A importância do Superman para a cultura pop é inegável. O personagem criado por Jerry Siegel e Joe Shuster em 1938 foi o primeiro super-herói dos quadrinhos, dando início, assim, à famigerada Era de Ouro. Sua concepção tem como base a simples ideia de ser alguém bondoso, sempre disposto a ajudar aqueles que precisam, ou, nas próprias palavras de sua primeira história, um "campeão dos oprimidos". Somado a isso estão seus poderes, explicados por sua origem alienígena. Mas o fato é que, desde o início, o herói representava o melhor que a humanidade tinha a oferecer, e essa visão otimista, em plena época da tenebrosa 2ª Guerra Mundial, fez com que ele se tornasse uma figura a se admirar, inspirando pessoas por décadas e tornando-se um ícone global.
Não é de hoje, porém, que dizem que Superman é um personagem ultrapassado. Sem graça. Bonzinho demais. E que precisa ser renovado. Em um mundo em que cada vez mais as pessoas admiram anti-heróis ou personagens de moral questionável, essa opinião parece válida. E ela foi compartilhada por alguns editores da DC que, em suas épocas, promoveram algumas mudanças nos temas e nas estruturas das histórias, além de aumentar ou reduzir a gama de poderes do herói, mas nada que alterasse drasticamente sua personalidade ou suas motivações. Entretanto, duas tentativas de reinvenção se destacam das demais: a primeira delas se deu logo após a "Crise nas Infinitas Terras", antológico evento de 1985 que fez com que todos os personagens da editora compartilhassem o mesmo mundo e rebootou a cronologia, dando então carta branca para os autores. O escolhido para escrever o Superman foi John Byrne, já conhecido por seus trabalhos com os X-Men e o Quarteto Fantástico pela concorrente Marvel.
Sua fase a frente do herói teve início com a minissérie "Superman: O Homem de Aço", publicada em 6 edições no ano de 1986, e prosseguiu na revista mensal do mesmo até 1988. Embora elogiadas e até vencedoras de prêmios como Kirby e Harvey, tais histórias também possuem sua base de críticos. Muito da origem e da mitologia clássica do Superman foi apagado ou modificado drasticamente, seus poderes foram amplamente reduzidos, e a abordagem de Byrne para sua personalidade foi, nas palavras do mesmo, "uma tentativa de fazê-lo mais parecido com Dirty Harry". Posteriormente, elementos clássicos como a cidade engarrafada de Kandor, a Supergirl e a morte de Jonathan Kent foram reintroduzidos na mitologia do personagem, em um movimento com o objetivo de aproximá-lo novamente de suas origens, que teve início cerca de 15 anos após o reboot e que passou pelas mãos de autores como Joe Kelly, Mark Waid, Grant Morrison, Kurt Busiek e Geoff Johns.
A segunda tentativa de renovação do Superman aconteceu mais recentemente, em 2011, logo após o evento "Ponto de Ignição", na iniciativa chamada de "Os Novos 52". A cronologia do Universo DC foi novamente rebootada (com exceção do Batman e do Lanterna Verde), e novamente os escritores poderiam recontar a origem e mitos das propriedades da editora. Com uma ressalva, porém: conforme requerido pelo editorial, as histórias deveriam ter um enfoque mais realista e obscuro, com personagens mais "humanizados" e menos "idealizados". Ficou a cargo do lendário George Pérez, famoso por sua arte em "Os Novos Titãs" e sua fase escrevendo e desenhando a Mulher Maravilha, roteirizar a HQ principal do Super, enquanto o escocês Grant Morrison, que alguns anos antes havia escrito a aclamadíssima "Grandes Astros: Superman", recebeu o título "Action Comics" para criar novas histórias.
O principal problema do início dessas fases é que as publicações não conversavam entre si: enquanto Morrison retratava os primeiros dias do herói, Pérez escrevia histórias dele quando adulto, mas fazia referências a um passado que nada tinha a ver com o que estava sendo construído na revista irmã. O autor revelou posteriormente em uma entrevista que, por mais que ele perguntasse, os editores da DC simplesmente não lhe forneciam informação alguma sobre o que a equipe envolvida com "Action Comics" estava fazendo. Toda essa confusão, somada às criticas a seu trabalho, fez com que ele deixasse a revista do Superman após finalizar seu primeiro arco.
As coisas só pioraram dali pra frente. Embora Grant Morrison tenha conseguido grande êxito em sua fase a frente de "Action Comics", a HQ principal do maior ícone da DC passou por grande instabilidade: foram 7 escritores diferentes durante as suas 52 edições, o que acabou resultando em histórias abaixo da média, um tanto quanto desconexas ou que foram prejudicadas por eventos crossover desnecessários. Algumas escolhas também foram questionáveis, como foi o caso de Scott Lobdell como roteirista, o que acabou rendendo alguns dos arcos mais execrados pelos fãs. Até mesmo "Action Comics" caiu abruptamente de qualidade após a saída de Morrison, mesmo estando nas mãos do competente Greg Pak, famoso por seu trabalho com o Hulk na Marvel.
Outra grande reclamação referente a toda essa linha editorial foram as mudanças na personalidade do Superman. De alguém mais velho, lógico, calmo e racional, ele foi rejuvenescido e se tornou mais impulsivo, com atitudes mais extremas e que não media muito as consequências. Alguns diriam até que ele era um babaca. Embora Grant Morrison tenha trabalhado toda uma evolução e amadurecimento do personagem em suas histórias, esse crescimento aparentemente não foi acompanhado pelos demais autores, e assim o herói ficou perdido, sem um caráter bem definido, o que, por consequência, acabou afastando os leitores. Chegou ao ponto de a DC simplesmente não saber o que fazer com ele, tirando seus poderes, devolvendo posteriormente, adicionando um novo poder, mudando seu visual etc, tudo para tentar recuperar a atenção dos fãs.
Claro que não é só das histórias de Grant Morrison que viveu o Superman dos Novos 52. O arco escrito por Geoff Johns para o personagem, com artes de John Romita Jr., foi elogiado por crítica e público (além de ter introduzido elementos que hoje se mostram cada vez mais importantes). Nessa mesma época, foi publicada a minissérie "Superman: American Alien", uma história que fez uma releitura de diversos momentos-chave da juventude de Clark Kent até o início de suas atividades como herói. Escrito por Max Landis, famoso por ter roteirizado o filme "Poder Sem Limites" e alguns backups de "Action Comics", o quadrinho foi amplamente aclamado, e já figura na lista de melhores do Super por quase todos que o leram.
A cereja no bolo, porém, veio com a minissérie em duas partes do Superman durante o evento "Convergência". A HQ escrita por Dan Jurgens, uma das mentes por trás do mega arco da "Morte e Retorno do Superman" nos anos 1990, e com arte de Lee Weeks trouxe de volta o Superman e a Lois Lane pré-"Ponto de Ignição", aqueles que todos gostavam, já haviam tido décadas de desenvolvimento, personalidades definidas, eram casados e continuavam firmes em seu relacionamento. A novidade é que Lois estava grávida, e, ao fim da história, ao mesmo tempo que o bebê nasce, é revelado ao leitor que a família passou a viver no então atual universo da DC, coexistindo com o Superman dos Novos 52. Essa trama abriu as portas para outra mini, essa em oito partes, chamada "Superman: Lois & Clark", com a mesma equipe criativa e que contou as aventuras da família Kent tentando se adaptar a esse novo mundo, enquanto o Superman tentava conciliar sua rotina de auxílio aos cidadãos com o fato de ter que continuar escondido. Tal publicação foi um grande sucesso de crítica e público, e foi fundamental para o que viria a seguir.
Dois Supermen estavam coexistindo ao mesmo tempo no Universo DC. Um deles foi o foco de quase 30 anos de histórias, protagonizou verdadeiros clássicos, é um herói consolidado, possui um dos relacionamentos mais adorados dos quadrinhos, um verdadeiro favorito dos fãs. O outro foi um dos personagens mais controversos da editora desde o reboot, se afastou demais de suas origens, teve momentos questionáveis acabou por afastar muitos dos fãs. O que a DC decidiu? Um deles tinha que morrer. E é claro que foi o dos Novos 52 quem rodou. Essa decisão, por mais incrível que pareça, causou alguns protestos na internet, pois, aparentemente, finalmente estavam acertando o tom de sua personalidade, muito graças ao trabalho realizado pelos ótimos Peter J. Tomasi e Patrick Gleason, famosos por trabalhos com "A Tropa dos Lanternas Verdes" e "Batman & Robin". De qualquer forma, mais uma vez o Superman principal das HQs estava morto, e mais uma vez um grande evento acompanharia tal acontecimento. Dessa vez, porém, ele não seria o centro das atenções.
Capa da edição nº 1 de "Superman: O Homem de Aço", por John Byrne e Dick Giordano.
A segunda tentativa de renovação do Superman aconteceu mais recentemente, em 2011, logo após o evento "Ponto de Ignição", na iniciativa chamada de "Os Novos 52". A cronologia do Universo DC foi novamente rebootada (com exceção do Batman e do Lanterna Verde), e novamente os escritores poderiam recontar a origem e mitos das propriedades da editora. Com uma ressalva, porém: conforme requerido pelo editorial, as histórias deveriam ter um enfoque mais realista e obscuro, com personagens mais "humanizados" e menos "idealizados". Ficou a cargo do lendário George Pérez, famoso por sua arte em "Os Novos Titãs" e sua fase escrevendo e desenhando a Mulher Maravilha, roteirizar a HQ principal do Super, enquanto o escocês Grant Morrison, que alguns anos antes havia escrito a aclamadíssima "Grandes Astros: Superman", recebeu o título "Action Comics" para criar novas histórias.
O principal problema do início dessas fases é que as publicações não conversavam entre si: enquanto Morrison retratava os primeiros dias do herói, Pérez escrevia histórias dele quando adulto, mas fazia referências a um passado que nada tinha a ver com o que estava sendo construído na revista irmã. O autor revelou posteriormente em uma entrevista que, por mais que ele perguntasse, os editores da DC simplesmente não lhe forneciam informação alguma sobre o que a equipe envolvida com "Action Comics" estava fazendo. Toda essa confusão, somada às criticas a seu trabalho, fez com que ele deixasse a revista do Superman após finalizar seu primeiro arco.
As coisas só pioraram dali pra frente. Embora Grant Morrison tenha conseguido grande êxito em sua fase a frente de "Action Comics", a HQ principal do maior ícone da DC passou por grande instabilidade: foram 7 escritores diferentes durante as suas 52 edições, o que acabou resultando em histórias abaixo da média, um tanto quanto desconexas ou que foram prejudicadas por eventos crossover desnecessários. Algumas escolhas também foram questionáveis, como foi o caso de Scott Lobdell como roteirista, o que acabou rendendo alguns dos arcos mais execrados pelos fãs. Até mesmo "Action Comics" caiu abruptamente de qualidade após a saída de Morrison, mesmo estando nas mãos do competente Greg Pak, famoso por seu trabalho com o Hulk na Marvel.
Outra grande reclamação referente a toda essa linha editorial foram as mudanças na personalidade do Superman. De alguém mais velho, lógico, calmo e racional, ele foi rejuvenescido e se tornou mais impulsivo, com atitudes mais extremas e que não media muito as consequências. Alguns diriam até que ele era um babaca. Embora Grant Morrison tenha trabalhado toda uma evolução e amadurecimento do personagem em suas histórias, esse crescimento aparentemente não foi acompanhado pelos demais autores, e assim o herói ficou perdido, sem um caráter bem definido, o que, por consequência, acabou afastando os leitores. Chegou ao ponto de a DC simplesmente não saber o que fazer com ele, tirando seus poderes, devolvendo posteriormente, adicionando um novo poder, mudando seu visual etc, tudo para tentar recuperar a atenção dos fãs.
Arte de Rags Morales para a capa variante da edição nº 1 de "Action Comics" dos Novos 52, por Grant Morrison e Rags Morales. Essa mesma imagem foi usada como capa do encadernado "Superman: À Prova de Balas" no Brasil, que traz toda a fase de Morrison a frente da publicação.
Claro que não é só das histórias de Grant Morrison que viveu o Superman dos Novos 52. O arco escrito por Geoff Johns para o personagem, com artes de John Romita Jr., foi elogiado por crítica e público (além de ter introduzido elementos que hoje se mostram cada vez mais importantes). Nessa mesma época, foi publicada a minissérie "Superman: American Alien", uma história que fez uma releitura de diversos momentos-chave da juventude de Clark Kent até o início de suas atividades como herói. Escrito por Max Landis, famoso por ter roteirizado o filme "Poder Sem Limites" e alguns backups de "Action Comics", o quadrinho foi amplamente aclamado, e já figura na lista de melhores do Super por quase todos que o leram.
A cereja no bolo, porém, veio com a minissérie em duas partes do Superman durante o evento "Convergência". A HQ escrita por Dan Jurgens, uma das mentes por trás do mega arco da "Morte e Retorno do Superman" nos anos 1990, e com arte de Lee Weeks trouxe de volta o Superman e a Lois Lane pré-"Ponto de Ignição", aqueles que todos gostavam, já haviam tido décadas de desenvolvimento, personalidades definidas, eram casados e continuavam firmes em seu relacionamento. A novidade é que Lois estava grávida, e, ao fim da história, ao mesmo tempo que o bebê nasce, é revelado ao leitor que a família passou a viver no então atual universo da DC, coexistindo com o Superman dos Novos 52. Essa trama abriu as portas para outra mini, essa em oito partes, chamada "Superman: Lois & Clark", com a mesma equipe criativa e que contou as aventuras da família Kent tentando se adaptar a esse novo mundo, enquanto o Superman tentava conciliar sua rotina de auxílio aos cidadãos com o fato de ter que continuar escondido. Tal publicação foi um grande sucesso de crítica e público, e foi fundamental para o que viria a seguir.
Dois Supermen estavam coexistindo ao mesmo tempo no Universo DC. Um deles foi o foco de quase 30 anos de histórias, protagonizou verdadeiros clássicos, é um herói consolidado, possui um dos relacionamentos mais adorados dos quadrinhos, um verdadeiro favorito dos fãs. O outro foi um dos personagens mais controversos da editora desde o reboot, se afastou demais de suas origens, teve momentos questionáveis acabou por afastar muitos dos fãs. O que a DC decidiu? Um deles tinha que morrer. E é claro que foi o dos Novos 52 quem rodou. Essa decisão, por mais incrível que pareça, causou alguns protestos na internet, pois, aparentemente, finalmente estavam acertando o tom de sua personalidade, muito graças ao trabalho realizado pelos ótimos Peter J. Tomasi e Patrick Gleason, famosos por trabalhos com "A Tropa dos Lanternas Verdes" e "Batman & Robin". De qualquer forma, mais uma vez o Superman principal das HQs estava morto, e mais uma vez um grande evento acompanharia tal acontecimento. Dessa vez, porém, ele não seria o centro das atenções.
O Superman dos Novos 52 e, no reflexo, o Superman pré-Ponto de Ignição, protagonista de "Superman: Lois & Clark", na capa feita por John Romita Jr. para Action Comics nº 52
Veio o "DC Universe Rebirth", com a promessa de tentar restaurar tudo o que havia de bom no status quo da editora antes de "Ponto de Ignição" e manter o que estava dando certo nos Novos 52, além de, como disse Geoff Johns, trazer de volta o otimismo e a esperança de volta às HQs. Editorialmente, a DC reiniciou a numeração de todos os gibis, com exceção de "Action Comics" e "Detective Comics", que voltaram a seus números originais por serem suas publicações mais antigas e estarem se aproximando da histórica marca de 1000 edições. Além disso, a periodicidade da maior parte de sua linha foi mudada, com as revistas passando a ser publicadas quinzenalmente, e com a redução dos preços de $3,99 para $2,99. As equipes criativas também foram todas modificadas, e os escolhidos lidar com o Superman, em uma decisão lógica, foram justamente aqueles que vinham acertando com o personagem há algum tempo. Assim, Peter J. Tomasi e Patrick Gleason uniram forças com Doug Mahnke e ficaram encarregados da HQ principal, enquanto Dan Jurgens se tornou o roteirista de "Action Comics", ao lado de artistas como Patrick Zircher, Tyler Kirkham e Stephen Segovia.
O evento teve início em 25 de maio deste ano, com a publicação do especial "DC Universe Rebirth Special #1". O quadrinho, com o impressionante número de 80 páginas, teve como foco o retorno do favorito dos fãs Wally West, que foi o Flash por quase 25 anos, a continuidade do Universo DC atual, além de mostrar principais mudanças e novidades que viriam pela frente, seja o reencontro entre o Arqueiro Verde e a Canário Negro, o retorno do tradicional símbolo azul no uniforme do Asa Noturna, Aquaman pedindo a Mera em casamento, a volta do Átomo e dos Besouros Azuis etc. Pequenas modificações, mas que fizeram uma diferença gritante nos 5 anos dos Novos 52. A HQ, embora muito aclamada, também foi alvo de polêmica por parte de alguns fãs, uma vez que fez referências e se utilizou de elementos da quase que sacrossanta "Watchmen", obra de Alan Moore tida por muitos como a melhor de todos os tempos. É importante ressaltar, porém, que em nenhum momento a DC incorporou a história ou seus personagens ao universo regular dos super-heróis, ao contrário do que foi reportado por muitos no que até dá para chamar de "onda de histeria coletiva", e tudo o que está presente na revista não passa de uma homenagem e, ao mesmo tempo, uma crítica à revista, uma das grandes responsáveis por ditar o clima obscuro, realista e cínico em muito do que foi produzido dali para frente.
No tocante ao Superman, o especial trouxe algumas repercussões da morte do herói para a Liga da Justiça e, principalmente, para a sua contraparte pré-Ponto de Ignição que, além de ter presenciado o ocorrido, acompanhou os desdobramentos pela TV com sua família, quando recebeu a visita de uma figura misteriosa (que se mostra cada vez mais essencial para a compreensão do Rebirth). Para dar seguimento a transição de linhas editoriais, a DC publicou, entre outras, a one-shot "Superman: Rebirth", que fez uma retrospectiva de toda a carreira do personagem nas histórias após a Crise nas Infinitas Terras até sua inclusão no atual universo da editora, e, enfim, oficializou o que todos já esperavam: o Superman pré-Ponto de Ignição, adorado pelos fãs, sairia do anonimato com sua família e assumiria o posto como o super-herói principal da Terra.
O que veio em seguida foi de encher os olhos. Tanto "Action Comics" quanto "Superman" tiveram seus primeiros arcos iniciados no mais alto nível, com a primeira apresentando ação frenética equilibrada com drama, diálogos incisivos e um grande número de reviravoltas totalmente inesperadas. A segunda, por sua vez, focou-se no relacionamento do personagem com sua família, as preocupações e os desafios que eles deveriam enfrentar dali para a frente, especialmente no desenvolvimento de seu filho Jonathan Kent, que cada vez mais manifesta seus poderes à medida que cresce. O mais satisfatório, porém, foi poder ler o Superman da maneira que ele deve ser escrito: confiante, bondoso, zeloso, racional e preocupado em salvar o máximo de vidas humanas possível a qualquer custo, fazendo uso de toda sua experiência para tal. O Maior de Todos estava de volta e, mais dos que isso, suas histórias voltaram a ser prazerosas de se ler.
Atualmente, ambas as revistas já concluíram seus dois primeiros arcos de histórias e já estão trabalhando em um terceiro. E é importante (talvez até satisfatório) salientar que a qualidade não caiu em nenhum momento. Pelo contrário: as tramas só melhoraram, tornando-se mais intrigantes e divertidas de se ler. As duas HQs tem sabido trabalhar os personagens e suas relações de forma perfeita, cada uma a seu modo: enquanto "Action Comics" abrange quase todos os personagens recorrentes do herói, "Superman" desenvolve as relações familiares, principalmente a de pai e filho com o jovem Jon, que já adotou o símbolo dos El e está em vias de se tornar o novo Superboy. Aliás, a melhor edição entre as duas publicações que saiu até o momento, a nº 7 de "Superman", é sobre os Kent visitando uma exposição local, enquanto Clark tenta se conter para não evitar qualquer injustiça ou crime que venha a perceber (e não consegue, claro). Um roteiro simples e honesto, que, combinado com a ótima arte de Jorge Jimenez, rendeu um gibi fantástico.
A qualidade dos atuais quadrinhos do Superman, obviamente, não passou despercebida. Sites especializados vem largando notas altas sempre que um novo número sai, sempre rasgando elogios ao ótimo trabalho realizado pelas equipes criativas e destacando a revitalização dos títulos, tão desgastados recentemente devido às passagens ruins e confusões. Os fãs também perceberam essa nítida melhoria e responderam nas compras, de modo que pelo menos uma edição referente ao herói tem estado presente no Top 20 da Diamond Comics, empresa que repassa os números de solicitações nos EUA, desde junho desse ano, quando o Rebirth teve seu início de fato. Muita gente, inclusive, tem dito que voltou a ler o Super justamente por conta das atuais histórias serem tão boas.
Todo esse sucesso desde o início do DC Universe Rebirth é a prova mais que necessária de algo que os fãs sempre souberam: o Superman não é um personagem ultrapassado. Ele não precisa de atualizações, mudanças de caráter, nada disso. A essência do personagem, desde sua criação, é algo que mundo sempre precisou: uma figura altruísta, solidária, que nunca deixa de ser otimista e que representa tudo o que a humanidade tem de melhor. Ele é um verdadeiro ícone para o qual devemos olhar, nos inspirar e tentarmos ser melhores, perceber o que há de bom no mundo e nas pessoas, nos fazer ter esperança em um amanhã melhor. E, em um momento histórico como o que vivemos, cada vez mais mesquinho e individualista, em que a bondade e a solidariedade vem sendo substituídos pelo medo e a violência, e tem feito a população compartilhar ideias com Trumps e Bolsonaros da vida, tudo o que o Superman é e representa não apenas parece atual, como cada vez mais importante e necessário.
Outra coisa que ficou clara com tudo isso é a importância de se ter autores que entendam os personagens e saibam o que fazer com eles escrevendo seus quadrinhos. Não adianta colocar alguém que veja o Superman como alguém agressivo, impulsivo, ou que viva em um eterno questionamento moral de seus poderes e ações para escrever suas histórias e achar que vai dar certo. Não vai. O herói não é sobre isso. As pessoas não querem ler isso quando compram suas revistas. Esse foi o maior erro da abordagem dos Novos 52, seja por parte do editorial ou dos escritores, e o maior acerto do Rebirth até o momento. Tanto Jurgens quanto Tomasi e Gleason demonstram domínio sobre o personagem e toda sua mitologia, e vem fazendo um excelente trabalho ao trazer de volta o sentimento de verdade e justiça para suas publicações, sempre acompanhados de grandes aventuras e momentos marcantes.
Claro que, quando digo que O Primeiro de Todos não é ultrapassado e não precisa de atualizações, não significa que as mesmas histórias que eram publicadas em 1938 devem ser publicadas hoje. Pelo contrário: o mundo mudou nesses quase 80 anos, muitas das noções de antigamente foram amplamente alteradas, e os temas e princípios devem ser ajustados conforme a época em que vivemos. O que deve permanecer intacto, porém, é o cerne do Superman, pois ele é atemporal e sempre necessário. Ao mesmo tempo, para que personagem não caia no ostracismo, é importante que haja evolução lógica do mesmo. E esse é outro triunfo do Rebirth: o fato de o herói hoje ser casado e agora ter um filho é algo que deu um novo respiro às HQs. A construção de Jon Kent, um garoto adorável, vem sendo executada com maestria, e as aventuras entre pai e filho lado a lado garantiu a possibilidade de se explorar inúmeras novas tramas interessantes e que estão em sintonia com a nossa atual realidade.
Após ter sofrido por anos, o DC Universe Rebirth proporcionou um verdadeiro renascimento para o Superman, que vem provando que não é um personagem antiquado. As tentativas de mudanças só foram prejudiciais a ele. Mesmo as de John Byrne não deram tão certo assim, caso contrário não haveria acontecido uma restauração dos elementos mais clássicos do personagem em histórias posteriores. Porque O Maior de Todos não é um Dirty Harry. Não é agressivo, impulsivo ou tem personalidade questionável. Não é sombrio, realista e cínico. Ele é a representação do otimismo, da esperança, da verdade e da justiça. Ele é alguém destinado a viver grandes aventuras em um universo que pode lhe proporcionar isso. Ele é o que a humanidade tem de melhor. Ele é um ícone, uma inspiração, um campeão, não apenas dos oprimidos, mas de todas as vidas do planeta. E, em um mundo como o nosso, o Superman vem se mostrando cada vez mais atual, importante e essencial. Que ele continue a influenciar cada vez mais pessoas por muitas gerações a frente, e possamos vê-lo protagonizar muitas outras excelentes histórias, do jeito que deve ser.
O evento teve início em 25 de maio deste ano, com a publicação do especial "DC Universe Rebirth Special #1". O quadrinho, com o impressionante número de 80 páginas, teve como foco o retorno do favorito dos fãs Wally West, que foi o Flash por quase 25 anos, a continuidade do Universo DC atual, além de mostrar principais mudanças e novidades que viriam pela frente, seja o reencontro entre o Arqueiro Verde e a Canário Negro, o retorno do tradicional símbolo azul no uniforme do Asa Noturna, Aquaman pedindo a Mera em casamento, a volta do Átomo e dos Besouros Azuis etc. Pequenas modificações, mas que fizeram uma diferença gritante nos 5 anos dos Novos 52. A HQ, embora muito aclamada, também foi alvo de polêmica por parte de alguns fãs, uma vez que fez referências e se utilizou de elementos da quase que sacrossanta "Watchmen", obra de Alan Moore tida por muitos como a melhor de todos os tempos. É importante ressaltar, porém, que em nenhum momento a DC incorporou a história ou seus personagens ao universo regular dos super-heróis, ao contrário do que foi reportado por muitos no que até dá para chamar de "onda de histeria coletiva", e tudo o que está presente na revista não passa de uma homenagem e, ao mesmo tempo, uma crítica à revista, uma das grandes responsáveis por ditar o clima obscuro, realista e cínico em muito do que foi produzido dali para frente.
No tocante ao Superman, o especial trouxe algumas repercussões da morte do herói para a Liga da Justiça e, principalmente, para a sua contraparte pré-Ponto de Ignição que, além de ter presenciado o ocorrido, acompanhou os desdobramentos pela TV com sua família, quando recebeu a visita de uma figura misteriosa (que se mostra cada vez mais essencial para a compreensão do Rebirth). Para dar seguimento a transição de linhas editoriais, a DC publicou, entre outras, a one-shot "Superman: Rebirth", que fez uma retrospectiva de toda a carreira do personagem nas histórias após a Crise nas Infinitas Terras até sua inclusão no atual universo da editora, e, enfim, oficializou o que todos já esperavam: o Superman pré-Ponto de Ignição, adorado pelos fãs, sairia do anonimato com sua família e assumiria o posto como o super-herói principal da Terra.
Capa de "Superman: Rebirth", por Peter J. Tomasi e Doug Mahnke.
Atualmente, ambas as revistas já concluíram seus dois primeiros arcos de histórias e já estão trabalhando em um terceiro. E é importante (talvez até satisfatório) salientar que a qualidade não caiu em nenhum momento. Pelo contrário: as tramas só melhoraram, tornando-se mais intrigantes e divertidas de se ler. As duas HQs tem sabido trabalhar os personagens e suas relações de forma perfeita, cada uma a seu modo: enquanto "Action Comics" abrange quase todos os personagens recorrentes do herói, "Superman" desenvolve as relações familiares, principalmente a de pai e filho com o jovem Jon, que já adotou o símbolo dos El e está em vias de se tornar o novo Superboy. Aliás, a melhor edição entre as duas publicações que saiu até o momento, a nº 7 de "Superman", é sobre os Kent visitando uma exposição local, enquanto Clark tenta se conter para não evitar qualquer injustiça ou crime que venha a perceber (e não consegue, claro). Um roteiro simples e honesto, que, combinado com a ótima arte de Jorge Jimenez, rendeu um gibi fantástico.
A qualidade dos atuais quadrinhos do Superman, obviamente, não passou despercebida. Sites especializados vem largando notas altas sempre que um novo número sai, sempre rasgando elogios ao ótimo trabalho realizado pelas equipes criativas e destacando a revitalização dos títulos, tão desgastados recentemente devido às passagens ruins e confusões. Os fãs também perceberam essa nítida melhoria e responderam nas compras, de modo que pelo menos uma edição referente ao herói tem estado presente no Top 20 da Diamond Comics, empresa que repassa os números de solicitações nos EUA, desde junho desse ano, quando o Rebirth teve seu início de fato. Muita gente, inclusive, tem dito que voltou a ler o Super justamente por conta das atuais histórias serem tão boas.
A capa de Superman nº 7, a melhor edição até agora, por Peter J. Tomasi, Patrick Gleason e Jorge Jimenez.
Todo esse sucesso desde o início do DC Universe Rebirth é a prova mais que necessária de algo que os fãs sempre souberam: o Superman não é um personagem ultrapassado. Ele não precisa de atualizações, mudanças de caráter, nada disso. A essência do personagem, desde sua criação, é algo que mundo sempre precisou: uma figura altruísta, solidária, que nunca deixa de ser otimista e que representa tudo o que a humanidade tem de melhor. Ele é um verdadeiro ícone para o qual devemos olhar, nos inspirar e tentarmos ser melhores, perceber o que há de bom no mundo e nas pessoas, nos fazer ter esperança em um amanhã melhor. E, em um momento histórico como o que vivemos, cada vez mais mesquinho e individualista, em que a bondade e a solidariedade vem sendo substituídos pelo medo e a violência, e tem feito a população compartilhar ideias com Trumps e Bolsonaros da vida, tudo o que o Superman é e representa não apenas parece atual, como cada vez mais importante e necessário.
Outra coisa que ficou clara com tudo isso é a importância de se ter autores que entendam os personagens e saibam o que fazer com eles escrevendo seus quadrinhos. Não adianta colocar alguém que veja o Superman como alguém agressivo, impulsivo, ou que viva em um eterno questionamento moral de seus poderes e ações para escrever suas histórias e achar que vai dar certo. Não vai. O herói não é sobre isso. As pessoas não querem ler isso quando compram suas revistas. Esse foi o maior erro da abordagem dos Novos 52, seja por parte do editorial ou dos escritores, e o maior acerto do Rebirth até o momento. Tanto Jurgens quanto Tomasi e Gleason demonstram domínio sobre o personagem e toda sua mitologia, e vem fazendo um excelente trabalho ao trazer de volta o sentimento de verdade e justiça para suas publicações, sempre acompanhados de grandes aventuras e momentos marcantes.
Claro que, quando digo que O Primeiro de Todos não é ultrapassado e não precisa de atualizações, não significa que as mesmas histórias que eram publicadas em 1938 devem ser publicadas hoje. Pelo contrário: o mundo mudou nesses quase 80 anos, muitas das noções de antigamente foram amplamente alteradas, e os temas e princípios devem ser ajustados conforme a época em que vivemos. O que deve permanecer intacto, porém, é o cerne do Superman, pois ele é atemporal e sempre necessário. Ao mesmo tempo, para que personagem não caia no ostracismo, é importante que haja evolução lógica do mesmo. E esse é outro triunfo do Rebirth: o fato de o herói hoje ser casado e agora ter um filho é algo que deu um novo respiro às HQs. A construção de Jon Kent, um garoto adorável, vem sendo executada com maestria, e as aventuras entre pai e filho lado a lado garantiu a possibilidade de se explorar inúmeras novas tramas interessantes e que estão em sintonia com a nossa atual realidade.
Clark e Jon lado a lado na arte da capa de Superman nº8, por Doug Mahnke.
Após ter sofrido por anos, o DC Universe Rebirth proporcionou um verdadeiro renascimento para o Superman, que vem provando que não é um personagem antiquado. As tentativas de mudanças só foram prejudiciais a ele. Mesmo as de John Byrne não deram tão certo assim, caso contrário não haveria acontecido uma restauração dos elementos mais clássicos do personagem em histórias posteriores. Porque O Maior de Todos não é um Dirty Harry. Não é agressivo, impulsivo ou tem personalidade questionável. Não é sombrio, realista e cínico. Ele é a representação do otimismo, da esperança, da verdade e da justiça. Ele é alguém destinado a viver grandes aventuras em um universo que pode lhe proporcionar isso. Ele é o que a humanidade tem de melhor. Ele é um ícone, uma inspiração, um campeão, não apenas dos oprimidos, mas de todas as vidas do planeta. E, em um mundo como o nosso, o Superman vem se mostrando cada vez mais atual, importante e essencial. Que ele continue a influenciar cada vez mais pessoas por muitas gerações a frente, e possamos vê-lo protagonizar muitas outras excelentes histórias, do jeito que deve ser.
Breve, em Superman nº 10... (arte de Patrick Gleason)