(Arte por Stuart Immonen. Superman e Superman: Identidade Secreta pertencentes a DC Comics, uma empresa do grupo Warner Bros. Discovery, todos os direitos reservados)
Olá! Seja bem-vindo ao meu projeto Balanço Musical, uma coluna mensal na qual falo sobre música, o que escutei no mês que se passou, o porquê das escolhas, o que me influenciou nesses dias, e publico uma playlist com uma faixa referente a cada dia do período. O objetivo não é nada além de escrever um pouco mais sobre música no blog, apresentar algumas coisas diferentes e dar às pessoas a oportunidade de conhecer novos artistas e canções. As postagens são publicadas sempre na primeira segunda-feira útil de cada mês (exceto quando ela coincide com o primeiro dia [útil] do mês -- ou quando não me dá tanta vontade assim).
Não vou começar mais uma postagem falando um dos meus máximos clichês de que "dezembro é um mês apenas para cumprir tabela". Quer dizer, na postagem sobre o de 2021 já não falei -- porque foi horrível --, e na de 2020 -- que foi bem melhor -- tentei desviar ao máximo desse pensamento, ainda que tenha sido mencionado. O fato é que coisas acontecem, sim, em dezembro, para bem ou para mal, e nesse último não foi diferente. Em meio a atividades, confraternizações e despedidas, estive sentindo um certo desconforto interno/emocional enquanto me encontrava rodeado por gente, uma estranha sensação de deslocamento, de não-pertencimento. Isso me fez refletir bastante e chegar a algumas conclusões (o que foi continuado e acrescido por algumas falas e vídeos que conferi nesse mês de janeiro), muito graças à terapia, e agora só me resta progredir em busca de soluções e melhorias com esses pontos em mente.
Papo psicológico à parte, essas semanas finais de 2022 me permitiram conhecer algumas pessoas, um lado diferente de outras, corrigir algumas falhas recorrentes dos meses anteriores e preparar o terreno para o então vindouro ano de 2023. Ainda consegui reservar um tempinho para jogar video-games e ir ao cinema ver Avatar: O Caminho da Água, sequência do longa de 2009, e é um bom filme com efeitos especiais e trilha sonora espetaculares, mas que às vezes exagera na breguice.
E também foi um mês muito significativo quando se trata de música. Em um ano em que uma das frases que mais disse foi "nesse mês x eu ouvi muita música", diferente não poderia ser aqui. Segundo meu last.fm, foram 3.948 reproduções realizadas em dezembro de 2022 (média de 127/dia), que contaram com 684 artistas, 1.015 álbuns e 3.615 faixas diferentes. Números bem elevados, como foi tendência durante todo esse último ano, e que fez desse meu terceiro melhor mês no quadro geral, superando julho de 2022 e ficando atrás apenas de outubro e maio últimos. E nesse momento só me resta aguardar para ver o que vem por aí em 2023, sem me arriscar a fazer nenhuma previsão.
Seguindo a tendência de novembro, em dezembro acabei por reservar para tirar o atraso dos lançamentos ocorridos em 2022 que ainda não tinha conferido. E falhei, porque ainda sobraram algumas novidades do último ano, fora as várias outras que descobri apenas nos últimos dias do mês. Ainda assim, percebi que o melhor dos últimos 12 meses ficou reservado para minha conferência ao final, com diversas novidades que reverteram minha opinião de que 2022 havia sido fraco em novos álbuns. Ainda acho que foi bem aquém de anos anteriores, quebrando a tendência de alta por diversos motivos, mas a impressão final ficou melhor do que a que tinha até o mês anterior a esse. E talvez ainda melhore ainda mais quando eu parar para conferir o que faltou desse período.
Mas isso não será visto por aqui. Cumprindo o que disse em janeiro de 2022, essa é minha última postagem. O Balanço Musical deixará de ser publicado.
Quer dizer, pelo menos aqui no A Balsa.
Como eu disse no post linkado acima, os blogs estão mortos. Não há motivo para eu seguir insistindo em publicar as coisas por aqui com um retorno tão mínimo: embora rolem alguns picos de acesso no blog quando são divulgadas, as postagens do Balanço Musical acabam contabilizando, individualmente, algo em torno de 20, 30 visualizações. E isso já é tendência há alguns anos, ainda que com um ou outro ponto fora da curva em tempos mais recentes. Somado à minha corrida rotina de trabalho e todo o tempo que dedico a escrever essas postagens de forma tão detalhada, muitas vezes esmiuçando lançamentos de um jeito que não era minha intenção inicial quando adotei o atual formato, se tornou insustentável, cansativo, um verdadeiro fardo. É o correto encerrar mesmo.
Por outro lado, eu amo essa ideia, esse projeto meu, e também amo falar sobre música, compartilhar descobertas, realizar indicações. E algo que já havia resolvido comigo mesmo há muito tempo é que, independente do que fosse acontecer, eu não iria parar de fazer minhas playlists, e seguiria divulgando elas em minhas redes sociais, ainda que elas não interessassem às pessoas que conheço ou me seguem nelas, e não alcançassem seu público adequado.
Mas e se alcançassem? Foi a partir daí que tive uma ideia: as redes sociais estão aí, possuem ferramentas e, sobretudo, um algoritmo que levam conteúdo a públicos específicos e adequados. Por que não transformar o Balanço Musical em uma página, adaptar o conteúdo postado no blog e seguir com essa rotina?
E foi o que fiz. Ao final de dezembro, já com um plano traçado, criei um perfil para o Balanço Musical no Instagram, que já está no ar e funcionando desde o começo desse janeiro. A ideia é enxugar todo esse texto das publicações aqui do A Balsa e produzir o conteúdo com maior foco em imagens, escrevendo só o essencial. Além disso, tem a vantagem de poder compartilhar em tempo real tudo o que estou ouvindo com o público através dos Stories, com direito até a curtas resenhas sobre lançamentos, o que já foi visto nessas primeiras semanas de 2023. Não sei isso será mais trabalhoso ou se consumirá mais tempo, mas é uma tentativa para não enterrar de vez algo que gosto tanto de fazer desde 2017. E também é uma evolução natural, ao meu ver, por todos os motivos já mencionados.
Então, você que está lendo, já pode seguir o @balancomusical no Instagram e ver a continuação de tudo isso que fiz aqui por lá. Tenho alguns planos para publicações e criação de conteúdo, inclusive de expansão para outras redes como TikTok e Kwai, mas tudo ao seu tempo.
Feito o anúncio, e retomando o último Balanço Musical neste formato atual, os DESTAQUES DO MÊS de dezembro último, além dos lançamentos remanescentes de 2022, contou também o que já é de conhecimento de todos, aquela velha mistura de Rock, Metal e Pop oitentista, que podem ser conferidos logo abaixo.
ARTISTAS DO MÊS:
- Trans-Siberian Orchestra (Metal Sinfônico, Metal Progressivo, Power Metal): esse projeto que traz membros do Savatage ao lado de algumas participações mais que especiais de artistas renomados tem uma vasta gama álbuns e músicas com temática natalina. Eles já apareceram por aqui em anos anteriores, mas nesse último dezembro peguei para ouvi-los durante as festividades natalinas, e foi uma combinação mais que acertada. Se você não conhece, vale a pena ir atrás, até porque eles possuem outros álbuns não voltados ao Natal. Se você gosta de Savatage, então, será conquistado facilmente.
Destaco também:
- Faith No More (Metal Alternativo, Funk Metal, Experimental)
- Rush (Rock Progressivo, Rock, Hard Rock)
- Blur (Britpop, Rock Alternativo)
- The Cure (Post-Punk, Rock Alternativo, Rock Gótico)
- Porcupine Tree (Rock Progressivo, Metal Progressivo, Rock Alternativo)
- INXS (Pop Rock, Rock, Hard Rock)
ÁLBUNS DO MÊS:
- Tedeschi Trucks Band - I Am Moon (Rock, Blues Rock, Blues, Soul Rock): uma epopeia contada em quatro mini-álbuns, basicamente EPs com seis faixas cada, e reunida num maxi-álbum/coletânea para se desfrutar todos de uma vez. Quem conhece a Tedeschi Trucks Band sabe que pode esperar um um nível diferenciado de qualidade, mas o que eles apresentam em I Am Moon, em todas as suas partes, se encontra em outro patamar, seja por sua mistura musical, a sintonia entre os membros do grupo, o talento dos envolvidos e a criatividade que tirou essa experiência conceitual, baseada na mesma história da clássica Layla do Derek And The Dominos, do plano das ideias. Com certa folga, um dos melhores trabalhos lançados em 2022.
Destaco também:
- The Smile - A Light For Attracting Attention (Rock Alternativo, Art Rock, Post-Punk, Rock Progressivo; 2022) -- o projeto paralelo de Thom Yorke, do Radiohead, ao lado do guitarrista do grupo Jonny Greenwood e o baterista Tom Skinner já estreou arrematando elogios de público e crítica, e realmente são tudo isso que falam
- Metronomy - Small World (Indie Rock, Pop Rock, Rock Eletrônico; 2022)
- Placebo - Never Let Me Go (Rock, Rock Alternativo, Indie Rock; 2022)
- The Afghan Whigs - How Do You Burn? (Rock, Rock Alternativo; 2022) -- o sucessor de In Spades de 2017 consegue ser ainda melhor, e fica entre os melhores já lançados pelo grupo
- Marcus King - Young Blood (Blues, Blues Rock, Southern Rock; 2022) -- meu xará aqui é uma estrela em ascensão, e o visto aqui justifica isso: o talento de King em composição e destreza com a guitarra (que até o colocou tocando junto ao Mastodon em uma faixa de seu último lançamento, que foi a que eu inclui na playlist de novembro de 2021) o fazem um artista para se prestar atenção para o futuro, e desse álbum um deleite que fica entre os melhores do ano
- Polyphia - Remember That You Will Die (Math Rock, Trap, Experimental; 2022) -- eu trombei com esses caras aqui por acaso, e depois vi mais gente (inesperada) repercutindo o som. E é algo único, uma mescla que funciona bem de formas que ninguém poderia imaginar, e que ainda conta com participações de peso como Steve Vai
- Crobot - Feel This (Hard Rock, Metal; 2022)
- Queensrÿche - Digital Noise Alliance (Metal, Hard Rock; 2022)
- Taipei Houston - Once Bitten Never Bored (Metal, Thrash Metal; 2022)
- Alexisonfire - Otherness (Hardcore, Post-Hardcore, Emo; 2022)
- Alter Bridge - Pawns & Kings (Hard Rock, Metal; 2022)
- Loudness - Sunburst (Hard Rock, J-Rock; 2022)
- Ann Wilson - Fierce Bliss (Rock, Hard Rock; 2022)
- Bruce Springsteen - Only The Strong Survive (Rock, Blues Rock, Soul; 2022) -- The Boss não erra, e aqui não foi diferente
- Yeah Yeah Yeahs - Cool It Down (Rock, Garage Rock; Indie Rock; 2022)
- Two Doors Cinema Club - Keep On Smiling (Indie Rock, Indie Pop, Post-Punk; 2022)
- Simple Minds - Direction Of The Heart (Pop Rock, Pop, New Wave; 2022) -- não esperava nada, por não ser o maior fã de Walk Between Worlds, mas entregaram um álbum que mantém a sonoridade clássica ao mesmo tempo que a atualiza e se mantém atual, de alguma forma. Um dos melhores do último ano, e o melhor entre os lançados pelas bandas clássicas dos anos 1980 (Tears For Fears e a-ha completando)
- Fontaines D.C. - Skinty Fia (Post-Punk, Rock; 2022) -- uma das mais gratas novidades dos últimos anos segue entregando máxima qualidade com um som visceral e letras ainda mais. Outro que entra com tranquilidade entre o que 2022 ofereceu de melhor
ÁLBUM DO MÊS:
- Lyn - Our Light (J-Rock; 2019): a faixa escolhida aqui, que também encerrou tanto a playlist quanto o meu ano, não era minha principal opção para essa tarefa, com outra estando em minha mente e meu objetivo já há algum tempo. No entanto, todo o estranhamento que senti ao final do ano parecia clamar por sua utilização, e assim o fiz. Our Light toca nos créditos do final verdadeiro de Persona 5 Royal e, embora sua letra se relacione a um acontecimento muito específico do jogo, sua parte rítmica é melancólica e passa a sensação de um caminho árduo traçado até se chegar àquela conclusão. E, em minha mente, resume bem o que passei em 2022, não tendo como ser outra.
Destaco também:
- Shihoko Hirata & Yumi Kawamura - key plus words (J-Rock; 2012) -- essa faixa é uma das minhas aberturas favoritas de Persona 4 em todas as mídias, e eu sempre quis encaixá-la nas minhas playlists. Parece que essa foi a hora certa, ainda que eu tenha ficado melancólico durante o mês
- Paul McCartney - Wonderful Christmastime (Rock, Pop Rock; 1980) -- autoexplicativa
- Scorpions - Holiday (Hard Rock, Rock; 1979) -- coloquei esse clássico quando peguei uns dias de folga para aproveitar o feriado do Natal
- Lou Reed - Walk On The Wild Side (Rock, Glam Rock, Experimental; 1972) -- outro clássico que também estava devendo a inclusão em alguma postagem minha (e também porque escutei o álbum Transformer completo)
Confira, por fim, a playlist elaborada durante dezembro de 2022: