segunda-feira, 13 de março de 2017

[RESENHA] "Kong: A Ilha da Caveira" (2017)


Durante a Comic Con Experience de 2016, tive a oportunidade de conferir o painel sobre Kong: A Ilha da Caveira, com a presença do diretor Jordan Vogt-Roberts. Ele se mostrou um grande nerd, falando abertamente sobre filmes, animes e games (inclusive mandando um "Kojima for life!", o que levou todos os fãs de Metal Gear Solid ali presentes - e que não eram poucos - à loucura). Ali, ficou clara sua visão para o longa, que teria o maior Kong já visto antes, como uma espécie de divindade, em um emaranhado de referências pop (indo desde cultura japonesa até Apocalypse Now) e ambientação puramente setentista, seja na estética ou na trilha sonora.

As palavras do diretor foram extremamente honestas, pois é exatamente isso que o filme entrega, sem por ou tirar. Sequências de tirar o fôlego, como a dos helicópteros que aparece no trailer, acontecem quase o tempo todo, embaladas pelo som de grandes nomes da época em que a trama se passa, como Black Sabbath e Creedence Clearwater Revival. Colabora para essa sensação a fotografia, que sabe dar senso de proporção e capturar a beleza das locações usadas para retratar a Ilha da Caveira. Não há como deixar de lado também o trabalho da equipe de efeitos especiais, que soube trazer todos os monstros à vida com maestria, especialmente Kong, com um nível de detalhamento e realismo inéditos.

Todos esses aspectos, apesar de terem seus méritos, servem também para desviar a atenção do espectador do roteiro. Não que ele seja ruim, pelo contrário: a trama condutora é equilibrada e serve como plano de fundo para toda a ação vista em tela. Mas, ao mesmo tempo, é rasa, com pouco desenvolvimento dos personagens, pautados todos em estereótipos de histórias de aventura. Isso tudo não se faz muito necessário, porém. Kong não é esse tipo de filme, algo que fica muito claro desde a sequência de abertura e tem seu grande êxtase no momento que mostra um Tom Hiddleston enfrentando mini-pterossauros com uma katana enquanto usa uma máscara de gás, beirando o "Tarantinesco".

Kong: A Ilha da Caveira não vai mudar a história do cinema, e nem tem pretensões para isso. Mas a sua capacidade de oferecer uma diversão honesta, beirando a megalomania, é inegável, equilibrando beleza visual, ação desenfreada, música de qualidade e homenagens à cultura pop como poucos. E se a intenção era introduzir o King Kong em um universo compartilhado de monstros gigantes, o longa cumpre seu papel de forma mais do que competente.

TRAILER: