Olá! Seja bem-vindo ao meu projeto Balanço Musical, uma coluna mensal na qual falo sobre música, o que escutei no mês que se passou, o porquê das escolhas, o que me influenciou nesses dias, e publico uma playlist com uma faixa referente a cada dia do período. O objetivo não é nada além de escrever um pouco mais sobre música no blog, apresentar algumas coisas diferentes e dar às pessoas a oportunidade de conhecer novos artistas e canções. As postagens são publicadas sempre no primeiro dia útil de cada mês, o que pode ou não coincidir com o dia 1º, hoje excepcionalmente fugindo à regra devido a falta de energia elétrica que me impediu de finalizar o texto a tempo.
Todo ser humano já passou por épocas na vida em que as coisas davam sinais de que finalmente começariam a dar certo, quando na verdade tudo não passava de um alarme falso, uma pegadinha para te fazer acreditar que há algo neste mundo que vá além de decepções, tristeza e rejeições. Como sabiamente disse o Craque Daniel (interpretado pelo tão sábio quanto Daniel Furlan), em um dos vídeos do Falha de Cobertura, "A esperança é o sentimento mais nocivo que tem para qualquer ser humano", e não só por lhe manter sofrendo, como ele completa, mas também porque, quando você a cultiva, todo o resto já foi por água abaixo.
Essa pseudo-filosofia melancólica e barata é minha forma de enxergar os eventos que se deram durante outubro, um mês que pareceu regido pela Lei de Murphy em sua interpretação mais popular, "se algo puder dar errado, dará errado e da pior maneira possível". Pequenas luzes pareciam estar ao fim do túnel, que se revelaram vaga-lumes e deixaram clara a mensagem do universo: o túnel ainda está longe de acabar. Dos grandes aos menores eventos, do esperado às surpresas, tudo parece ter existido apenas para me fazer agarrar a ínfima possibilidade de dar certo e quebrar a cara com estilo logo em seguida. E sinceramente, chega, né? A mensagem já foi entendida. É muito sofrimento para um ano só.
Pelo menos eu não fico desamparado quando o assunto é música. Como eu disse mês passado, pretendia diminuir um pouco meu consumo de música, e eu o fiz... Mas nem tanto assim. Foram 2.345 scrobbles em outubro segundo meu last.fm, contra 2.462 de setembro, o que indica sim uma queda (especialmente considerando que foram 31 x 30 dias), mas nada muito expressivo. De qualquer forma, o número também inclui 516 artistas, 714 álbuns e 1.782 faixas diferentes. E o ponto mais alto foi que consegui entrar em contato com diversos materiais lançados ainda este ano, já pensando na lista de melhores a ser lançada em dezembro.
Como não poderia deixar de ser, todas estas novidades tem espaço entre os DESTAQUES DO MÊS, ao lado de alguns petardos do passado que podem ser conferidos a seguir.
ARTISTAS DO MÊS:
- Genesis: um dos mais importantes grupos de rock progressivo em todos os tempos ganhou espaço por sua mais que conhecida qualidade, que foi o suficiente para me manter ouvindo alguns de seus trabalhos por mais de uma semana.
- U2: quem me conhece, sabe que não sou o maior entusiasta dos irlandeses, mas que amo seus trabalhos iniciais até o clássico The Joshua Tree. Acabei por redescobrir estes discos e estou até considerando a dar uma segunda chance ao que veio depois, tamanha a qualidade ali contida.
- Pink Floyd: não tinha como ficar de fora aqui, especialmente após a passagem de Roger Waters pelo Brasil no último mês, cercada pelas mais idiotas das polêmicas criadas por gente que nunca compreendeu seu trabalho.
- Rage Against The Machine: mais do que essencial após o período eleitoral.
ÁLBUNS DO MÊS:
- Legend of the Seagullmen - Legend of the Seagullmen (2018): o projeto, que envolve grandes nomes da cena atual, inclusive membros do Mastodon e do Tool, resultou em um trabalho eficiente e interessante, que combina uma boa dose de Metal ao Psicodélico e entrega músicas que podem soar estranhas em uma primeira audição, mas que crescem no ouvinte posteriormente.
- Metric - Art of Doubt (2018): o grande destaque do mês, o álbum lançado pelos canadenses no final de setembro é uma força da natureza quando se trata de hits, de modo que grande parte de suas faixas funcionaria tranquilamente como single. Viciante do início ao fim, consegue agradar desde casuais até fãs mais ferrenhos, transcendendo a esfera do Indie e conquistando até mesmo os mais aversos ao estilo. Uma grata surpresa, decerto.
- Alex Skolnick Trio - Conundrum (2018): o projeto paralelo do guitarrista do Testament é um dos melhores lançamentos instrumentais do ano, seguindo com louvor sua proposta de seguir voltado ao Jazz e apresentando algumas das mais belas músicas de 2018.
- Dee Snider - For the Love of Metal (2018): para quem associa a imagem do vocalista ao Twisted Sister e toda aquela farofada oitentista que o grupo representa, o espanto é imediato ao se deparar com este disco, totalmente voltado para o Metal e que passa longe de qualquer saudosismo, além de ser direto e inspirado. Uma verdadeira pedrada de onde menos se esperava que ela viesse.
- Disturbed - Evolution (2018): o segundo trabalho do grupo após seu retorno do hiato, em 2015, mostra-os se afastando de alguns elementos que foram importantes para seu sucesso no passado, mas que não tem mais lugar no novo caminho que pretendem seguir. Ainda assim, o Metal característico ainda se encontra presente, mas mais maduro e interpolado por algumas faixas acústicas e mais melancólicas. É um CD que faz jus a seu nome.
- Alien Weaponry - Tū (2018): provavelmente a novidade mais refrescante no cenário do Metal em muitos anos, estes jovens neozelandeses combinaram a sonoridade do estilo com elementos da cultura Maori e fizeram um som autêntico e pesado. Uma boa estreia e, espera-se, o início de uma jornada promissora.
- Dorothy - 28 Days In The Valley (2018): um nome em ascensão nos últimos anos, a banda encabeçada pela vocalista homônima é mais uma surpresa dentre os lançamentos deste ano, oferecendo um som criativo e de qualidade voltado ao Rock clássico, aliado a linhas vocais muito acima da média que agradam mesmo quem não é muito chegado ao gênero.
- Lenny Kravitz - Raise Vibration (2018): um dos mais renomados artistas das últimas décadas chega a seu 11º trabalho com seu já característico Funk Rock ganhando algumas novas camadas e se aproximando mais do Funk hora ou outra. Uma audição agradável que pretendo fazer mais vezes.
- Greta Van Fleet - Anthem Of The Peaceful Army (2018): o disco mais badalado do ano, tanto pela repercussão do EP lançado no último ano quanto pela inegável semelhança da sonoridade com a do Led Zeppelin, a estreia completa do quarteto traz o som voltado ao Rock clássico e as boas performances que se esperava deles. Confesso que achei que faltou um pouco mais de brilho próprio (algo que me pareceu mais presente em From The Fires), mas ainda assim o álbum agrada e traz algumas ótimas canções, especialmente em sua segunda metade. Eis outra banda que promete muito para os próximos anos.
- Gizelle Smith - Ruthless Day (2018): belo e cativante, o mais recente registro desta vocalista voltada ao Funk e ao Soul é de encher os olhos, os ouvidos e a alma. Excelente do início ao fim, é um daqueles CDs que melhora tudo ao seu redor, seja pela bela voz da artista, o ótimo papel desempenhado pelo grupo que a acompanha ou a produção acertada. Recomendado.
- The Stooges - Raw Power (1973): este disco marca presença aqui por eu ter feito uma longa comparação entre as mixagens feitas por David Bowie e Iggy Pop. Minha conclusão é que ambas são ruins, mas a do último é melhor por fazer mais sentido com a proposta do álbum. Quanto à qualidade das músicas, não há muito o que se falar quando se trata de um clássico incontestável.
FAIXAS DO MÊS:
- Beck - Colors: a música-título do álbum lançado no ano passado já havia me cativado à época, mas seu recém-lançado e divertido clipe (que conta com a participação da atriz Alison Brie) fez com que ela ficasse grudada em minha cabeça por dias.
- Metric - Dressed to Suppress: a melhor faixa de Art of Doubt e provavelmente uma das melhores do ano, é extremamente viciante e também tem um ótimo clipe lançado recentemente.
- Helloween - Halloween: uma tradição de todos os Dias das Bruxas.
Confira abaixo a playlist feita durante outubro de 2018: