Nos quadrinhos, o Homem-Formiga é um dos fundadores dos Vingadores. Também é o criador do robô Ultron. E é isso. O personagem nunca teve muito destaque, sendo um desconhecido para o grande público, suas histórias quase sempre eram medianas e ele nunca conseguiu sustentar um título solo por muito tempo. Então, é claro que um filme sobre o herói foi observado com muita suspeita pelos fãs, ainda mais com uma demora tão grande na produção e uma troca repentina no diretor, saindo o elogiado Edgar Wright para a entrada do pouco conhecido Peyton Reed.
Mas a Marvel conseguiu. Mais uma vez, entregaram um filme extremamente divertido, com roteiro conciso, grandes nomes no elenco e efeitos estonteantes. Uma boa trama de assalto, no melhor estilo de "Onze Homens e Um Segredo". Muitas piadas e tiradas em um longa que sabe não se levar tão a sério, bem na pegada de "Guardiões da Galáxia", outra aclamada realização do Marvel Studios. Ao mesmo tempo, você consegue se conectar com aqueles personagens, graças a suas personalidades bem construídas e dramas pessoais.
O grande destaque, porém, vai para as cenas em que o personagem-título fica diminuto. Nossa, como aquilo é legal! Souberam demonstrar perfeitamente o senso de dimensão e proporção de um mundo tão gigante para um herói tão pequeno. Simplesmente fantástico, de modo que usam e abusam do recurso nos momentos de ação, os quais se diferenciam de tudo o que você já viu na vida graças a isso. Esse é justamente o grande trunfo do último ato do longa, que possuí uma das sequências mais bacanas de tudo o que já foi feito pela Marvel até hoje.
A única coisa que desagradou um pouco, porém, foram as cenas de drama. Para um filme que não se leva a sério, elas ficaram meio deslocadas. Talvez algo no modelo do já citado "Guardiões da Galáxia" fosse melhor, sendo tais momentos bem breves e diluídos em duas horas de zoação, ação e ótimas músicas. O vilão Jaqueta-Amarela também não é lá a melhor coisa já feita, mais uma vez mostrando o problema crônico do estúdio em desenvolver melhor seus antagonistas.
De resto, tudo está bem encaixado, inclusive as referências e a integração ao resto do Universo Cinematográfico Marvel, bem colocadas, pontuais e que em momento algum soam forçadas. Assim, mesmo sendo parte de toda essa loucura, "Homem-Formiga" consegue se sustentar bem e se sobressai como um filme solo. Mais do que isso, é um filme que tem uma alma e um estilo bem próprio.
Ah, e tem uma referência a Star Wars! Um easter-egg simples e bem colocado, mas aqueles que perceberem certamente irão sorrir.
PS: esqueci de dizer antes, mas gostei da escolha de Scott Lang para ser o Homem-Formiga principal do cinema. Hank Pym sempre será o primeiro e original, mas, além de ser um personagem problemático e controverso, já usou muitas alcunhas além dessa nas HQs, como Gigante, Golias, Jaqueta Amarela (sim, ele já adotou até mesmo o nome e o uniforme de seu inimigo), O Vespa... Simplesmente não dá pra construir uma marca para um indivíduo que muda de nome toda hora! Felizmente, o estúdio não se esqueceu do legado do herói e soube adaptar isso bem para as telas, ao mesmo tempo que sua relação com Lang e a "passagem do manto" foi bem trabalhada.
NOTA: 8,3
Confira o trailer: