quinta-feira, 22 de dezembro de 2022

BALANÇO MUSICAL - Novembro de 2022

(Arte encontrada aqui. Ann Takamaki e Persona 5 pertencentes à Atlus Co. Ltd., todos os direitos reservados)

Olá! Seja bem-vindo ao meu projeto Balanço Musical, uma coluna mensal na qual falo sobre música, o que escutei no mês que se passou, o porquê das escolhas, o que me influenciou nesses dias, e publico uma playlist com uma faixa referente a cada dia do período. O objetivo não é nada além de escrever um pouco mais sobre música no blog, apresentar algumas coisas diferentes e dar às pessoas a oportunidade de conhecer novos artistas e canções. As postagens são publicadas sempre na primeira segunda-feira útil de cada mês (exceto quando ela coincide com o primeiro dia [útil] do mês -- ou quando não me dá tanta vontade assim).

Depois de um outubro marcado por tensão e luta, ainda que aliados a um sentimento generalizado de esperança, novembro foi um mês mais voltado para relaxar, a colocar os pensamentos em outros lugares
e, principalmente, curtir um pouco. E muito disso foi possível graças à sequência de feriados logo nas primeiras semanas, que me permitiram usar o tempo livre para desanuviar a mente, principalmente avançando um pouco em Persona 5 Royal (que infelizmente não consegui mais me dedicar depois disso) e curtindo alguns outros jogos multiplayer no resto do meu tempo livre. E logo em seguida começou a Copa do Mundo de futebol que, por eu ser um grande fã e entusiasta do esporte, tomou toda minha atenção, meus pensamentos e acabou sendo minha força motriz pelos dias que se seguiram. De resto, acabou ocupado pelas tarefas mundanas do dia a dia.

Claro que a música me acompanhou durante esse tempo, e em números bem expressivos. Como é possível extrair do meu last.fm, foram 3.450 reproduções nesses 30 dias (média de 115/dia), que contaram com 622 artistas, 977 álbuns e 3.146 faixas diferentes. Uma queda em relação aos anteriores diretos em todos os quesitos, embora artistas e álbuns tenham se mantido bem próximos. Nada alarmante, porém, seguem sendo bastante elevados, e tudo indica que este dezembro acabe seguindo o mesmo caminho.

E o que passou pelos meus ouvidos no último novembro? Mais ou menos o convencional de sempre. Quer dizer, mais ou menos. Acabei pegando o mês para tirar um pouco do atraso dos lançamentos de 2022 que ainda não havia conferido, então muito do que ouvi foram novidades, e algumas delas pouquíssimo convencionais, especialmente para mim. Ainda assim, predominou aquela mistura de Rock, Metal e Pop (dessa vez não limitado ao oitentista). Tudo isso fica bem evidente em meus DESTAQUES DO MÊS logo abaixo.

ARTISTAS DO MÊS:


- Anthrax (Thrash Metal): talvez eu esteja cometendo uma injustiça, mas, dentre as bandas do dito Big Four do Thrash Metal, sempre achei o Anthrax a mais fraca entre as quatro. Claro, os caras são donos de alguns grandes registros, como State of Euphoria, Among The LivingPersistence of Time e, mais recentemente, Worship Music, todos registrados por Joey Belladonna, vocalista mais conhecido do grupo, e que são ótimos, mas nunca me convenceram 100% ao ponto de considerá-los irretocáveis, ao contrário do que acontece com os melhores trabalhos de Metallica, Megadeth e Slayer. Mas há uma área menos explorada e não tão bem quista da discografia da banda: os anos em que John Bush foi a voz do quinteto, que são negligenciados por eles mesmos, inclusive em serviços de streaming, que têm pouquíssimos álbuns dessa fase. Ainda assim, conferi Sound of White Noise pela primeira vez ano passado e percebi que ali tinha algo muito diferente do que havia sido feito anteriormente. Depois de reescutá-lo algumas vezes desde então e entrar em contato com outros discos da época, fica evidente para mim que o Anthrax tinha uma identidade muito própria naqueles anos, bem definida e que não precisava pegar carona nos feitos dos demais para soar bom. Vai se tornando cada vez mais meu momento favorito do grupo.

Destaco também:

Black Sabbath (Metal, Hard Rock)

Jimi Hendrix (Rock, Blues Rock, Blues)

ÁLBUM DO MÊS:


- Fantastic Negrito - White Jesus Black Problems (Rock, Blues Rock, Pop Rock, Funk Rock, R&B; 2022): pense em uma trinca sem defeitos. É isso que Fantastic Negrito conseguiu em seus três lançamentos mais recentes, Please Don't Be Dead, Have You Lost Your Mind Yet? e este recém lançado. Acompanhar a carreira do artista tem sido uma experiência de assistir a evolução de suas experimentações, a incorporação de novas influências e o desenvolver de suas habilidades de composição ao lado de seu senso melódico. E aqui ele parece ter conseguido encontrar um equilíbrio entre tudo isso, em um álbum que soa acessível, receptivo, mas que não deixa de lado a "estranheza" de seu som, elemento que o destacou e que aqui retorna com suas abordagens menos convencionais dos estilos que incorpora a suas músicas. E ainda que sempre fosse algo presente nos registros anteriores, a abordagem da questão racial se intensificou no antecessor direto e retorna aqui, em uma abordagem conceitual sobre a há pouco descoberta história dos antepassados do vocalista e guitarrista. Não fosse pelo Closure/Continuation do Porcupine Tree, esse seria meu trabalho favorito do ano.

Destaco também:

- A-ha - True North (Pop Rock, New Wave, Rock, Pop; 2022) -- segue aquele padrão de excelência dos noruegueses, mas devo dizer que achei superior ao anterior, Cast in Steel, com músicas mais envolventes, empolgantes e que remetem aos melhores momentos do trio, então foi uma grata surpresa

- Joss Stone - Never Forget My Love (Pop, Soul, Blues, Jazz; 2022) -- mais melancólico e menos embalado que os antecessores, ainda é um bom registro da cantora 

- Taylor Swift - Midnights (Pop, Synth Pop; 2022) -- nunca imaginei que diria isso, mas esse é com certeza um dos melhores de 2022. Envolvente, comercial, pop, intimista, tudo na medida certa

- King Princess - Hold On, Baby (Pop Rock, Indie Pop, Jazz Fusion, Pop Alternativo; 2022) -- o mesmo sobre o acima pode ser dito aqui, no mais novo trabalho dessa vocalista de recém completos 24 anos, dona de uma voz diferenciada. Uma grata surpresa e uma descoberta que aconteceu por acaso de minha parte

- Skid Row - The Gang's All Here (Hard Rock, Metal; 2022) -- dá umas derrapadas características, mas é boa a estreia do vocalista Erik Grönwall com o grupo

- Avantasia - A Paranormal Evening with the Moonflower Society (Metal Sinfônico, Power Metal, Hard Rock; 2022) -- como de costume, são as parcerias que dão o tom nesse novo álbum do projeto de Tobias Sammet, que novamente alcança um resultado bem elevado

- Hibria - Me7amorphosis (Metal, Hard Rock; 2022) -- o grupo brasileiro não fez feio em seu mais recente trabalho

- Therion - Leviathan II (Metal Sinfônico, Doom Metal; 2022) -- um belíssimo registro que consegue com sucesso transmitir todo o clima de terror almejada pelas ótimas faixas

- Bad Wolves - Dear Monsters (Metal, Groove Metal, Hard Rock; 2022) -- o grupo retorna com um novo vocalista, mas mantêm a qualidade vista nos dois anteriores

- Candlemass - Sweet Evil Sun (Doom Metal; 2022) -- os maiores expoentes do subgênero retornam em um trabalho digno que também demonstra uma inesperada versatilidade

- Architects - the classic symptons of a broken spirit (Metal, Metalcore, Thrash Metal; 2022) -- acertando a dosagem entre peso e melodia, é um álbum tão bom que até me fez revisitar For Those That Wish To Exist, o antecessor lançado no ano passado. Outro que considero dos melhores do ano

- Lamb of God - Omens (Thrash Metal, Groove Metal, Death Metal; 2022) -- o autointitulado, de 2020, segue sendo o melhor do grupo até o momento, mas o novo registro não deixa muito a desejar e até arrisca com composições menos características

- Dead Cross - II (Thrash Metal, Hardcore; 2022) -- um dos vários projetos envolvendo o vocalista Mike Patton, não faz feio e remete aos pontos altos de gigantes do estilo

- Disturbed - Divisive (Metal, Hard Rock; 2022) -- embora tenha bastante qualidade e até participações inusitadas, ainda assim fica devendo para os pontos mais altos da trajetória do grupo, como Ten Thousand Fists, Indestructible e Asylum, até hoje insuperável como o melhor deles

- The Cult - Under The Midnight Sun (Hard Rock, Rock; 2022) -- depois de bons anos de lançamentos questionáveis com abordagens que pareciam não se adequar ao grupo, o Cult aposta em uma sonoridade mais básica e direta, remetendo a seus três melhores álbuns dos anos 1980, e entrega seu melhor trabalho em anos

- Daft Punk - Random Access Memories (Eletrônica, Disco, Funk, Pop Rock; 2013) -- segue sendo espetacular quase 10 anos depois

- Living Colour - Vivid (Hard Rock, Funk Rock, Metal, Funk Metal; 1988) -- um dos melhores discos daquela que considero ser a banda mais subestimada que existe

- Roger Waters - The Pros and Cons of Hitchhiking (Rock Progressivo, Rock, Pop Rock, Pop Progressivo; 1984) -- eu podia jurar que já havia incluído ao menos uma faixa desse álbum em minhas postagens mas, depois de muito procurar, descobri que não. Felizmente há uma primeira vez para tudo

- Rainbow - Rising (Hard Rock; 1976) -- esse aqui, por outro lado, achava que tinha aparecido aqui mais vezes, ainda mais considerando ser um dos maiores clássicos do Hard Rock existentes

- Bruce Springsteen - The Wild, The Innocent & The E Street Shuffle (Rock, Heartland Rock, Blues Rock; 1973) -- o que "The Boss" já entregava desde seu seu segundo registro me faz levantar sérias dúvidas de como só foi emplacar com o seguinte, Born To Run

FAIXAS DO MÊS:


- New Order - World (Rock, Pop Rock; 1993): ok, sendo plenamente justo e honesto, essa música já estava grudada na minha cabeça desde outubro, quando reouvi Republic do New Order, mas já havia escolhido colocar Everyone Everywhere como representante nas minhas escolhas. Só que World acabou resistindo e se mantendo ao ponto de conseguir encaixá-la nesse novembro. E não que seja injustificado, pois passei por certas situações durante o período que sempre me evocavam o refrão "That's the price of love / Can you feel it? / If we could buy it now / How long would it last?", fora eu ter escutado o suficiente para colocá-la entre minhas músicas mais ouvidas do ano. E é uma ótima faixa, com um ritmo mais cadenciado, fortes toques de melancolia e um instrumental acertado. Realmente não poderia ser diferente essa escolha.

Destaco também:

Lyn - The Whims of Fate (J-Rock, Funk Rock, Jazz; 2017) -- mais uma vez, uma música da trilha sonora de Persona 5 embalando e inspirando o título da playlist

- System of a Down - B.Y.O.B. (Metal, Groove Metal, Metal Experimental; 2005) -- minha homenagem ao início da Copa do Mundo Qatar 2022, dado o histórico do país, achei bem cabível

- Guns N' Roses - November Rain (Rock, Hard Rock; 1991) -- pra marcar um dia chuvoso de novembro, e não sei como não havia feito isso ainda (foi o destino me fazendo esperar par utilizar essa maravilhosa versão remixada desse ano)

- Depeche Mode - World In My Eyes (Pop Rock, Rock, Eletrônica; 1990) -- outra que a inclusão já estava pendente de outubro 

- Dead Kennedys - Nazi Punks Fuck Off  (Punk Rock, Hardcore; 1982) -- pra marcar o dia 02 de novembro e toda a palhaçada causada pelos "patriotários", que até o momento não desistiram

Confira, por fim, a playlist elaborada durante novembro de 2022: