quarta-feira, 30 de novembro de 2016

O filme da Mulher-Maravilha precisa dar certo


2 de junho de 2017 pode parecer longe, mas esses pouco mais de sete meses passam em um piscar de olhos. Nessa data chegará aos cinemas o filme da Mulher-Maravilha, a primeira grande produção baseada em histórias em quadrinhos estrelada por uma mulher (porque "Elektra" e "Mulher-Gato" definitivamente não contam). O clima que paira o longa, porém, é de incerteza e receio.

Por um lado, tivemos dois excelentes trailers, repletos de cenas com bela fotografia, ótimo contraste de cores, o que aparenta ser um equilíbrio certeiro entre seriedade e humor, e ação frenética, mas com assinatura de quem sabe fazer. Os vídeos realmente empolgam, com sequências de tirar o fôlego e trilha sonora digna dos épicos de Hollywood. O elenco é composto de grandes nomes, como Connie Nielsen, Robin Wright e Chris Pine, mas a presença e imposição de Gal Gadot dominam qualquer cena em que a mesma participa. A diretora Patty Jenkins é conhecida pela qualidade de seus trabalhos, tendo dirigido "Monster", que acabou rendendo um Oscar a Charlize Theron por sua atuação. Colaborando com tudo isso, temos Geoff Johns, o atual chefe da DC Entertainment, alegando que a produção terá um tom mais leve e otimista em comparação com as outras tentativas do estúdio.

Por outro lado, temos a mesma DC/Warner com dois retumbantes fracassos de crítica em 2016. "Batman vs. Superman" ainda conseguiu dividir as reações do público, mas a opinião sobre "Esquadrão Suicida" foi unânime: fraco, retalhado e sem uma tonalidade definida, e eu prefiro nem entrar no mérito (ou na falta de) do Coringa de Jared Leto. Ambos tiveram sucesso na bilheteria, com o primeiro arrecadando mais de 873 milhões de dólares mundialmente, enquanto o último fez 745 milhões de dólares ao todo. Bons resultados, muito embora BvS foi abaixo do 1 bilhão de dólares esperado por ser o filme que uniria os dois heróis mais famosos de todos os tempos, claramente prejudicado pela má recepção.

Mulher-Maravilha em um dos momentos de maior imponência do trailer, logo após desviar uma bala em seu bracelete.

E é com esse cenário que a Princesa Amazona mais famosa da cultura pop chega às telas. A espera é grande e o material de divulgação, junto com os nomes envolvidos, só colaboram, mas o medo de ser lançado mais um filme aquém do esperado também é enorme, especialmente se lembrarmos que "Batman vs. Superman" e "Esquadrão Suicida" tiveram campanhas de marketing exemplares e o resultado final foi muito pior do que era mostrado em trailers e comerciais. Para piorar, a concorrente Marvel continua emplacando sucesso atrás de sucesso, com sua fórmula cada vez mais consolidada, e pretende lançar nada menos que três filmes em 2017, com "Guardiões da Galáxia Vol. 2" tendo data marcada para 27 de abril, pouco mais de um mês antes do longa da DC.

A pressão pelo sucesso de "Mulher-Maravilha" nesse momento deve ser enorme, especialmente após o CEO do grupo Time Warner admitir em setembro que os filmes baseados em quadrinhos da companhia poderiam ser melhores, posição reafirmada pelo CEO da Warner Bros. Entertainment. Não colabora se lembrarmos também que no fim de agosto surgiu um rumor de que a produção do longa estava uma bagunça. Por mais infundado que ele fosse e com a diretora vindo a público desmenti-lo e defender a adaptação, sua cota de estrago já foi feita.

O filme, porém, aparenta estar em uma boa posição, e já é possível perceber isso pelos próprios trailers: diferente do clima sombrio de "Batman vs. Superman" e do show de montagem e músicas empolgantes de "Esquadrão Suicida", "Mulher-Maravilha" vem se vendendo pela qualidade de sua fotografia, por seu tom épico e por seu humor sutil e bem-colocado. A sensação que ele passa é claramente diferente de seus antecessores, sendo uma releitura da origem da personagem que respeita seus melhores elementos, representados por toda a coragem, inocência e sinceridade que Diana apresenta. O envolvimento direto no roteiro e a supervisão de Geoff Johns também parecem ter surtido um efeito positivo, com ele, que conhece os personagens após trabalhar com os mesmos por quase 20 anos na editora, evitando que certos conceitos fundamentais fossem modificados.

Colabora também pensar o cenário que cerca a personagem no momento: em 2016, a Mulher-Maravilha completou 75 anos de sua criação, foi nomeada Embaixadora da ONU pela Igualdade de Gênero e fez sua estreia no cinema, aparecendo em "Batman vs. Superman" e sendo considerada por muitos a melhor coisa coisa do filme, opinião praticamente unânime em algo que gerou tanta divergência. Nos quadrinhos, a Amazona vem passando por uma de suas melhores fases nas mãos do roteirista Greg Rucka e dos artistas Liam Sharp e Nicola Scott, além de ter ganho algumas releituras em "Wonder Woman: Earth One" de Grant Morrison e Yannick Paquette, "Wonder Woman: The True Amazon" de Jill Thompson, e "The Legend of Wonder Woman" de Renae de Liz. Esse pico de popularidade só tem a favorecer o sucesso do filme, principalmente se o mesmo sair como esperado.

Você consegue imaginar um filme que proporciona uma visão dessas dando errado?

A importância de "Mulher-Maravilha" vai além de resultados de crítica e números de bilheteria, porém. Como citado, essa será a primeira grande produção baseada em quadrinhos estrelada por uma mulher. Embora a representatividade de gênero venha ganhando espaço no cinema, com mulheres protagonizando grandes blockbusters (como Star Wars, por exemplo), Hollywood ainda é muito conservadora quanto a essa questão, apostando no seguro e evitando a criação de personagens femininas fortes, diminuindo grandes atrizes a papéis mais fúteis ou de menor destaque. Os filmes de super-herói são o maior exemplo disso: basta assistir qualquer um da Marvel para ver gente do naipe de Natalie Portman, Rachel McAdams ou Gwyneth Paltrow sendo subutilizadas e muitas vezes reduzidas à função de "donzela em perigo", e embora a Viúva-Negra de Scarlett Johansson já esteja aí há anos, a resistência em fazer uma aventura solo da personagem nas telas permanece, por mais pronta que ela esteja para liderar o que poderia ser um excelente longa de espionagem. A DC também não foge muito a essa regra, não fazendo bom uso de todo o talento de Amy Adams na representação de Lois Lane, que principalmente em BvS parecia deslocada e sem grande função na trama.

A Mulher-Maravilha é um ícone feminista, tendo sido a primeira super-heroína dos quadrinhos e já representando tais ideais desde sua criação. Apesar de muitas vezes mal utilizada, foi graças a ela que muitas garotas e mulheres começaram a ler quadrinhos, se identificando com a personagem. E foi graças a ela também que outras heroínas ganharam seu espaço nos gibis, como é o caso da Batgirl, da Supergirl e da Canário Negro. Nada mais justo, então, que ela faça o mesmo no cinema: o sucesso de seu filme mostraria que o público e a crítica estão mais do que preparados para receberem e abraçarem adaptações de HQs protagonizadas por mulheres, o que só traria benefícios para o mercado, dando segurança para a Marvel lançar seu vindouro longa da Capitã Marvel do jeito que ele deve ser feito, além de abrir portas para outras heroínas como a já citada Batgirl (ou até mesmo sua equipe feminina, as Aves de Rapina) conquistarem seu lugar nas telas.

Novamente, o filme parece bem direcionado quanto a essa questão: os trailers deixam bem claro que o feminismo será abordado, com algumas de suas principais cenas de humor sendo críticas pontuais à cultura machista, que era regra na época da Primeira Guerra Mundial e que infelizmente teima em resistir até os dias atuais. É transparente também a representação da personagem principal que, apesar de ser uma guerreira porradeira sem medo do perigo, apresenta toda uma leveza e feminilidade, não sendo uma mera brucutu de saias. Vale ainda o destaque para o extenso elenco feminino do longa, algo não só necessário como obrigatório, uma vez que Themyscira, a Ilha Paraíso de onde Diana vem, é lar exclusivo das amazonas, ou seja, habitada apenas por mulheres e em total separação do mundo dos homens.

É árdua a missão que a Mulher-Maravilha terá de enfrentar logo em sua primeira aventura solo nos cinemas, precisando ser um sucesso de público e crítica para que a confiança na DC seja recuperada ao mesmo tempo que precisa provar à indústria que filmes de super-heroína valem o investimento. Mas ela, junto com toda a fantástica equipe envolvida no longa, tem o poder para conseguir tudo isso. O receio pode até existir, mas a empolgação é maior, e, pelo mostrado nos trailers, ela parece ter fundamento, com o filme aparentando estar no caminho certo. Só quero sair da sessão no dia 2 de junho e perceber que não estava errado.

segunda-feira, 28 de novembro de 2016

Crítica de UM parágrafo sobre "A CHEGADA"!


Uma ficção científica que faz uso do fantástico para tratar dos temas mais humanos possíveis. Um filme atual, que explora assuntos como o medo do desconhecido e o preconceito. Uma trama que é ao mesmo tempo densa, complexa e íntima, pessoal. Com um início lento, mas desenvolvimento em um ritmo impressionante, "A Chegada" é belo e cativante, com um teor filosófico de fazer qualquer um refletir por horas, dias, semanas. A produção é coroada com a excelente atuação de Amy Adams, que te faz sentir na pele toda a carga emocional que sua personagem apresenta. Facilmente o melhor longa que assisti nesse ano até agora.

NOTA: 10

TRAILER:

quinta-feira, 24 de novembro de 2016

A magia voltou às telas, e eu me sinto em casa novamente


Eu tinha 6 anos no dia em que minha mãe me levou ao cinema, mais ou menos nessa mesma época, há 15 anos. Naquele mesmo 2001 minha irmã havia nascido, e a divisão do tempo entre o trabalho e os cuidados com a bebê só fez os momentos entre mãe e filho, que já não eram muitos (mas sempre especiais), diminuírem drasticamente. Por isso, ela reservou a data apenas para nós dois, e assim fomos ao Cinemark do Shopping D, como bem me recordo. O filme que assistimos? O mesmo que era capa da última edição da Revista Recreio, "Harry Potter e a Pedra Filosofal".

Ao término daquela sessão, minha vida nunca mais foi a mesma. Eu estava completamente conquistado por todo aquele incrível universo mágico de varinhas, vassouras, feitiços, poções, cães de três cabeças, Quadribol, Chapéu Seletor, escadas que mudam de lugar e imagens que se movem. Já me sentia amigo íntimo de personagens tão carismáticos quanto Rony Weasley, Hermione Granger, Rúbeo Hagrid e Alvo Dumbledore. E, claro, eu queria muito ser o Harry Potter (quem me conheceu até os 14 anos sabe muito bem disso, até óculos redondos eu usava). O impacto foi imediato, e ali nasceu um enorme fã da série, que leu todos os livros, viu todos os filmes, jogou vários dos games, comprou inúmeros colecionáveis, acompanhava todas as notícias possíveis e se empolgava a cada novidade.

Minha mãe também se tornou fã depois daquele dia. Leu os livros, viu os filmes, se empolgava comigo a cada trailer, imagem ou trecho divulgado. Fazíamos competição para ver quem acabava cada livro antes. Discutíamos as adaptações, no que acertaram, o que faltou, quais as coisas mais legais. Pensando agora, em certos momentos ela até parecia mais fã que eu, e talvez fosse (ou ainda seja) mesmo. E minha irmã, que tinha cerca de 9 meses no lançamento de "A Pedra Filosofal", cresceu com Harry Potter, virou fã dos longas e, quando mais velha, resolveu aventurar-se pelos livros também.

É inegável que a saga teve um grande papel em minha vida. Acompanhando as histórias, seja na versão cinematográfica ou na versão escrita, fui entretido por cada segundo daquelas aventuras, aprendendo importantes lições sobre amizade, lealdade, coragem e sacrifícios que me fizeram crescer como pessoa, ao mesmo tempo que vi seus protagonistas crescendo comigo. E também foi importante pois cada lançamento de um novo filme da franquia era um dia feliz, um momento de união com a minha família, sempre empolgada para ver o resultado da adaptação que chegava aos cinemas.

O trio que marcou toda uma geração.

Quando "Harry Potter e as Relíquias da Morte - Parte 2" foi lançado, quase exatos 10 anos após o primeiro longa, eu já não era mais exatamente um fanático pela franquia. Ainda era fã, gostava muito, mas já não tinha o mesmo engajamento de outrora. Os livros já haviam sido todos publicados, e eu já sabia como aquela história iria terminar. Além disso, no auge dos meus 16 anos eu estava em contato com outras coisas, supostamente mais maduras, tentando parecer o "adultão" (coisa que até hoje não sou). Mesmo assim, foi inevitável derramar algumas lágrimas ao fim do filme, com aquela sensação de dever cumprido, por menos sentido que ela fizesse. Era o fim de uma era, o encerramento de um ciclo. E o ponto final em todos aqueles momentos agradáveis em família que ocorreram na última década.

Com o fim de Harry Potter, ficou um vácuo no quesito lançamentos de cinema. Ele logo foi preenchido pelos filmes de herói, que naquela época vinham aumentando exponencialmente de quantidade. Mas o sentimento é diferente: por mais que eu adore adaptações de HQs e fique empolgado por cada uma delas, nenhuma chegou a me proporcionar o mesmo encanto e empolgação que os filmes da saga (os que chegaram mais perto talvez tenham sido "Os Vingadores", "Guardiões da Galáxia" e a Trilogia Batman de Christopher Nolan). Além disso, esses longas são algo mais de meu gosto pessoal, pois foram poucas as vezes que fui vê-los acompanhado de alguém da minha família. Só consegui me reunir com minha mãe e minha irmã em uma mesma sala de cinema para assistir "Star Wars: O Despertar da Força", mais de cinco anos depois.

Por isso, quando "Animais Fantásticos e Onde Habitam" foi anunciado, minha primeira reação foi de desconfiança. Como todo bom purista, não via necessidade em voltar ao universo de uma franquia que já estava fechada e deveria se manter intocada, sendo essa uma tentativa de lucrar em cima da marca. Mas eu pensei melhor e percebi que não há problema nenhum em fazer isso, pois os filmes originais continuariam ali intocados, e ainda teríamos a oportunidade, caso tudo fosse feito corretamente, de ver mais uma boa história ganhar vida. A escalação do ótimo Eddie Redmayne como protagonista, o retorno de David Yates à direção e a escolha da própria J. K. Rowling, criadora de todo esse universo, como roteirista amenizou ainda mais minhas preocupações, e resolvi então dar uma chance ao longa.

Cena de bastidores com os quatro protagonistas de "Animais Fantásticos e Onde Habitam".

E valeu a pena ter feito isso. "Animais Fantásticos" não me decepcionou. Inclusive, me surpreendeu muito. É ótimo ver personagens tão carismáticos quanto o quarteto Newt Scamander, Jacob Kowalski e as irmãs Tina e Queenie Goldstein sendo apresentados e desenvolvidos de forma tão simples e concisa que você já sente uma certa intimidade com eles até o fim do filme. É ótimo assistir a uma trama bem desenvolvida ao suficiente que sabe dosar inocência com temas mais sérios e adultos, ao mesmo tempo que desenvolve histórias que se conectam e fazem sentido no fim. É ótimo voltar àquele universo de magia, varinhas, feitiços, poções, imagens que se movem e seres extraordinários.

E é ótimo ir novamente aos cinemas com a família para conferir algo relacionado à franquia Harry Potter. Ao fim da sessão, o sentimento era unânime: o filme era ótimo, e mal podemos esperar para ver qual será o próximo passo a ser dado nessa nova saga. Um dos fatores que mais favoreceu "Animais Fantásticos e Onde Habitam" foi o fato de ser uma história inteiramente nova, sem paralelo nos livros, e cada cena foi uma surpresa para todos nós. Fomos todos conquistados pelos novos personagens e pelas criaturas mágicas, voltamos a ler teorias e notícias, e é questão de tempo até colocarmos as mãos em novos itens colecionáveis.

A empolgação voltou. A magia voltou. E eu só posso agradecer por isso. Senti falta de Harry Potter em minha vida. Senti falta de toda a repercussão da saga, seja na mídia, entre os fãs ou o público comum. Senti falta desses simples bons momentos com a família. E é bom que "Animais Fantásticos e Onde Habitam" exista para me proporcionar tudo isso mais uma vez. É um filme diferente, que soube evoluir em temática, acompanhando seu público cativo. Mas também sabe fazer uso da nostalgia, trazendo você de volta ao conforto daquele mundo tão familiar. E, hoje, eu me sinto aquele garoto de 6 anos novamente.

A criadora e suas criações em forma viva.

terça-feira, 22 de novembro de 2016

[RESENHA] Metallica - "Hardwired... To Self-Destruct" (2016)


8 anos. Esse é o tempo que separa os dois últimos lançamentos do Metallica. Claro que eles não ficaram inativos durante esse intervalo: muitos shows foram realizados, uma parceria de qualidade no mínimo duvidosa (para não dizer outra coisa) com o finado Lou Reed foi registrada em "Lulu", músicas não utilizadas no ótimo "Death Magnetic" acabaram saindo no EP "Beyond Magnetic", o longa "Metallica: Through The Never" chegou ao cinemas junto com o CD de sua trilha-sonora, a estranha "Lords of Summer" apareceu ao vivo algumas vezes. Os fãs, porém, clamavam por mais: queriam um novo álbum de estúdio do grupo, que há muito já vinha sendo prometido, mas parecia que nunca veria a luz do dia.

A espera, felizmente, acabou. "Hardwired... To Self-Destruct" chegou às lojas e serviços de streaming na última sexta-feira, dia 18/11, e o resultado deve agradar a todos os fãs. Aqui temos um Metallica confortável, sem a necessidade de se provar ou tentar experimentar e inovar, apenas fazendo o que sabe de melhor: Metal de qualidade, do jeito mais verdadeiro possível. Muitos momentos Thrash e Heavy se mesclam na tracklist, ao mesmo tempo que o álbum tem, especialmente em sua segunda parte, uma boa pitada de Groove, com riffs pesados e muito influenciados pelo forte baixo de Robert Trujillo. E a mixagem, alvo das principais reclamações de "Death Magnetic", encontra-se no ponto nesse novo disco, o que torna sua audição ainda mais prazerosa.

Das 12 faixas, totalizando 77:29min, os destaques vão para pedradas certeiras como "Hardwired", "Here Comes Revenge", "Moth Into Flame" e "Spit Out the Bone", com essas duas últimas já sendo consagradas como algumas das melhores gravadas pelo grupo. Vale citar também as ótimas "Atlas, Rise!", "Halo On Fire" e "Confusion", com clara inspiração nos grupos da NWOBHM que marcaram a adolescência dos integrantes; bem como as pesadas "Now That We're Dead" e "ManUNkind", e a homenagem ao falecido Lemmy Kilmister em "Murder One", cheia de referências em sua letra. "Sleep No More" é uma momento de autoreferência, sendo basicamente uma "Sad But True" que cita o Cthullu, e "Am I Savage?", apesar de bem executada, não chega a ser marcante.

O álbum vem causando as mais variadas reações mundo afora, mas é de consenso geral que ele possui várias faixas memoráveis. De fato, "Hardwired... To Self-Destruct" não veio para revolucionar, para ser o novo "Master of Puppets". Mas é até melhor que seja assim. O Metallica soa despretensioso e honesto, e isso só favoreceu sua sonoridade nesse novo registro. É bom ouvir esta que é uma das maiores bandas de Metal da história sem querer se atualizar, ou sem ter que provar que ainda sabe fazer música pesada. Eles apenas fizeram um som de qualidade, com um resultado final muito positivo e que tem o potencial para aparecer em várias listas de melhores do ano pelo mundo afora. Vida longa ao Metallica, e que eles possam continuar se sentindo a vontade por muito mais anos pela frente, seja para experimentar ou para se ater às raízes.

James Hetfield (vocais, guitarra)
Kirk Hammett (guitarra)
Robert Trujillo (baixo)
Lars Ulrich (bateria)

domingo, 20 de novembro de 2016

Crítica de UM parágrafo sobre "ANIMAIS FANTÁSTICOS E ONDE HABITAM"!


Poderia ter dado muito errado. Mas não deu. "Animais Fantásticos e Onde Habitam" tem êxito em tantas áreas quanto um blockbuster pode ter: uma trama redonda, a construção sucinta e eficiente de personagens complexos e carismáticos, excelente visual, trilha sonora marcante. Um filme que diverte e aparenta ser inocente, mas sabe tratar de temas mais maduros (e até mesmo atuais), como preconceito, conservadorismo e discursos de ódio, com muita eficácia e didática, dialogando com seu público sem subestimá-lo. Uma ou outra coisa do roteiro poderia ter um polimento ou exploração melhor, mas ainda assim a estreia da escritora J. K. Rowling como roteirista é muito satisfatória, ao mesmo tempo que o diretor David Yates acumula mais um ótimo resultado lidando com o mundo bruxo. E antes que eu me esqueça: o longa sabe fazer uso da nostalgia sem transformá-la em uma muleta. Esse é o retorno ao universo de Harry Potter que todos estávamos esperando, e essa nova franquia aparenta ter um brilhante caminho pela frente.

NOTA: 9,3

TRAILER:

quarta-feira, 2 de novembro de 2016

Crítica de UM parágrafo sobre "DOUTOR ESTRANHO"!


O filme com os mais belos visuais que a Marvel já colocou nos cinemas. Bom roteiro, fechado, nada revolucionário, mas o suficiente para se destacar ao introduzir mais um personagem ao UCM. Uma boa trilha sonora, algo que há tempos não se ouvia nos longas da produtora, que acertou ao escalar Michael Giacchino para compor todos esses temas exóticos e bem executados. "Doutor Estranho" é uma ótima introdução à parte mística desse universo, e faz bom uso dos recursos que tem à disposição, seja o Olho de Agamotto, os feitiços ou o Manto da Levitação. Vai te entreter e te divertir, muito graças às ótimas atuações de Benedict Cumberbatch e Tilda Swinton. E vale a pena ficar até o final para ver as cenas pós-créditos, mas, se você é fã, já sabe disso.

NOTA: 8,7

TRAILER: