versão gratuita, porém com propagandas), eles oferecem catálogo enormes, com cerca de 30 milhões de músicas cada, que só diferem por um ou outro artista, que concedeu ou não seus direitos, e pelas interfaces. Há neles um sistema de recomendações de acordo com o que você ouve (que é ótimo a descoberta de novos artistas), além da possibilidade de divulgar seus próprios trabalhos, caso você seja músico, e ainda receber algo de acordo com a quantidade de vezes que ele foi escutado. Infelizmente, apesar dos vasta lista de faixas, é impossível conseguir 100% do conteúdo do mundo da música, e, entre aquilo que falta, os mais sentidos são The Beatles, AC/DC e a cantora pop Taylor Swift, que se rebelou contra esse tipo de serviço no ano passado.
Todas essas vantagens, entretanto, só são plenas no exterior, com ênfase nos Estados Unidos. Aqui no Brasil, o streaming ainda caminha a passos curtos, mesmo com os enormes avanços em 2014, com a chegada do Spotify, do Deezer e do Rdio ao país com seus catálogos completos. A Netflix possui uma disponibilidade de títulos ainda aquém de sua contraparte internacional, apesar de estarem sempre trabalhando para melhorar a experiência e diminuir essa desvantagem. O Crackle é quase irrelevante e risível por aqui, a Amazon ainda está se adaptando ao mercado nacional e o Yahoo Screen produz seus próprios conteúdos, mas nada muito expressivo. As TVs a cabo disponibilizam seus próprios serviços "on demand", mas eles só estão disponíveis para os assinantes dos pacotes mais caros. O Pandora e o Hulu não existem fora dos EUA, e só podem ser acessados através de serviços VPN, proxys e com o uso de cartões internacionais. E acredito que todos conhecemos a qualidade da internet móvel nessa terra, com um 3G terrivelmente instável e um 4G que só está disponível para um número limitado de cidades, ou seja, ainda é impossível abolir por completo os downloads de sua vida. Entretanto, quando você está no aconchego de sua casa ou em locais com conexão estável, os serviços se mostram bem úteis e vantajosos, especialmente quando você precisa passar o tempo ou está viciado em alguma série ou artista.
Eu sou um adepto do streaming. Uso a Netflix e o Spotify em casa, e toda minha família aproveita os serviços, especialmente o de vídeo. É simplesmente muito bom poder ver ou ouvir as coisas que você quer com apenas alguns cliques, sem espera, sem demora e sem a possibilidade de pegar qualquer vírus. Os filmes e séries ainda vem com a opções de dublagem ou áudio original, com a legenda acompanhada, é claro. É algo cômodo, prático e bem executado. E acredito que tais ferramentas terão um impacto ainda maior na indústria do entretenimento no futuro, com grandes filmes sendo produzidos, pelo menos em parte ou com parcerias, por essas empresas. Algo que eu gostaria de ver também é um catálogo fixo, vasto e cada vez mais em expansão para a Netflix, dando fim a esse rodízio de títulos. Seja lá o que for acontecer nos próximos anos, só consigo esperar por melhorias e grandes inovações para essa ideia, que certamente é uma das melhores e mais interessantes já tidas pela humanidade (pelo menos por hora, até que criem algo ainda mais revolucionário e acessível).
Anos depois, surgiu um advento ainda muito usado e popular por todo o mundo: a TV a cabo. Com canais dedicados a determinados tipos de programação e uma grande variedade de shows para os mais diversos gostos, foi algo que certamente permitiu uma aproximação maior do público com todo o material que desejava. Filmes estreavam com mais rapidez nos canais exclusivos, assim como séries eram exibidas com menor tempo de diferença em relação ao que rolava fora do Brasil. Ao mesmo tempo, os primeiros DVDs apareciam no mercado, sendo uma opção melhor e mais rentável para os colecionadores.
Enquanto isso, ao mesmo tempo que a TV a cabo cresceu e criou seu próprio mercado, outro meio de comunicação foi se desenvolvendo, silenciosamente e sem a mínima ideia do sistema praticamente sem limites que se tornou hoje: a internet. Em determinado momento, as pessoas começaram a fazer o upload e download de filmes e séries nos mais diversos sites existentes, o que possibilitou com que elas tivessem acesso ao que elas quisessem quase que imediatamente. O problema é que isso agravou a pirataria em todo o mundo, e os governos do mundo todo, junto com as grandes empresas do entretenimento, começaram uma cruzada (que até hoje não viu fim) contra esse tipo de prática, fazendo de tudo para derrubar tais sites (quase sempre sem sucesso) e, em casos mais extremos como o da Alemanha, criando multas pesadas para quem realizar downloads ilegais.
A música seguiu basicamente o mesmo caminho: rádio, discos de vinil, fita cassete, CD e downloads, sendo pioneira nesse caso. E pioneira nos casos judiciais contra a pirataria, como é possível recordar do conhecido episódio envolvendo o serviço de downloads P2P Napster e o Metallica, que foi contra o programa após saber que a demo da canção "I Disappear", que seria lançada como trilha sonora do filme "Missão Impossível 2", já estava disponível por lá, gratuitamente. Foi um dos marcos iniciais de toda a luta contra a ilegalidade na internet, e um dos que mais obteve resultados, já que o Napster nunca mais foi o mesmo após a derrota (o que culminou no surgimento de inúmeros clones e similares por toda a internet).
O caso foi tão sério que o próprio baterista Lars Ulrich compareceu às audiências. E provavelmente foi aí que sua calvície começou a se agravar.
Após tentativas de pouco sucesso como a venda de arquivos digitais por lojas online, eis que se torna popular uma das melhores, mais eficientes e simples ideias para combater downloads ilegais: os serviços de streaming. O princípio é o mesmo de sites como o Youtube e outros reprodutores de vídeos, mas aplicada de uma forma muito maior: transmitindo diversos filmes e séries legalmente, e tudo na hora que você quer. Claro que, justamente por conta do licenciamento, os sites tem um preço mensal a ser pago, mas ele é quase irrisório quando se pensa no enorme catálogo a sua disposição. A exceção a essa regra é o Crackle, que é gratuito, mas sua lista de títulos é mais fraca que a dos concorrentes e boa parte do material é de propriedade da Sony Pictures (que também é dona do domínio).
Cada um desses serviços, apesar de terem o mesmo propósito, funciona de um jeito diferente. O Hulu, por exemplo, disponibiliza episódios de séries logo após sua exibição na TV (caso você assine o pacote "Plus", mas eles aparecem para os usuários comuns poucos dias depois), mas não tem grandes filmes a seu dispor. A Netflix, por outro lado, tem uma fantástica coleção de filmes, geralmente atualizada com os principais lançamentos, mas os episódios das séries só ficam disponíveis após estas terminarem de exibir suas temporadas completas na televisão (com exceção de "Better Call Saul", que seguirá o esquema do Hulu, ao menos aqui no Brasil). Além disso, o catálogo deles não é fixo, então não é garantia de que você sempre poderá ver seus programas ou longas favoritos na hora que quiser, pois, em algum momento, eles serão trocados por outros. Isso não é de todo ruim, pois sempre há renovação de títulos, porém é triste ver algo que você gosta simplesmente desaparecendo do site e sem garantia de que retornará um dia.
Uma das coisas mais legais dos streamings de vídeo, além da praticidade e comodidade que oferecem, é a possibilidade de bancarem a produção de conteúdo, seja algo original ou não. A Netflix tem suas séries próprias, como "House of Cards", "Orange Is The New Black" e "Marco Polo" (entre diversas outras), produzirá episódios exclusivos para os heróis urbanos da Marvel, como Demolidor, Jessica Jones, Luke Cage, Punho de Ferro e grupo formado pelos quatro, Os Defensores, e detém os direitos de produção da cultuada comédia "Arrested Development" (que é, com toda certeza, uma das coisas mais engraçadas que já assisti na vida), fora documentários e outras exclusividades. Há também a aclamada série "Transparent", produção da Amazon Studios, e a sexta temporada de "Community", que será feita pelo Yahoo Screen. E, para citar um caso mais recente, tivemos o cancelamento das exibições do filme "A Entrevista" nos cinemas dos Estados Unidos, de modo que a Sony voltou atrás e o disponibilizou pelo Youtube e outros serviços.
Como citei acima, música e vídeo sempre caminharam de forma próxima. E claro que dessa vez não foi diferente. Existem também serviços de streaming de música, entre eles o Spotify (de quem eu já falei brevemente aqui), Deezer, Rdio, Pandora e (pasmem) Napster. Também pagos (com exceção do Spotify, que tem sua versão gratuita, porém com propagandas), eles oferecem catálogo enormes, com cerca de 30 milhões de músicas cada, que só diferem por um ou outro artista, que concedeu ou não seus direitos, e pelas interfaces. Há neles um sistema de recomendações de acordo com o que você ouve (que é ótimo a descoberta de novos artistas), além da possibilidade de divulgar seus próprios trabalhos, caso você seja músico, e ainda receber algo de acordo com a quantidade de vezes que ele foi escutado. Infelizmente, apesar dos vasta lista de faixas, é impossível conseguir 100% do conteúdo do mundo da música, e, entre aquilo que falta, os mais sentidos são The Beatles, AC/DC e a cantora pop Taylor Swift, que se rebelou contra esse tipo de serviço no ano passado.
Alguns dos vários dispositivos nos quais você pode desfrutar da Netflix, bem como dos demais serviços.
Todas essas vantagens, entretanto, só são plenas no exterior, com ênfase nos Estados Unidos. Aqui no Brasil, o streaming ainda caminha a passos curtos, mesmo com os enormes avanços em 2014, com a chegada do Spotify, do Deezer e do Rdio ao país com seus catálogos completos. A Netflix possui uma disponibilidade de títulos ainda aquém de sua contraparte internacional, apesar de estarem sempre trabalhando para melhorar a experiência e diminuir essa desvantagem. O Crackle é quase irrelevante e risível por aqui, a Amazon ainda está se adaptando ao mercado nacional e o Yahoo Screen produz seus próprios conteúdos, mas nada muito expressivo. As TVs a cabo disponibilizam seus próprios serviços "on demand", mas eles só estão disponíveis para os assinantes dos pacotes mais caros. O Pandora e o Hulu não existem fora dos EUA, e só podem ser acessados através de serviços VPN, proxys e com o uso de cartões internacionais. E acredito que todos conhecemos a qualidade da internet móvel nessa terra, com um 3G terrivelmente instável e um 4G que só está disponível para um número limitado de cidades, ou seja, ainda é impossível abolir por completo os downloads de sua vida. Entretanto, quando você está no aconchego de sua casa ou em locais com conexão estável, os serviços se mostram bem úteis e vantajosos, especialmente quando você precisa passar o tempo ou está viciado em alguma série ou artista.
Eu sou um adepto do streaming. Uso a Netflix e o Spotify em casa, e toda minha família aproveita os serviços, especialmente o de vídeo. É simplesmente muito bom poder ver ou ouvir as coisas que você quer com apenas alguns cliques, sem espera, sem demora e sem a possibilidade de pegar qualquer vírus. Os filmes e séries ainda vem com a opções de dublagem ou áudio original, com a legenda acompanhada, é claro. É algo cômodo, prático e bem executado. E acredito que tais ferramentas terão um impacto ainda maior na indústria do entretenimento no futuro, com grandes filmes sendo produzidos, pelo menos em parte ou com parcerias, por essas empresas. Algo que eu gostaria de ver também é um catálogo fixo, vasto e cada vez mais em expansão para a Netflix, dando fim a esse rodízio de títulos. Seja lá o que for acontecer nos próximos anos, só consigo esperar por melhorias e grandes inovações para essa ideia, que certamente é uma das melhores e mais interessantes já tidas pela humanidade (pelo menos por hora, até que criem algo ainda mais revolucionário e acessível).