terça-feira, 22 de novembro de 2016

[RESENHA] Metallica - "Hardwired... To Self-Destruct" (2016)


8 anos. Esse é o tempo que separa os dois últimos lançamentos do Metallica. Claro que eles não ficaram inativos durante esse intervalo: muitos shows foram realizados, uma parceria de qualidade no mínimo duvidosa (para não dizer outra coisa) com o finado Lou Reed foi registrada em "Lulu", músicas não utilizadas no ótimo "Death Magnetic" acabaram saindo no EP "Beyond Magnetic", o longa "Metallica: Through The Never" chegou ao cinemas junto com o CD de sua trilha-sonora, a estranha "Lords of Summer" apareceu ao vivo algumas vezes. Os fãs, porém, clamavam por mais: queriam um novo álbum de estúdio do grupo, que há muito já vinha sendo prometido, mas parecia que nunca veria a luz do dia.

A espera, felizmente, acabou. "Hardwired... To Self-Destruct" chegou às lojas e serviços de streaming na última sexta-feira, dia 18/11, e o resultado deve agradar a todos os fãs. Aqui temos um Metallica confortável, sem a necessidade de se provar ou tentar experimentar e inovar, apenas fazendo o que sabe de melhor: Metal de qualidade, do jeito mais verdadeiro possível. Muitos momentos Thrash e Heavy se mesclam na tracklist, ao mesmo tempo que o álbum tem, especialmente em sua segunda parte, uma boa pitada de Groove, com riffs pesados e muito influenciados pelo forte baixo de Robert Trujillo. E a mixagem, alvo das principais reclamações de "Death Magnetic", encontra-se no ponto nesse novo disco, o que torna sua audição ainda mais prazerosa.

Das 12 faixas, totalizando 77:29min, os destaques vão para pedradas certeiras como "Hardwired", "Here Comes Revenge", "Moth Into Flame" e "Spit Out the Bone", com essas duas últimas já sendo consagradas como algumas das melhores gravadas pelo grupo. Vale citar também as ótimas "Atlas, Rise!", "Halo On Fire" e "Confusion", com clara inspiração nos grupos da NWOBHM que marcaram a adolescência dos integrantes; bem como as pesadas "Now That We're Dead" e "ManUNkind", e a homenagem ao falecido Lemmy Kilmister em "Murder One", cheia de referências em sua letra. "Sleep No More" é uma momento de autoreferência, sendo basicamente uma "Sad But True" que cita o Cthullu, e "Am I Savage?", apesar de bem executada, não chega a ser marcante.

O álbum vem causando as mais variadas reações mundo afora, mas é de consenso geral que ele possui várias faixas memoráveis. De fato, "Hardwired... To Self-Destruct" não veio para revolucionar, para ser o novo "Master of Puppets". Mas é até melhor que seja assim. O Metallica soa despretensioso e honesto, e isso só favoreceu sua sonoridade nesse novo registro. É bom ouvir esta que é uma das maiores bandas de Metal da história sem querer se atualizar, ou sem ter que provar que ainda sabe fazer música pesada. Eles apenas fizeram um som de qualidade, com um resultado final muito positivo e que tem o potencial para aparecer em várias listas de melhores do ano pelo mundo afora. Vida longa ao Metallica, e que eles possam continuar se sentindo a vontade por muito mais anos pela frente, seja para experimentar ou para se ater às raízes.

James Hetfield (vocais, guitarra)
Kirk Hammett (guitarra)
Robert Trujillo (baixo)
Lars Ulrich (bateria)