Como medir a importância da trilha sonora para um filme? Simples: pense em suas apenas com o som ambiente. Se elas funcionarem exatamente da mesma forma, então ela não faz tanta diferença assim. Mas se ficar um vazio perceptível ao fundo, o que deve ocorrer em 99% dos casos, então ela cumpre um papel fundamental em sua construção. A música é um elemento essencial na maior parte das produções cinematográficas, sendo um catalisador para o que se vê em tela e criando no espectador a sensação necessária para o momento. E quem presta atenção no som enquanto assiste a um longa sabe a diferença que faz uma trilha bem escolhida ou bem executada.
Alguns diretores vão além do convencional, porém, e usam o recurso musical como um complemento à trama, trazem a música para o primeiro plano e fazem com que a cena reflita suas sensações, ou escolhem uma canção de tom contrastante com o apresentado, criando uma espécie de "humor sonoro". Mas nenhum deles atingiu o que Edgar Wright conseguiu em seu mais novo lançamento, Em Ritmo de Fuga (Baby Driver no original), um filme que é sua trilha sonora e que tem uma trilha sonora que é o filme.
De forma orgânica e fluida, Wright encaixa música e movimento ao longo dos 112 minutos da película, com o primeiro ditando o ritmo do segundo. Não cabem coincidências aqui: cada ação, corte, fala e até mesmo o nome dos protagonistas foi pensado de acordo com a faixa que estaria em cena naquele momento. A edição de som também não brinca em serviço, tratando de refletir de forma fiel a maneira como o personagem principal ouve a trilha, seja com os dois fones de ouvido, um só ou direto em potentes caixas. Os esforços do diretor culminam em um resultado ímpar, maximizando os conceitos pré-estabelecidos de narrativa audiovisual e presentando a audiência com um entretimento honesto, porém rico e exemplar em termos visuais e sonoros.
A dinamicidade com que o filme é conduzido chega a ser sedutora para o espectador, que se encanta e identifica com momentos que não poderiam ser melhor traduzidos do que com música. Quem nunca ficou abobado de amor após conhecer uma garota e passou dias ouvindo canções românticas? É o que Baby faz conforme vai se aproximando de Debbie. Ou então quem não se utiliza de faixas agitadas em momentos de alta adrenalina ou nervosismo? É o que o protagonista faz durante suas corridas de fuga. Mesmo o grande sonho do casal principal é relacionável para qualquer um, especialmente em um mundo repleto de estresse e cobranças como o que vivemos.
Há quem reclame sobre a simplicidade da trama, mas, como bem dito uma vez pelo roteirista Mark Waid no Twitter (enquanto falava sobre Logan), não há problema nenhum nisso, desde que as cenas apresentadas sejam fortes o suficiente em seus demais aspectos para criar o impacto almejado. E este é exatamente o caso do longa, que tem em sua proposta contar uma história com enfoque na apresentação da ação, do romance e do humor aliados ao embalo de suas músicas, o que rende momentos memoráveis como a alucinada perseguição ao som de Hocus Pocus, o tiroteio com Tequila em reprodução ou o confronto final que tem Brighton Rock como trilha, apenas para citar alguns. Mas também não é como se o roteiro fosse estático ou mal elaborado: é importante reconhecer o seu cuidado com as viradas, quebrando a expectativa e dando destinos inesperados para alguns de seus personagens.
Se você ficou impressionado com o uso da trilha sonora nos dois Guardiões da Galáxia, vai passar a achar aquilo tudo simples se comparado com Em Ritmo de Fuga. A meticulosidade com que Edgar Wright trabalhou a integração das músicas com os demais elementos do filme faz com que um não exista sem o outro, tornando tudo um único produto de forma natural. Não há nada como esta obra atualmente, que quebra paradigmas de montagem e narrativa, sendo um longa harmônico, dinâmico e apaixonante. Uma vitória que ficará para a história do cinema.
E nada melhor para exemplificar tudo isso do que os próprios 6 minutos iniciais de Baby Driver:
Alguns diretores vão além do convencional, porém, e usam o recurso musical como um complemento à trama, trazem a música para o primeiro plano e fazem com que a cena reflita suas sensações, ou escolhem uma canção de tom contrastante com o apresentado, criando uma espécie de "humor sonoro". Mas nenhum deles atingiu o que Edgar Wright conseguiu em seu mais novo lançamento, Em Ritmo de Fuga (Baby Driver no original), um filme que é sua trilha sonora e que tem uma trilha sonora que é o filme.
De forma orgânica e fluida, Wright encaixa música e movimento ao longo dos 112 minutos da película, com o primeiro ditando o ritmo do segundo. Não cabem coincidências aqui: cada ação, corte, fala e até mesmo o nome dos protagonistas foi pensado de acordo com a faixa que estaria em cena naquele momento. A edição de som também não brinca em serviço, tratando de refletir de forma fiel a maneira como o personagem principal ouve a trilha, seja com os dois fones de ouvido, um só ou direto em potentes caixas. Os esforços do diretor culminam em um resultado ímpar, maximizando os conceitos pré-estabelecidos de narrativa audiovisual e presentando a audiência com um entretimento honesto, porém rico e exemplar em termos visuais e sonoros.
A dinamicidade com que o filme é conduzido chega a ser sedutora para o espectador, que se encanta e identifica com momentos que não poderiam ser melhor traduzidos do que com música. Quem nunca ficou abobado de amor após conhecer uma garota e passou dias ouvindo canções românticas? É o que Baby faz conforme vai se aproximando de Debbie. Ou então quem não se utiliza de faixas agitadas em momentos de alta adrenalina ou nervosismo? É o que o protagonista faz durante suas corridas de fuga. Mesmo o grande sonho do casal principal é relacionável para qualquer um, especialmente em um mundo repleto de estresse e cobranças como o que vivemos.
Há quem reclame sobre a simplicidade da trama, mas, como bem dito uma vez pelo roteirista Mark Waid no Twitter (enquanto falava sobre Logan), não há problema nenhum nisso, desde que as cenas apresentadas sejam fortes o suficiente em seus demais aspectos para criar o impacto almejado. E este é exatamente o caso do longa, que tem em sua proposta contar uma história com enfoque na apresentação da ação, do romance e do humor aliados ao embalo de suas músicas, o que rende momentos memoráveis como a alucinada perseguição ao som de Hocus Pocus, o tiroteio com Tequila em reprodução ou o confronto final que tem Brighton Rock como trilha, apenas para citar alguns. Mas também não é como se o roteiro fosse estático ou mal elaborado: é importante reconhecer o seu cuidado com as viradas, quebrando a expectativa e dando destinos inesperados para alguns de seus personagens.
Se você ficou impressionado com o uso da trilha sonora nos dois Guardiões da Galáxia, vai passar a achar aquilo tudo simples se comparado com Em Ritmo de Fuga. A meticulosidade com que Edgar Wright trabalhou a integração das músicas com os demais elementos do filme faz com que um não exista sem o outro, tornando tudo um único produto de forma natural. Não há nada como esta obra atualmente, que quebra paradigmas de montagem e narrativa, sendo um longa harmônico, dinâmico e apaixonante. Uma vitória que ficará para a história do cinema.
E nada melhor para exemplificar tudo isso do que os próprios 6 minutos iniciais de Baby Driver: