Quando escrevi meu parecer sobre o trailer do vindouro novo filme do Quarteto Fantástico, disse no texto que havia ficado curioso para assistir ao filme anterior do diretor Josh Trank, "Poder Sem Limites" (ou "Chronicle"), lançado em 2012. Já havia visto boas críticas e elogios sobre ele em alguns lugares, especialmente no Omelete, que sempre o citam como um dos motivos para dar uma chance à próxima adaptação da equipe-família de heróis da Marvel. Achei a premissa interessante também, após a leitura da sinopse, e resolvi que daria uma chance ao longa.
Pois bem, fui assisti-lo um ou dois dias depois da publicação daquela postagem, sem saber ao certo o que esperar e com uma ideia bem vaga do que acontecia. Ao seu final, porém, percebi que estava diante de uma obra incrível, surpreendente e bem feita do cinema, diferente das coisas que já havia visto e com uma abordagem muito interessante sobre o gênero de heróis, superpoderes e tudo mais, o qual vem sendo cada vez mais bombardeado com novos filmes. Mas "Poder Sem Limites" difere de todos eles por ter ao seu lado o grande choque de realidade que apresenta ao espectador enquanto desenvolve o tema.
O filme começa de uma forma bem descompromissada, com o jovem Andrew (Dane Dehaan, o Duende-Verde de "O Espetacular Homem-Aranha 2") realizando filmagens amadoras de seu cotidiano, sua escola e seus colegas. Em uma festa feita por alunos formandos, ele acaba se distanciando do local quando seu primo Matt (Alex Russell) e seu amigo Steve (Michael B. Jordan) encontram um buraco que sempre foi uma lenda urbana na região. Os três acabam entrando nele, que na verdade é um túnel subterrâneo, e encontram em seu fim diversos cristais reluzentes cravados na parede. Nenhum deles sabe o que é aquilo, mas ficam fascinados, até que começam a passar mal, seus narizes começam a sangrar, o local dá indícios de que irá colapsar e... Essa parte da filmagem acaba, e corta direto para um registro do primeiro contato dos adolescentes com seus recém adquiridos poderes. E é aí que tudo passa a acontecer.
Gosto de pensar que "Poder Sem Limites" tem duas partes muito bem definidas e autoexplicativas: a "zoeira inconsequente" e a "tragédia anunciada". A primeira mostra de uma forma clara e realista o que aconteceria se três garotos jovens, em plena adolescência, ganhassem poderes telecinéticos. Porque, convenhamos, quem neste mundão iria sair fantasiado por aí, prendendo criminosos e seguindo um código de ética absurdo logo de cara caso isso lhe acontecesse com seus 17/18 anos? Qualquer moleque iria fazer o que é lógico para a idade: zoar tudo e todos, impressionar umas garotas, tornar-se popular fazendo coisas que ninguém iria entender muito bem, mas todos achariam o máximo. E é justamente isso que o trio de protagonistas realiza com maestria em sequências divertidas e de tom totalmente descontraído, numa mistura de "Jackass" com "Superbad" somada à Força de "Star Wars", enquanto desenvolvem suas personas, explicam suas situações e fortalecem cada vez mais suas relações de amizade e companheirismo, tudo graças às habilidades que receberam.
Já o segundo ato... Não dá para falar explicitamente dele sem estragar toda a surpresa. Não é nada realmente surpreendente para quem está assistindo, afinal a construção dos personagens vai dando dicas sutis, porém importantes, ao decorrer de toda a primeira parte, mas simplesmente jogar isso no texto acabaria com toda a graça (sim, é um spoiler colossal). Tudo o que posso dizer é que uma série de eventos infortúnios acaba acarretando em grandes complicações para todos os lados, que desemboca num desfecho épico, digno das melhores adaptações de herói de quadrinhos existentes no mercado. Aliás, acho que muito da batalha final em Metrópolis de "O Homem de Aço" está presente aqui, só que de uma maneira que, ao meu ver, foi melhor executada, fez mais sentido e foi, de fato, uma filmagem amadora (ao contrário daquela fotografia bisonha, tremida e sem sentido que Zack Snyder usou em sua releitura do Superman).
Mas e quanto ao choque de realidade que citei no começo do texto? Por incrível que pareça, ele é o melhor aspecto de todo o filme. Como dito anteriormente, os personagens e suas relações vão evoluindo ao decorrer da película, explicando suas pouco simples histórias de fundo. Cada um dos três jovens representa um estereótipo conhecido dos colegiais americanos: Andrew é tímido e tem problemas familiares, Matt tem uma vida estável e é um daqueles cults descolados diferentões, e Steve é o popular, presidente de classe e tudo mais. Tudo isso é trabalhado de uma forma simples, porém eficiente, através da trama, e é o que ganha o espectador, que sente os dramas, os conflitos, e acaba se solidarizando com eles, afinal são casos realistas que poderiam acontecer com qualquer um. O estilo de documentário amador só facilita essa aproximação, o que justifica perfeitamente seu uso aqui.
Diversão, drama, ação, superpoderes. Esses são só alguns dos pontos fortes de "Poder Sem Limites", que ainda conta com fortes atuações (especialmente de Dane Dehaan) e uma fotografia deveras interessante e muito bem executada. É possível resumir o longa metragem com a seguinte frase: "com grandes poderes, vem nenhuma responsabilidade... até as coisas começarem a dar errado". Há planos para uma sequência, mas ela não terá envolvimento de Josh Trank e do roteirista Max Landis, então simplesmente não dá para saber o que esperar. O fato é: gostei muito do que vi aqui, e deu para perceber que o novo Quarteto Fantástico está em ótimas mãos. Um filme recomendado para qualquer um, fã de super-heróis ou não.
Gosto de pensar que "Poder Sem Limites" tem duas partes muito bem definidas e autoexplicativas: a "zoeira inconsequente" e a "tragédia anunciada". A primeira mostra de uma forma clara e realista o que aconteceria se três garotos jovens, em plena adolescência, ganhassem poderes telecinéticos. Porque, convenhamos, quem neste mundão iria sair fantasiado por aí, prendendo criminosos e seguindo um código de ética absurdo logo de cara caso isso lhe acontecesse com seus 17/18 anos? Qualquer moleque iria fazer o que é lógico para a idade: zoar tudo e todos, impressionar umas garotas, tornar-se popular fazendo coisas que ninguém iria entender muito bem, mas todos achariam o máximo. E é justamente isso que o trio de protagonistas realiza com maestria em sequências divertidas e de tom totalmente descontraído, numa mistura de "Jackass" com "Superbad" somada à Força de "Star Wars", enquanto desenvolvem suas personas, explicam suas situações e fortalecem cada vez mais suas relações de amizade e companheirismo, tudo graças às habilidades que receberam.
Já o segundo ato... Não dá para falar explicitamente dele sem estragar toda a surpresa. Não é nada realmente surpreendente para quem está assistindo, afinal a construção dos personagens vai dando dicas sutis, porém importantes, ao decorrer de toda a primeira parte, mas simplesmente jogar isso no texto acabaria com toda a graça (sim, é um spoiler colossal). Tudo o que posso dizer é que uma série de eventos infortúnios acaba acarretando em grandes complicações para todos os lados, que desemboca num desfecho épico, digno das melhores adaptações de herói de quadrinhos existentes no mercado. Aliás, acho que muito da batalha final em Metrópolis de "O Homem de Aço" está presente aqui, só que de uma maneira que, ao meu ver, foi melhor executada, fez mais sentido e foi, de fato, uma filmagem amadora (ao contrário daquela fotografia bisonha, tremida e sem sentido que Zack Snyder usou em sua releitura do Superman).
Mas e quanto ao choque de realidade que citei no começo do texto? Por incrível que pareça, ele é o melhor aspecto de todo o filme. Como dito anteriormente, os personagens e suas relações vão evoluindo ao decorrer da película, explicando suas pouco simples histórias de fundo. Cada um dos três jovens representa um estereótipo conhecido dos colegiais americanos: Andrew é tímido e tem problemas familiares, Matt tem uma vida estável e é um daqueles cults descolados diferentões, e Steve é o popular, presidente de classe e tudo mais. Tudo isso é trabalhado de uma forma simples, porém eficiente, através da trama, e é o que ganha o espectador, que sente os dramas, os conflitos, e acaba se solidarizando com eles, afinal são casos realistas que poderiam acontecer com qualquer um. O estilo de documentário amador só facilita essa aproximação, o que justifica perfeitamente seu uso aqui.
Diversão, drama, ação, superpoderes. Esses são só alguns dos pontos fortes de "Poder Sem Limites", que ainda conta com fortes atuações (especialmente de Dane Dehaan) e uma fotografia deveras interessante e muito bem executada. É possível resumir o longa metragem com a seguinte frase: "com grandes poderes, vem nenhuma responsabilidade... até as coisas começarem a dar errado". Há planos para uma sequência, mas ela não terá envolvimento de Josh Trank e do roteirista Max Landis, então simplesmente não dá para saber o que esperar. O fato é: gostei muito do que vi aqui, e deu para perceber que o novo Quarteto Fantástico está em ótimas mãos. Um filme recomendado para qualquer um, fã de super-heróis ou não.