"O mais forte protege o mais fraco." Essas palavras são repetidas algumas vezes no decorrer de Captain America #695, escrita por Mark Waid e coescrita/desenhada por Chris Samnee, a primeira edição da iniciativa Marvel Legacy, que visa resgatar o tom clássico das aventuras protagonizadas pelos personagens da editora. Esse também é o princípio básico dos super-heróis desde a criação do gênero em 1938, com o lançamento de Action Comics #1 e a chegada de Superman, "o campeão dos oprimidos". Um valor simples, porém poderoso e importante, parece ter sido esquecido por muitos, tanto no mundo real quanto nos quadrinhos. E isso inclui o próprio Steve Rogers, que havia se revelado um membro da Hydra no período pós-Guerras Secretas (2015), uma mudança gritante nos valores do personagem que revoltou muitos fãs, mas que perdurou até os eventos da recente saga Império Secreto, na qual o grupo de vilões nazistas tomou o mundo com a ajuda do personagem, até que, no fim, o "verdadeiro" Capitão América retornou, derrotou essas forças do mal e salvou o mundo, que voltou a seu status quo anterior.
A missão da equipe criativa, portanto, não era nada fácil. Mas essa primeira edição (de número #695, respeitando a numeração original desde 1941) deixou clara o quão acertada foi sua escolha para o título. O premiado time formado por Waid e Samnee, após o sucesso absoluto em suas passagens pelo Demolidor e a Viúva Negra, inicia sua nova empreitada de uma forma poderosa, emocionante e que transmite uma mensagem mais atual do que nunca, condizente com o posicionamento político da dupla e que ressalta a importância do personagem (sempre tido como um "homem fora de seu tempo") para os dias de hoje, especialmente à luz de eventos recentes como a infeliz passeata neo-nazista em Charlottesville, cidade da Virginia, EUA.
A trama da revista é simples: dez anos atrás, o Capitão América salvou uma cidadezinha do ataque de um grupo de supremacistas que se autointitula Rampart (algo como muralha ou parede) e agora, após ter se libertado da armadilha que o manteve longe de nossa realidade, ele retorna até o local a paisana para um festival em sua homenagem. Dinâmica e repleta de ação, graças ao sempre belo traço de Chris Samnee, a história também tem espaço para o diálogo, onde reside sua maior força. Passagens inspiradoras nos fazem lembrar da relevância do herói e tudo o que ele significa, assim como do porquê ele fez tanta falta nesses últimos anos em que esteve mal-utilizado.
A missão da equipe criativa, portanto, não era nada fácil. Mas essa primeira edição (de número #695, respeitando a numeração original desde 1941) deixou clara o quão acertada foi sua escolha para o título. O premiado time formado por Waid e Samnee, após o sucesso absoluto em suas passagens pelo Demolidor e a Viúva Negra, inicia sua nova empreitada de uma forma poderosa, emocionante e que transmite uma mensagem mais atual do que nunca, condizente com o posicionamento político da dupla e que ressalta a importância do personagem (sempre tido como um "homem fora de seu tempo") para os dias de hoje, especialmente à luz de eventos recentes como a infeliz passeata neo-nazista em Charlottesville, cidade da Virginia, EUA.
A trama da revista é simples: dez anos atrás, o Capitão América salvou uma cidadezinha do ataque de um grupo de supremacistas que se autointitula Rampart (algo como muralha ou parede) e agora, após ter se libertado da armadilha que o manteve longe de nossa realidade, ele retorna até o local a paisana para um festival em sua homenagem. Dinâmica e repleta de ação, graças ao sempre belo traço de Chris Samnee, a história também tem espaço para o diálogo, onde reside sua maior força. Passagens inspiradoras nos fazem lembrar da relevância do herói e tudo o que ele significa, assim como do porquê ele fez tanta falta nesses últimos anos em que esteve mal-utilizado.
O que faz o Capitão América ser tão admirável, na voz dos próprios cidadãos.
Desde suas primeiras páginas, com o Capitão realizando o heroico ato de defender as crianças ao mesmo tempo que as ensina seus princípios, é possível sentir a presença e a força deste ícone, seja através de suas palavras ou de suas atitudes altruístas. O momento em que os próprios participantes do festival vão ao palco e dizem o que os faz admirar o herói também é emblemático, exemplificando seu impacto na vida do cidadão médio e como ele pode ser uma inspiração (tanto dentro quanto fora do Universo Marvel). E quanto as páginas finais... Todo o discurso de Steve sobre como cada um pode fazer sua parte junto com toda a celebração de sua figura é simplesmente lindo, além de uma aula de civilidade. Impossível não se comover.
Há quem diga que a história da humanidade é cíclica. Concorde ou discorde, esse paradigma parece também servir para os super-heróis: no que hoje parece um prenúncio para os tempos nebulosos que estavam por vir, a DC aproximou o Superman de sua abordagem mais clássica no último ano, fazendo-o ser, mais uma vez, o maior de todos. Agora foi a vez da Marvel de trazer seu principal escoteiro a suas origens, sendo o grande exemplo de heroísmo e cidadania em seu universo, e agora dizendo algo que há muito precisava ser dito, especialmente após os nefastos eventos recentes envolvendo extremistas, sejam eles na ficção ou na vida real. E embora Mark Waid tenha escrito que ninguém deve usar gibis como base moral no posfácio da edição, talvez este seja ao menos um bom ponto de partida, com seu Capitão América (apesar de ainda muito no começo) sendo aquele que merecemos e precisamos no momento.