(Arte por J. H. Williams III. Sandman pertencente à DC Comics, uma empresa do grupo Warner Bros. Discovery, todos os direitos reservados)
Olá! Seja bem-vindo ao meu projeto Balanço Musical, uma coluna mensal na qual falo sobre música, o que escutei no mês que se passou, o porquê das escolhas, o que me influenciou nesses dias, e publico uma playlist com uma faixa referente a cada dia do período. O objetivo não é nada além de escrever um pouco mais sobre música no blog, apresentar algumas coisas diferentes e dar às pessoas a oportunidade de conhecer novos artistas e canções. As postagens são publicadas sempre na primeira segunda-feira útil de cada mês (exceto quando ela coincide com o primeiro dia [útil] do mês -- ou quando não me dá tanta vontade assim).
Agosto foi... peculiar, na falta de palavra melhor. Veio na esteira de coisas boas, nos espólios do que foi julho, mas reveses foram aparecendo logo na sequência, até culminar no ponto em que eu e minha família ficamos com uma intoxicação alimentar ao longo de praticamente uma semana inteira. Teve seus pontos altos, claro, como o lançamento de The Sandman na Netflix (a melhor série que vi nesse ano), o final da espetacular quarta temporada de Westworld (que ouso colocar lado a lado com a primeira como as melhores), além da estreia de Mulher-Hulk (que, CGI porco à parte, é muito bacana), o início das vendas do Álbum da Copa do Mundo de 2022, o início e fim do último evento de Overwatch antes de se tornar Overwatch 2 e outros lançamentos que ainda não tive a oportunidade de conferir (como é o caso de Soul Hackers 2 ou House of the Dragon). Ainda assim, as partes ruins foram muito marcantes -- e ainda são muito recentes --, me levando a um sentimento agridoce sobre essas semanas.
Mas, olha, preciso fazer uma correção aqui. Em meu último Balanço Musical, havia dito que agosto não chegaria no mesmo patamar de julho quanto à quantidade de música ouvida. Eu não poderia estar mais enganado, e foi por pouco que não chegou mais perto ou até superou -- não tivesse ficado doente durante aqueles dias certamente teria ultrapassado. Segundo meu last.fm, foram 3.886 reproduções no último mês (média de 125/dia), que contaram com 711 artistas, 1.163 artistas e 3.550 faixas diferentes. Eu sinceramente nem sei como cheguei nesses números, acho que a última semana acabou empurrando para cima. E nem vou afirmar nada sobre esse setembro, a chance de eu errar novamente é alta.
E acho que nem preciso dizer que o sarrafo de qualidade do que ouvi foi alto, dessa vez estritamente focado em Rock e Metal, com um espaço minúsculo para sonoridades mais Pop, mas que apresentou muita coesão quanto a estilos e clima geral do mês (ao menos em meu entendimento). Isso fica mais claro ao conferir meus DESTAQUES DO MÊS logo à seguir.
ARTISTAS DO MÊS:
- U2 (Rock, Post-Punk, Pop Rock): depois do Queen no último mês, eis outra banda clássica que não me recordo de já ter figurado aqui como principal destaque. E é até engraçado eles parecerem nessa posição, especialmente em comparação com o quarteto inglês: ao contrário deles, ninguém em casa era muito chegado nos irlandeses enquanto eu crescia (minha mãe até hoje detesta e só se rende a Sunday Bloody Sunday). Acabou se tornando uma "descoberta" minha durante a adolescência e aprofundamento durante a vida adulta. Sou mais apegado aos primeiros discos até The Joshua Tree e Rattle and Hum, que, além de toda sua qualidade, são o principal motivo de o grupo estar aqui mencionado.
Destaco também:
- Sepultura (Thrash Metal, Death Metal)
- David Bowie (Rock, Art Rock)
- The Yardbirds (Rock, Rock Psicodélico)
- Motörhead (Metal, Hard Rock, Thrash Metal)
- Savatage (Metal, Hard Rock)
- Angra (Metal Melódico, Power Metal, Metal Sinfônico)
- LaiD Back Devil (Metal, Hard Rock) -- que nada mais é que o Atlus Sound Team com nome de apresentação
- Deep Purple (Rock, Hard Rock, Blues Rock)
- Blind Guardian (Power Metal, Metal Melódico, Metal Progressivo)
ÁLBUNS DO MÊS:
- Muse - Will Of The People (Rock, Hard Rock, Art Rock; 2022): Muse é uma banda complicada para mim porque, embora eu goste bastante deles há muito tempo, quase nenhum trabalho deles me agrada de primeira, mas vão crescendo em minha avaliação com o tempo e novas chances dadas. Imagine minha surpresa, então ao conferir Will Of The People e já gostar logo após a primeira audição, algo que só havia acontecido com Drones de 2015. Mas o novo trabalho do trio traz um resgate da banda a um som mais pesado -- e muito competente --, com riffs inspirados e passagens de causar inveja em bandas que são nativamente do gênero. Ao mesmo tempo, não abre mão de passagens mais melódicas e, por que não, pops. O resultado é (mais um) atestado da competência do grupo, que parece não cansar de experimentar e mostrar toda sua megalomania ao mundo.
- Soulfly - Totem (Thrash Metal, Death Metal; 2022): o grupo encabeçado por Max Cavalera já é mais que estabelecido na cena do Metal como um dos grandes nomes do gênero e, polêmicas recentes à parte, vem numa sequência de registros arrebatadora desde a última década. Em Totem, a aposta foi por uma abordagem mais direta (tanto é que possui 40 minutos de duração), entregando pedrada atrás de pedrada com muito estilo e competência, ao mesmo tempo que não tem medo de experimentar. Mais uma ótima adição ao grande catálogo do grupo.
Destaco também:
- Thunder - Dopamine (Hard Rock, AOR; 2022) -- bom disco, embora pudesse ter algumas faixas a menos
- Derek Sherinian - Vortex (Hard Rock, Metal, Metal Progressivo; 2022) -- um desfile de convidados faz desse um trabalho muito bom de se escutar
- H.E.A.T. - Force Majeure (Hard Rock; 2022) -- acredito que seja um dos mais pesados do grupo até o momento, parece que o retorno do vocalista original, Kenny Leckremo, deu uma nova injeção de ânimo a eles
- Journey - Freedom (Hard Rock, AOR; 2022) -- outro muito bom, como toda essa fase do grupo junto do vocalista Arnel Pineda, mas que talvez fosse ainda melhor com algumas faixas a menos
- Alan Parsons - From the New World (Rock, Rock Progressivo; 2022) -- o mesmo que eu disse para o álbum do Derek Sherinian se aplica aqui
- Bullet For My Valentine - Bullet For My Valentine (Metalcore, Metal, Thrash Metal; 2022) -- não sou o maior conhecedor do grupo, mas achei bem semelhante aos seus primeiros trabalhos, adicionando toda a experiência que adquiriram com o passar dos anos
- Amon Amarth - The Great Heathen Army (Death Metal, Viking Metal; 2022) -- o grupo entregou um trabalho brutal com algumas reparações muito bem vindas, além da participação de Biff Byford do Saxon na faixa Saxons and Vikings (que obviamente só poderia ter esse nome)
- Arch Enemy - Deceivers (Death Metal; 2022) -- a banda parece tirar o melhor da vocalista Alissa White-Gluz aqui, com direito até a uma ou outra passagem limpa de sua voz, além de soar técnica e competente em todos os sentidos
- Krisiun - Mortem Solis (Death Metal; 2022) -- mais uma pedrada absoluta para o catálogo dos brasileiros, que parecem estar em sua melhor forma com uma sequência de lançamentos iniciada na última década
- Machine Head - Of Kingdom and Crown (Thrash Metal; 2022) -- o grupo liderado por Robb Flynn, totalmente repaginado nos últimos anos, soa melhor do que em Catharsis, seu lançamento anterior ainda com a antiga formação, mas parece que ainda falta alguma coisa, um fator determinante para soar extraordinário como nos melhores momentos da banda. Talvez o entrosamento crescente entre os novos integrantes venha fazê-los entregar algo semelhante no futuro
- Panic! At The Disco - Viva Las Vengeance (Rock, Pop Rock, Art Rock, Emo; 2022) -- um trabalho que se assemelha ao Queen em diversos momentos e que é qualidade do início ao fim
- Within Temptation - The Unforgiving (Metal Sinfônico, Metal, Hard Rock; 2011) -- meu favorito do grupo
- Kate Bush - The Dreaming (Pop, Art Pop, Pop Rock; 1982) -- mais um passo em minha jornada pela discografia de Kate Bush com esse trabalho mais onírico que seu antecessor
- Styx - The Grand Illusion (Rock Progressivo, Rock, Art Rock, Pop Rock, AOR; 1977)
- Grand Funk Railroad - We're An American Band (Rock, Hard Rock; 1973)
- Jethro Tull - Aqualung (Rock Progressivo, Hard Rock; 1971)
FAIXAS DO MÊS:
- Metric - Youth Without Youth (Indie Rock; 2012): com o lançamento de Formentera em julho e uma nova audição em agosto, acabei mergulhando nos clipes do Metric e me deparei com essa pérola do álbum Synthetica, de 2012, um faixa cheia de energia e que segue soando moderna mesmo após 10 anos de seu lançamento, o que me fez ficar obcecado por ela.
Destaco também:
- Queens of the Stone Age - Sick, Sick, Sick (Rock Alternativo, Hard Rock; 2007) -- adivinhem
- The White Stripes - The Hardest Button to Button (Rock, Rock Alternativo, Blues Rock; 2003)
Confira, por fim, a playlist elaborada durante agosto de 2022: